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6 Empowerment: descentralização de poderes.

3.4 SITUAÇÃO E AMBIENTE

Considerando a atuação profissional da pesquisadora, como psicóloga e consultora em organizações familiares, o lócus de estudo, isto é, a organização familiar pesquisada, foi escolhida por indicação de um cliente de consultoria, com base nos critérios definidos. Optou-se então, por uma organização familiar tradicional, com origem e história vinculadas a uma família, de capital fechado e com um ou mais membros da família na administração e gestão (BERNHOEFT, 1989; LODI, 1993). Esse aspecto facilitou a entrada no campo por fornecer à pesquisadora conhecimentos anteriormente adquiridos sobre a empresa.

A análise documental, as entrevistas e a observação foram realizadas nas instalações da organização pesquisada, com diretores, gestores e funcionários e alguns clientes externos que se dispuseram a ir até as lojas. Porém, algumas entrevistas com os clientes também foram realizadas em suas residências, conforme combinação feita previamente com os mesmos. As entrevistas foram realizadas individualmente, em local reservado na organização estudada, em datas e horários previamente agendados, durante o horário de trabalho dos participantes (diretores, gestores e funcionários).

3.5 PROCEDIMENTOS

3.5.1 Contato com os participantes

Os primeiros contatos com os dirigentes da organização investigada foram realizados em março de 2013, de maneira presencial. Em seguida, foi apresentado para os diretores o projeto de pesquisa para aprovação e solicitada a assinatura no documento de autorização da pesquisa (Apêndice B), conforme as exigências do Comitê de Ética. Após essa etapa, a pesquisadora foi convidada a participar de uma das reuniões de planejamento mensal, denominada de "reunião executiva", em que participaram todos os gestores da empresa. Nesse encontro, foram apresentados os propósitos da pesquisa, as etapas de coleta de dados e também foram esclarecidas algumas dúvidas que emergiram. Combinou-se que, após o término da pesquisa, em data não pré-estabelecida, haverá uma apresentação dos resultados do estudo para os diretores, gestores e funcionários interessados, em uma reunião, na matriz da organização.

O primeiro contato com os demais participantes da pesquisa, para convite e agendamento das entrevistas foi realizado pela própria pesquisadora. Os funcionários foram selecionados segundo os critérios anteriormente descritos e de acordo com a acessibilidade nas datas das entrevistas. Com relação aos clientes, nem todos os convites feitos foram aceitos. Nesse primeiro contato, a pesquisadora apresentou aos que aceitaram participar da pesquisa, o Termo de Consentimento, Livre e Esclarecido (Apêndice A) exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Nele foram expostos os objetivos da pesquisa, a forma de coleta dos dados, a condição da participação voluntária, a garantia do anonimato e o tratamento sigiloso dos dados colhidos. O consentimento por parte dos participantes foi efetivado por meio da assinatura do TCLE. A carta de autorização da pesquisa pelo Comitê de Ética encontra-se no Anexo B. 3.5.2 Coleta e registro das informações

A coleta de dados foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa foi realizada a coleta documental, com vistas a identificar os

valores declarados pela organização investigada e os indicadores de confiança organizacional. Em seguida, realizou-se a análise documental. Para tanto, foram solicitados materiais que a organização tinha arquivados, publicados ou que estivessem nos seus ambientes físicos. A coleta de dados foi realizada em local indicado e autorizado pela organização. Os dados originários dos documentos foram anotados no protocolo de registro elaborado pela autora (Apêndice G) e após, digitados e codificados, de acordo com as categorias.

A segunda etapa constituiu-se a partir das entrevistas que foram realizadas com diretores, gestores, funcionários e clientes, com base nos roteiros elaborados previamente. Os gestores e funcionários responderam às perguntas de um mesmo roteiro (Apêndice D) e os diretores e clientes responderam a perguntas diferenciadas (Apêndices E e F respectivamente). Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra para posterior categorização e análise dos relatos.

