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O Sistema de avaliação da Pós-Graduação Nacional sob a ótica dos agentes

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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.2 Segundo Objetivo Específico

4.2.1 O Sistema de avaliação da Pós-Graduação Nacional sob a ótica dos agentes

78 De acordo com a maioria dos agentes o campo de pós-graduação em administração passou por mudanças significativas, nas últimas décadas aproximadamente, em relação ao seu sistema de avaliação. Essas mudanças dizem respeito principalmente à questão do produtivismo, onde a pesquisa passa a ser altamente valorizada. No entanto, existe uma percepção de que na realidade o fenômeno do produtivismo gerou a produção de pontuação e não de produção acadêmica em si, comprometida com o aprofundamento, com o impacto social, mas sim em gerar pontos.

“temos uma atenção grande, tem pesado consideravelmente é aquilo que é chamado pela CAPES de produção acadêmica né, que nos consideramos apenas como pontuação é.. , eu, pessoalmente, considero uma pontuação não efetivamente uma produção, mas uma pontuação obtida através de publicações em.. periódicos qualificados pela própria CAPES como A, B, A1, A2, B1, B2 e.. então essa é uma coisa que tem pesado muito, infelizmente tem sido esse o padrão de exigência que têm nos feito né, na verdade um reprodução do padrão da CAPES” (Entrevistado 8).

Nesse sentido, fica claro o desconforto em considerar produção acadêmica aquilo que é usado para obter pontos e que futuramente será utilizado como critério de avaliação, esse tipo de conduta não é considerado como produção acadêmica por esse determinado agente. No entanto, o campo da administração que foi criado para sustentar o projeto desenvolvimentista do país, passou a assumir um caráter mais científico que prático.

“existia uma.. opinião de que a administração era uma ciência que seria relevante para o projeto de desenvolvimento nacional do país, a administração pública idem né.., isso com o passar do tempo né, a cientificidade começou a assumir um peso maior do que a relevância prática, então os critérios de publicação, por exemplo, se tornou mais relevante que.. o que que você contribui pra prática de desenvolvimento do país, mas isso aconteceu assim ao longo de dez, últimos vinte anos no mínimo né, [...] o que agora se valoriza, agora a ênfase é em pesquisa, não sei dizer se é o certo, nem sei dizer se vai ser daqui a pouco, isso tem se questionado fora do Brasil por exemplo, qual a relevância desse tipo de estratégia, isso tem gerado efeitos perversos e..isso pode tornar a academia mais alienada do seu impacto social, do seu impacto na sociedade então, poderá vir se constituir uma crise maior que faça com que se reposicione esses objetivos né, da academia, então..nos somos apenas sujeitos a essas mudanças” (Entrevistada 12).

De acordo com a fala destacada, é percebido entre os agentes que modificações de maior profundidade ocorreram, mudando a forma de se estruturar e de agir no campo, referentes principalmente a produção acadêmica e pontuação. Também é evidenciada

79 uma questão muito contundente em relação a essas mudanças, que são as consequências geradas no impacto social no campo, ou seja, pelo excesso de foco em produzir e publicar, resultados e intervenções que gerem boas mudanças de fato não vêm acontecendo.

Muitos agentes afirmam que no início de sua trajetória nesse campo, as exigências relativas à produção e publicação não eram tão veementes quanto atualmente, a preocupação com a pesquisa e sua divulgação sempre tiveram seu espaço e sua importância, no entanto, existia um maior período de tempo para reflexão e abstração do conhecimento.

Os que possuem uma trajetória temporal maior, apontam que a preocupação com a pontuação nem sempre aconteceu, essa dinâmica passou a existir através da criação do Ranking Qualis que passou a discriminar pontos aos veículos de comunicação científica (periódicos) e com isso pontuar as publicações de acordo com o periódico escolhido para divulgar a pesquisa.

“sempre a pós-graduação estimulou a produção ali e a um processo de emulação mesmo fazia com que as pessoas procurassem publicar, procurassem.. mas não era um, uma coisa formal, uma exigência, uma pressão significativa nesse sentido, só nos últimos talvez, oito anos né que essa pressão se tornou mais intensa né, e a.. a classificação do Qualis passou a ser uma referência pra todos os programas, então essa exigência passou a ser muito maior” (Entrevistado 9).

