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CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2- SEXUALIDADE E GRAVIDEZ 30

O conceito de sexualidade tem provavelmente tantas definições quantas as vezes que alguém procurou debruçar-se sobre esta questão. Numa tentativa de definição, podemos afirmar que a sexualidade está intimamente ligada aos aspectos biológicos de funcionamento no que respeita ao aparelho reprodutor, mas não só, e dificilmente se poderá reduzi-la a esse nível. De facto, ela relaciona-se com a vida emocional e afectiva de cada indivíduo, nomeadamente na forma como ele interage com os outros, estando a sua expressão condicionada por factores sociais e culturais característicos de cada sociedade humana (16, 21).

Uma definição de sexualidade actual e aceite de forma relativamente consensual ao nível internacional é a da Organização Mundial de Saúde: “A sexualidade é uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; ela integra-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e por isso, influencia a nossa saúde física e mental” (16).

A sexualidade pode expressar-se em vários níveis: orgânico ou físico, revelado no

crescimento e na maturação sexual, ou psicológico e cultural/social, revelado nos comportamentos e na vida de relação (22).

Todos os mamíferos são seres sexuais e usam essa sexualidade fundamentalmente para a reprodução (instinto). O Homem contudo, pode ter objectivos vários para os seus comportamentos sexuais: procriar; prazer; expressão de ternura; expressão de afecto;

comunicação (tão importante e tantas vezes esquecida) (22).

Ao nascermos já vimos equipados biologicamente para a sexualidade, com órgão e funções em estado potencial, mas que só se actualizarão com longos e complexos

processos de amadurecimento biológico, que vão a par e passo com longos e complexos processos de desenvolvimento psicológico, e de relacionamento afectuoso com as pessoas que nos elegeram, e que fomos elegendo como os nossos parceiros privilegiados de vida(23).

Factores biológicos, como as hormonas, constituem uma origem essencial do desejo sexual e explicam as alterações na altura da puberdade e as alterações do desejo sexual, tanto em situações de doença como no envelhecimento (24).

Existem diferenças importantes e naturais entre os interesses e experiências dos homens e das mulheres, mas o desejo de excitação sexual e o orgasmo existem no interior de todos os indivíduos (24).

A sexualidade existe nas pessoas (isto é, a sexualidade é um factor ou qualidade da experiência e desenvolvimento dos indivíduos) e os impulsos heterossexuais são a norma. Todas as pessoas têm uma identidade sexual e uma identidade de género, e as atitudes, interesses e problemas sexuais são significativamente influenciados por acontecimentos precoces no início da vida, sendo esta uma importante componente da maturidade e da saúde mental (24).

São muitos os determinantes para a expressão comportamental da sexualidade:

Biológicos: genéticos, neurológicos, hormonais, anatómicos, físicos e ainda os

estímulos eróticos não aprendidos.

Psicológicos: estímulos eróticos aprendidos, comportamentos teoricamente

aprendidos, consequências de experiências pregressas, expectativas, atitudes, imagens mentais, fantasias, etiquetas e rótulos, ideias e pensamentos, esteriotipos.

Socio-culturais: factores e processos sociais, cultura, história, padrões e

A sexualidade constitui uma dimensão importante da intimidade e da personalidade, ela ultrapassa o mero aspecto biológico, sendo influenciada, construída e reformulada ao longo do continuum de vida da pessoa. Tal como o diálogo é uma forma de comunicação humana, a sexualidade é igualmente uma forma de comunicação humana, influenciada por processos fisiológicos, psicológicos e sócio-culturais referidas anteriormente. O contacto íntimo promove o bem-estar individual e a satisfação do relacionamento, sendo um aspecto bastante valorizado nos relacionamentos conjugais. Esta forma de intimidade é uma componente vital em qualquer relação romântica, uma vez que é uma forma de expressar amor e de satisfazer uma necessidade humana básica (17,25).

A sexualidade animal é controlada por ciclos biológicos de fertilidade e reprodução (cio) e tem como objectivo a reprodução. Fora dos períodos próprios de cada espécie as hormonas ficam inactivas, resultando em abstinência compulsória; os instintos são activados e inibidos, de acordo com reguladores neurobiológicos e sem a concorrência voluntária do animal (26).