Anteriormente à realização das entrevistas, foi realizado um estudo piloto com três participantes escolhidos intencionalmente, guardados os critérios de seleção anteriormente citados, um teste do roteiro de entrevista a fim de assegurar validade e precisão ao mesmo, bem como para aperfeiçoá-lo. Essa etapa não foi realizada com os diretores e/ou fundadores da organização, por não haver muitos participantes disponíveis para a realização do estudo final.

Todos os participantes foram comunicados com antecedência sobre data, local e horário da entrevista. No momento agendado com cada participante, antes da aplicação do instrumento, foi mostrado o projeto de pesquisa, fazendo-se uma explanação do tema e da proposta do estudo. Da mesma maneira, eles receberam um esclarecimento quanto ao instrumento de pesquisa e foi solicitada a permissão para a gravação dos depoimentos. Após a assinatura do TCLE, foi entregue aos participantes, uma cópia com as assinaturas da pesquisadora e de sua orientadora. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra e posteriormente os relatos foram categorizados e analisados.

Concomitante às etapas da coleta de dados descritas anteriormente realizou-se observação livre não-participante que se constitui em uma técnica utilizada em pesquisa qualitativa e possui como objetivo apreender aparências, eventos e/ou

comportamentos (GODOY, 1995). A pesquisadora atuou apenas como espectadora atenta, utilizando-se como orientação para sua atuação as categorias de análise pré-estabelecidas e um diário de campo para o registro dos dados. As informações oriundas das observações foram registradas no diário de campo e posteriormente digitadas e categorizadas.

3.5.3 Análise das Informações

A análise e categorização de dados foram feitas com base nas categorias preestabelecidas e em outras que foram acrescidas durante o desenvolvimento da pesquisa. Na abordagem qualitativa, a análise e interpretação dos dados se desenvolvem de forma dinâmica, havendo espaço para reformulações constantes (TRIVIÑOS, 1987).

Os valores organizacionais foram agrupados em valores declarados, compartilhados e praticados e em valores familiares, de acordo com os conteúdos que emergiram durante as entrevistas. E os indicadores de confiança organizacional foram distribuídos de acordo com os critérios pré-estabelecidos por Oliveira (2004), isto é, padrões éticos e normas organizacionais; credibilidade da comunicação; solidez organizacional; promoção e crescimento dos funcionários e reconhecimento financeiro e profissional, bem como dos indicadores gerais de confiança e da confiança na empresa familiar pesquisada, os quais também emergiram durante as entrevistas.

A técnica utilizada na análise e interpretação dos dados foi a análise de conteúdo temático-categorial. Esse método permite a classificação dos elementos de significação constitutivos da mensagem. A análise de conteúdo é uma das abordagens mais comuns à análise de dados qualitativos e, segundo Bardin (1977), ela objetiva, por meio de procedimentos sistemáticos, obter indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção das mensagens descritas nos conteúdos.

Devido ao volume de informações obtidas, foi necessário organizar as etapas da descrição e análise dos resultados, de maneira que se iniciou descrevendo as constatações acerca dos valores organizacionais, identificados na história da organização e nas práticas do cotidiano. Em seguida, descreveu-se e analisaram-se os valores organizacionais formalmente declarados

e, por fim, enfatizaram-se os valores familiares, peculiares da organização estudada.

Da mesma forma, procedeu-se na descrição e análise dos resultados sobre confiança organizacional, iniciando-se com a descrição das constatações acerca das percepções dos entrevistados sobre o que é considerado uma empresa confiável e quais características da empresa pesquisada que a torna confiável. Em seguida, a confiança organizacional foi descrita e analisada segundo as categorias pré-definidas por Oliveira (2004) e, por fim, enfatizaram-se as peculiaridades da confiança em uma empresa familiar. Para finalizar a etapa de descrição e análise, tendo em vista o objetivo geral do presente estudo, realizou-se a seleção dos aspectos que possibilitavam relacionar os fenômenos valores e confiança organizacionais. Portanto, é importante salientar que, embora as etapas tenham sido organizadas em uma sequência lógica, elas não aconteceram de maneira linear e estática, nem são seguidas numa sequência rigorosa, acontecendo uma interação entre as etapas e uma retroalimentação entre elas que, de acordo com Triviños (1987), caracteriza os estudos qualitativos.