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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 A Gestão de Recursos Hídricos no Brasil

2.4.3. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH)

O SNGRH refere-se ao conjunto de órgãos e entidades que atuam na gestão dos recursos hídricos e, de acordo com o artigo 32, da Lei Federal n. 9.433/97, ele serve para:

I - coordenar a gestão integrada das águas; II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III - implementar a PNRH; IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; e V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos (BRASIL, 1997, p. 472).

Ainda, no artigo 33 da Lei em tela, compõem o SNGRH: a) Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH)

“O CNRH, órgão consultivo e deliberativo, integrante da estrutura regimental do Ministério do Meio Ambiente [...]” (POMPEU, 2006, p. 316), inicialmente foi regulamentado pelo Decreto Federal n. 2.612, de 03 de junho de 1998, revogado posteriormente pelo Decreto Federal n. 4.613, de 11 de março de 2003 e com nova redação dada pelo Decreto n. 5.263, de 5 de novembro de 2004 (BRASIL, 2003).

De acordo com o artigo 2º, do Decreto Federal n. 4.613/2003, o CNRH compõe-se de representantes dos “Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso das águas, bem como de representantes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, representantes dos setores usuários e da sociedade civil [...]” (MMA, 2006, p.63).

Independentemente da ocupação das vagas no CNRH, aqueles que tiverem a oportunidade deverão, de acordo com artigo 35, da lei 9.433/97:

I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários;

II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;

V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos;

VI - estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos;

VIII – acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos

Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

IX - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso (BRASIL, 1997, p. 472).

b) Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH)

Os CBHs são órgãos colegiados, consultivos e deliberativos que atuam no âmbito de uma bacia hidrográfica, de sub-bacias, de grupo de bacias ou de grupo de sub- bacias (BRASIL, 1997).

Existem dois tipos de CBHs: um que atua em rios de domínio da união e o outro que atua em rios de domínio estadual (SILVA e PRUSKI, 2000). Se "um rio federal e

um rio estadual fizerem parte de uma mesma bacia ou de uma mesma sub-bacia [...]", ter-se-á, então, uma gestão compartilhada entre estas instituições (SILVA e PRUSKI, 2000, p. 201).

De acordo com o artigo 38, da Lei Federal n. 9.433/97, cabe a esses CBHs: promover o debate das questões inerentes aos recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos de uso da água; aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia; estabelecer mecanismos e valores de cobrança pelo uso de recursos hídricos; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de usos múltiplos e outros (BRASIL, 1997).

Da composição dos CBHs podem fazer parte membros da União, do Estado, dos Municípios, dos usuários e das entidades civis (BRASIL, 1997).

Entretanto, a Lei Federal n. 9.433/97, em seu artigo 39, §§ 2o e 3o, no caso dos

comitês que englobam rios fronteiriços ou transfronteiriços, a representação da União deverá incluir um representante do Ministério de Relações Exteriores, e no caso dos comitês que abrangem terras indígenas, deverá ser incluída a representação das comunidades indígenas abrangidas, por meio de membros daquela localidade e de pelo menos um representante da Fundação Nacional dos Índios (FUNAI) (BRASIL, 1997).

No ano de 2007 existiam 7 comitês instalados no âmbito federal, sendo eles: o Comitê de Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Muriaé e Pomba, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Doce, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Paranaíba, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí e o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Verde Grande (SNRH, 2007).

c) Agências de Águas

A denominação Agência de Bacia Hidrográfica, adotada pela Lei paulista 7.633/1991, e reproduzida no Projeto de Lei 2.249/1991, teve inspiração nas Agências Financeiras de Bacia, criadas pela Lei francesa 64-1.245. Mais tarde, como as agências francesas não eram efetivamente financeiras, passaram, por ato do Ministério do Meio Ambiente, a denominar-se Agência de Água, seguida da referencia à bacia sob sua jurisdição, como, por

exemplo, Agence de I’eau Seine-Normandie (POMPEU, 2006 p. 378).

Com essa alteração na lei francesa, o processo de formulação da lei 9.433/91, as Agências de Bacia Hidrográfica passaram a ser chamadas de Agências de Águas (POMPEU, 2006).

As Agências de Águas, segundo o artigo 42, da Lei n. 9.433/97, poderão ter “a mesma área de um rio ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.” (BRASIL, 1997, p. 473). De acordo com a lei em tela, um condicionante prévio para se formar uma Agência de Água é a existência de CBH e que sejam autossustentáveis financeiramente (através da cobrança pelo uso da água em sua área de atuação) (BRASIL, 1997).

No artigo 44, da Lei Federal n. 9.433/97, tem-se que cabe às Agências de Águas:

I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação;

II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;

III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos;

V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação;

VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação;

VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências;

VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;

IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação;

X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;

XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:

a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes;

b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;

c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. (BRASIL, 1997, p. 474).

Em âmbito federal, de acordo com a Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000, existe a Agência Nacional de Águas (ANA) “[...] com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao MMA, e a finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrando o respectivo sistema.” (POMPEU, 2006, p. 323).

2.5 Política Estadual de Recursos Hídricos no Estado de São Paulo