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Situação habitacional quanto à tipologia e condição de ocupação dos domicílios

Inicialmente, no que diz respeito à análise da condição de ocupação dos domicílios, é importante identificar a sua tipologia, se são casas ou edifícios de apartamentos, e qual dos dois tipos teve um crescimento mais expressivo dependendo da localização. Considerando os setores urbanos da RMA como um todo, ocorreu de 2000 a 2010, um maior crescimento de casas (107%) do que de apartamentos (37%). O crescimento horizontalizado encontra-se mais disperso e o verticalizado, concentrado em algumas áreas.

Observa-se a predominância de domicílios do tipo casa, tanto em 2000 como em 2010, para a maioria dos recortes espaciais com predomínio nas áreas do centro, e nas direções centro-oeste e centro-sul de Aracaju. Na região norte desse município, o surgimento de conjuntos habitacionais impulsiona o aumento no número de apartamentos (Figura 4.6).

Em 2000, havia uma proporção maior de apartamentos apenas nos bairros Treze de Jullho, Gragerú, Jardins e Luzia. Em 2010, observa-se que três recortes despontam com um expressivo crescimento: os bairros Inácio Barbosa, Farolândia e, mais ainda, o bairro Jabotiana, justamente influenciados pelo incremento na tipologia que é predominante nas habitações populares de mercado. Na Farolândia, além destes edifícios mais populares, tem-se também a ocupação da sua porção mais ao leste por edifícios destinados à classe média alta. O bairro Jardins ainda sim, apresenta a maior proporção com 90% dos domicílios do tipo apartamento.

Regiões de ocupação mais antiga, tais como os bairros São José, Centro, Pereira Lobo e Suíça, apresentam – mesmo considerando o aumento na proporção de apartamentos – um arrefecimento no processo de verticalização com relação a essas áreas.

É possível notar ainda, que a tipologia de apartamentos era praticamente inexistente na Zona de Expansão, Sede da Barra dos Coqueiros, Conjunto João Alves e Rosa Maria, e em 2010 a proporção começa a elevar-se. Na Região da Cabrita, o surgimento dos conjuntos de apartamentos é posterior a 2010, daí não aparecerem na representação, neste período, uma vez que os condomínios se encontravam em fase de construção. Na paisagem, já podem ser observados os agrupamentos verticalizados que emergem em meio à ocupação predominantemente horizontal (Figura 4.7).

4 RMA: Situação habitacional e condições de habitabilidade 71 0% 10 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % 6 0 % 7 0 % 8 0 % 9 0 % 1 0 0 % A01 - Lamarão A02 - Porto Dantas A03 - Soledade A04 - Cidade Nova A05 - Japãozinho A06 - Santo Antônio A07 - Industrial A08 - Bugio A09 - Santos Dumont A10 - Dezoito do Forte A11 - Palestina A12 - Jardim Centenário A13 - Olaria A14 - José C. de Araújo A15 - Siqueira Campos A16 - Getúlio Vargas A17 - Centro A18 - Capucho A19 - Novo Paraíso A20 - América A21 - Pereira Lobo A22 - Cirurgia A23 - Suíça A24 - São José A25 - Salgado Filho A26 - Treze de Julho A27 - Jabotiana A28 - Ponto Novo A29 - Luzia A30 - Gragerú A31 - Jardins A32 - Coroa do Meio A33 - Inácio Barbosa A34 - São Conrado A35 - Farolândia A36 - Aeroporto A37 - Atalaia A38 - Santa Maria A40 - Zona de Expansão B01 - Sede B. dos Coqueiros N01 - CT - Taiçoca de Fora N02 - CT - Taiçoca de Dentro N03 - CT - Marcos Freire 3 N05 - CT - Albano Franco N06 - CT - Piabeta N07 - CT - Distrito Industrial N08 - CT - Marcos Freire 1 N09 - CT - Marcos Freire 2 N10 - CT - Áreas Exp. Leste N11 - CT - Fernando Collor N12 - CT - João Alves N13 - CT - Áreas Exp. Sul N14 - CJ - Lot. Oeste N15 - CJ - Conjunto Jardim N16 - CJ - Lot. Leste N17 - CJ - Pai André N18 - CJ - Parque dos Faróis N19 - Sede N. S. do Socorro S01 - GRE - Rosa Elze S02 - GRE - Rosa Maria S03 - GRE - Eduado Gomes S04 - GRE - Tijuquinha S05 - GRE - Cabrita S06 - Sede São Cristóvão

Apartamento Casa 0% 10 % 2 0 % 3 0 % 4 0 % 5 0 % 6 0 % 7 0 % 8 0 % 9 0 % 1 0 0 % Apartamento Casa

Figura 4.6 - Proporção de domicílios particulares permanentes (DPP), do tipo CASA e APARTAMENTO, em 2000 e 2010.