Dessa forma fica evidente que antes da instalação dessa lógica de produção, a pesquisa também acontecia, assim como sua divulgação através de publicação, porém, esse processo de produção acadêmica ocorria de forma mais natural e mais consonante com a realidade, ou seja, era produzido aquilo se fazia necessário para a realidade vivida, era pesquisado o que de fato era relevante para a ocasião com perspectivas de mudanças na realidade e inferências que trouxessem avanços para o campo. Os agentes não deixavam de desenvolver suas pesquisas, por falta de exigência ou cobrança, pelo contrário, sempre foi sabido que o propósito do campo de pós-graduação era além de ensino, a formação de pesquisadores, e nesse sentido, não havia como não existir pesquisa.

Além disso, também foi levantada a questão relativa à qualificação dos periódicos, ou seja, como acontece o Qualis Capes, e como as constantes alterações e suas limitações impactam no cotidiano do agente.

80 “criou uma série de critérios, criou a lista Qualis de periódicos, é..distribui esses periódicos é.., dentro de uma determinada proporção né, o que pode gerar determinadas distorções, por exemplo, acho que no segmento A1 você só pode ter 12,5% das revistas tenho impressão que é isso, no segmento A2 também 12,5, então vamos dizer, a soma dos dois deve dar 25%, aí no B1, B2, também, então você tem uma proporção, então isso gera já uma certa amarra, independente do pro.., do periódico ser bem ou não, ali só cabem X né, ou seja, um número que corresponde a 11, a 12,5% logo, alguém tem que cair né, é.. e existe, então isso é uma discussão, outra situação é a entrada na área e isso é muito difícil de resolver de periódicos que não são propriamente da área né, nós tínhamos até a penúltima lista, agora em setembro saiu uma nova lista, é.. uma série de periódicos de medicina, existem professores em geral da área de métodos qualitativos faz um trabalho com um colega da área de medicina e publica lá, então tem..né, tinha Acta Reumatológica uma revista de medicina que alguém publicou lá e foi parar na lista, então esse segmentos de revistas é..de medicina, tavam ocupando uma parte significativa do segmento A1 do qualis e aí diante de pressão, das piadas, das reclamações eles resolveram uma medida.. equívoca também, tirar todas as revistas de medicina e de outras áreas muito.. é.. estrangeiras ao campo de administração e rebaixar pra A2 independente da.. da natureza da revista, isso foi bom porque abriu espaço A1 para a revistas de administração, mas o que que aconteceu?, expulsou dezenas de boas revistas A2 para B1, B2, B3, uma revista que tava muito bem aqui como A2, não tinha nenhuma razão para cair, mas teve que cair porque teve que abrir espaço pra revista de medicina, então como essa, existe várias e várias distorções, no caso específico da minha área de administração pública é uma área também muito penalizada, porque como há que ter o espaço pra administração empresarial grande, existe muito mais revista então.. há.. há.. revistas que tenham até uma vinculação com administração pública não tem praticamente espaço, então.., a não ser a RAP que é a Revista de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, que é A2, havia uma revista que não é programa de administração pública mas de políticas públicas que é os Cadernos de Serviços.., Cadernos de Saúde Pública, era A1, caiu agora pra A2, né.. que.., então o espaço da administração pública é muito reduzido e mesmo revistas é..que são da área de administração pública que era valorizadas em outras áreas na administração é desvalorizada, isso foi corrigido agora, mas durante muito tempo, tem uma revista da ENAP chamada Revista de Serviços Públicos ela era B2 na ciência política e B4 na administração, agora ela passou também a B2 na administração” (Entrevistado 9).

