• Nenhum resultado encontrado

Entende-se por sistema de indicadores o conjunto formado por elementos que constituem ferramentas de visualização e análise, bases de dados, tecnologia no auxilio de soluções e usuários, tendo como objetivo apoiar aos tomadores de decisão (GALINDO et al., 2007). Segundo Litman (2011), um sistema de indicadores é um processo, o qual os define, faz coleta e analisa dados, e também faz aplicação de resultados.

Com a popularização do processo de planejamento envolvendo os três níveis da tomada de decisão (estratégico, tático e operacional), e juntamente com os fluxos de informações gerenciados para que estas informações possam chegar aos locais onde são necessárias, tem-se a partir disso, uma ampla difusão do que se chama de indicador. Assim, indicadores são utilizados em várias áreas do conhecimento, sendo referidos em ambientes tanto acadêmicos, quanto profissionais, públicos ou privados (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006). A concepção de um conjunto de indicadores vem com propósito, e/ou escopo visando atender as necessidades de determinado grupo no desempenho de suas atividades. Sendo assim, esses indicadores têm com missão dar as informações que estes usuários estão buscando (MAGALHÃES, 2004; MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006).

Um planejamento de transporte abrangente e sustentável necessita de um conjunto de indicadores que possam refletir objetivos que englobem aspectos sociais, econômicos e ambientais de forma adequada e equilibrada. Um conjunto de indicadores que se concentre mais em um desses aspectos que nos outros pode ocasionar uma visão limitada no

desenvolvimento do planejamento e, por conseguinte, a qualidade da tomada de decisão poderá ficar comprometida, não considerando alguns tipos de problemas e assim não aplicando as devidas soluções para a resolução dos mesmos (LITMAN, 2011). Citando a literatura específica, Brasil (2010) e Litman (2011) apontam a classificação que indicadores de desempenho podem ter em relação à formulação e implantação de políticas públicas:

• Processo – tipos de políticas e de atividades de planejamento, a forma como uma organização processa a coleta e publicação dos dados de desempenho e envolvimento público.

Entradas – são recursos investidos em atividades específicas, como exemplo, o nível gasto em investimentos em várias atividades ou modos de transportes.

Saídas – são os resultados diretos, como quantidade de serviço de transporte público ofertado, quilômetros de calçadas, caminhos e vias.

• Resultados – são resultados finais, medidos em quantidades, números de acidentes e vítimas, quilômetros percorridos, divisão modal, consumo de energia, satisfação dos usuários, emissão de poluentes, congestionamento, etc.

Na escolha de sistemas de indicadores é necessário que alguns fatores sejam levados em consideração para que as informações adquiridas sejam realmente aquelas desejadas pelos planejadores. Segundo Litman (2011) indicadores podem ser definidos em relação às metas, objetivos, alvos, limites. Esses fatores têm relação com as metas estipuladas, e com objetivos a serem alcançados, servindo como meio de monitorar a análise dos impactos acarretados na utilização dos indicadores. Gudmundsson (2004) cita tipos de indicadores com função de informação-orientada, denominados descritivos, de performances, e os índices. Os primeiros servem para medir o estado atual e as tendências do objeto ou área em questão. Já os segundos servem para fazer comparações dos estados atuais e tendências com padrões, normas ou referências. Pode-se dizer que esses tipos de indicadores se destacam por auxiliar no diagnóstico dos problemas de mobilidade, tendo em vista que podem ajudar aos formuladores de políticas públicas, ou a outras pessoas envolvidas, a aumentar a compreensão de certas questões relacionadas ao fenômeno em estudo. Isso ao mesmo tempo que suas informações influenciam ajudando a formar uma consciência básica comum de um problema.

O uso de indicadores pode refletir vários níveis de análise, tais como: o processo de tomada de decisão, mostrando a qualidade do planejamento; resultados dos padrões de viagens; impactos físicos, como taxas de acidentes e taxas de emissão de poluentes; impactos e efeitos nas pessoas e no ambiente, como lesões e danos ecológicos; e impactos econômicos,

como custos que se tem com acidentes e danos ambientais, redução da produtividade (COSTA, 2008; LITMAN, 2009, 2011). Sobre indicadores de transportes sustentáveis, Litman (2011) diz que, além de refletir as análises anteriores, poderão incluir tipos de opções e incentivos de viagens, possibilitando que usuários escolham o melhor e mais eficiente para cada viagem, mostrando o comportamento de cada viagem, bem como a divisão modal.

Indicadores de transporte sustentável pertencem às categorias social, econômica e ambiental. Indicadores sociais servem para refletir os impactos dos transportes ofertados na qualidade de vida, a interação de atividades dentro da comunidade, a equidade, a saúde humana, impactos sobre recursos históricos e culturais, e aqueles que se relacionam com a forma de habitar da comunidade. Um modo de avaliar se existe equidade nos transportes seria comparando todas as opções entre si, a qualidade dos serviços entre diferentes grupos, principalmente a oferta para pessoas socialmente desfavorecidas fisicamente e economicamente. Exemplos deles: segurança em relação a acidentes; acessibilidade aos transportes por famílias de baixa renda; deficiência de instalações e serviços de transportes; transportes dando suporte à comunidade; planejamento inclusivo envolvendo todos com esforço assegurando que grupos desfavorecidos e vulneráveis participem (LITMAN, 2011).

Indicadores ambientais servem para refletir os impactos que os transportes geram no meio ambiente, trazendo vários tipos de poluição (água, solo, ar, sonora) que afetam a vida das pessoas. Isso Inclui emissões de gases que contribuem para as mudanças climáticas, aquecimento global, efeito estufa, degradação de paisagens, ou pavimentos, mortes de animais silvestres, esgotamento de recursos não renováveis, etc. Exemplos deles são: poluição do ar, violação de padrões; poluição sonora exposta à população, níveis altos de ruído do tráfego; impactos do uso do solo per capita para as instalações de transporte; eficiência de recursos, na produção e utilização de veículos e equipamentos de transporte (LITMAN, 2011).

Indicadores econômicos de transportes sustentáveis servem para refletir impactos nos transportes, nos benefícios e custos da utilização de veículos motorizados. Podem mostrar que quanto mais a mobilidade for motorizada, poderá haver redução geral da acessibilidade e na diversificação dos transportes, reduzindo ganhos de bem-estar social. Quando um aumento na mobilidade fornece poucos ou negativos benefícios para a sociedade, considera-se que a sustentabilidade está se reduzindo. A diferença entre indicadores econômicos convencionais e sustentáveis, é que estes não ignoram fatores relacionados ao bem-estar, como felicidade, saúde, qualidade ambiental, etc. Exemplos destes: satisfação do usuário com os transportes; diversidade e qualidade de transportes disponíveis; planejamento abrangente de qualidade,

considerando impactos e práticas de avaliação atuais; gestão da mobilidade, com programas para resolver problemas e aumentar eficiência dos sistemas de transportes (LITMAN, 2011).