• Nenhum resultado encontrado

A capacidade de acessar, adaptar e criar novo conhecimento por meio das TIC é decisiva pa- ra o processo efetivo de inclusão social (WARSCHAUER, 2006, p. 25). O Livro Verde da Socieda- de da Informação no Brasil ressalta que na era da Internet, o Governo deve promover a universali- zação do acesso e o uso crescente dos meios eletrônicos de informação para gerar uma administra- ção eficiente e transparente em todos os níveis. A criação e manutenção de serviços eqüitativos e universais de atendimento ao cidadão encontram-se entre as iniciativas prioritárias da ação pública. Ao mesmo tempo, cabe ao sistema político promover políticas de inclusão social, para que o salto tecnológico tenha paralelo quantitativo e qualitativo nas dimensões humana, ética e econômica (BRASIL, 2000).

Apesar da taxa de usuários da Internet estar crescendo rapidamente (3% da população mun- dial, em 1995, passando para 11%, em 2003, e alcançando 21%, no final de 200741), há uma forte possibilidade de esse incremento estagnar em torno dos 20%, reproduzindo a sociedade de um quinto , na qual 20% da população mundial monopolizam 80% dos recursos do planeta (UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION, 2005). Este abismo digital entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento pode ser constatado no grá- fico da Figura 1.

Na região da América Latina e do Caribe, observa-se um equilíbrio (Tabela 1): de um lado, 8,6% da população mundial; de outro lado, 9,7% de todos os dos usuários da Internet. Quanto ao percentual de inclusão digital, a região apresenta a taxa de 23,8%, bem próxima da média mundial, de 21,1%. Com a quinta maior população do planeta, o Brasil ocupa hoje a sexta posição mundial em número absoluto de usuários, como se pode constatar no gráfico da Figura 2.

33 http://www.correios.com.br/produtos_servicos/banco_postal/default.cfm 34 http://www.correiosonline.com.br/pt_telegrama_sel.asp 35 http://shopping.correios.com.br/wbm/shopping/script/default.aspx 36 http://www.inclusaodigital.gov.br 37 www.serpro.gov.br 38 http://www.softwarepublico.gov.br 39 https://www.governoeletronico.gov.br 40 http://www.infoseg.gov.br 41 http://www.internetworldstats.com/stats.htm

36

Figura 1: Evolução de usuários da Internet de 1997 a 2007, por 100 habitantes, nos países desenvolvidos, em desenvolvimento e no mundo

Fonte: Adaptação e tradução a partir de dados de: International Telecommunication Union; United Nations Conference on Trade and Development (2007)

Tabela 1: Estatísticas sobre população e uso da Internet no mundo

Regiões População total (Estimativa para 2008) População Mundial (%) Número de usuários Taxa de inclusão digital Usuários Vs. População Mundial Taxa de crescimento (2000-2008) África 955.206.348 14,3 % 51.022.400 5,3 % 3,6 % 1.030,2 % Ásia 3.776.181.949 56,6 % 530.153.451 14,0 % 37,5 % 363,4 % Europa 800.401.065 12,0 % 384.332.394 48,0 % 27,2 % 265,7 % Oriente Médio 197.090.443 3,0 % 41.939.200 21,3 % 3,0 % 1.176,8 % América do Norte 337.167.248 5,1 % 247.637.606 73,4 % 17,5 % 129,1 % América Latina e Caribe 576.091.673 8,6 % 137.200.309 23,8 % 9,7 % 659,3 % Oceania 33.981.562 0,5 % 20.204.292 59,5 % 1,4 % 165,1 % TOTAL 6.676.120.288 100,0 % 1.407.724.920 21,1 % 100,0 % 290,0 %

37

Figura 2: Países classificados em ordem decrescente do número total de usuários da Internet

Fonte: Adaptação e tradução de <http://www.internetworldstats.com/top20.htm>

Embora o Brasil domine o mercado latino americano da Internet em número absoluto de u- suários, o que representa 34,7% do total, ocupa apenas a oitava posição quando se leva em conside- ração o grau de inclusão digital. O País apresentou, ainda, um crescimento do número de usuários de 752% no período compreendido entre 2000 e 2007, acima da média geral da América Latina, como mostrado na Tabela 2.

Quanto ao Índice de Oportunidade Digital, o Brasil alcançou, no último levantamento, a marca de 0,48 pontos, o que o posiciona na 65ª posição no mundo entre 181 países pesquisados (INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION; UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT, 2007), conforme mostrado na Figura 3.

O Índice de Oportunidade Digital é subdividido em três componentes: oportunidade, infra- estrutura e utilização, conforme explicado a seguir. O componente de oportunidade é formado pela porcentagem da população coberta por telefonia móvel; pelas tarifas de acesso à Internet enquanto percentual da renda per capita e pelas tarifas de telefonia celular enquanto percentual da renda per capita. O Brasil apresenta uma alta pontuação neste item, 0,92 pontos.