Fonte: Agregados por setor censitário (IBGE, 2001 e 2011). Organização: Manuela Nascimento, 2013. PROPORÇÃO DE DPP - 2000 PROPORÇÃO DE DPP - 2010

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Figura 4.7 - Vistas da ocupação por casas e áreas recentes de concentração de prédios de apartamentos.

1 – Vista da região do centro-norte ao sudeste de Aracaju; 2 – Vista da região oeste para leste em Aracaju. 3 – Vista do norte para sul-sudoeste na Região da Cabrita, Povoado Oco do Pau, em São Cristóvão. Créditos: Manuela Nascimento, 06/2012 (1) e 08/2013 (2 e 3).

Para fins de identificação das áreas com maior verticalização realizou-se pesquisa, considerando o intervalo de tempo de janeiro de 2000 até agosto de 2013, nas Certidões de Habite-se11 e de Regularização12 no município de Aracaju. Como não foi possível realizar a consulta nos outros municípios13, apenas nos recortes que tiveram maior foco de observação – justamente por serem espaços de influência da política habitacional recente e encontrarem-se em um início de processo de verticalização – os edifícios foram identificados por meio de imagens de satélite e levantamento de campo (Tabela 4.2).

11 Documento que atesta que o imóvel está concluído e cumpriu as etapas de licenciamento nos órgãos responsáveis da administração municipal.

12

Documento que, caso não tenha sido emitido o Habite-se, tem o objetivo de regularizar a situação do imóvel perante o controle urbano municipal.

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Tabela 4.2 - Quantidade de unidades habitacionais do tipo apartamento, em prédios e quatro pavimentos ou mais, com Certidão de Habite-se

emitida pela Prefeitura Municipal de Aracaju.

* Não constava informação para um empreendimento. ** Não constava informação para dois empreendimentos. *** Não constava informação para três empreendimentos.

Fonte: Empresa Municipal de Urbanização de Aracaju - EMURB, 2013. Organização: Manuela Nascimento e Wallace Souza, 2013.

Bairro 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

A01 - Lamarão 0 0 0 0 0 0 144 0 0 0 0 0 0 0 144

A02 - Porto Dantas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 360 0 360

A03 - Soledade 0 0 0 112 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 112

A04 - Cidade Nova 0 0 0 266 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 266

A06 - Santo Antônio 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 192 0 0 0 192

A07 - Industrial 0 0 0 96 0 0 0 0 0 0 48 0 0 180 324

A09 - Santos Dumont 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 112 0 112

A10 - Dezoito do Forte 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 216 0 216

A13 - Olaria 0 0 0 0 0 0 0 0 160 0 0 0 608 0 768

A14 - J. C. de Araújo 0 0 176 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 176

A15 - Siqueira Campos 0 210 0 42 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 252

A17 - Centro 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 52 0 0 52

A23 - Suíça 0 0 24 72 24 0 0 80 0 24 0 112 48 0 384

A24 - São José 96 48* 0 0 0 0 0 0 0 0 111 0 48 0 303

A25 - Salgado Filho 0 24 0 0 132 0 48 26 15 0 28 0 0 0 273

A26 - Treze de Julho ** 24 84 36 36 26 76 30 30 55 0 52 39 53 541

A27 - Jabotiana ** 96 144 240 176 0 0 340 464 824 824 832 576 370 4886

A28 - Ponto Novo 0 60 0 40 0 144 432 268 0 0 180 0 0 0 1124

A29 - Luzia 74 423* 276 144 308 0 48 0 146 112 520 516 759 0 3326

A30 - Gragerú 96* 144* 72 120 152 108 112 104 72 104 156 56 104 0 1400

A31 - Jardins 216 192 288 *** 132 308 172 86 244 212 198 80 142 52 2322

A32 - Coroa do Meio 0 0 0 0 0 30 0 80 120 145 76 236 48 0 735

A33 - Inácio Barbosa 70 0 0 0 0 0 200 449 824 0 459 0 0 0 2002

A34 - São Conrado 0 0 0 0 0 0 0 1168 0 0 0 0 0 0 1168

A35 - Farolândia 20 14 84 76 812 758 154 292 740 558 472 191 148 0 4319

A36 - Aeroporto 0 0 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 168 0 208

