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3. METODOLOGIA

4.5 SESSÃO DE AUTOCONFRONTAÇÃO CRUZADA PB→PA

Para realização da sessão de autoconfrontação cruzada, as professoras A e B são convidadas a promover um diálogo sobre as suas práticas pedagógicas.

Nessa sessão, PA, PB e P1 reúnem-se no laboratório de informática do Colégio Estadual Castelo Branco – EM para que PB assista ao trecho de aula escolhido por PA e descreva elementos que considere pertinentes no que se refere à atividade desenvolvida pela sua colega de trabalho no momento da filmagem da aula.

Iniciou-se a sessão de autoconfrontação cruzada assistindo todo o trecho de aula selecionado por PB para que posteriormente ocorresse o diálogo.

Cabe aqui ressaltar que por solicitação de PA, iniciamos a sessão de autoconfrontação cruzada com PB comentando do trecho selecionado por PA. Quando perguntada sobre o porquê de não seguirmos a organização da autoconfrontação simples, PA afirma que é “para saber como que vai ser”. Então, solicita-se a PB se ela concorda com essa organização e a mesma afirma que sim. Desta forma, realiza-se a primeira sessão de autoconfrontação cruzada.

Depois de assistir todo o trecho da aula, PB destaca que observa na prática de PA algumas características bem parecidas com as suas, conforme consta no trecho abaixo:

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PB nossa... PA também trabalhou com primário né? ((PA balança a cabeça que sim, já trabalhou com o primário)) é engraçado que quando a gente se vê refletida no outro porque eu vejo que a PA tem algumas: algumas: algumas características bem parecidas com as que eu tenho e que a gente trás do trabalho com o fundamental...

As características semelhantes nas práticas das professoras, de acordo com PB se dão devido ao trabalho que ambas realizaram com o Ensino Fundamental no início de suas trajetórias profissionais e destaca ainda outros elementos, conforme consta:

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PB [...]de você ficar no quadro ou de um lado ou de outro eu no caso fico mais do: do: do lado direito do quadro do que do esquerdo éh: a forma de você mostrar e falar pra eles e não tanto eu acho que eu não conseguiria trabalhar com uma caneta de: de: laser alguma coisa eu tenho que ir lá e escrever pra mostrar pro aluno de você chegar perto pra explicar pra ele o mais próximo parece que ele não vai entender se você explicar de longe você tem que ir lá pertinho se cada um que te chama você atender mesmo que você está explicando você interrompe a explicação pra atender o que que o outro está perguntando e isso é traço eu vejo como um traço que a gente trás do fundamental... que a gente carrega lá do fundamental de de atender uma turma com vários várias questões ao mesmo tempo e:: trabalhando de de de abaixar né? ali perto do aluno ao invés de de falar ( ) você falar mais próximo dele... que eu acho também legal de fazer isso porque eu eu também às vezes tenho essa mania de abaixar pertinho da carteira parece que você vai... é mais fácil de você falar com o aluno[...]

Além dessas semelhanças, PB destaca o fato de ambas andarem pela sala com o pincel do quadro branco na mão e riscarem-se, a orientação quanto ao uso do quadro branco, o fato dos alunos se sentirem a vontade para chamar a professora e perguntar, a movimentação de ir ao quadro e estar no meio dos alunos, fazer os alunos pensar, não dar respostas prontas, atender individualmente, possibilitar que um aluno auxilie o outro.

Como diferença na prática pedagógica, PB destaca o tom de voz de PA, afirmando “ser mais tranquilo” comparando com o seu que é “mais acelerada” e tem “dificuldade de falar mais pausada”. Destaca ainda que observa que quando o professor está mais tranquilo, os alunos também ficam tranquilos para realizar as atividades, mas ao contrário, se o professor está agitado, os alunos também ficam agitados e isso interfere no andamento da aula. Afirma observar isso na sua própria prática.

No que se refere ao atendimento individualizado para explicações e/ou sanar dúvidas muito presente na prática de PA, há a impressão de que PB, embora comente com sutileza, não concorda muito com essa prática, conforme o trecho abaixo:

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PB [...] eu brinco com os meus alunos vocês precisam de um professor de bolsa vocês não precisam de professor resposta você precisam de professor de bolsa que aí você diz “e aqui? e se você por aqui? e aí se você (mudar) aqui? e aí se você colocar ali?” “ah: agora entendi agora dá pra fazer” quer dizer... você não precisa exatamente dar a resposta você só precisa ajudar no caminho e aí eu percebo que... né?... mesmo em um trechinho tão pequeno você está fazendo isso com o menino quer dizer tentando dar um caminho pra ele de “coloca aqui o que você faz aqui? o que você colocar lá? como que funcionaria” e aí chega a resposta mais mais fácil

Observa-se certa crítica ao fato de PA se desdobrar, se desgastar para dar as respostas solicitadas pelos alunos. Ao usar a expressão “professor de bolsa” parece se referir a disponibilidade da professora as solicitações dos alunos. Pode ser que se trate apenas de impressão, mas considera-se pertinente realizar esse apontamento nesse momento buscando fomentar reflexões posteriores.

4.5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A SESSÃO DE AUTOCONFRONTAÇÃO CRUZADA PB → PA:

Durante a realização dessa sessão de autoconfrontação cruzada, pode se observar certo cuidado em apresentar apenas características de semelhanças entre as práticas pedagógicas. Entende-se que pelo fato de serem colegas de trabalho há anos, prevaleça o respeito e o desejo por não causar nenhum tipo de desconforto e/ou constrangimento.

Por outro lado, pode ser destacado o fato de que os professores, de maneira geral, vêm de uma cultura de trabalho individualizado, onde a presença do outro é vista como alguém que vai apontar defeitos, criticar e jamais auxiliar. No entanto, é importante, tanto para processos de formação quanto para a saúde do professor, que sejam promovidos momentos em que os professores possam trocar experiências, sem a preocupação do que o seu colega de trabalho possa vir a pensar e/ou falar.

Observa-se também que para comentar sobre algumas diferenças, PB faz uso das disciplinas (Língua Portuguesa e Matemática) que ambas ministram como apoio para seus argumentos. A impressão é a de que se o discurso for realizado em nome da disciplina, ele se torna menos invasivo no que se refere à prática da colega. E isso fica explícito no trecho da primeira sessão de autoconfrontação cruzada (PB→PA) em que PB afirma: ”as nossas disciplinas são diferentes [...] eu acho que a matemática requer um pouquinho mais de [...] a questão de você explicar de forma mais pausada pra fazer com que o aluno entenda o que você está dizendo”. E isso se reafirma na segunda sessão de autoconfrontação cruzada (PA→PB) quando PB afirma: “é até porque língua portuguesa eles trazem muita coisa né? eles já sabem falar quando chegam na escola eles já sabem já tem um: [...] conhecimento prévio no Ensino Médio bastante grande[...].

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