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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.3.1 Sistema reator UASB demonstração (R3) e Câmara de Dessorção

A Tabela 5.11 apresenta os resultados do monitoramento das principais condições operacionais do reator R3 em condições anaeróbias e da CD durante as fases operacionais 1 e 2 desta etapa.

Tabela 5.11- Condições operacionais do reator R3 operando em condições anaeróbia e da

CD durante as fases 1 e 2 (etapa 3).

Fases

Reator UASB Câmara de Dessorção

QEB (m3.dia-1) TDH (h) rQ (Qg/Ql) Q (m3.dia-1) CHS (m3.m-2.d-1) 1 37,10 (2,25 - 9) 9,12 (0,57 - 9) 0,10 (0,02 - 9) 32,60 (0,92 - 9) 0,24 (0,01 - 9) 2 36,85 (2,68 - 15) 9,18 (0,96 - 15) 0,05 (0,01- 15) 31,69 (2,29 - 15) 0,23 (0,02 - 15)

Média (desvio padrão - número de dados)

Os parâmetros físico-químicos apresentados nas Tabelas 5.12 e 5.13 foram monitorados durante esta etapa para o esgoto bruto e para o afluente e o efluente da CD durante as fases 1 e 2, respectivamente. O ponto de amostragem afluente à CD corresponde também ao efluente do reator UASB (R3). Comparando-se os grupos de dados das fases 1 e 2 e verificou-se que não há diferenças estatisticamente significativas entre estes grupos de dados. Sobre os grupos de dados dos pontos afluente e efluente à CD durante as fases 1 e 2 foram constatadas diferenças estatisticamente significativas entre as amostras de afluente e efluente da CD para os parâmetros sulfato e oxigênio dissolvido.

Tabela 5.12- Parâmetros físico-químicos monitorados para o reator UASB e a CD na fase 1

(etapa 3).

EB CDAf CDEf

Média DP/N Média DP/N Média DP/N DQO (mg.L-1) 500 189/9 113 25/9 127 52/9 Sulfato (mg.L-1) 37,8 9,7/9 17,7 3,6/9 22,6 3,7/9 SSed (mL.L-1) 5,3 2,0/9 0,5 0,2/9 0,9 0,3/9 SST (mg.L-1) 289,7 94,7/5 54,8 10,9/5 57,3 12,1/5 OD (mg.L-1) 0,2 0,1/9 1,1 0,4/9 1,5 1,0/9 Temperatura (ºC) 23,3 1,4/9 22,9 2,1/9 22,8 2,0/9 pH 7,9 0,1/9 7,2 0,1/9 7,3 0,1/9 DP: Desvio padrão. N: Número de dados.

Tabela 5.13- Parâmetros físico-químicos monitorados para o reator UASB e a CD na fase 2 (etapa 3).

EB CDAf CDEf

Média DP/N Média DP/N Média DP/N DQO (mg.L-1) 485 116/15 117 24/15 128 23/15 Sulfato (mg.L-1) 35,9 5,3/15 15,1 2,6/15 20,8 4,1/15 SSed (mL.L-1) 5,4 2,9/15 0,5 0,2/15 0,8 0,3/15 SST (mg.L-1) 316,7 69,1/7 55,3 13,6/7 61,9 12,0/7 OD (mg.L-1) 0,3 0,1/15 0,9 0,4/15 1,2 0,6/15 Temperatura (ºC) 21,9 0,7/15 21,7 1,1/15 21,9 0,9/15 pH 7,8 0,2/15 7,2 0,1/15 7,2 0,1/15

DP: Desvio padrão. N: Número de dados.

Os maiores valores para concentração de oxigênio dissolvido no efluente da CD em relação ao afluente, durante as fases 1 e 2, era esperado já que a unidade propicia a entrada de ar/O2 a partir da sua base para favorecer o desprendimento dos gases dissolvidos. Quanto a concentração de sulfato apresentar maiores valores no efluente em relação ao afluente pode estar relacionada a oxidação total do sulfeto dissolvido a sulfato, este tema encontra-se melhor discutido no item de balanço de massa do enxofre.

Quanto às eficiências de remoção de DQO para o reator UASB R3, em termos de mediana, foram de cerca de 70% durante as fases 1 e 2, tanto para o afluente à CD como também para o efluente. Portanto, dentro da faixa típica de remoção de DQO via reatores UASB (55-70%) reportada por von Sperling (2017). Além disso, a CD não promoveu remoção adicional de DQO.

