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Situação Atual do Papel do Ser Humano nos

No documento suguio2008 (páginas 49-53)

Situação Atual do Papel do Ser Humano nos

Processos Geológicos Externos (ou Exógenos)

A maioria das pessoas não está conscientizada de que a composição e forma da nossa Terra acham-se em constante transformação pela atuação de inúmeros processos geológicos. Esses processos podem ser subdivididos em internos (ou endógenos) e externos (ou exógenos). A força que aciona a dinâmica interna é basicamente originária da energia térmica produzida pela desintegração, especialmente de substâncias radioativas (urânio, tório e potássio). Deste modo são originados os movimentos orogênicos, as atividades vulcânicas e os terremotos. A eficiência de energia envolvida nesses fenômenos naturais ultrapassa longinquamente o limite atualmente reproduzível pelo ser humano e, portanto, ele é, na prática, incapaz de interferir e freqüentemente é difícil até de prever qualquer evento explosivo. As forças que acionam a dinâmica externa devem ser creditadas principalmente à energia potencial da gravidade e à energia térmica das radiações solares. Os processos geológicos de dinâmica externa, tais como os fenômenos de intemperismo de afloramentos rochosos ou erosão, transporte e deposição por rios, geleiras e ventos, são promovidos por essas energias. Os animais e vegetais da superfície terrestre são fortemente influenciados por processos de dinâmica externa da Terra. Ao mesmo tempo eles atuam na intensificação e aceleração de processos naturais e como resultado, principalmente nas áreas de grande densidade demográfica de regiões metropolitanas, muitas vezes transformam-se até em suas vítimas.

Atualmente acredita-se que a idade do planeta Terra onde vivemos, seja de cerca de 4,6 bilhões de anos. Esta corresponde à idade absoluta obtida de elementos radioativos, contidos em meteoritos e rochas mais antigas constituintes das áreas continentais da Terra, fundamentada em princípios físicos. O intervalo de tempo correspondente a cerca de 87% após a origem é denominado de Idade Cósmica ou Éon Criptozóico, quando a existência de animais e vegetais ainda não era conspícua. Naturalmente o único ambiente favorável à origem e sobrevivência dos seres vivos, protegida da incidência direta de raios ultravioletas, só existia no fundo oceânico. Desta maneira os continentes daquela época, desprovidos de vegetação e na total ausência de animais, certamente constituíam uma paisagem excessivamente prosaica.

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A Idade Cósmica foi um tempo de intensa atividade natural de processos endógenos (movimentos orogênicos e atividades vulcânicas), acompanhados de processos exógenos (intemperismo, erosão e sedimentação). Naturalmente foi um tempo em que nem se poderia prever o surgimento de seres vivos como o Homem. A análise dos registros de ambientes naturais, na superfície terrestre da época, comprova a existência de condições mais severas que as imagináveis.

O dióxido de carbono da atmosfera terrestre foi eliminado pelo incessante processo de fotossíntese, que utiliza este gás como matéria prima, desenvolvido por algas marinhas primitivas fornecedoras de oxigênio à atmosfera desde o Pré-cambriano. Simultaneamente, grande parte do dióxido de carbono foi precipitada como calcário, em parte por processos bioquímicos e em parte por processos inorgânicos, eliminando enormes quantidades deste gás das águas oceânicas. Através do processo evolutivo terrestre como o supracitado teve início o Éon Fanerozóico, desde o Período Cambriano até hoje, que representa um intervalo de tempo relativamente curto de apenas 13% da geologia histórica. O Éon Fanerozóico iniciou-se há cerca de 570 milhões de anos e através das eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica chegou aos dias atuais.

A evolução continuou até os mamíferos que representam a Era Cenozóica, tendo iniciado com os animais vertebrados como peixes, anfíbios, répteis e aves na metade superior da Era Paleozóica superior, quando houve desenvolvimento de animais e vegetais terrestres. Nós humanos somos os seres vivos mais representativos da última etapa da história evolutiva. Imagina-se que para atingir o clímax da evolução de animais vertebrados o ser humano tenha passado pela fase de antropóide. Pensava- se até cerca de 2 anos passados, que o crânio datado em aproximadamente 2 milhões de anos passados, encontrado no Estreito de Olduvai em Tanzânia (Continente Africano), segundo resultados de estudos de paleontologia humana, representava o antropóide mais antigo. Entretanto, o fóssil de antropóide descoberto em 2003 no deserto de Djourab, também no Continente Africano parece ser mais antigo, com talvez 7 milhões de anos, isto é, da Época Miocena. Se a descoberta e a idade supracitadas forem confirmadas a história do ser humano na geologia histórica corresponderia, no mínimo, a 0,15%. Por outro lado, estima-se que o cultivo de produtos agrícolas e a criação de animais domésticos, utilizáveis na alimentação humana tenha se iniciado há cerca de 10 mil anos passados, quando o ser humano teria começado uma vida semelhante à atual. Neste alvorecer da civilização a população ainda era pequena e possuía inteligência e conhecimento suficientes para levar uma vida extremamente primitiva. Com o desenvolvimento da inteligência o conhecimento também foi ampliado e, aproveitando rochas facilmente disponíveis na natureza, na Idade da Pedra Lascada o homem partiu-as em formas adequadas e fabricou os instrumentos líticos. Em seguida passou a desgastar antes do uso, quando se iniciou a Idade da Pedra Polida. A preparação adequada de alimentos de origens animal e vegetal, mais

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necessários à vida cotidiana, passou a ser executada com instrumentos líticos. Mais tarde, com a introdução da metalurgia apareceu o uso de metais como cobre, ferro e zinco, que apresentam diversas propriedades mais vantajosas que as rochas. Iniciou- se a Idade dos Metais, quando os instrumentos metálicos passaram a ser fabricados após fusão térmica.