A mulher herdou alguns resquícios reguladores biológicos, sendo fértil só em determinado período do mês, se bem que todos os meses. O homem no entanto, está apto para a reprodução todos os dias do ano e praticamente durante toda a vida. A disponibilidade sexual dos humanos é permanente na vida adulta, independentemente de efectores ou inibidores cíclicos observados nos outros animais. Segundo Freud, é o princípio do prazer que determina a sexualidade humana. Assim, enquanto os restantes animais têm um comportamento mais condizente com a moral religiosa, apenas direccionada para fins reprodutivos, nos seres humanos a actividade sexual ultrapassa as suas raízes biológicas, sendo ampla e difusa, gravitando mormente na direcção do prazer e satisfação do desejo, sem as inibições neurohormonais observadas nas outras espécies (26).

dessa sociedade (de que ressalta, no caso do nosso país, a moral judaico-cristã, penalizadora, intransigente, maniqeista e censória), as modas e a função “vigilante” (por vezes castradora) da sociedade levam a que existam factores às vezes incontroláveis e independentes da vontade do jovem mas que condicionam definitivamente a expressão da sexualidade e os comportamentos com ela relacionados.

A função dos meios de comunicação, os padrões, as modas, a influência dos amigos, a escola, a família alargada, etc. é de extrema importância, através dos exemplos, padrões, ensinamentos e transmissão da experiência acumulada inter-gerações (26).

A sexualidade humana é moldada pelos sistemas de família e parentesco, as mudanças económicas e sociais, as formas de regulação social formais (a lei, a moral pública) e informais (por exemplo, os grupos de pares ou a relação entre os parceiros), os contextos políticos e as culturas de resistência (27).

Os contextos sociais e históricos e as experiências de vida individuais actuam assim sobre a base biológica da sexualidade construindo realidades emocionais, cognitivas, comportamentais e relacionais diferenciadas. Por exemplo, a possibilidade da expressão e relacionamento sexual pode estar significativamente cerciada por determinadas regras institucionais (a castidade religiosa, por exemplo). O desejo e prazer sexuais podem se sentidos como uma transgressão e serem vividos de forma culpada, ansiosa e angustiante devido a determinadas crenças morais, ou pelo contrário, podem ser vividos de uma forma que valorize a identidade de um indivíduo e enriqueça as relações em que este se envolva. Mesmo a transgressão pode ser vivida de forma paradoxal como algo excitante e que potencia o desejo e o prazer. Os próprios estímulos eróticos são descodificados socialmente: um corpo nu ou uma cena sexual explícita, em diferentes sociais e situações específicas podem constituir estímulo erótico, um objecto de contemplação estética ou um objecto de aversão ou de agressão, ou ainda algo a que somos, naquele momento,

relativamente indiferentes (27).

Ou seja, sendo socialmente modelada, a sexualidade humana e as suas regras morais foram sendo construídas e modeladas nas transformações sociais mais globais, nas mudanças que se foram produzindo nas mentalidades e nas instituições com ela mais relacionadas, nomeadamente a conjugalidade e o campo das relações familiares (28).

A sexualidade, actualmente, como valor heurístico, assume grande relevância essencialmente na categoria afectiva do relacionamento. Numa perspectiva da sexualidade como “expressão totalizante do homem do futuro”, são-lhe conferidos cinco valores estruturantes da sexualidade humana: 1) elemento de dinamismo integrador, identificador e promotor da relação; 2) incorporador das diferenças; 3) superando o individualismo, socializa, criando um nós e um vós; 4) a concreção sinérgica da memória, do sentimento, da inteligência, da corporeidade e da responsabilidade pelo futuro e 5) como revelação, da dimensão da auto - expressão, revelando a maneira de estar no mundo de cada pessoa e de auto- comunicação que revela a forma de relacionamento. Esta pluralidade do valor da sexualidade, assim como as dimensões intra psíquicas e interpessoais, tornam o comportamento sexual um elemento fortemente integrador do próprio indivíduo, onde a componente de intimidade sexual, como processo inerente da relação e do indivíduo, surge com um valor facilitador da integração e da diferenciação do indivíduo (29).