5.3.1.1 Sulfeto dissolvido

A Tabela 5.14 apresenta os resultados de estatística descritiva para as concentrações de sulfeto dissolvido afluente e efluente à CD durante as fases 1 e 2 desta etapa. As concentrações de sulfeto dissolvido no ponto afluente à CD, logo na saída do reator (CDAf1) e na entrada da CD (CDAf2), em termos de mediana, foram de 15,3 e 13,4 mg.L-1, durante a fase 1 e de 16,1 e 15,0 mg.L-1, durante a fase 2, respectivamente. Já as concentrações de sulfeto dissolvido efluente à CD para as fases 1 e 2, em termos de mediana, foram de 3,6 e 6,9 mg.L

-1

, respectivamente. a se comparar estes dados, constatou-se que não há diferença estatisticamente significativa entres os pontos amostrais afluente a CD (CDAf1 e CDEf2). Isto indica que não há desprendimento significativo de sulfeto devido ao desnível da CD em

relação a saída do efluente do reator. Já em relação aos dados efluentes a CD durante as fases 1 e 2, constatou-se que há diferença estatisticamente significativa entre fases.

Tabela 5.14- Estatística descritiva básica para concentração de sulfeto dissolvido (mg.L-1) no afluente e efluente à CD (etapa 3).

CD/Fase N Mediana Média DP CV Mínimo Máximo

CDAf1/F1 8 15,26 15,93 1,72 0,11 13,55 18,48 CDAf1/F2 13 16,13 16,24 1,49 0,09 14,84 18,65 CDAf2/F1 8 13,35 13,81 1,21 0,09 10,73 15,17 CDAf2/F2 13 15,04 15,00 1,05 0,07 11,60 17,05 CDEf/F1 8 3,55 74,53 1,20 0,02 1,59 4,56 CDEf/F2 13 6,95 6,80 0,95 0,14 4,87 8,23

DP: Desvio padrão. CV: Coeficiente de variação. N: Número de dados.

Na Figura 5.11, tem-se a série temporal das concentrações de sulfeto dissolvido durante as duas fases referentes ao ponto afluente à CD (CDAf2) e ao ponto efluente à CD. A Figura 5.12 representa na forma de gráfico Box-Whisker as eficiências de remoção de sulfeto dissolvido na CD durante as mesmas fases.

Figura 5.11- Série temporal das concentrações de sulfeto dissolvido no afluente e no

efluente à CD durante as fases 1 e 2 (etapa 3).

0 3 5 8 10 13 15 18 20 0 10 20 30 40 50 60 70 Su lf et o dis so lv ido ( m g .L -1) Dias CDAf CDEf Fase 1 Fase 2

Figura 5.12-Gráfico Box-Whisker das eficiências de remoção de sulfeto dissolvido da CD durante as fases 1 e 2 (etapa 3).

As eficiências de remoção do sulfeto dissolvido a partir da CD foram de 69% para fase 1 e de 54% para fase 2, em termos de mediana, como pode ser observado na Figura 5.12. Dessa forma, pode-se entender que a maior relação gás/líquido durante a fase 1 (rQ de 0,1) propiciou maior eficiência de remoção do sulfeto dissolvido em relação a fase 2 (rQ de 0,05), possivelmente devido a maior introdução de ar no sistema, propiciando, assim, maior desprendimento do sulfeto e disponibilidade de oxigênio para promover a sua oxidação. As eficiências conseguidas nesta etapa encontraram-se abaixo do alcançado por Santo (2017), que obteve 87% de eficiência utilizando-se de uma CD com enchimento (anéis plásticos) e rQ de 0,1, e por Machado (2018), que obteve 87 e 90% de eficiência, utilizando-se de uma CD demonstração com enchimento (eletrodutos corrugados), e rQ de 4,0 e 2,3, respectivamente. Porém, as eficiências obtidas nesta etapa estiveram próximas do alcançado por Machado (2018), 65%, ao utilizar de uma CD piloto, visando a recuperação do metano (rQ de 0,06), cenário mais próxima a esta pesquisa. Já Huete et al. (2017) conseguiram eficiências de remoção do sulfeto dissolvido de apenas 30%, operando uma CD com enchimento e rQ de 1,0-0,5, esta baixa eficiência alcançada foi justificada em função dos elevados pH (acima de 8) verificados durante a operação do sistema, o que propicia maior concentração de sulfeto dissociado, limitando o desprendimento do mesmo.

