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2.4.2.2 – SISTEMA DE CUSTEIO DIRETO

O custeio direto trata os custos indiretos de fabricação fixos como custos do período e não como custos do produto. Por este método, são considerados custos dos produtos apenas os custos variáveis.

Para Martins (2006, p.204), pela própria natureza dos custos indiretos, normalmente fixos (invariabilidade), pela arbitrariedade em seus rateios e variação por unidade em função de oscilações do volume global e por propiciar valores de lucro não muito úteis para fins decisoriais, este critério, alternativo ao custeio por absorção, surge como solução complementar em que só são agregados aos produtos seus custos variáveis, considerando-se os custos fixos como se fossem despesas.

O sistema de custeio direto trouxe informações importantes como a margem de contribuição (conceituada como a diferença entre receitas e soma de custo e despesa variáveis) que tem a faculdade de tornar bem mais facilmente visível a potencialidade de cada produto, mostrando como cada um contribui para, primeiramente, amortizar os gastos fixos e, depois, formar o lucro propriamente dito.

Outras informações importantes geradas pelo sistema de custeio direto, através da análise custo-volume-lucro, são o ponto de equilíbrio, a margem de segurança e a alavancagem operacional.

- Ponto de equilíbrio

Denominado ponto de ruptura ou break-even point mostra a capacidade mínima que a empresa deve operar para não ter prejuízo e tradicionalmente temos 3 pontos de equilíbrios a saber.

Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) é aquele que o resultado contábil é nulo, ou seja, quando a soma das margens de contribuição totalizar o montante suficiente para cobrir todos os custos e despesas fixos.

Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) é aquele que além de cobrir os custos e despesas fixos, gera uma sobra (lucro) desejado pelos proprietários.

ou seja, no cálculo do ponto de equilíbrio desconsideram-se os itens que não movimentam dinheiro (Exemplo: a depreciação do período).

- Margem de segurança

Indica o quanto a empresa pode ter de redução em sua receita sem entrar na faixa de prejuízo.

Segundo Vanderbeck e Nagy (2003, p.419), a margem de segurança indica o montante que as vendas podem diminuir antes que a companhia sofra uma perda.

- Alavancagem operacional

Mede quantas vezes o lucro aumenta com o aumento da produção. Segundo Martins (2006, p.260), a alavancagem operacional é calculada pela relação (divisão) da porcentagem de acréscimo no lucro com a porcentagem de acréscimo no volume.

2.4.2.3 - SISTEMA DE CUSTEIO ABC – Activity-Based Costing

O Custeio Baseado em Atividades (ABC – Activity Based Costing) é um método de custeio que permite reduzir as distorções provocadas, no custeio por absorção, pelo rateio mais ou menos arbitrário dos custos indiretos. O sistema de custeio ABC surgiu em função da demanda das empresas de manufatura que precisavam melhorar a gestão dos custos, a fim de aprimorar os processos de produção e atendimento ao cliente,

transformando, assim, a função financeira de mera narrativa passiva do passado em agente preventivo do futuro.

Para Padoveze (2000, p.261) o custeio ABC procura aprimorar o custeamento dos produtos, através das mensurações corretas dos custos fixos indiretos, em cima das atividades geradoras desses custos, para acumulação diferenciada ao custo dos diversos produtos da empresa.

Segundo Ferreira (2007, p.127), um sistema de Custeio Baseado em Atividades os custos são atribuídos por meio de rastreamento. A principal diferença entre o rateio e rastreamento é a de que no rastreamento há uma relação mais direta dos custos com o departamento ou atividade e, por conseqüência, uma maior relação dos custos com os produtos, o que torna a apropriação dos custos indiretos menos arbitrária.

Mowen e Hansen (2003, p.392) também mencionam que o custeio ABC, primeiramente rastreia os custos para as atividades e, em seguida, para os produtos e outros objetos de custos. A suposição subjacente é que as atividades consomem recursos, e os produtos e outros objetos de custos consomem atividades.