Para se entender as motivações subjacentes à própria sexualidade são descritas dez funções do sexo: a reprodução, o reforço das relações diádicas e da intimidade, a afirmação da masculinidade e feminilidade, o estímulo e a manutenção da auto-estima, fonte de prazer, redução da tensão, correr riscos como fonte de excitação, exercício de poder ou dominância, expressão de hostilidade e ganho material (30).

Por outro lado com o propósito de estruturar um metaconstruto, que incluísse a totalidade da forma de existir sexualmente consideraram-se dez camadas que se vão sobre-

inscrevendo, acompanhando o ritmo individual. Começando pela dimensão da corporalidade já sexuada à nascença, o sexo atribuído, a identidade de género, o papel sexual, o fantasiar erótico, a preferência ou orientação para o Outro, a auto imagem sexual, o encontro sexuado, o comportamento sexual e finalmente, o acasalamento. Todas estas camadas, que se organizam de uma forma hierárquica, podem fazer disfuncionar o indivíduo, com repercussões de natureza diversa naqueles que os precedem ou nos que se lhe seguem epigenéticamente. O mesmo se aplica em relação à entidade que se supra- ordena ao sistema sexual por que lhe é sobre conjunto-a pessoa; por sua vez, esta integra-se numa sociedade pré-existente dentro de uma cultura também predefinida, que o pode condicionar diferencialmente, na forma do seu funcionamento sexual (31).

A sexualidade existe desde a concepção mas tem momentos em que se afirma com mais intensidade e/ou sofre mudanças mais visíveis. São períodos de natural e saudável instabilidade, de uma grande riqueza e criatividade, momentos “históricos” mas que, por essa razão, se podem tornar extremamente delicados e susceptíveis de serem perturbados por factores externos ou intrínsecos ao próprio indivíduo, porque acresce que como já foi referido, sendo o Homem um ser inteligente e vivendo em sociedade, a sua sexualidade é altamente influenciada pelas ideias, valores, críticas, circunstâncias culturais, aprovação/desaprovação, modas, etc., a sua inteligência leva a que modele a expressão da sua sexualidade segundo normas e regras que, tantas e tantas vezes, não são sequer as suas nem as mais instintivas (22).

Ela reflecte o património biológico, as experiências de desenvolvimento sexual, as características da personalidade e a avaliação que o indivíduo faz de si próprio enquanto pessoa e enquanto homem ou mulher. A sexualidade é afectada pelas relações interpessoais estabelecidas pelas circunstâncias de vida e pela cultura do indivíduo. As possibilidades eróticas do animal humano, a sua capacidade geral para a ternura, intimidade e prazer

nunca podem ser expressas espontaneamente sem intricadas transformações. Elas são organizadas através de uma densa teia de crenças, conceitos e actividades sociais numa história complexa e mutante (32, 33).

Factores como a auto-estima ou a assertividade são componentes essenciais do desempenho sexual. No entanto, e porque a sexualidade é uma área central do crescimento e do relacionamento interpessoal, intensamente ligada aos afectos e às relações amorosas, torna-se ela própria uma área crítica para a construção destas outras componentes globais. Ou seja, uma boa ou má auto-estima pode ajudar a uma vivência gratificante ou não gratificante da sexualidade, mas o contrário é igualmente verdadeiro; uma vivência gratificante ou problemática da sexualidade, correlaciona-se frequentemente com uma boa ou má auto-estima (26).

Homens e Mulheres não vivem a sua sexualidade da mesma forma. Ao longo do ciclo da vida verifica-se um padrão diferente na actividade sexual, assim como uma maior ênfase nos aspectos emocionais e relacionais da sexualidade, nas mulheres. Logo na apresentação clínica dos problemas as mulheres focam predominantemente nas dificuldades relacionadas com o desejo e a excitação enquanto os homens tendem a queixar-se em relação às respostas periféricas, nomeadamente a erecção e a ejaculação. Assim o padrão de queixas verificado na clínica corresponde a sintomas de natureza objectiva nos homens, e queixas essencialmente subjectivas nas mulheres (33).

Há qualquer coisa de profundo e terrível nas potencialidades da sexualidade que obriga cada sociedade a mantê-la separada das outras esferas. O sexo é caprichoso, irreverente, parece e é puro jogo, mas desencadeia reacções que se desenvolvem no registo do tudo e do nada, da vida e da morte (34).

