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SILVA, I F Potencial do pseudocaule de bananeira (cultivar prata anã) para a produção de etanol de segunda

No documento PRODUÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEIS (páginas 61-65)

DO LITORAL DE SANTA CATARINA

53 SILVA, I F Potencial do pseudocaule de bananeira (cultivar prata anã) para a produção de etanol de segunda

2.1 PRODUÇÃO DE BIOETANOL A PARTIR DE RESÍDUOS LIGNOCELULÓSICOS O bioetanol, também chamado de etanol de segunda geração e etanol celulósico, é sintetizado, majoritariamente, mediante hidrólise dos polímeros celulose e hemicelulose por ação de enzimas e/ou produtos químicos. Após a hidrólise ocorre a fermentação alcoólica, através de reações catalisadas por en- zimas produzidas por microrganismos anaeróbicos54.

Na pesquisa bibliométrica (Figura 4) nas bases de dados Scielo e Springer, utilizando os termos “banana” e “bioethanol”, com o operador “and” entre os ter- mos, e empregando critérios de seleção da bibliografia (1º tipo de documento: artigos científicos; 2º período de publicação: 2009-2019; 3º análise dos resumos), foram identificadas nove publicações que abordam a fabricação de bioetanol a partir da biomassa lignocelulósica da bananicultura.

Figura 4 – Critérios da pesquisa bibliométrica realizada nas bases de dados Scielo e Springer

Análise dos Resumos Período de Publicação 2009 - 2019 Tipo de Documento Artigos “Banana” “Bioethanol”

Fontes: Logo Scielo: <https://www.scielo.org/>; Logo Springer: <https://link.springer.com/>; Acesso em: 16 abr. 2019.

Os artigos selecionados com base nos critérios apresentados na Figura 4, além de abordarem métodos de produção de bioetanol, também analisam estraté- gias para otimizar esses processos. Na Tabela 2 apresentam-se as publicações selecionadas na pesquisa bibliométrica.

Tabela 2 – Artigos selecionados na pesquisa bibliométrica realizada nas bases de

dados Springer e Scielo

Autores PublicaçãoAno de Periódico Científico - Fator de Impacto Principal Proposta do Artigo Gumisiriza

et al. 2017 Biotechnology for Biofuels

5,497

Alternativas (bio)tecnológicas para o aproveitamento da biomassa, destacando a digestão anaeróbica como opção mais viável economicamente. Wobiwo

et al. 2019 Biomass Conversion and Biorefinery

1,310

Efeitos de diferentes tratamentos da biomassa lignocelulósica na síntese de bioetanol. Garcia

et al. 2012 Waste and Biomass Valorization

1,874

Estudo de otimização do processo de produção de bioetanol em usinas de destilação do Equador. Guerrero

et al. 2016 Waste and Biomass Valorization

1,874

Potencial de produção de bioetanol utilizando resíduos lignocelulósicos da bananicultura do Equador. Vaid & Bajaj 2017 Waste and Biomass

Valorization

1,874

Otimização do processo de síntese de enzimas empregadas no tratamento da biomassa da bananicultura. Thakur

et al. 2013 3 Biotech1,497 Efeitos de diferentes tratamentos da biomassa lignocelulósica na síntese de bioetanol. Nisha

et al. 2017 3 Biotech1,497 Otimização do processo de produção de bioetanol a partir de diferentes resíduos agrícolas. Souza

et al. 2017 Applied Biochemistry and Biotechnology – 1,797

Análise de diferentes estratégias na síntese de bioetanol (pré-

tratamento dos resíduos lignocelulósicos; concentração e forma física da biomassa). Ingale

et al. 2014 Brazilian Journal of Microbiology

1,810

Efeitos de diferentes tratamento da biomassa lignocelulósica na síntese de bioetanol. Fonte: elaborado pelo autor.

Desta forma, a digestão anaeróbica da biomassa gerada na bananicultura e consequente produção de biocombustíveis é um dos processos mais eficien- tes, economicamente viáveis e ambientalmente corretos para o destino final desses resíduos55,56,57. Vale ressaltar que produção e consumo de bioetanol em

detrimento de derivados do petróleo podem contribuir significativamente para a redução da emissão atmosférica de dióxido de carbono e outros poluentes58.

Em relação aos avanços na otimização do processo de síntese de bioetanol, destaca-se a utilização de culturas de Pleurotus ostreatus HP-1 para produção de enzimas ligninolíticas, que atuam na degradação da lignina e facilitam a hi- drólise enzimática da celulose e hemicelulose59. O pré-tratamento da biomassa

com ácido sulfúrico (H2SO4 2%) tem se evidenciado pela eficiência na redução da cristalinidade da celulose, favorecendo a ação das enzimas celulolíticas60. A

utilização de leveduras Saccharomyces cerevisiae NCIM 3570 tem se acentuado no processo de fermentação alcoólica, em especial pelo elevado rendimento (≈84%) na produção de etanol a partir do hidrolisado celulósico61,62.