As menores eficiências conseguidas nesta etapa da pesquisa, em relação aos trabalhos de Santo (2017) e Machado (2018), CD demonstração, podem ter ocorrido devido ao acúmulo de sólidos no material de enchimento da CD (eletrodutos corrugados), o que prejudicou a passagem do líquido e do ar na unidade, e consequentemente o contato entre as duas fases,

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 F1 - 0,24; 0,10 F2 - 0,23; 0,05 Rem o çã o de sulfe to dis so lv ido ( %) Fases operacionais - CHS; rQ

afetando-se, assim, as reações químicas e bioquímicas de oxidação do sulfeto e o seu desprendimento, e também devido aos menores relação gás/líquido utilizadas nesta etapa. 5.3.1.2 Metano dissolvido

A Tabela 5.15 apresenta os resultados de estatística descritiva para as concentrações de metano dissolvido afluente e efluente à CD durante as fases 1 e 2 desta etapa. As concentrações de metano dissolvido no afluente à CD, nos pontos, logo na saída do reator (CDAf1) e na entrada da CD (CDAf2), em termos de mediana, foram de 23,6 e 18,3 mg.L-1, durante a fase 1 e de 22,4 e 17,8 mg.L-1, durante a fase 2, respectivamente. Já as concentrações efluentes de metano dissolvido para as fases 1 e 2, em termos de mediana, foram de 8,5 e 9,8 mg.L-1, respectivamente. Ao comparar os dados obtidos nos dois pontos afluente à CD durante as duas fases, tem-se que há diferença estatisticamente significativa. Isto indica que houve desprendimento do metano na tubulação, devido ao desnível da CD em relação a saída do efluente do reator. Para os resultados de metano dissolvido no efluente da CD durante as fases 1 e 2, constatou-se também que há diferença estatisticamente entre estes grupos de dados, isto é, as concentrações foram um pouco menores durante fase 1.

Na Figura 5.13, tem-se a série temporal das concentrações de metano dissolvido durante as fases 1 e 2 referente ao afluente (CDAf2) e efluente à CD. A Figura 5.14 apresenta na forma de gráfico Box-Whisker as eficiências da CD na remoção do metano dissolvido no efluente do reator R3.

Tabela 5.15- Estatística descritiva básica para concentração de metano dissolvido (mg.L-1) no afluente e efluente à CD (etapa 3).

CD/Fase N Mediana Média DP CV Mínimo Máximo

CDAf1/F1 8 23,62 23,28 0,54 0,02 22,60 23,71 CDAf1/F2 13 22,40 22,33 1,97 0,09 18,24 25,46 CDAf2/F1 8 18,25 17,27 2,65 0,15 12,54 18,87 CDAf2/F2 13 17,84 18,73 1,57 0,08 17,28 22,75 CDEf/F1 8 8,50 7,76 1,29 0,17 6,09 8,95 CDEf/F2 13 9,79 10,45 1,61 0,15 9,07 13,55

Figura 5.13- Série temporal das concentrações de metano dissolvido nos pontos afluente e

no efluente à CD (etapa 3).

Figura 5.14- Gráfico Box-Whisker das eficiências de remoção de metano dissolvido da CD

durante as fases 1 e 2 (etapa 3).

As eficiências de remoção do metano dissolvido a partir da CD foram de 52,9% para a fase 1 e de 45,5% para a fase 2, o que indica uma ligeira eficiência maior durante a fase 1, que como no caso do sulfeto, pode estar relacionada a maior relação gás/líquido, e consequentemente, maior entrada de ar propiciada na fase 1, o que facilita o desprendimento do metano dissolvido. As eficiências conseguidas nesta etapa encontraram-se abaixo das alcançadas por Santo (2017), 77% de eficiência utilizando-se de uma CD com enchimento (anéis plásticos), rQ de 0,1 e CHS de 0,3 m3.m-2.min-1; e por Machado (2018), 82 e 75% de eficiência também utilizando-se de uma CD com enchimento (eletrodutos corrugados), rQ de 4,0 e 2,3 e CHS de 0,15 e 0,27 m3.m-2.min-1, respectivamente. Porém, na mesma pesquisa, Machado (2018), ao

