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A sustentabilidade dos sistemas de gestão dos RU, indispensável também à prossecução de objetivos ambientais, exige a implementação de sistemas de tarifários que traduzam os custos efetivos da gestão de resíduos, desde a recolha, indiferenciada e seletiva, ao transporte e aos custos de instalação, exploração (incluindo a monitorização) e manutenção das infraestruturas e equipamentos dos Sistemas de Gestão (manutenção/monitorização pós-encerramento no caso dos aterros) (Rodrigues,2013).

Um sistema tarifário é definido como um instrumento económico, devendo este possuir caraterísticas que permitam uma prevenção quantitativa e qualitativa dos resíduos produzidos (ex. a separação dos resíduos perigosos), um incentivo à reutilização e reciclagem, o apoio a sistemas de gestão de resíduos para que sejam economicamente viáveis, a minimização de impactes ambientais provenientes da gestão, assim como a geração de receitas para cobrir os custos (Santos,2009).

Na Europa, a gestão de resíduos é assumida como um serviço público e, portanto, são praticados tarifários de tarifa fixa ou então uma tarifa baseada nos impostos. Na Holanda, por exemplo, os moradores recebem faturas para pagar contas trimestrais de água potável, águas residuais e resíduos sólidos, separadamente, sendo o tarifário destes últimos praticado através de uma taxa fixa. Na Europa Oriental, os munícipes são cobrados pela taxa de resíduos urbanos através de entidades privadas, que fornecem os serviços de gestão de RU. Em algumas cidades, os moradores pagam taxas diretamente a entidades de recolha privadas (UNEP,1996). De realçar que também existem países europeus que praticam outras formas de cobrança pela produção de resíduos, nomeadamente a aplicação de sistemas PAYT. O PAYT é considerado um sistema justo e sustentável, em termos económicos, sociais e ambientais, pois a população paga pelos resíduos produzidos, sendo incentivada a reduzir a sua quantidade e a promover a sua correta separação, valorizando as diferentes fileiras. Entre os países que aplicam este tipo de tarifário, podem destacar-se a Finlândia, Espanha, Dinamarca, Itália, Bélgica, entre outros, sendo que cada um destes países aplica este tipo de tarifário de diferentes formas (UNEP,1996).

Em Portugal, a generalidade dos tarifários do serviço de gestão de resíduos urbanos aplicados aos utilizadores finais domésticos ou a eles equiparados estão indexados ao consumo de água, à existência de água canalizada ou não, ao tipo de consumidor, à área da habitação, às caraterísticas do município, à frequência de recolha e ao tipo do sistema de recolha (Pires, 2013; Sousa, 2008). Este tipo de tarifário é reconhecido como insustentável, na medida em que não cobre sequer metade dos custos relativos à gestão dos resíduos urbanos (Sousa, 2008). De facto, as taxas associadas ao consumo de água são insuficientes face aos custos de recolha e tratamento realizados sendo estimado que pagam, em média, 25% dos custos (CNADS, 2011). Além disso, não é um sistema justo, uma vez que os moradores de uma habitação podem produzir muitos resíduos e não ter um consumo significativo de água ou pode-lhe estar associada uma pequena produção de resíduos e um consumo de água muito elevado. Destaca-se ainda o facto de estes tarifários não permitirem um incentivo à alteração de comportamentos por parte dos munícipes, possuindo estes uma tendência para produzir quantidades de resíduos mais elevadas que o necessário, tendo em conta os padrões atuais de consumo, acabando assim por se desviar do conceito de poluidor-pagador.

Considerando a categoria de tarifário mais aplicada, tem-se ainda as seguintes formas de aplicação da tarifa (CESUR, 2004; Rodrigues,2013; Pires, 2013):

1) Tarifa Fixa: Tarifa única para cada tipo de consumidor, cobrada por contador de água (18,8% dos tarifários em Portugal);

2) Tarifa Variável: Indexadas diretamente ao consumo de água, através de escalões de consumo ou correspondente a uma percentagem da fatura de água (17,4% dos tarifários);

3) Tarifa Fixa+Variável: possui uma componente fixa e uma componente variável, em função do consumo de água (45,1% dos tarifários).

Em relação à segunda categoria (que abrange todas as restantes modalidades), são também identificados três formas de aplicação da tarifa (Sousa, 2008; IRAR, 2007):

1) Frequência de recolha: número de dias por semana em que os resíduos sólidos urbanos são removidos; 2) Caraterísticas do município: urbano ou rural;

3) Sistema de recolha: tipo de sistema utilizado para recolha dos resíduos, porta-a-porta, por pontos ou misto;

4) Caraterísticas do município e frequência de recolha: admite a conjugação do número de dias por semana em que os resíduos são recolhidos nas zonas urbana e rural;

5) Área de habitação: dimensão da área de habitação.

Na Figura 13 encontram-se apresentados os diferentes tipos de tarifários existentes.

Figura 13 – Quantitativos percentuais relativos aos tarifários aplicados em Portugal (adaptado de Pires, 2013).

É observável o facto de apenas 8% dos municípios não praticarem qualquer tarifa de RU, sendo que 19% aplicam tarifa fixa, sendo que em cerca de 62% a tarifa dependente do consumo de água e 10% são dependentes de outros factores que não o consumo de água.

Relativamente aos tarifários que não dependem do consumo de água, no gráfico seguinte encontram-se os quantitativos percentuais em relação a outros fatores.

Figura 14 – Quantitativos percentuais dos parâmetros de tarifários que não dependem do consumo de água (adaptado de Pires, 2013).

De acordo com a Figura 14 é de notar que a frequência de recolha é o parâmetro que demonstra maiores proporções, seguido-se as caraterísticas da zona servida, sistema de recolha, área da habitação e, por último, caraterísticas da zona servida e frequência de recolha.

5,2%

3,1% 1,2%

0,7% 0,4% Frequência de remoção

Caraterísticas da zona servida Sistema de remoção

Área da habitação

Caraterísticas da zona servida e frequência de remoção