Nesse trecho é possível identificar com clareza que o Qualis Capes também possui limitações que impactam de forma significativa o planejamento dos docentes em relação às publicações. Assim como no ranking dos programas não é possível que diversos programas obtenham a nota máxima, no Qualis Capes isso também ocorre, desqualificando determinadas revistas para que exista espaço para outras, essa desqualificação não necessariamente reflete a queda de qualidade, mas sim a liberação do espaço em momentos de reestruturações. Nota-se nessa fala, que o Qualis Capes também tem dificuldades em qualificar periódicos de outras áreas, acarretando em impactos significativos e por vezes prejudiciais para a área. Dessa forma, destaca-se que

81 a limitação da quantidade de revistas que poderão receber qualificação A ou B restringe avanços para o campo.

Isso também foi evidenciado na fala do entrevistado 8, que aponta que além dessa questão de limitação da qualificação, também ocorre demora excessiva na avaliação de artigos submetidos.

“isso são revistas de muito boa qualidade, revistas A2, e levem esse tempo enorme, porque elas levam esse tempo enorme?, porque a quantidade de revistas A2 é também restrita, porque a CAPES usa um sistema é.. de.. de é.. seguimentos fechados, só é possível ter 25% de revista A, se uma revista B, passa a uma revista A, uma revista A tem que sair, então a concepção ao invés de ser uma concepção de ampliar o espectro de revistas e assim você poder ter muito mais revistas A cada ano que passa porque a sua base também aumentou, então você não teria preocupação de ficar com uma pirâmide invertida, quando o vértice da pirâmide estaria pra baixo, porque as revistas estariam todas elas evoluindo na destinação de A, não teria esse tipo preocupação a ponto de fechar e dizer.. não..só podem ser A 25%, se você estivesse estimulando as revistas a aparecerem e estimulando as pessoas a escreverem nas revistas novas, por exemplo, seria uma coisa extremamente interessante, pra quem de fato quer desenvolver conhecimentos, meio de divulgação do conhecimento, estímulo ao conhecimento, que as pessoas escrevem para publicar, se se dissesse o seguinte: leva a pontuação elevada quem publica em revistas novas, quem se dispõe a publicar em uma revista nova” (Entrevistado 8).

Outra questão também é levantada nesse trecho e refere-se a falta de estímulo para revistas recém-criadas, que muitas vezes não conseguem se manter no campo, pois os agentes estão preocupados com a pontuação em si e não com a publicação somente e as revistas novatas na maioridade das vezes não possuem qualificação e quando possuem não é tão elevada. Essa questão será abordada com mais atenção no objetivo seguinte.

Nessa lógica produtivista, muitas pesquisas publicadas recentemente não correspondem à realidade contemporânea. Com o excesso de “filas” para publicação, o intervalo de tempo entre a submissão de um trabalho para publicação em um periódico e o seu respectivo aceite, ou não aceite, pode ser muito longo descontextualizando a pesquisa.

“[...] ela vai ter que aguardar para ser publicada em uma revista de outra instituição, externa, exógena, um ano, um ano e meio... o que significa dizer que a sua capacidade de intervenção na realidade está reduzidíssima [...] então é uma produção desconectada com a realidade, porque pra se ter uma produçao de revista A1, A2 é.. no Brasil tem que aguardar dois anos, inteiramente é.. desatualizada, coisa que não é própria daquela época, esses nomes, eles se construíram intervindo na realidade, aparecendo nos momentos em que as coisas estavam sendo discutidas, então , a nossa

82 produção hoje ela é tocada por essa questão da pontuação, as pessoas não fazem é.. não publicam ideias.. elas.. buscam pontos, outro dia em uma banca, eu estava fazendo uma observação de que com demora da publicação que se tem aqui no Brasil, todos os temas são história, todos os artigos que você escrever são história, porque você estará contando fatos do passado no momento que alguém lê, estará lendo coisas que aconteceram há um ano, um ano e meio, se você quer fazer algum tipo de abordagem sobre a contemporaneidade, toda a abordagem da contemporaneidade da literatura produzida na literatura brasileira, é uma abordagem histórica do passado, então esse é o primeiro dano, a grande ameaça que está posta”(Entrevistado 8).

Isso reflete muito uma discussão levantada pelos agentes referente à endogenia, que se instalou no campo como algo negativo, restringindo a publicação de docentes em revistas do próprio programa.