0 5 10 15 20 25 0 10 20 30 40 50 60 70 M et a no dis so lv ido ( m g .L -1) Dias CDAf CDEf Fase 1 Fase 2 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 F1 - 0,24; 0,10 F2 - 0,23; 0,05 Rem o çã o de m et a no dis so lv ido (%) Fases operacionais - CHS; rQ

utilizar-se de uma CD piloto com enchimento, rQ de 0,06 e CHS de 0,58 m3.m-2.min-1, o autor obteve eficiências mais próximas ao alcançada nesta etapa da presente pesquisa, de cerca de 57%. Já Huete et al. (2017), conseguiram elevadas eficiências de remoção do metano dissolvido, de cerca de 99%, utilizando-se também de uma CD com enchimento (anéis plásticos), rQ de 0,5-1,0 e CHS de 0,9-1,8 m3.m-2.min-1.

As menores eficiências obtidas nesta etapa da pesquisa em relação às pesquisas supracitadas, pode ter ocorrido devido ao acúmulo de sólidos, já observado no início da operação da fase 1 desta etapa e posterior entupimento da CD, que prejudicou a passagem do líquido e do ar na unidade, e consequentemente afetou o desprendimento do metano dissolvido. Outra justificativa, é que no presente trabalho foram utilizadas menores relações gás/líquido, abaixo de 0,1, o que pode ter limitado também o desprendimento do metano, devido às menores vazões de exaustão aplicadas no sistema.

5.3.1.3 Gás residual da CD

A Tabela 5.16 mostra os resultados de estatística descritiva da vazão de exaustão e composição do gás residual da CD para as fases 1 e 2 da terceira etapa. A partir destes valores, pode-se perceber que as concentrações de metano no gás residual, em termos de mediana, foram de 7,2% e 21,8% nas fases 1 e 2, respectivamente. Importa considerar que se reduziu a rQ pela metade da fase 1 para a 2. Os dados de concentração de metano para as duas fases operacionais apresentaram diferença estatisticamente significativa. As concentrações de O2 foram de 16,2% na fase 1, valor mais próximo da concentração de O2 no ar (21%), e 11,7% na fase 2.

Tabela 5.16- Características do gás residual da CD para as fases 1 e 2 (etapa 3). Vazão de exaustão (L.d-1) T (ºC) CH4 (%) CO2 (%) O2 (%) H2S (ppm) N2 (%) Fase 1 Mediana 2,4 23,4 7,2 4,2 16,3 777,5 72,2 Média 2,1 23,1 7,3 4,1 16,5 731,7 72,1 DP 0,4 1,8 1,6 1,2 1,4 33,6 1,5 CV 0,2 0,1 0,2 0,3 0,1 0,1 0,0 Mínimo 1,8 21,5 5,2 2,6 15,0 559,0 70,0 Máximo 2,4 24,7 9,6 5,5 18,3 820,0 73,8 N 12 12 12 12 12 12 12 Fase 2 Mediana 1,2 22,9 21,8 5,7 11,7 925,8 62,6 Média 1,2 22,6 19,8 5,7 12,2 963,4 64,8 DP 0,0 1,8 6,8 1,5 3,2 387,1 3,8 CV 0,0 0,1 0,3 0,3 0,3 0,4 0,1 Mínimo 1,1 19,0 8,7 3,7 7,9 102,5 60,5 Máximo 1,3 24,7 31,6 9,5 16,4 1813,7 70,8 N 13 13 13 13 13 13 13

DP: Desvio padrão. CV: Coeficiente de variação. N: Número de dados.