38 Tabela 2: Estatísticas sobre população e uso da Internet na América Latina

Países da América Latina População total (Estimativa para 2008) Número de usuários Taxa de inclusão digital Usuários Vs. População da América Latina Taxa de Crescimento (2000-2008) Argentina 40.301.927 16.000.000 39,7 % 13,0 % 540,0 % Bolívia 9.119.152 580.000 6,4 % 0,5 % 383,3 % Brasil 190.010.647 42.600.000 22,4 % 34,7 % 752,0 % Chile 16.284.741 7.035.000 43,2 % 5,7 % 300,3 % Colômbia 44.379.598 10.097.000 22,8 % 8,2 % 1.050,0 % Costa Rica 4.133.884 1.214.400 29,4 % 1,0 % 385,8 % Cuba 11.394.043 240.000 2,1 % 0,2 % 300,0 % Rep. Dominicana 9.365.818 2.100.000 22,4 % 1,7 % 3.718,2 % Equador 13.755.680 1.549.000 11,3 % 1,3 % 760,6 % El Salvador 6.948.073 700.000 10,1 % 0,6 % 1.650,0 % Guatemala 12.728.111 1.320.000 10,4 % 1,1 % 1.930,8 % Honduras 7.483.763 344.100 4,6 % 0,3 % 760,3 % México 108.700.891 23.700.000 21,8 % 19,3 % 773,8 % Nicarágua 5.675.356 155.000 2,7 % 0,1 % 210,0 % Panamá 3.242.173 264.316 8,2 % 0,2 % 487,4 % Paraguai 6.669.086 260.000 3,9 % 0,2 % 1.200,0 % Peru 28.674.757 7.324.300 25,5 % 6,0 % 193,0 % Porto Rico 3.944.259 915.600 23,2 % 0,7 % 357,8 % Uruguai 3.460.607 1.100.000 31,8 % 0,9 % 197,3 % Venezuela 26.023.528 5.297.798 20,4 % 4,3 % 457,7 % TOTAL 552.296.094 122.796.514 22,2 % 100,0 % 590,1 %

Fonte: Adaptação e tradução de <http://www.internetworldstats.com/stats.htm>

Figura 3: Índice de Oportunidade Digital por países

39 Já o componente de infra-estrutura é constituído pela proporção de residências que possuem linha de telefone fixo; pela proporção de residências que possuem computador; pela proporção de residências que possuem acesso à Internet; pelo percentual de detentores de assinatura de telefone móvel em relação à população total e pelo percentual de detentores de assinatura de Internet em relação à população total. O Brasil alcança uma pontuação baixa neste item: 0,27.

Por sua vez, o componente de utilização é disposto pela proporção de indivíduos que já usa- ram a Internet; pela taxa de assinantes de banda larga fixa em relação ao total de assinantes da In- ternet e pela taxa de assinantes de banda larga móvel em relação ao total de assinantes de Internet móvel. Neste item, o Brasil também apresenta uma baixa pontuação: 0,24.

Existe, hoje, no País, uma série de ações governamentais para inclusão digital, conduzidas de maneira descentralizada pelos diversos ministérios, sem uma coordenação geral (NAZARENO et al., 2007): (i) Programa Sociedade da Informação Socinfo42, (ii) Programa Nacional de Informáti- ca na Educação - Proinfo43, (iii) Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão Gesac44, (iv) Computador para Todos45 e (v) Espaço Serpro Cidadão46.

Há, ainda, um rol de atividades do Governo Federal para infoinclusão em fase de implanta- ção (NAZARENO et al., 2007): (i) Casa Brasil47, (ii) Projeto Computadores para Inclusão48, (iii)

Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania Cultura Viva49, (iv) Programa de Telecen- tros de Informação e Negócios50, (v) Centros Vocacionais Tecnológicos51, (vi) Programa Freqüência Digital52, (vii) Observatório Nacional de Inclusão Digital - ONID53, (viii) Projeto Maré Telecentro da Pesca54, (ix) Programa de Inclusão Digital do Banco do Brasil55, 56, (x) Projeto Quiosque do Ci- dadão57 e (xi) Centros Rurais de Inclusão Digital - CRIDs58.

Apesar dessa atuação governamental, o último levantamento realizado no Brasil mostra que 79% da população, com 10 anos ou mais de idade, não acessou a Internet nos últimos três meses 42 http://ftp.mct.gov.br/Temas/Socinfo/default.asp 43 http://www.proinfo.mec.gov.br 44 http://www.idbrasil.gov.br 45 http://www.computadorparatodos.gov.br 46 http://www.serpro.gov.br/cidadao 47 http://www.iti.gov.br 48 https://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/computadores-para-inclusao 49 http://www.cultura.gov.br/programas_e_acoes/cultura_viva/programa_cultura_viva 50 http://www.telecentros.desenvolvimento.gov.br/sitio/inicial/index.php 51 http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/11483.html 52 http://www.serpro.gov.br/arq01.pps 53http://www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/onid 54 http://200.198.202.145/seap/telecentro 55 http://www.fbb.org.br/estacaodigital/pages/publico/index.jsp 56 http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/id/index.jsp 57 http://www.integracao.gov.br/comunicacao/noticias/noticia.asp?id=1687 58 http://inclusao.ibict.br/index.php?option=com_content&task=view&id=630&Itemid=298

40 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007).

Tanto a renda quanto a escolaridade são fatores que modulam o grau de inclusão digital. No maior extremo de renda pesquisado (domicílios com renda mensal per capita superior a 5 salários mínimos), 69,5% dos brasileiros usavam a rede. No extremo oposto (renda mensal per capita infe- rior a um quarto do salário mínimo), esse mesmo percentual era de apenas 3%. O acesso cresce em função da renda, mas mesmo em faixas intermediárias, como a de 2 a 3 salários mínimos per capita, ele ainda é restrito a uma minoria (42%) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTA- TÍSTICA, 2007).

O mesmo fenômeno é constatado quando se avalia o acesso de acordo com grau de escolari- dade. No extremo de menor instrução (menos de 4 anos de estudo), somente 2,5% acessavam a In- ternet. No extremo oposto (os que completaram ao menos o ensino médio), essa proporção alcança 76,2% do total (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007).

Documentos relacionados