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2 OCUPAÇÕES PRÉ-COLONIAIS E INDÍGENAS NO CENTRO-OESTE

4.3 SISTEMA FLUVIAIS

No médio Araguaia, encontram-se os principais afluentes da margem direita, os quais drenam integralmente o Estado de Goiás, sendo eles: os rios Peixes, Claro, Vermelho e Crixás-Açu (Figura 07). Esses rios apresentam planícies bem desenvolvidas e complexas, com padrão dominantemente meandriforme (LATRUBESSE, 2005). Dentro dessa planície são identificados meandros abandonados e espiras de meandros.

Figura 7 – Mapa com afluentes da margem direita do rio Araguaia.

Fonte: Adaptado de Atlas Nacional do Brasil - Centro-Oeste – Degeo (1972); Schmitz et al (1982); Robrahn- González (1996); SIEG (2017).

O conjunto desses sistemas representa as maiores áreas de sedimentação fluvial do Estado de Goiás. Segundo Bayer (2010:58), o padrão de canal do médio Araguaia tem sido definido como de baixa sinuosidade, com tendência ao entrelaçamento (LATRUBESSE, et al., 2009). Segundo o autor, isso se dá devido à presença de ilhas cobertas pela vegetação, que atuam como verdadeiros separadores entre o canal principal de primeira ordem e braços secundários de distintas hierarquias. Encontram-se às margens do Araguaia algumas ondulações que se tornaram aplainadas em áreas caracterizadas como propícias à agropecuária (LATRUBESSE, et al., 2006). Os tributários (Tabela 03) do médio rio Araguaia e suas respectivas unidades geomorfológicas.

Tabela 3 – Tributários do médio Araguaia.

Fonte: Aquino et al. (2009), adaptado.

No médio Araguaia ocorre uma área caracterizada por grandes áreas pantanosas, denominada planície do Bananal, com aproximadamente 90km de largura por 350km de comprimento. A jusante se encontra com o rio Tocantins no bico do Papagaio, nas proximidades da cidade de Marabá (PA), e as cotas altimétricas variam de 80 a 150m (LATRUBESSE & CARVALHO, 2006). Médio Araguaia rios que drenam predominantemente sobre rochas Pré- Cambrianas Caiapó Claro Vermelho Peixes Crixás-Açu Formoso

Vários afluentes da margem direita do rio Javaés Côco Caiapó II Piranhas Sub bacias 12,13 e 14 rios que drenam predominantemente sobre planície de sedimentos do cenozóico tardio

Mortes (nascente da unidade paleozoica- mesozoica)

Cristalio Tapirapê

Sub bacias, V, VI, VII, VIII, X, IX, XI (nascem na unidade Pré Cambriana) XII, XIII, XIVe XV.

Bayer (2010:28) aponta que se reconhecem quatro tipos de unidades geomorfológicas dominantes que conformam a planície aluvial atual: Unidade I – Planície de Escoamento Impedido; Unidade II – Planície de Espiras de Meandro; Unidade III – Planícies de Bancos Acrescidos e Unidade IV – Planícies de rios Menores:

I) Planície Fluvial com Escoamento Impedido: esta unidade caracteriza-se por ter uma superfície com uma área plana e deprimida (nível abaixo das demais unidades), caracterizada pela grande quantidade de lagos, pântanos e canais menores abandonados;

II) Planície de Espiras de Meandros: os depósitos desta unidade estão em um nível mais elevado da planície, com topografia irregular – com crestas e depressões de até 2m, ocupando, na maior parte, uma posição intermediária entre a unidade de “Planície de Bancos Acrescidos” e a “Planície com Escoamento Impedido”;

III) Planície de Bancos Acrescidos: esta unidade está formada por uma superfície de topografia irregular, conformada principalmente por areias e com escassos ressaltos topográficos, formando uma faixa alongada e estreita que acompanha o canal principal, e é permanentemente modificada por processos de erosão e sedimentação atuantes nas margens. As taxas de deslocamentos mostram valores que alcançam várias dezenas de metros por ano, e a sua superfície sofre importantes mudanças a cada ciclo hidrológico.

A grande quantidade de areia transportada nas barras laterais na fase final das enchentes se deposita nas margens do canal, originando importantes depósitos, que ficam separados da planície aluvial por pequenas depressões e canais pouco profundos (BAYER & CARVALHO, 2008).

Uma característica importante que deve ser levada em consideração na planície do médio Araguaia são os sistemas lacustres, os quais estão associados às unidades morfo sedimentares descritas por Bayer (2010). Trata-se de um mosaico de diversos tipos de lagos, com morfologias correspondentes às unidades que pertencem. O segmento da planície do médio Araguaia é composto por 163 lagos, dos quais 31 pertencem à Unidade I – Planície de Escoamento Impedido; e 132 lagos à Unidade II – Planície de Espiras de Meandro. Largura mínima da planície: 2.9km; e largura máxima, 9.2km.

Em relação ao transporte nas áreas pesquisadas, a migração lateral do canal principal é determinada, em grande parte, pela atuação de três mecanismos (sequenciais ou

não), que obedecem à tentativa do rio de melhorar sua capacidade de transporte, em resposta ao incremento substancial do aporte de sedimentos (BAYER & CARVALHO, 2008).

O primeiro destes mecanismos refere-se ao desenvolvimento de importantes acumulações de areias (barras laterais) logo após o pico das enchentes. Bayer & Carvalho (2008:28) destacam que as barras laterais desenvolvem-se junto às margens do canal devido à diminuição da energia do fluxo, por estarem associadas a condicionantes hidrodinâmicos do canal ou devido a elevações locais do leito (pools e riffles), que tendem a produzir talvegues sinuosos e, consequentemente, a deposição de sedimentos nas margens do canal.

Ainda segundo os autores, estes processos erosivos podem atuar nas margens dos canais, removendo-as, ou seguir com o processo de acreção lateral, podendo fundir-se com outras, formando barras alongadas. O processo de anexação de barras às margens do canal do Araguaia é muito intenso, contribuindo para o desenvolvimento da Unidade de Bancos acrescidos (BAYER & CARVALHO, 2008).

O segundo mecanismo de migração lateral está caracterizado pela presença e evolução de ilhas e grandes barras de areias localizadas numa posição central do canal, em setores com fluxos de alta energia (BAYER & CARVALHO, 2008). A intensificação dos processos erosivos sofridos na alta bacia promove um incremento no fornecimento de sedimento para o canal do rio Araguaia. Este, por sua vez, reage, tendendo a tornar-se mais largo, menos profundo e sinuoso, uma vez que uma grande quantidade de sedimentos permanece armazenada nos distintos ambientes sedimentares do canal ou da planície de inundação (Figura 08) apresentado pelos autores (BAYER & CARVALHO, 2008).

Figura 8 – Apresenta a relação entre o processo de erosão e deposição no rio Araguaia. Fonte: Bayer & Carvalho, 2008.

Morais et al. (2005) determinaram que atualmente a planície fluvial se encontra em uma ativa fase de sedimentação, sendo que aproximadamente 233 milhões de toneladas de sedimentos foram estocados nos 570km no médio Araguaia nas últimas três décadas (trecho do Estado de Goiás).