“mas, por exemplo, não havia muito essa ideia que hoje tem de endogenia né, então como eu escrevo basicamente sobre administração pública, o grande veículo da minha produção é a revista de administração pública, então eu devo ter lá.. uns 15 artigos publicados lá, porque é a principal revista de administração pública que existia no país, e é ainda né, então era lá que era publicado” (Entrevistado 9).

“é que..existe um.. um conceito na CAPES que o conceito de endogenia e que pesa muito negativamente em alguns casos, existe uma situação ambígua em relação a endogenia, porque algumas instituições lidam com a endogenia tranquilamente, mas outras não conseguem lidar e tem medo da endogenia, porque a endogenia é em princípio é considerada negativa na avaliação da CAPES. A endogenia certamente você sabe que é a publicação em revistas do próprio programa, é.. publicação nas editoras da propria universidade, e etc.. entretanto, é.. isso que é chamado de endogenia é uma peça fundamental para o desenvolvimento da pesquisa e do conhecimento, essa é a situação dramática que é vivida pelos grupos de pesquisa, pelos programas, pelos professores de um modo geral, que talvez até eu perceba eles não se deem conta, mas.. o fato de você está é...quase que impedido ou no mínimo você esta sendo desestimulado a publicar numa revista do seu grupo de pesquisa, ou numa revista do seu programa, significa que a sua produção ali dentro daquele grupo, daquele programa, daquele grupo de pesquisa, ela vai ter que aguardar para ser publicada em uma revista de outra instituição, externa, exógena, um ano, um ano e meio... o que significa dizer que a sua capacidade de intervenção na realidade está reduzidíssima, os grandes da história pelo menos do nosso campo, as grandes figuras, elas tinham revistas próprias, [...]quando você é.. se vê impedido, ou desestimulado a escrever pra uma revista do teu próprio programa, o que poderia ter muita agilidade em divulgar aquilo que você tá escrevendo, você esta sendo submetido ao que esta no sistema que publica o seus artigos, e suas pesquisas um ano, um ano e meio, entre o fato, e a publicação, o último texto que eu publiquei agora em.. agosto, outubro.. levou mais de dois anos pra ser publicado, um artigo que trata de uma questão momentosa, que é a questão dos cursos de administração, os projetos pedagógicos dos cursos de administração, então eu fiquei até preocupado com a possibilidade de.. é.. quando isso ser publicado os projetos já serem outros e fulano dizer não, os projetos são outros, não é esse que você tá usando aqui com referência” (Entrevistado 8).

83 Esses trechos de entrevistas ressaltam que a endogenia é algo que veio com toda essa lógica de publicação exacerbada, instituída pelos processos avaliativos. A endogenia de acordo com esses agentes, não contribuiu muito para a evolução do campo, mas sim para a limitação das possibilidades de publicação, impedindo por vezes o fortalecimento da revista de um determinado programa, a construção coletiva de uma revista por parte dos docentes que compõem aquele programa. Acredita-se também que ela contribui para a lentidão do processo de submissão e publicação, uma vez que os docentes poderiam publicar nas próprias revistas, agilizando assim o processo, e evitando o congestionamento em outros periódicos.

Essa busca por parte dos agentes por uma avaliação de excelência, satisfatória, acaba por gerar impactos mais profundos no campo, comprometendo a originalidade, a espontaneidade das pesquisas, além de ameaçar seu objetivo mais importante, que é gerar impacto transformativo, buscar transformar uma realidade social que precise de melhoramentos, beneficiamentos que uma pesquisa científica tem capacidade de oferecer.