2.2 A VIABILIDADE PARA CONSTRUÇÃO DE UMA USINA DE BIOETANOL Como apresentado na Tabela 2, o elevado potencial dos resíduos lignoce- lulósicos da bananicultura para produção de bioetanol já foram evidenciados por alguns estudos63,64,65. Os recursos biotecnológicos utilizados envolvem 55 GARCIA, J. C.; MACHIMARU, T.; MATSUI, T. J. C. Optimizing Plant Allocation for Bioethanol Production from Agro-residues

Considering CO2 Emission and Energy Demand–Supply Balance: A Case Study in Ecuador. Waste Biomass Valor, v. 3, p. 435-442, 2012.

56 GUERRERO, A. B.; AGUADO, P. L.; SÁNCHEZ, J.; CURT, M. D. GIS-Based Assessment of Banana Residual Biomass Potential for Ethanol Production and Power Generation: A Case Study. Waste Biomass Valor, v. 7, p. 405-415, 2016. 57 GUMISIRIZA, R.; HAWUMBA, J. F.; OKURE, M.; HENSEL, O. Biomass waste-to-energy valorization technologies: a review

case for banana processing in Uganda. Biotechnol Biofuels, v. 10, p. 1-29, 2017.

58 THAKUR, S.; SHRIVASTAVA, B.; INGALE, S.; KUHAD, R. C.; GUPTE, A. Degradation and selective ligninolysis of wheat straw and banana stem for an efficient bioethanol production using fungal and chemical pretreatment. 3 Biotech, v. 3, p. 365-372, 2013. 59 Ibidem.

60 SOUZA, E. L; SELLIN, N.; MARANGONI, C.; SOUZA, O. The Influence of Different Strategies for the Saccharification of the Banana Plant Pseudostem and the Detoxification of Concentrated Broth on Bioethanol Production. Appl Biochem

Biotechnol, v. 183, p. 943-965, 2017.

61 THAKUR et al., op. cit. 62 INGALE et al., op. cit. 63 Ibidem. 64 SOUZA et al., op. cit. 65 GUMISIRIZA et al., op. cit.

microrganismos produtores de enzimas específicas, equipamentos para moa- gem da biomassa, aparato para destilação do etanol, entre outros66,67.

Todavia, vale ressaltar que esses recursos muitas vezes são de difícil acesso às comunidades rurais, seja pelo elevado valor, carência de políticas públicas, falta de conhecimento, entre outros aspectos. Segundo Sachs, é essencial dis- ponibilizar aos pequenos produtores (como os produtores orgânicos) acesso a biotecnologia moderna e a ciência de ponta. Mediante essa ação, assim como ao acesso justo ao crédito, ao mercado, a uma educação rural de qualidade, es- tar-se-ia caminhando em direção a uma “moderna civilização de biomassa”68.

Conforme Vieira, na gestão de territórios “o princípio de prudência ecológica sugere a pesquisa de formas de organização produtiva que favoreçam a busca de complementariedade máxima das várias opções de dinamização econômica”69.

A (bio)industrialização em menor escala, como a produção de biocombustíveis em pequenas usinas mediante reutilização de biomassa, somada a ações go- vernamentais de fomento a essa integração do processo produtivo (produção de bananageração de resíduos/biomassa fabricação de bioetanol) tende a au- mentar a “auto sustentação” das regiões rurais70,71.

Assim, tendo em vista o potencial na utilização da biomassa gerada na bana- nicultura como matéria-prima na fabricação de bioetanol, um estudo detalhado apresentando a viabilidade do processo mostra-se pertinente. As plantações orgânicas localizadas no litoral catarinense, como as presentes nos municípios tipicamente rurais do UGT 6 e 7 da Epagri, são cenários interessantes para a im- plantação de um projeto-piloto de usina de produção de bioetanol, tendo em vista a quantidade de banana produzida e, consequentemente, biomassa gerada.

A seguir, apresentam-se, de forma genérica, algumas possíveis etapas para o estudo de viabilidade de construção de uma usina:

1. Parceria entre associação/cooperativa de produtores orgânicos e pes- quisadores (universidades, centros de pesquisa, Epagri, outros): para o

66 Ibidem. 67 SILVA, op. cit.

No documento PRODUÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEIS (páginas 61-65)