Para o casal a gravidez é um período de adaptações em todos os sentidos; adaptações físicas, emocionais, existenciais e também sexuais. É importante salientar que a

necessidade de adaptação não afecta só a mulher, mas também o homem.

Na verdade, não existe nenhum impedimento absoluto para que a vida sexual continue satisfatória. Também seria demagogia afirmar textualmente que a sexualidade do casal continua, na gravidez, como se nada houvesse de diferente.

Como já foi referido a gravidez tem influência sobre a sexualidade do casal, pois esta ainda que planeada e desejada, tem repercussões a vários níveis do relacionamento do casal, implicando que ambos façam adaptações a todos os níveis, no sentido de manter ou melhorar a qualidade de vida de que desfrutavam antes da gravidez ocorrer. As possíveis alterações de sentimentos e comportamentos que o casal experimenta à medida que a gravidez progride, podem gerar confusão e incompreensão, com consequências mais ou menos positivas para ambos. A expressão da sexualidade durante o período da maternidade pode modificar-se significativamente, e enquanto uns casais não têm problemas no relacionamento sexual, outros demonstram preocupação. Esta diversidade de sentimentos é provocada por: factores físicos; emocionais; de interacção; mitos sobre o sexo na

gravidez; problemas de disfunção sexual; mudanças físicas na mulher (11, 17).

Se antigamente era proibido o sexo na gravidez, nos dias de hoje é aconselhado para o bem estar do casal. No entanto, podem ocorrer vários desconfortos ao longo da gravidez que variam durante os diferentes trimestres e que podem levar a alterações do desejo sexual (35).

Dando ênfase às variações do desejo sexual entre cada trimestre da gravidez, podemos verificar que, geralmente, o primeiro trimestre é marcado por uma diminuição da desejo sexual, o segundo por um aumento acentuado e o terceiro por uma diminuição

notável do desejo sexual. Esta oscilação resulta de vários factores:

Primeiro trimestre

À medida que a gravidez avança, as alterações no contorno do corpo e na imagem corporal e os graus de desconforto, influenciam o desejo sexual dos dois parceiros. Muitas vezes, durante o primeiro trimestre, o desejo da mulher diminui, sobretudo, se sente náuseas, fadiga e sonolência. A notícia da gravidez é acompanhada de uma panóplia de sentimentos e emoções que, em conjunto com as alterações corporais e fisiológicas, influenciam forçosamente a vivência da sexualidade do casal. No primeiro trimestre da gravidez é frequente ocorrer labilidade emocional, juntamente com alterações físicas como náuseas, vómitos, sonolência, cansaço e aumento da tensão mamária, que levam a que grávida tenha menos apetência para o sexo. Por outro lado, a futura mãe necessita, de um modo especial de mais demonstrações de carinho e afecto por parte de o pai que, caso se encontre desperto para esta necessidade da mulher, irá sentir-se menos frustrado e preocupado com a falta de desejo sexual da grávida (12, 35).

Segundo trimestre

No segundo trimestre, a instabilidade inicial começa a dar lugar a uma relação mais sólida. Com o progredir do segundo trimestre, o seu sentido combinado de bem estar e o aumento da congestão pélvica podem aumentar muito o seu desejo sexual.

A grávida pode desfrutar da sua gravidez o que se reflecte na sua actividade sexual. Muito do desconforto físico, o enjoo e a fadiga desapareceram.

A futura mãe sente-se mais bonita, verificando-se um aumento da sua auto-estima que associado com a diminuição dos desconfortos iniciais e maior congestão pélvica podem levar ao aumento do seu desejo sexual.

O pai vê as mudanças físicas da grávida como algo mágico e belo, que a sintonia do casal, neste período, leva a uma intensificação da relação sexual (12, 35).

Terceiro trimestre

No terceiro trimestre, o aumento das queixas somáticas e o aumento do volume físico podem provocar uma diminuição de prazer e uma diminuição do interesse sexual (12).

Nesta altura é comum que haja uma diminuição da frequência da actividade sexual do casal devido a factores físicos e psicológicos (35).

Dos factores físicos, salienta-se a alteração incontornável da auto-imagem da grávida pois sente-se “gorda” e pouco atraente, a pirose, as contracções de Braxton Hicks e a dificuldade em adoptar uma posição adequada (35).