Os trechos abaixo evidenciam a percepção de alguns agentes em relação aos principais eventos críticos que acometeram o campo de pós-graduação em administração, relacionados principalmente ao seu sistema de avaliação. Esses relatos vêm para corroborar com a análise descritiva dos acontecimentos:

“Logo que eu entrei, eu sabia do termo “publish or perish”, porque eu vim da Inglaterra, aqui era um termo.. voce sabia que existia “publish or perish”, mas existia uma preocupação em não deixar o “publish or perish”se instalar, entendeu, e isso foi em 2001, 2002, por aí. Evidentemente a publicação sempre foi uma coisa muito importante, mas naquele tempo por exemplo quando voce publicava num congresso, isso.., isso valia, deixou de valer ao longo do tempo. O.. publicação em jornais internacionais, jornais.. é.. de fora, sempre foi um coisa bastante importante, mas naquele tempo pouca gente tinha, eu comecei a ver colegas meus se movimentando para publicar em jornais de fora em 2006, 2007. Na verdade eu diria que essa logica ela se instalou bem rápido, foi.., foi rápido, foi rápido mesmo[...]” (Entrevistado 1). Essa fala ilustra não só como termo publish or perish foi se instalando no nosso país, mas também como sua essência e criação não são nativas, um movimento e um termo internacional que foi encaixado na realidade brasileira, sem levar em consideração a experiência própria com a pesquisa, publicação entre outras questões. Além disso, destaca-se que a pontuação passou a ser considerada referente apenas àquela publicação em periódicos, sendo a publicação em congressos não mais pontual

84 com o passar do tempo. Outra questão elucidada é sobre a publicação internacional, que sempre foi almejada por vários pesquisadores, no entanto, nunca havia ser tornado uma exigência para permanência no campo, no entanto atualmente, isso se caracteriza como uma exigência de permanência em alguns programas. Essa constatação fica nítida nas falas do entrevistado 11 e da entrevistada 12:

“a exigência agora pra dar aula no doutorado tem que ter paper publicado em A1, internacional, nos últimos três anos, sem isso não entra, ou se já tiver dentro sem isso, sai, é descredenciado do programa de doutorado, exigência bastante significativa né, bastante rigorosa” (Entrevistado 11).

“Neste momento,né, há algum tempo, eu não sei por quanto tempo isso pode continuar, é por.. por..ham.. revistas internacionais que são reconheci.. é.. reconhecidamente lideres, internacionalmente.. então.. se você tá..para área de management não é, Academic of Management Journal, Organization Studies né, são revistas que são conhecidas, então o destaque é esse, então não é simplesmente o número, qual é o fator de impacto, qual o posicionamento que a revista tem né, como liderança internacional” (Entrevistada 12).

Assim, percebe-se que alguns agentes buscam algo a mais para se diferenciar no campo, e por isso não seguem somente os critérios de avaliação exigidos pela Capes, mas vão além, instituindo a publicação internacional como pré-requisito para lecionar no curso de doutorado. Vale destacar que essa realidade não é verdade para todos os agentes no campo, no entanto, é possível afirmar que a publicação internacional é algo almejado por muitos e é um encaminhamento futuro do campo, no entanto atualmente a exigência formalizada é feita somente por alguns.

A importância destinada à produção e publicação foi se elevando com o passar do tempo, pois como já ilustrado na fala anterior, os trabalhos publicados em congressos detinham um valor pontual, e é isso é novamente destacado na fala a seguir. Também é apontado que no inicio da inserção da lógica produtivista no campo, havia uma determinada diferenciação entre o que teria um valor mais elevado, e o que valeria menos pontos.

“[...] esse peso da produção, foi.. num crescendo né, ele foi se tornando cada vez mais significativo na avaliação do programa, então eu lembro por exemplo, do triênio que eu fui avaliada, né..., o programa que eu tava foi avaliado, é... a... os pontos de produção intelectual, contava o evento né, o que você publicava em congresso, você tinha um discernimento, é ... a CAPES fazia uma diferenciação do que era alto e baixo impacto, mas não era tão significativo quanto hoje né [...]então..eu noto que a avaliação ficou.. mais rígida, reconhecendo menos, publicações né.. , é exigindo mais produções de alto impacto, então.. essa mudança, eu.. eu acredito que hoje a pressão é muito maior sob o docente.. do que era há 10 anos atrás né”( Entrevistada 2).

85 Nesse sentido, afirma-se que o processo e critérios avaliativos foram se tornando menos maleáveis, com regras cada vez mais específicas e com pouca abertura para flexibilidade, se caracterizando como uma pressão exercida para a publicação. Mais uma vez, essas questões são percebidas de forma mais intensa na última década, ou seja,

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