Entre o fim do século XVIII e o século XIX, tendo a Inglaterra como país mais importante, teve início completa transformação social intitulada Grande Revolução Industrial, que foi baseada na descoberta da motomecanização. Até meados do século XX, como fonte de energia que moviam as máquinas foram utilizados combustíveis fósseis (principalmente carvão e petróleo). Nos últimos 50 anos têm sido usados principalmente petróleo e energia nuclear e, no momento, poucos são os países que empregam o carvão como fonte de energia. Quando comparada à evolução natural da Terra, os seres humanos conseguiram, concomitantemente ao avanço tecnológico em curto lapso de tempo, assustadora capacidade construtiva que é superada pela destrutiva. Não há dúvida de que a situação atual é, ao mesmo tempo, admirável e ameaçadora.

Fala-se que a população mundial atual é de 6,2 bilhões de habitantes que, em 2050, com incremento de 50% chegue a 9,3 bilhões de habitantes. Com o objetivo de fornecer adequadamente os recursos naturais necessários à população, que cresce rapidamente, os seres humanos estão realizando “cirurgia plástica” profunda, de grande escala em tempo curtíssimo, na superfície do único planeta do universo que é habitável por nós. O volume total de rocha e solo, mobilizado anualmente pelo ser humano na superfície da Terra nos dias atuais, chega ao dobro do Monte Fuji (Japão). A quantidade de sedimento movimentada nos últimos 5.000 anos passados seria suficiente, ao ser empilhada, para formar um monte de 40 quilômetros de largura, 100 quilômetros de comprimento e 4 quilômetros de altura. Isso corresponde à forte erosão vertical de 360 metros da superfície continental da Terra por todos os rios e geleiras do mundo em 1 milhão de anos.

Os cultivos agrícolas, as terraplanagens para construção e expansão urbanas, as atividades de escavação para mineração e as obras de construção de usinas elétricas ou de rodovias e portos têm atuado no completo reafeiçoamento antrópico da superfície da Terra. A grandiosidade dessas atividades antrópicas só é suplantada pela tectônica de placas, que é um processo de dinâmica interna deste planeta. Talvez seja possível que a ocorrência de fenômenos naturais freqüentemente perigosos seja neutralizada pela rapidez dos fenômenos gerados pela atividade antrópica. Os sedimentos estão sendo transportados desde 540 milhões de anos passados, através de processos de erosão natural, à velocidade capaz de erodir 30 metros da superfície continental a cada milhão de anos. Isso significa que o processo erosivo antrópico promovido desde o ano 1000 superou a velocidade do fenômeno natural.

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Os recursos naturais mais necessários, em áreas de alta densidade demográfica, são água doce potável e materiais de construção (areia e cascalho). Por exemplo, nas vizinhanças de São Paulo, esses recursos já atingiram a situação limite e não existem fontes de suprimento disponíveis, que permitam aumentar a quantidade atual de produção. Já não há mais recursos de água doce nas cercanias, de modo que futuramente São Paulo terá que depender do relativamente poluído Ribeira de Iguape, que dista mais de 200 quilômetros. Os materiais de construção provenientes dos depósitos aluviais do Rio Tietê, nas cercanias de São Paulo, não têm sido suficientes e têm sido supridos também do leito e de depósitos aluviais do Rio Paraíba do Sul, a mais de 100 quilômetros de distância. Além disso, no alto Rio Tietê nas vizinhanças de Mogi das Cruzes, desde alguns anos passados, têm surgido disputas por choques de interesses entre horticultores dos arrabaldes de São Paulo e as mineradoras de areia e cascalho para material de construção dos depósitos aluviais.

A relação entre populações rural e urbana do Brasil, na década de 50 do século XX ,era de 2/3 para 1/3. Conforme recenseamento nacional de 2000 houve forte urbanização e 80% constituem a população urbana. Além disso, foi possível detectar também uma tendência ao aumento de áreas (latifúndios) e para monocultura (principalmente de cultura de soja), destinada especialmente à exportação. Os processos geológicos externos deverão ser cada vez mais intensificados pela necessidade de implementar hidrovias, rodovias e ferrovias, que permitam o transporte aos portos para exportação de soja e outros produtos agropecuários. A exacerbação e deterioração, dos processos geológicos externos provocados pelo Homem, na busca de recursos em São Paulo e adjacências nos dias de hoje, deverão estender-se às regiões metropolitanas de outros estados, pela crescente urbanização da população brasileira.

A área de terras, que propiciam atividades de produção agrícola, existente atualmente sobre os continentes, que pode ser conduzida sob condições sustentáveis aos processos geológicos exógenos de origem antrópica, limita-se a aproximadamente 40%. Supõe-se que população mundial atual seja acrescida de mais 50% até o ano de 2050 e atinja a cifra de 9,3 bilhões de habitantes. Deve-se reduzir o impacto do papel desempenhado pelo ser humano nos processos geológicos externos, como medida de proteção das terras supracitadas, que devem fornecer alimentos para esta população.

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No documento suguio2008 (páginas 49-53)