Os resultados em relação a porcentagem de metano no gás residual obtidos nas pesquisas de Huete et al., (2017), Santo (2017) e Machado (2018), que utilizaram-se de câmaras de dessorção com enchimento e baixos rQ, foram de 2,5 – 4,5%, 21% e 17,2%, respectivamente. Ao comparar estas porcentagens com os dados da presente pesquisa, tem-se que foi possível alcançar maiores valores de concentração de metano no gás residual ou bem próximos do que os valores reportados nas pesquisas desenvolvidas neste contexto. Dessa forma, os resultados conseguidos neste trabalho, principalmente durante a fase 2, evidenciam a potencialidade de recuperação do metano dissolvido ao se conseguir um gás residual mais concentrado. Porém, as eficiências de remoção do sulfeto e metano dissolvidos, como apresentado nos itens anteriores, não foram tão satisfatórias ao se comparar com a literatura. Ainda assim, esta etapa aponta a potencialidade da CD na recuperação do metano dissolvido e a necessidade de melhorias no sistema para se conciliar elevadas eficiências de remoção dos gases dissolvidos e concentrações consideráveis de metano gasoso no gás residual.

As concentrações de H2S no gás residual, em termos de mediana, foram de 777,5 e 925,8 ppm durante as fases 1 e 2, respectivamente. O leve aumento de sulfeto no gás residual durante a fase 2, apesar da menor eficiência de remoção do sulfeto dissolvido nesta fase em relação a fase 1, esta relacionado a menor rQ aplicada, em que, menores vazões de exaustão foram utilizadas nesta fase, permitindo uma maior concentração do sulfeto no gás residual, como no

caso do metano. Nos trabalhos desenvolvidos por Santo (2017), Machado (2018) e Huete et

al. (2017), todos utilizando-se de uma CD com enchimento e baixas relações rQ, as

concentrações de H2S no gás residual foram de 1386, 463 e 420 ppm, para as rQ de 0,1, 0,06 e 0,5-1,0, respectivamente. A maior concentração de sulfeto encontrada no trabalho de Santo (2017), em mesmo rQ da fase 1 desta etapa, pode estar relacionada a maior eficiência de remoção do sulfeto dissolvido, de 87%, em relação a fase 1, de 69%. Porém, o mesmo não foi observado na pesquisa de Machado (2018), que utilizou-se de rQ próximo ao da fase 2 desta etapa, e obteve maior eficiência, de 65%, mas a concentração do sulfeto no gás residual foi menor. Já a menor concentração de sulfeto no gás residual na pesquisa de Huete et al. (2017), pode estar relacionada as maiores rQ aplicadas em relação as fases 1 e 2 desta etapa experimental da presente pesquisa.

A concentração de H2S no gás residual medido nesta etapa da pesquisa é bastante elevada, necessitando, assim, de tratamento para seu aproveitamento, queima e/ou para evitar emissões de H2S na atmosfera. Segundo Peu et al. (2012), a concentração de H2S no biogás, para evitar a corrosão, deve ser inferior a 65-330 ppm a depender do equipamento usado no aproveitamento energético deste gás.

5.3.1.4 Balanço de massa de enxofre na Câmara de Dessorção

Para o balanço de massa realizado nesta etapa foi considerado como dados de entrada apenas as cargas de sulfato e sulfeto dissolvidos afluente e efluente à CD e como dados de saída, além desses, a carga de sulfeto gasoso no gás residual. As formas de enxofre passíveis de serem encontradas neste sistema, como, principalmente, enxofre elementar e tiossulfato, não foram consideradas devido a problemas nos métodos e equipamentos disponíveis para a realização de tais análises.

A tabela (ANEXO A) apresenta os dados utilizados nos cálculos para terceira etapa experimental e expressa os balanços em termos de carga de enxofre (mgS.h-1) de entrada e saída da CD.

No balanço percebe-se que a carga de sulfeto dissolvido reduziu significativamente, de 17.400 e 19.806 mgS.h-1, na entrada, para 4.455 e 8.979 mgS.h-1, na saída, para as fases 1 e 2, respectivamente. As cargas de enxofre referente ao sulfato foram de 8.039 e 6.642 mgS.h-1 na

