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2.7 OFERTA/PROCURA

2.7.1 SIGIC

Em 2004, foi implementado o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), abrangendo grande parte da atividade cirúrgica desenvolvida dos hospitais do SNS. A “Lista de inscritos para cirurgia” (LIC), inclui os utentes propostos para intervenção cirúrgica programada e os utentes propostos em urgências diferidas. Desde 2006 que a capacidade de produzir intervenções cirúrgicas está a crescer nos hospitais públicos, mais rapidamente do que a procura de cirurgias (Vaz, 2010).

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Mais informações, consultar: Administração Central do Sistema de Saúde, Manual de Gestão de Inscritos para Cirurgia, Volume I – Princípios Gerais, p. 5. Lisboa, 2010. Disponível em [http://www.min- saude.pt/NR/rdonlyres/AF151608-208F-41BF-8B85-

Mestrado Controlo de Gestão- ISCAC Página 35 Também ao nível das cirurgias de neoplasias malignas se tem vindo a verificar uma melhoria constante, com a respetiva lista de espera diminuir 15,2% em número de doentes entre 2005 e o 1º semestre de 2009, a mediana do tempo de espera a decrescer 65,8% e o número de doentes em espera acima do tempo máximo recomendado a diminuir 59,2% no mesmo período. Entre 2006 e o 1º Semestre de 2009 o número de entradas em lista de espera cirúrgica de neoplasias malignas aumentou 31% e o número de doentes operados nos hospitais públicos cresceu 36,7% (comparação entre metade dos valores de 2006 e do 1.º semestre de 2009) (Vaz, 2010).

Ou seja, de uma forma consistente tem vindo “a ser garantido um maior e mais

rápido acesso às cirurgias no âmbito dos hospitais públicos portugueses, sendo viável uma melhoria desta performance no futuro, com a adoção de novas modalidades de organização e funcionamento dos serviços “(Vaz, 2010:303).

O Sistema de informação do SIGIC assenta num novo paradigma, que consiste na transposição de sistemas de informação, orientados para aspetos administrativos de gestão, para o registo clínico, enquanto instrumento processual dos cuidados de saúde prestados ao utente. Nesta nova abordagem é o registo clínico da atividade, numa lógica de prestação de serviço, que complementada com informação administrativa apropriada, se transforma em informação útil à gestão e à governação clínica.

Os seguintes aspetos do SIGLIC definem a sua identidade:

 A centralidade nos cuidados de saúde prestados ao utente, enquadrada nas características específicas da organização hospitalar. Gestão da informação em função do impacto nos utentes das ações institucionais;

 A incorporação de linguagem clínica, retratando a informação tal como é gerada pelas respetivas fontes (corpo clínico);

O conceito de Evento enquanto agregador de informação:

 Corresponde à relação entre o utente, ou informação relativa ao utente, e a instituição contextualizada, num momento definido no tempo, nos profissionais envolvidos, nos recursos utilizados, na organização;

 Tem como resultante unidades nosológicas - classificação de problemas independentes e correspondente ação institucional;

Mestrado Controlo de Gestão- ISCAC Página 36 O Conceito de Unidade Nosológica enquanto unidade de valor resultante dos eventos clínicos:

 O objetivo de qualquer encontro, físico ou virtual, entre utente e instituição de saúde, no âmbito clínico, é o de gerar valor para ambas as partes; as Unidades nosológicas são a materialização desse objetivo;

 Transforma o problema que motiva a procura, por parte do utente, num diagnóstico e estabelece uma ação apropriada que visa abordar esse diagnóstico com o intuito de minorar o problema.

O Conceito de plano de cuidados e episódio enquanto polo central na organização da informação:

 O plano de cuidados traduz o projeto de intenções da instituição para atender aos problemas que levam o utente a procurá-la, os quais têm de enquadrar- se nos programas nacionais estabelecidos;

 O episódio agrega todos os eventos clínicos ou administrativos que ocorrem no âmbito dum determinado plano de cuidados.

A normalização dos dados a registar → minimal data set.

 Permite um olhar integrado para a atividade de todos os prestadores no SNS;  Garante que existe um conjunto de dados que é sistematicamente solicitado

a todas as instituições;

 Garante uma interpretação única entre os vários utilizadores do conjunto consignado de dados.

A validação dos dados integrados:

 Garantia de uma informação mais próxima da realidade;

 Os dados introduzidos são automaticamente contextualizados e identificadas incongruências;

 A informação recolhida, face à classificação decorrente da validação, pode ser rejeitada, integrada e classificada como correta, improvável ou incorreta. A composição faseada de documentos:

 O sistema tem documentos que necessitam de ser construídos ao longo de diversos eventos, nestes, a autoria de cada campo é referenciada ao seu autor e utilizador, mantendo-se a perspetiva evolutiva do documento ao longo do tempo;

Mestrado Controlo de Gestão- ISCAC Página 37  Existência de tabela de atributos parametrizados. É uma funcionalidade presente para a uniformização dos conceitos partilhados. Permite, não obstante, através de mapeamentos, manter a diversidade necessária, a autonomia, a especificidade e a criatividade individual própria de cada entidade local.

O registo único do utente, integração com o Registo Nacional do Utente:

 O Utente é identificado inequivocamente no universo dos utilizadores do SNS;

 Permite uma economia de recursos e maior fiabilidade nos dados agregados;  Toma possível a contingentação do risco decorrente da prestação de

cuidados inapropriados;

 Permite uma perspetiva global do acesso, nomeadamente no que respeita à procura, serviços prestados e futuramente, a ganhos em saúde;

 Facilita transações entre unidades de saúde enquadradas em processos normalizados.

A monitorização diária da conformidade do processo:

 Disponibilização de alertas aos utilizadores referentes a processos não conformes;

 Identificação de situações de risco, com avisos aos utilizadores apropriados;  Triagem de ocorrências improváveis - para submissão a auditorias;

 Vigilância do correto funcionamento das ferramentas informáticas e em particular das interfaces;

 Monitorização do desempenho, face aos níveis de serviço garantido estabelecidos;

 Monitorização dos acessos ao sistema - para efeitos de segurança;

 Monitorização dos movimentos (ações elementares de mudança de informação) ocorridos no sistema - para efeitos de otimização da gestão da informação (Gomes, 2011, p.285:288).

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