Os factores psicológicos ganham uma importância especial nesta fase. Prevalece a antecipação ansiosa do nascimento por parte do casal. A mãe está mais concentrada no que se passa dentro de si e preocupada com a proximidade do parto; ao mesmo tempo é comum surgir o medo de magoar o bebé, situação que pode ser resolvida se for explicado ao casal que o bebé se encontra devidamente protegido (35).

A diminuição da frequência das relações sexuais nesta fase não implica deterioração do entendimento e felicidade do casal, pelo contrário, esta fase é descrita como a reinvenção do namoro e novas relações repletas de delicadeza (12, 35).

É importante que o casal se sinta à vontade para discutir as suas relações sexuais durante a gravidez, compreensão mútua e vontade de partilhar preocupações podem fortalecer o seu relacionamento sexual. A comunicação entre o casal é muito importante. Se os dois parceiros não compreenderem as aparentes e rápidas alterações fisiológicas e emocionais inerentes à gravidez, podem ficar confusos com o comportamento do outro, razão pela qual conversar sobre as mudanças que cada um sente, pode ajudar a definir problemas e proporcionar o apoio necessário (12).

Já foi mencionado que, as relações sexuais, para além da sua finalidade procriativa, são nos adultos, uma forma privilegiada de expressar amor, de dissipar tensões e de sentir

prazer, aspectos importantes para o equilíbrio psico-emocional. E também é do conhecimento actual que a gravidez é acompanhada de um conjunto de alterações anatomo-fisiológicas que podem aumentar a tensão sexual, e de mecanismos psicológicos que em algumas mulheres estimulam o seu imaginário erótico e o desejo sexual. Neste sentido, salvo em situações obstétricas raras, “as actividades sexuais devem ser permitidas e até estimuladas, não só pelo que podem representar para a estabilidade emocional do casal como também, num contexto mais geral, corresponderem a um passo importante para a desmistificação dos tabus ligados à gravidez (9).

Sabendo que a sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, acções e integrações, portanto para a saúde física e mental, e partindo da ideia consensual que a saúde é um direito humano fundamental, então a saúde sexual, definida como integração dos aspectos sociais, somáticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicação com os outros e o amor, também deve ser considerada como um direito humano básico (26).

2.1- DESEJO SEXUAL E GRAVIDEZ

Desejo sexual

Há cerca de vinte anos, Williams Masters e Virgínia Johnson publicaram os primeiros trabalhos sobre a fisiologia da resposta sexual humana, como sendo um fenómeno semelhante, tanto nos homens como nas mulheres à excepção da fase da resolução e o potencial para orgasmos múltiplos, e se muitas dúvidas ainda precisam de ser clarificadas, num aspecto não há dúvidas: a resposta sexual adequada exige a perfeita harmonia de factores físicos, psíquicos e relacionais (33).

As sensações sexuais iniciadas quer por fantasias, por masturbação ou pela relação sexual acontecem numa sucessão de fases que estão interligadas e que são chamadas fases da resposta sexual humana (desejo, excitação, orgasmo e resolução) (16).

O desejo é uma experiência subjectiva, uma vontade, um impulso, produzido pela estimulação de um sistema neurológico específico, o qual produz sensações que nos levam a procurar ou a estar receptivo a uma actividade sexual. Desejamos quando os nossos instintos são estimulados e o apetite cresce. Quando este sistema sexual se activa, surge na pessoa um estado de tensão que o leva a uma necessidade sexual. O desejo pode ocorrer baseado em estímulos internos (fantasias, sonhos) ou pela presença real de sinais eróticos ou externos (auditivos, tácteis, visuais, olfactivos, gustativos) (36).

O desejo é a primeira fase do ciclo de resposta sexual nos seres humanos e consiste num sentimento de atracção sexual em relação a alguém. Caracteriza-se pelas fantasias sexuais e pelo desejo de ter actividade sexual, iniciando-se com qualquer tipo de estimulação de carácter sexual que seja excitante para o indivíduo. Normalmente o desejo é provocado por estímulos sensoriais, como sejam ver alguém que nos atrai, ouvir a voz dessa pessoa ou sentir o seu cheiro. Algumas pessoas poderão desejar alguém apenas devido à forma como ela fala, enquanto outras poderão dar mais importância à maneira de

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