Para Nakagawa (1994), ABC é uma metodologia desenvolvida para facilitar a análise estratégica de custos relacionados com as atividades que mais impactam o consumo de recursos de uma empresa. A quantidade, a relação de causa e efeito e a eficiência e eficácia com que os recursos são consumidos nas atividades mais relevantes de uma empresa constituem o objetivo da análise estratégica de custos do ABC.

tempo, um conceito diferente do processo da empresa, em especial para os fabricantes, e maneiras diferentes de medição. Enquanto o custeio tradicional mede quanto custa fazer alguma coisa, o custeio baseado em atividades também registra o custo do não fazer, como por exemplo, o custo de uma máquina parada.

Para Martins (2006, p.287), os sitemas tradicionais geralmente refletem os custos segundo a estrutura organizacional da empresa, na maioria dos casos estrutura funcional. O ABC, nesta visão horizontal, procura custear processos; e os processos são, via de regra, interdepartamentais, indo além da organização funcional. O ABC, assim, pode ser visto como uma ferramenta de análise dos fluxos de custos e, quanto maiso processos interdepartamentais houver na empresa, tanto maiores serão os benefícios do ABC.

Assim sendo, como os diversos autores se manifestaram, temos que com a crescente complexidade dos sistemas de produção e com a grande diversidade de produtos e modelos fabricados na mesma planta os custos indiretos vêm aumentando continuamente, tanto em valores absolutos quanto em termos relativos, comparativamente aos custos diretos. Como conseqüência, um tratamento adequado na alocação dos CIF aos produtos passa a ser de vital importância, pois os mesmos graus de arbitrariedade e de subjetividade eventualmente tolerados no passado podem provocar hoje enormes distorções.

O sistema de custeio ABC permite melhor visualização dos custos através da análise das atividades executadas dentro da empresa e suas respectivas relações com os objetos de custos. Nele, os custos tornam-se visíveis e passam a ser alvos de programas para a sua redução e de aperfeiçoamento de processos, auxiliando, assim, as organizações a tornarem-se mais lucrativas e eficientes.

Inicialmente, desenvolvido para as empresas de manufatura para melhorar a gestão dos custos, o sistema de custeio ABC também está sendo aplicado com o mesmo sucesso nas empresas de serviços. De um modo geral, as empresas de serviços são candidatas ideais ao custeio baseado em atividade, mais ainda que as empresas de produção, devido as suas características onde praticamente todos os seus custos são indiretos e aparentemente fixos.

Segundo Drucker (2000, p.13), o custeio baseado em atividades mostra por que a contabilidade custos tradicional não funciona nas empresas de serviços. Não é porque as técnicas estejam erradas; mas sim porque a contabilidade de custos tradicional parte de premissas erradas. As empresas de serviços não podem começar com o custo de operações específicas, como ocorre com as empresas industriais em relação à contabilidade de custos tradicional.

Mais recentemente, ao mesmo tempo em que o próprio setor de manufatura reconhece a inadequação de algumas metodologias tradicionais de administração da produção e busca novos conceitos, visando a adaptação ao novo

metodologias adequados, tanto aos novos tempos quanto às especificidades de suas operações.

Gerir serviços é tarefa diferente de gerir a produção de bens. Mas mais importante do que reconhecer esta diferença é compreender quais são as características especiais das operações de serviços em relação ao produto conforme caracterizadas no capítulo anterior.

Conjuntamente com esse crescimento criou-se um quadro mercadológico mais competitivo no setor de serviços e por conseqüência as necessidades de controles e de informações de custos por parte dos gestores na administração da empresa.

Numa outra visão, nas empresas que prestam serviços, estes são seus produtos. Assim, o entendimento de que as áreas de serviços funcionam como se fosse uma fábrica permite vislumbrar a aplicação, nas empresas de serviços, de técnicas e metodologias de trabalho que foram bem sucedidas nas empresas de manufatura. Seguindo nesse raciocínio, as técnicas do sistema de custeio ABC desenvolvidas para os custos fabris, podem ser aplicadas às organizações do setor de serviços e às funções de apoio das empresas.

