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3.3 A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA

3.3.3 Os setores estratégicos

A END considera que a Defesa seja inseparável do desenvolvimento do País, tendo na sua concepção, a visão de que deve estar integrada às ações de desenvolvimento e promover esse desenvolvimento a partir das demandas a serem criadas em um projeto forte de defesa.

O projeto forte de defesa visa garantir a independência nacional efetivada na mobilização de recursos físicos, econômicos e humanos; pela democratização de oportunidades educativas e econômicas e pela capacitação tecnológica autônoma (POMPEU, 2012).

A END define três setores como estratégicos: nuclear, aeroespacial e cibernético. Os três setores são considerados essenciais para a defesa nacional.

Ao abordar o setor cibernético, destaca o amplo espectro de usos industriais, educativos e militares. Define, portanto a necessidade dessa integração industrial-educativo- militar não só para o desenvolvimento de produtos, mas para desenvolver capacidades. Aparece como prioritário, o desenvolvimento de tecnologias de comunicações que garantam a citada capacidade das Forças Armadas em atuar em rede (POMPEU, 2012).

As ações do setor cibernético estão consubstanciada em 5 (cinco) áreas prioritárias: de recursos humanos, inteligência, doutrinária e operacional.

Uma proposta de Política de Defesa Cibernética da Defesa, cuja integração é o fator- chave, está para ser enviada para aprovação ao Ministério da Defesa. Ela estabelece 9 (nove) objetivos estratégicos, os quais são desdobrados em ações a realizar. Os objetivos estabelecidos são:

1. Assegurar, de forma conjunta, o uso efetivo do espaço cibernético (preparo e emprego operacional) pelas FA e impedir ou dificultar sua utilização contra interesses da Defesa Nacional.

2. Capacitar e gerir recursos humanos necessários à condução das atividades do Setor Cibernético no âmbito das FA.

3. Colaborar com a produção do conhecimento de Inteligência, oriundo da fonte cibernética, de interesse para o SINDE e para os órgãos de governo envolvidos com a Segurança da Informação e Comunicações (SIC) e Segurança Cibernética, em especial o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

4. Desenvolver e manter atualizada a doutrina de emprego do Setor Cibernético. 5. Implementar medidas que contribuam para a Gestão da Segurança da Informação e Comunicações no âmbito das Forças Armadas.

6. Adequar as estruturas de C&T das três Forças e implementar atividades de pesquisa e desenvolvimento para atender às necessidades do Setor Cibernético.

7. Propor a criação de legislação e normas específicas para o emprego do Setor Cibernético.

8. Cooperar com o esforço de mobilização militar e nacional para assegurar a capacidade operacional e, em consequência, a capacidade dissuasória do Setor Cibernético.

9. Contribuir para a segurança dos ativos de informação da Administração Pública Federal (Segurança Cibernética) situados fora do âmbito do Ministério da Defesa.

O Setor Cibernético tem desenvolvido as suas ações e tem permitido com que o Brasil seja respeitado no âmbito da comunidade internacional. A presença brasileira em Seminários deixou de ser uma presença de ouvinte para ser um ator ativo, o que é corroborado pelos convites recebidos para palestrantes nos eventos (POMPEU, 2012).

Apesar dos esforços do governo brasileiro em criar uma política e uma infraestrutura de defesa, o país ainda não está preparado para enfrentar uma guerra cibernética, segundo o General José Carlos dos Santos, chefe do Departamento de Ciência, Tecnologia e Defesa

Cibernética do Exército14. Além disso, o tema de segurança cibernética é uma atividade recente em todo o mundo e o Brasil está nos primeiros passos.

Como a criação do setor cibernético foi se deu no final de 2008, para implementar as infraestruturas requeridas haverá a necessidade de uma maturação e de uma participação das empresas e interação com as agências governamentais, o que demandará algum tempo.

Atualmente, segundo ainda o chefe do Departamento de Ciência, Tecnologia e Defesa Cibernética do Exército, a maior vulnerabilidade nacional está nas redes de infraestrutura dos serviços públicos como energia, telecomunicações e até nas do sistema financeiro, controladas por empresas privadas que não estão alinhadas com os requisitos de segurança nacional.

Para reverter este quadro, as Forças Armadas querem trazer as agências governamentais de controle para um amplo projeto no sentido de levar as concessionárias de serviços e o sistema financeiro a se adequarem aos esforços de segurança e criar uma legislação. Além disso, como o país vive uma economia de mercado será preciso convencer companhias, governo, universidades e outros atores a abraçarem essa legislação.

O domínio do espaço cibernético constitui em um grande desafio no presente século, tornando-se uma nova fronteira a ser desbravada em razão de: ineditismo e assimetria.

O ineditismo é devido à falta de modelos e referências, bem como da ausência de marcos legais; a assimetria onde o mais fraco pode levar vantagens. Isso pode conduzir a um novo paradoxo, pois um maior desenvolvimento em todas as áreas implica no surgimento de novas vulnerabilidades.

A Segurança e Defesa na área cibernética são temas que interessam a sociedade como um todo, havendo a necessidade de conscientização e colaboração, com o estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento do setor, mesmo no nível internacional.

O comandante do CDCiber (Centro de Defesa Cibernética) informou ainda que a unidade desenvolverá seus próprios produtos e que dois deles já estão em fase final de testes: o antivírus Defesa BR, que deve entrar em comercialização em janeiro de 2013, e o simulador de guerra cibernética, que já está em finalização para ser lançado no final deste mês.

A criação e implantação do setor cibernético por meio de projeto no exército, sendo também o responsável no âmbito do Ministério da Defesa trouxe sinergia ao setor, bem como trará benefícios ao Exército em curto espaço de tempo. Os grandes eventos que estão por vir como a Copa das Confederações e visita do Papa em 2013, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 exigirá a presença do setor cibernético estruturando a

14 Disponível em: <http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=31698&

proteção cibernética das atividades e trará os ensinamentos para que o Exército consubstancie os aspectos doutrinários necessários.

3.3.4 A reorganização da indústria nacional de material de defesa: desenvolvimento