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Histograma 28 – Variável Dependente Imagem Externa 204

2.1 ABORDAGEM PARADIGMÁTICA DO FENÔMENO DA MUDANÇA

2.1.2 Abordagem Funcionalista das Teorias de Mudança Organizacional

2.1.2.4 Sistemas Complexos Adaptativos

Nadler e Tushman (1993) falam de sistemas sociais abertos. Druhl, Langstaff e Monson (2001) utilizam-se da metáfora de sistemas vivos da teoria quântica, e consideram que as organizações são adaptativas, auto-organizadas, independentes, dinâmicas, nas quais o papel do líder não é dirigir a mudança, mas sim mostrar o potencial delas, e que necessitam de estabilidade e mudança. Há um respeito pela unicidade de cada uma das organizações e, por fim, a performance organizacional depende da interação de seus membros e discorre sobre as características da mudança bottom-up. O aprendizado individual e a interação social desempenham um papel crítico nesse modelo, já que a mudança é um processo contínuo.

Porém, cabe estender a análise da metáfora dos sistemas vivos, pois enfatiza a incerteza, a não linearidade em oposição ao reducionismo, predição e linearidade. A origem está justamente no fato de que os físicos ao observarem os fenômenos naturais denotam que não são determinísticos e, sim, mais probabilísticos. No campo das organizações, sobre os questionamentos do porquê, não se pode responder por meio das metáforas mecanicistas que certos caminhos idênticos são utilizados por organizações distintas. Elas levam a resultados divergentes, levam à proposição de sistemas vivos, denominados Sistemas Adaptativos

Complexos (CAS – Complex Adaptative System), definidos como um sistema de agentes

individuais, que possuem liberdade para agir em caminhos que nem sempre são previsíveis, e cujas ações são interconectadas, de tal forma que uma ação de um agente muda o contexto para outro agente. O termo, Complexo remete à diversidade, pelo grande número de conexões entre uma variedade de elementos. Adaptativo leva à capacidade de mudança, e habilidade para aprender, ao passo que “Sistemas” representam um conjunto de agentes independentes, interconectados (GROBMAN, 2005).

Os CAS possuem quatro propriedades e três mecanismos que os caracterizam, segundo Holland (1995, apud GROBMAN, 2005), que são descritas abaixo:

- Agregação: as organizações constituem-se de indivíduos, e elas desenvolvem uma personalidade que não é totalmente consistente com a personalidade dos indivíduos.

- Marca: é uma descrição de como os agentes se diferenciam de forma a promover agregação e transmitir informação

- Fluxos: os CAS possuem fluxos por meio dos quais multiplicam os efeitos ou os reciclam.

- Diversidade: no contexto organizacional, as adaptações para ocupar novos nichos, levam à aprendizagem do CAS, criando diversidade na estrutura.

- Predição: os comportamentos do CAS são aqueles que lhes aumentam as chances de sobrevivência.

- Uso de blocos genéricos: criam-se estruturas mais complexas, como pessoas criam organizações, organizações criam setores que, por sua vez, criam associações.

A capacidade de antecipar resultados de suas ações e modelos nos CAS se dá pelo desenvolvimento de esquemas e modelos. Esses esquemas são compartilhados pelos agentes do CAS com seus respectivos esquemas individuais. Chiva-Gomez (2003) definem esquema como um conjunto de regras que reflete a experiência ou uma estrutura cognitiva que determina quais ações um agente ou o sistema seguirá, dada uma determinada percepção do ambiente. A coexistência desses esquemas, individuais e compartilhados, remete à possibilidade de aprendizagem e mudança.

Em Anderson (1999, apud GROBMAN, 2005), quatro elementos caracterizam o CAS na teoria das organizações. O primeiro é que um determinado resultado num nível particular de análise é produzido por um sistema dinâmico que consiste de agentes num nível menor de agregação. O segundo é que todos os agentes estão interconectados por retornos de respostas e o comportamento de cada agente é determinado pela informação que ele recebe dos demais agentes aos quais está conectado. No terceiro ponto, há uma relação simbiótica entre os agentes, e cada um deles adapta-se ao ambiente e coopera com os demais para aumentar as chances de sobrevivência. O último elemento que caracteriza o CAS é a adaptação e envolve a entrada de novos agentes ao longo do tempo, a saída de outros e a mudança de comportamento dos agentes.

Ao considerar os CAS, fica mais clara a dificuldade em assumir que as mudanças

top-down, desenhadas para tornar as organizações mais efetivas e flexíveis. Estas acabam por

fracassar, dada a impossibilidade de predizer o resultado da mudança. A mudança é o resultado de subculturas mutantes que permeiam a organização e que estão melhor ajustadas para lidar com o ambiente externo (GROBMAN, 2005).

Considerando então a existência de esquemas individuais e compartilhados, a mudança poderá ocorrer por meio de três tipos distintos de aprendizado:

- 1a ordem: Aprendizado Laço-Simples (Single-Loop) que ocorre quando o sistema se utiliza de seu esquema sem mudanças, apenas adaptando o comportamento ao estímulo apresentado.

- 2a ordem: Aprendizado Laço – Duplo (Double-Loop) que ocorre quando o sistema adapta seu comportamento por meio da mudança do esquema ao estímulo apresentado.

- 3a ordem: Ocorre quando o esquema sobrevive ou morre por conta da morte ou sobrevivência Darwiniana do CAS (CHIVA-GOMEZ, 2003, p. 101).

Os sistemas auto-organizados poderão encontrar-se no que se chamou de “Fronteira do Caos” (Edge of Chaos). Os CAS são capazes de desenvolver nessa situação três tipos de comportamento: estabilidade ou controle por resposta negativa, instabilidade ou controle por retorno positivo e instabilidade ou tensão entre as várias forças que se encontram numa fase de caos. No caos, os sistemas têm o maior grau de complexidade, haja vista os esquemas requeridos para defini-los e, assim, um equilíbrio entre estabilidade e caos é produzido. A era do Caos, é a forma do limite da instabilidade na transição da fase da ordem para desordem de uma operação de um CAS. Esse limite da instabilidade implica num balanço entre o sistema formal (hierarquia, burocracia, estabilidade, respostas negativas, sistemas de controle) e o sistema informal (elevada diversidade cultural, conflito, atividade política diversa, visão compartilhada estreita, ambigüidade). Weick e Quinn (1999) consideram que as mudanças na Era do Caos é compatível com a idéia de mudança episódica pois o sistema se move entre a estabilidade e a instabilidade, do caos para a ordem. Nessa fase, ocorre uma destruição criativa, com modificação do esquema, levando às inovações. Uma pequena mudança no sistema será capaz de produzir um desenrolar de mudanças (CHIVA-GOMEZ, 2003).