De acordo com Ostrenga (1993, p.169), o custeio baseado em atividades é tão aplicável à organização de serviços quanto à indústria. Além disso, aplica-se tanto à

determinação dos custos de serviços, clientes ou linhas de negócios como à dos custos de produtos manufaturados. Conceitualmente, o custeio de objetos que não são produtos é idêntico à técnica de custeio de produtos. As decisões mais importantes estão em definir os objetos e especificar os geradores. Tanto nas organizações de serviços como nas industriais, o problema é tomar decisões gerenciais que possam tornar e manter lucrativas organizações complexas e diversificadas.

Para Kaplan (1998), embora o sistema de custeio ABC tenha suas origens nas fábricas, atualmente muitas empresas de serviços também estão obtendo grandes benefícios com o uso dessa abordagem. Ainda segundo o autor, as empresas de serviços têm exatamente os mesmos problemas gerenciais enfrentados pelas indústrias. Precisam do custeio baseado na atividade, para associar os custos dos recursos que fornecem às receitas geradas pelos produtos e clientes específicos atendidos por esses recursos.

Somente pela compreensão dessa associação e da ligação entre preços, recursos, uso e melhoria de processos, os gerentes podem tomar decisões eficazes quanto aos segmentos de clientes que desejam servir, os produtos que oferecerão aos clientes nesses segmentos, o método de fornecimento de produtos e serviços a esses clientes e, finalmente, a quantidade e o “mix” de recursos necessários para que tudo isso aconteça. Como, praticamente, todas as suas despesas operacionais são fixas, uma vez que o suprimento de recursos está comprometido, as organizações de serviços precisam das informações do sistema de custeio ABC ainda mais do que as empresas de produção.

de custeio ABC tem sua aplicação ligada às empresas industriais, nota-se seu crescimento entre as organizações não manufatureiras. Com isso, o sistema de custeio por atividade surge como importante recurso para empresas de serviços, pois permitem melhor compreensão das relações entre recursos, atividades/processos, serviços/produtos e clientes.

Famá (1999), reconhece que o sistema de custeio ABC, para custos não fabris, permite melhorar o entendimento para gerenciar as linhas de serviços, melhorar processos de organização, analisar possibilidade de otimização de custos nas atividades de valor elevado, enfocar melhoria contínua dos custos de processos e utilizar as abordagens de custos por atividade e por processo para efeito de “benchmarking” com outras empresas similares.

O cenário econômico atual fez com que as empresas de serviços sentissem necessidade de conhecer, controlar e gerenciar os custos com eficácia. O uso crescente do sistema de custeio ABC nas empresas de serviços está derrubando o mito de que uma visão refinada dos custos é de interesse apenas do setor industrial ou da fabricação.

Para se tornarem competitivas e atenderem as necessidades impostas pelo mercado, as empresas de serviços passaram a adotar diversas ferramentas utilizadas com sucesso na área de manufatura. Como a maioria das empresas de serviços não tinha um sistema de custeio eficaz, o sistema de custeio ABC surgiu como importante ferramenta

para as decisões gerenciais e estratégicas, através da qual às companhias corta desperdícios, melhoram serviços, avaliam iniciativas de qualidade, e impulsionam para o melhoramento contínuo.

Na prática, os autores entendem que a construção de um modelo de sistema de custeio ABC em uma empresa de serviços é praticamente idêntica a de uma empresa de manufatura.

Uma organização de serviços que implanta o sistema de custeio ABC deve estar voltada para o mercado e focada na qualidade para saber se os serviços produzidos são considerados como valor agregado pelo cliente. Num mercado competitivo melhorias contínuas de qualidade e redução de custos têm que acontecer. A empresa deve manter estudos de como ela está trabalhando para não cometer equívocos que conduzam a um serviço ineficiente.

O uso do sistema de custeio ABC mostrou-se extremamente eficiente e trouxe informações de grande valia para o gerenciamento eficaz dessas organizações inclusive para as atividades de serviços.

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