• Nenhum resultado encontrado

Sistemas do BCE

No documento RELATÓRIO ANUAL 1998 (páginas 103-107)

troca de moeda

6.2 Sistemas do BCE

A gestão pelo BCE da situação de liquidez na área do euro através de operações de política monetária requer, nomeadamente, uma análise

dos diversos factores que afectam as necessidades de liquidez do sector bancário na área do euro. Para o efeito, foram desenvolvidas aplicações específicas no primeiro semestre de 1998, e testadas no contexto de testes globais no segundo semestre do ano. Com o objectivo de apoiar os trabalhos de pesquisa desenvolvidos no BCE e de fornecer uma base para as estratégias de política monetária e para a tomada de decisões, foi estabelecido um banco de dados estatísticos. Além disso, o BCE iniciou a criação de instrumentos de apoio de decisão, destinados a proporcionar informação consolidada ao nível quer de fontes internas,

quer dos mercados. No processo de

estabelecimento de uma nova área para a sala de câmbios, foi organizado um concurso para o fornecimento de um sistema telefónico especial de negociação e de um mecanismo digital de registo de voz. O sistema está operacional desde Novembro de 1998. A fim de permitir uma comunicação segura e fiável com os parceiros não participantes no SEBC foi adoptada, no final de 1998, uma nova infra- -estrutura de comunicações externas gerais, a utilizar em caso de uma eventual necessidade de comunicação bilateral dedicada.

A página na Internet que foi criada para o IME em 1997 foi transformada em página do BCE na Internet (http://www.ecb.int). Permite o acesso geral a informação sobre o BCE, comunicados de imprensa, textos de discursos recentes e relatórios publicados pelo BCE. No futuro, residirão nesta infra-estrutura diversas aplicações, incluindo as que permitam a divulgação atempada de informação e dados com interesse particular para os mercados e para a comunidade bancária. A primeira aplicação, que entrou em funcionamento em Outubro de 1998, foi um conjunto de bases de dados com as listas das instituições financeiras monetárias (IFM) relevantes para efeitos estatísticos, contrapartes elegíveis para operações do SEBC e instituições sujeitas a reservas mínimas. Encontra-se também disponível uma lista dos activos elegíveis como garantia em operações de crédito do SEBC. A partir da página do BCE na Internet, estão disponíveis ligações às páginas na Internet de todos os 15 BCN.

Durante o ano de 1998, o crescimento do BCE necessitou de um aumento substancial da capacidade de muitos sistemas internos. Inserindo-se neste processo, muitos sistemas e aplicações padrão foram aperfeiçoados por forma a responder às exigências dos modernos requisitos de processamento de dados e a proporcionar ao pessoal do BCE os instrumentos necessários ao desempenho das

suas funções. Além disso, durante o ano de 1998, o BCE completou com sucesso a migração para um único sistema dos seus sistemas operativos padrão em rede. A infra-estrutura de redes locais do IME (LAN - Local Area Network), tal como foi criada em 1994, migrou, na sequência de um processo de concurso, para a nova infra- -estrutura do BCE (ECB LAN), utilizando as mais modernas tecnologias.

Os trabalhos preparatórios na área da supervisão bancária e da estabilidade financeira apresentaram características específicas, quando comparados com trabalhos realizados noutras áreas, uma vez que o seu principal objectivo consistia na prossecução de entendimento comum quanto à forma de adopção das disposições relevantes do Tratado e dos Estatutos do SEBC. Em 1998, o entendimento comum alcançado pelo Conselho do IME (descrito no Relatório Anual do IME de 1997) foi confirmado e alargado pelo Conselho do BCE. O entendimento comum final é apresentado mais abaixo de forma resumida.

O n.º 5 do Artigo 105º do Tratado obriga o Eurosistema a contribuir para a boa condução das políticas desenvolvidas pelas autoridades nacionais competentes no que se refere à supervisão prudencial das instituições de crédito e à estabilidade do sistema financeiro. Dadas as estreitas ligações entre as funções de política monetária e de supervisão prudencial, bem como a atribuição ao Eurosistema da responsabilidade pela política monetária e outras funções, o principal objectivo da disposição em causa é identificado como sendo assegurar uma interacção efectiva entre o Eurosistema e as autoridades de supervisão nacionais. Os pormenores de natureza prática deste relacionamento são definidos de forma pragmática e serão aprofundados à luz da experiência obtida e das necessidades específicas decorrentes da Terceira Fase. Podem identificar- -se dois contributos principais do Eurosistema para a condução das políticas prosseguidas pelas autoridades de supervisão nacionais.

Em primeiro lugar, o Eurosistema desempenha um papel activo na promoção da cooperação entre as autoridades de supervisão nacionais, independentemente do modelo organizacional adoptado em cada país, bem como entre essas autoridades e o Eurosistema, por forma a atingir uma plataforma de entendimento comum relativamente a questões relevantes da política de supervisão prudencial e estabilidade

financeira. Esta cooperação incide

principalmente sobre questões de natureza macro-prudencial que têm efeitos sobre a estabilidade das instituições e mercados financeiros. Embora o n.º 5 do Artigo 5º do Tratado se aplique apenas aos países participantes, a cooperação, em geral, envolve todas as autoridades de supervisão da UE.

