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SINTESE DA PESQUISA TEORICA

Tratados e organizações internacionais influenciaram as políticas educacionais no mundo. Elaboradas num contexto de mobilidade social e internacional, a educação numa visão de formação para o mundo do trabalho, considera os diplomas e títulos como validadores do conhecimento do sujeito e as competências pessoais são reconhecidas e avaliadas pelas autoridades competentes.

No Brasil, as políticas educacionais foram criadas seguindo as tendências mundiais em cenário de globalização econômica e domínio do neoliberalismo. A lei de diretrizes e bases da educação nacional - Lei n. 9394/96 – (LDBN) foi aprovada com disputa de interesses entre os vários atores políticos sociais em relação a

financiamento e influência de discursos internacionais no que se refere a formação docente.

No entanto, avanços com relação a formação foram observados, em virtude da implantação do Plano Nacional de Educação.

A formação permanente é condição para o desenvolvimento dos professores, que necessitam ter conhecimento, competências e motivação específicas para o desempenho profissional esperado. As competências docentes sob a ótica do mainstream econômico considera questões de formação para o mundo do trabalho e seleção para ingresso na carreira, diferindo da visão crítica de origem construtivista, que considera o desempenho competente como um processo único e original de construção pessoal.

Um diferencial das políticas de formação docente no Estado do Paraná é possuir suas próprias diretrizes para a educação, criadas para contrapor-se a ideologia neoliberal que permeou as políticas educacionais brasileiras na década de 1990.

Assim, a formação e valorização de professores do Paraná foi incentivada pelas políticas públicas a partir da criação de plano de carreira, desencadeando outros programas e projetos voltados ao desenvolvimento profissional, como o PDE, o GTR, o Projeto Folhas e Livro Didático Público, que tinham em sua concepção o professor como produtor de conhecimento. Esses programas também possibilitam a colaboração e o compartilhamento a partir de meios digitais, o que requer o desenvolvimento de competências digitais docentes.

O estudo sobre competências originou-se sob visão da formação do trabalhador para o Mundo do Trabalho, com abordagem comportamentalista, que considera as competências, habilidades e atitudes como características individuais que interferem na ação, com representantes norte-americanos (MCCLELLAND, 1973, BOYATZIS, 1982, SPENCER e SPENCER, 1993). O conceito evoluiu para uma concepção construtivista em que a ação está voltada a resultados, com representantes Europeus (LE BOTERF, 1994, PERRENOUD, 2000, ZARIFIAN, 2001).

Na concepção construtivista, o ser humano mobiliza recursos internos que cooperam, se articulam e se complementam para desenvolver a ação. A competência é o domínio global de uma situação, enquanto habilidade trata de uma operação

específica, ou de esquemas que orientam as operações mentais e as operações concretas e podem ser recursos a serviços de várias competências.

O professor gera recursos cognitivos globais combinados e articulados em sinergia, mas mobiliza competências específicas, independentes umas das outras, para resolver aspectos de um problema. As habilidades são saberes processuais, ou seja, são recursos a serviço das competências globais.

Assim, a competência digital envolve habilidades relacionadas com o acesso a informação, o processamento e uso da comunicação, a criação de conteúdo, a atividades pedagógicas com o uso das TIC, a valores relacionados à segurança e à resolução de problemas, tanto em contextos formais quanto em informais. Uma possível classificação adotada neste trabalho está representada no Quadro 15:

QUADRO 15. QUADRO SÍNTESE SOBRE COMPETÊNCIAS DIGITAIS

(Continua)

-Conhecimento sobre o funcionamento das TIC e redes;

-Saber manusear programas de produtividade (sistema operacional, processador de texto, planilhas, programas de apresentação, navegador de internet, bases de dados);

-Conhecimento sobre aspectos relacionados a instalação, manutenção e segurança de equipamentos tecnológicos;

-Saber dos riscos associados ao uso da tecnologia e recursos on-line;

-Conhecimento sobre a criação de conteúdo digital (áudio, vídeo, imagens) e seus respectivos programas ou recursos e ambientes de aprendizagem utilizando as TIC;

-Conhecimento e habilidades para o tratamento da informação (busca, seleção, armazenamento, recuperação, análise a apresentação);

-Conhecimento e uso de busca em banco de dados;

-Conhecer as informações e outros serviços oferecidos pelos portais educacionais na internet e REA (Portal Dia a Dia Educação, Portal do Professor, Bibliotecas virtuais, entre outros)

-Saber transformar informação em conhecimento através da seleção apropriada das diferentes opções de armazenamento;

-Comportamento adequado para proteger a informação;

-Selecionar, organizar e avaliar os recursos tecnológicos;

COMUNICAÇÃO

-Conhecer as mídias e softwares de comunicação digital e seu funcionamento; seus benefícios e limitações;

-Saber quais recursos podem ser compartilhados publicamente e como a tecnologia e os meios de comunicação permitem diferentes formas de participação e colaboração para criação de conteúdo;

-Conhecer as potencialidades e limitações da colaboração em ambientes virtuais;

-Conhecimentos e habilidades necessárias para estabelecer e manter contato com alunos, especialistas e colegas, com o propósito de

compartilhar ideias, conhecimentos e experiências que enriqueçam o processo educativo;

-Capacidade para se comunicar, interagir e colaborar em ambiente digital;

-Capacidade de liderar e coordenar equipes de trabalho em rede, distribuídos em ambientes digitais;

-Conhecimento sobre as implicações do uso e as possibilidades de aplicação das TIC em situações de ensino e aprendizagem;

-Contribuir para o conhecimento de domínio público (wikis, fóruns públicos, revistas) tendo em conta os regulamentos sobre os direitos autorais e licenciamento de publicação de informações;

-Saber onde procurar ajuda para resolver problemas teóricos e técnicos, que implica em conhecimento sobre as tecnologias digitais e não-digitais;

-Integrar os meios tecnológicos ao currículo integrado, como ferramenta de ensino e mediador de atividades de desenvolvimento cognitivo;

-Avaliar a utilização das TIC no contexto dos sujeitos e da escola;

-Avaliar os processos de aprendizagem que se produzem em novos ambientes;

-Aprender a aprender: necessidade de autoaprendizagem permanente suportada pelas TIC

Conhecer os aspectos que causam dependência da tecnologia

AXIOLÓGICA

-Disposição para manter-se atualizado e assegurar seu desenvolvimento pessoal e profissional;

-Valores (responsabilidade, honestidade, respeito, entre outros) para o uso socialmente correto da informação e da tecnologia;

-Disposição para aprender em equipe, para colaborar e compartilhar;

-Conhecimento das implicações sociais e éticas das TIC – identidade digital;

FONTE: Elaborado pela autora (2016)

A competência digital implica, portanto, no uso criativo, crítico e seguro das tecnologias da informação e da comunicação para o professor desenvolver-se pessoal, social ou profissionalmente.

3 ESTRUTURA DE CLASSIFICAÇÃO DA METODOLOGIA CIENTÍFICA

A pesquisa buscou informações sobre as competências digitais, necessárias para a colaboração e compartilhamento de práticas educacionais dos professores da educação Básica do município de Ponta Grossa, do estado do Paraná.

Para isso, realizou-se um diagnóstico da situação existente a partir da observação em oficinas de aprendizagem. As competências digitais requeridas dos professores ou as gerais, requeridas de todos os profissionais que atuam em organizações e identificadas na literatura, foram parâmetros para identificar as competências existentes.