entrada e 10.238 e 7.409 mgS.h-1 na saída para as fases 1 e 2, respectivamente. A carga de enxofre referente ao sulfeto gasoso no gás residual foi de 124 (fase 1) e 88 mgS.h-1 (fase 1). Pode-se observar que a redução na carga do sulfeto dissolvido na CD não foi acompanhada pelo acréscimo de enxofre na forma de sulfeto gasoso. Isso também indica que a maior parte da remoção do sulfeto na CD não foi devido ao seu desprendimento para a fase gasosa, podendo-se concluir que o principal mecanismo de remoção do sulfeto dissolvido foi devido a sua oxidação bioquímica e/ou química. A remoção de 12.945 e 10.827 mgS.h-1 na forma de sulfeto dissolvido durante as fases 1 e 2, respectivamente, está relacionada em pequena parcela ao sulfeto desprendido para o gás residual, cerca de 1% do total removido, e a parcela do sulfeto convertido a sulfato, que corresponde a cerca de 17 e 10% para as fases 1 e 2, respectivamente. Dessa forma, tem-se ainda uma parcela considerável de sulfeto removido não contabilizado, de 82 e 92% para as fases 1 e 2, que pode estar relacionado, principalmente, a sua oxidação parcial a tiossulfato e enxofre elementar. Como foi possível verificar visualmente a presença de enxofre elementar, acredita-se que boa parte da remoção do sulfeto dissolvido está relacionada a sua oxidação parcial a enxofre elementar, como pode ser observado nas fotos da CD na Figura 5.15.

A Figura 5.16 apresenta em forma de gráfico de colunas as proporções de cada parcela de enxofre na saída em relação ao sulfeto removido no sistema.

Para se realizar uma estimativa da concentração de enxofre elementar formado a partir da oxidação do sulfeto, foi considerado que 80% da parcela não removida (outros) de enxofre seria S0 (8502,2 e 7977,6 mgS.h-1, fases 1 e 2). Dessa forma, as concentrações de enxofre elementar correspondentes seriam de 6,3 e 6,0 mg.L-1 durante as fases 1 e 2, respectivamente. Ao se considerar os valores de concentração medidos por Castro (2017) e Azevedo (2017), de cerca de 3,0 mg.L-1 de enxofre elementar no efluente de um reator UASB piloto, tem-se que a concentração de S0 dobrou no efluente da CD em relação ao afluente, indicando, assim, que há formação de S0 a partir da CD.

Figura 5.15- Fotos da parte superior interna da CD (esquerda) e da CD (etapa 3).

Figura 5.16- Gráfico do balanço de massa do enxofre referente à CD - fases 1 e 2 (etapa 3).

5.3.1.5 Balanço de massa de metano na Câmara de Dessorção

No balanço de massa do metano foram efetuados os cálculos considerando a concentração de metano dissolvido afluente imediato à CD (CDAf2). A partir da tabela do ANEXO B é possível observar os dados utilizados para o cálculo de balanço de massa do metano e as cargas de entrada e saída da CD durante as fases 1 e 2 desta etapa.

Dessa forma, tem-se que as cargas de metano dissolvido na entrada do sistema foram de 23.458 e 24.731 mgCH4.h-1 e na saída foram de 10.541 e 13.798 mgCH4.h-1, para as fases

17,00 7,10 1,00 0,80 82,10 92,10 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% F1 - 0,24; 0,10 F2 - 0,23; 0,05 D is tri bui ç ã o de e nxof re re m ovid o Fases operacionais - CHS; rQ

operacionais 1 e 2, respectivamente. Na saída, a parcela de metano constituinte do gás residual foi de 5.494 e 8.494 mgCH4.h-1, respectivamente, para fases 1 e 2.

A Figura 5.17 apresenta em forma de gráfico de colunas as proporções de metano na saída em relação ao metano dissolvido removido no sistema, sendo que, 55,1 e 44,2% do metano dissolvido foi removido a partir da CD durante as fases 1 e 2, respectivamente. A parcela de metano removido referente ao metano que foi desprendido para a fase gasosa, correspondeu a 42,5 e 77,6% do total removido e referente a outros (metano não contabilizado) correspondeu a 57,5 e 22,4% para as fases 1 e 2, respectivamente. Assim, pode-se entender que mesmo que a eficiência de remoção do metano na fase 1 (53%) tenha sido pouco maior em relação a fase 2 (45%), durante a segunda fase a remoção teve maior parcela da remoção relacionada a dessorção do metano dissolvido em relação à primeira fase.

Acredita-se que, as parcelas de metano não contabilizadas durante as fases 1 e 2, e que não foram desprendidas para a fase gasosa, podem estar relacionadas, principalmente durante a fase 1, a oxidação do metano dissolvido devido a maior presença de oxigênio no sistema.

Figura 5.17- Gráfico do balanço de massa do metano referente à CD durante as fases 1 e 2

(etapa 3).