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Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST)

2.1 Sistemas de Gestão e a contribuição do Pensamento Sistêmico

2.1.3 Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST)

A preocupação com assuntos relacionados à saúde e segurança do trabalho no Brasil iniciou por volta da década de 70 com as primeiras pesquisas a respeito dirigidas pelo Fundacentro, órgão unido ao Ministério do trabalho, seguindo seu amadurecimento até por volta da década de 90, período em que foram alteradas as normas de SST (CHAIB, 2005).

Neste período as alterações foram influenciadas pelos programas Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). O PPRA está direcionado para a preservação da saúde e integridade física dos colaboradores com base na antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos reais ou potenciais do ambiente de trabalho. Já o PCMSO que deve estar em sintonia com o anterior, foca em questões de promoção e preservação da saúde do coletivo de colaboradores. A criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) também foi uma evolução na área. Sua ação é mediante os próprios funcionários selecionados para a comissão a fim de promover a melhoria das condições ambientais no trabalho (CHAIB, 2005).

A seguir tem-se um quadro-resumo, com um breve histórico da evolução dos modelos para o SGSST no ambiente internacional que na década de 90 ainda se deparava com uma carência e demanda muito acentuada por uma norma internacional sobre SST. Devido a isto, esforços foram direcionados na busca de tal norma iniciando pela BS 8800 que posteriormente foi base para a então OHSAS 18001, como se pode ver no Quadro 1.

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Data Fato ocorrido

Maio/ 1996 É publicada a BS 8800, que é um manual de orientação para a implantação de um SGSST, pelo BSI – Brithish Standard Instituition, organismo de certificação inglês.

Setembro/ 1996 ISO não aprova a criação de um grupo de trabalho para uma norma de gerenciamento de SGSST.

Novembro/ 1996 BSI Standards constitui um comitê, composto pelos maiores órgãos de certificação e por alguns órgãos nacionais de normatização, para esboçar uma norma unificada pela SGSST.

Início de 1999 ISO ratifica sua decisão de setembro de 1996. Fevereiro/ 1999 É publicado “draft” OHSAS 18001.

Abril/ 1999 Publicação da então OHSAS 18001 e da “draft” OHSAS 18002. Quadro 1 - Quadro teórico sobre o histórico dos modelos para o SGSST Fonte: Godini e Valverde (2001)

A OHSAS 18001 teve a sigla originada de seu nome internacional

Occupational Health and Safety Assesment Séries. Seu propósito é de fornecer

elementos de um SGSST capaz de interagir com outros sistemas, caso se implante um SGI, a fim de cumprir os objetivos relacionados à segurança e saúde ocupacional.

Esta especificação descreve alguns termos e definições que contribuem para o cumprimento dos objetivos do SGSST e também segue a metodologia do PDCA que tem a flexibilidade de ser aplicável a todo tipo de gestão, viabilizando a integração com outros sistemas de gestão, conforme a Figura 4.

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Figura 4 - Elementos de um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho

Fonte: BSI (1999)

Na concepção dessa norma, o SGSST é a parte do sistema de gestão global que corrobora com o gerenciamento dos riscos de SST ligados aos negócios da organização, incluindo a estrutura organizacional, as atividades de planejamento, as responsabilidades práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política de SST da instituição (BSI, 1999).

Os riscos à saúde e segurança no trabalho podem estar relacionados aos seguintes fatores: acidentes de trabalho, agentes ambientais (físicos, químicos e biológicos), agentes ergonômicos e agentes mecânicos. As principais causas de acidentes estão nos atos inseguros dos colaboradores que não seguem as normas de prevenção dos acidentes; nas condições inseguras do próprio ambiente de trabalho que por falha ou irregularidades comprometem a segurança e a saúde das pessoas e; o fator pessoal de insegurança vinculado às limitações físicas ou psicológicas do indivíduo, bem como questões de relacionamento ou preocupações diversas (CHAIB, 2005).

Uma das formas de se protegerem quanto aos riscos é o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e os Equipamentos de Proteção Coletiva. Segundo a nr 6 – Portaria 3214/78 – Ministério de Estado do Trabalho (MET), é dever

34 do empregador disponibilizar tais equipamentos, bem como é dever do colaborador utilizá-los de maneira adequada.