A cooperação é apoiada pelo Comité

Consultivo Bancário, constituído por representantes de todos os BCN da UE e por autoridades de supervisão nacionais, bem como pelo BCE. Prevê-se que esta cooperação multilateral permita uma interacção normal com a cooperação prosseguida noutros fora de supervisão bancária internacional (a nível da UE, o Comité de Supervisão Bancária e o Grupo de Contacto, e a nível dos países do G-10, o Comité de Basileia sobre Supervisão Bancária) através, nomeadamente, de uma participação cruzada nas respectivas reuniões.

Em segundo lugar, com base nas disposições do Artigo 12º da Primeira Directiva de Coordenação bancária (77/780/CEE) relativas à transferência de informação entre os bancos centrais e as autoridades de supervisão, o Eurosistema pode, quando apropriado, fornecer às autoridades de supervisão informação confidencial sobre as instituições de crédito a nível individual e os mercados, obtida em resultado das suas actividades nas áreas da política monetária, política cambial e sistemas de pagamentos, desde que essa informação seja exclusivamente utilizada para efeitos de supervisão. Por seu lado, os supervisores bancários podem, quando

apropriado, fornecer ao Eurosistema

informações de supervisão sobre instituições a nível individual que possam ser úteis ao Eurosistema no desempenho das suas atribuições principais. Na área da política monetária única, foi acordado entre os supervisores bancários um entendimento comum sobre as características básicas da transferência de informação sobre supervisão para o Eurosistema. Em primeiro lugar, os supervisores bancários estão preparados para apoiar o Eurosistema na detecção do incumprimento por qualquer das contrapartes

da política monetária das respectivas obrigações estabelecidas nos regulamentos do Eurosistema sobre instrumentos e procedimentos de política monetária, incluindo as reservas mínimas. Porém, a responsabilidade final de assegurar esse cumprimento cabe ao BCN competente. Em segundo lugar, em virtude das possíveis implicações sistémicas, os supervisores bancários estão preparados para informar o Eurosistema, numa base casuística (ou seja, à luz das características específicas de cada caso) caso ocorra uma crise bancária. Na área da supervisão dos sistemas de pagamentos, chegou-se já a um entendimento comum entre os supervisores bancários relativamente à transferência de informações para os BCN que actuam como entidades de supervisão dos sistemas de pagamentos. Estão em curso trabalhos que revêem este acordo à luz da experiência obtida.

O Artigo 25º 1 dos Estatutos do SEBC - aplicável a todos os países da UE - prevê a atribuição de uma função consultiva específica para ser levada a cabo pelo BCE no âmbito da legislação Comunitária relativa à supervisão prudencial das instituições de crédito e à estabilidade do sistema financeiro. Esta função tem um carácter opcional e relaciona-se com o âmbito e com a adopção de legislação Comunitária nas áreas acima mencionadas. Esta função, que inclui também consultas sobre a eventual necessidade de nova legislação, permite ao BCE contribuir para o enquadramento da supervisão prudencial das instituições de crédito e para a estabilidade financeira aos níveis comunitário e nacional.

O n.º 4 do Artigo 105º do Tratado (aplicável a todos os países da UE, excepto ao Reino Unido) estabelece que o BCE deve ser consultado sobre qualquer proposta de legislação comunitária e nacional no domínio das suas atribuições. O âmbito preciso desta disposição está estipulado na Decisão do Conselho de 29 de Junho de 1998 (98/415/CE) sobre as consultas a efectuar ao BCE pelas autoridades nacionais. De acordo com esta Decisão, as autoridades dos Estados-membros devem consultar o BCE sobre propostas de legislação nacional relacionadas com as instituições financeiras, na medida em que estas possam influenciar de facto a estabilidade das instituições e mercados financeiros, salvo se o objectivo exclusivo do projecto de disposição legislativa for a transposição de Directivas Comunitárias para a legislação nacional. Esta função permite ao BCE a introdução de contributos para os processos de legislação Comunitária e nacional, relativamente à supervisão prudencial e à estabilidade financeira.

Por fim, o n.º 6 do Artigo 105º - aplicável a todos os países da UE - inclui a possibilidade de serem conferidas ao BCE atribuições específicas no âmbito da supervisão prudencial. O direito de iniciativa nesta área é da responsabilidade da Comissão Europeia, enquanto que o BCE participa na qualidade consultiva, cabendo a decisão ao Conselho da UE, deliberando por unanimidade. Porém, considera-se que não se justifica nesta fase qualquer transferência de poderes de supervisão das autoridades nacionais para o BCE.

Na área da cooperação económica, monetária e financeira a nível internacional e europeu, o Eurosistema é um novo participante. A representação do Eurosistema no desempenho das suas principais atribuições é decidida pelo Conselho do BCE, variando consoante as instituições ou os fora em causa. Esta representação externa implica uma estreita coordenação dentro do Eurosistema, por forma a formular posições sobre questões relacionadas com as atribuições principais daquele. No contexto do IME, tinham já sido alcançados acordos informais com algumas instituições (por exemplo, a OCDE e o FMI). No que se refere à representação internacional e europeia do BCE, têm sido desenvolvidos acordos formais e informais desde a criação do BCE em 1 de Junho de 1998. No início da Terceira Fase, em 1 de Janeiro de 1999, embora nem todos os acordos estivessem concluídos, os mais relevantes tinham já entrado em vigor.

No documento RELATÓRIO ANUAL 1998 (páginas 103-107)