Enfim, o SGSST para uma organização é traduzido em um contexto sem acidentes, com um controle cuidadoso dos perigos e riscos de acidentes ocupacionais, bem como o uso de recursos otimizados e com melhoria da produtividade e menor risco de penalizações do poder público. Em relação aos clientes, os resultados devem remeter a credibilidade na empresa devido a sua atuação responsável. No caso dos colaboradores, deve-se existir a conscientização dos riscos, melhores condições de trabalho, de segurança e comprometimento. E, quanto a comunidade, a percepção do atendimento a legislação vigente, bem como a minimização de acidentes e aumento da segurança para o meio ambiente (MOUTINHO, 2009).

No setor de saúde os RSS podem causar diversos problemas diretamente ligados à saúde e segurança no trabalho. Tanto os profissionais de saúde, quanto os da área de limpeza correm riscos inerentes à exposição de perigos que resíduos químicos, biológicos, bem como aos fatores físicos, mecânicos, ergonômicos e psicossociais, podem causar devido ao gerenciamento inadequado (MARZIALE, RODRIGUES, 2002; GARCIA, ZANETTI-RAMOS, 2004).

A maior fonte de acidentes e riscos à saúde está no mau acondicionamento de perfurocortantes, sendo os profissionais da limpeza os maiores atingidos por manuseá-los nos processos de transporte e armazenamento dos RSS. E este risco se estende aos colaboradores da limpeza urbana também, podendo até contrair doenças incuráveis (SILVA, 2004; VALADARES, 2009).

Em casos de acidentes ou contaminação dos profissionais que manuseiam os RSS, os procedimentos são direcionados por atendimento médico, exames, notificação do acidente pela CIPA e pelo Serviço de Medicina e Segurança do Trabalho, ficando em observação e cobertura completa de atendimento, principalmente em casos de incubação de algumas patologias (BOTTIGLIERI, 1997). A biossegurança é um conjunto de ações que busca a prevenção, minimização ou a inexistência de riscos que possam prejudicar a saúde das pessoas em suas atividades profissionais, riscos que possam impactar negativamente o meio ambiente e a qualidade do trabalho (HINRICHSEN, 2009).

35 Considerando o elevado risco de acidentes e doenças no setor de saúde, os colaboradores que lidam com o manejo de resíduos, em todas as suas etapas, devem fazer uso obrigatório dos EPI´s para que reduza os níveis de acidente, mantendo a integridade física e da saúde dos envolvidos. Além desses equipamentos de proteção é essencial a manutenção da higiene pessoal (LEITE, 2006; BOTTIGLIERI, 1997).

Além disso, o treinamento e a conscientização são de extrema relevância tanto para os profissionais de manejo, quanto para os da administração que devem conhecer os procedimentos adequados de uma gestão eficaz dos RSS. A conscientização é importante para que conheçam as consequências positivas ou negativas que seus atos podem gerar na redução da geração de resíduos e efluentes (SISINNO, MOREIRA, 2005).

A capacitação deve ser periódica, abrangendo todos os atores envolvidos com a gestão de RSS, profissionais do quadro e terceirizados. Ele deve contemplar explicações a respeito de cada etapa do gerenciamento de RSS, da manipulação, da prevenção de infecção hospitalar, das substancias utilizadas na desinfecção, de medidas necessárias em caso de acidente e sua notificação, tendo a CIPA e a CCIH presenças essenciais nestes treinamentos específicos (BOTTIGLIERI, 1997).

Os profissionais da área da saúde devem estar capacitados para a melhoria contínua do sistema de gestão dos RSS, além de colaborar ministrando treinamentos aos funcionários de todas as áreas, para que a prática segura e adequada em todo o processo seja instituída, desde a geração até a disposição final dos resíduos.

Esses treinamentos devem considerar o tema RSS com seriedade e divulgar o Plano de Gerenciamento de RSS, pois é nele que contém todo o planejamento do gerenciamento de RSS visando a legislação, a segurança e manuseio, para que minimizem as limitações no gerenciamento adequado desses resíduos (TAKAYANAGUI, 1993; MACIEL, 2007).

A implantação de programas de gestão de RSS, associados à capacitação, a segregação adequada, pode reduzir consideravelmente a geração de resíduos infectantes e consequentemente os impactos negativos no meio ambiente, na saúde e na segurança das pessoas, principalmente quando se trabalha a integração dos sistemas de gerenciamento de RSS, SGA e SGSST.

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