A37 - Atalaia 0 16 74** 15 40 140 0 16 36 0 28 50 286 248 949

A38 - Santa Maria 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 352 396 0 748

A39 - 17 de Março e

A40 - Zona de Expansão 10 0 0 0 0 0 0 24 0 0 288 504 788 72 1686

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No município de Barra dos Coqueiros, os novos empreendimentos da habitação popular de mercado ultrapassam os limites da área da sede municipal. Na área da sede (B01) há cerca de mil e duzentas unidades já construídas e entre quinhentas e seiscentas já em construção. Dentre os imóveis que serão construídos fora da área da sede do município, destaca-se a implantação de um grande aglomerado com dez condomínios, com onze edificações em média, totalizando assim, aproximadamente mil setecentas e sessenta unidades habitacionais, onde os prédios seguirão o padrão dos condomínios em processo de construção. No recorte Área de Expansão Leste (N10) do Complexo Taiçoca, observaram-se quinhentas e vinte oito unidades habitacionais concluídas, quatrocentas e cinquenta e seis em construção, e duzentas e oitenta e oito em fase de lançamento. Em São Cristóvão, tem-se, na região da Cabrita (S05) e Rosa Maria (S02), cerca de 2500 novas unidades residenciais do tipo apartamento (em sua maioria após 2008), somando-se os condomínios concluídos, em construção e em fase de lançamento.

Em Aracaju, o bairro Jabotiana teve o maior número de unidades habitacionais em edifícios com quatro ou mais pavimentos, seguido pelos bairros Farolândia, Luzia, Jardins e Inácio Barbosa. Os bairros centrais, que nas décadas anteriores haviam recebido maiores quantidades de prédios de apartamento, assim como o bairro Treze de Julho, apresentaram uma redução no número de unidades construídas.

Nos bairros Jabotiana, Inácio Barbosa, São Conrado e Ponto Novo, situam-se a maior parte das unidades habitacionais situadas no contexto da habitação popular de mercado, formando-se assim, a maior concentração de habitações destinadas à classe média na porção oeste e sudoeste do município, a qual se agrupa com a região da Cabrita em São Cristóvão.

Seguindo pelo sudoeste até o sul, verificam-se as unidades habitacionais construídas nos bairros Santa Maria e Zona de Expansão (na área do “bairro novo”, 17 de Março e proximidades), oriundas da habitação de interesse social e PAR e formam um bloco destinado às populações com menor faixa de renda. Esses empreendimentos, também são encontrados na zona norte de Aracaju e respondem pelas unidades habitacionais desse tipo correspondentes aos bairros Lamarão, Porto Dantas, Soledade e Cidade Nova. Observou-se que nesses casos, o grande volume de unidades compõem poucos ou apenas um empreendimento, construídos em um ano específico, o que não caracteriza estas áreas como espaços de expansão habitacional, mas sim, destinadas a uma alocação de natureza política

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dessas populações, na qual se formam aglomerações isoladas, cercadas por áreas de baixas condições de infraestrutura urbana.

Com relação aos bairros Treze de Julho e Jardins, é importante observar que apesar de não apresentarem os maiores valores em números de unidades, apresentam impacto significativo quanto aos efeitos da verticalização, uma vez que os edifícios nestas áreas, destinados à classe média alta, têm menos apartamentos por andar e mais pavimentos. Ocorrem assim mais edificações e, devido à posição que ocupam mais ao leste e ao evidente descumprimento às regras de afastamento entre uma edificação e outra, contribuem nas alterações do fluxo dos ventos estimulando a formação de ilhas de calor a sotavento.

Considerando o expressivo volume de unidades edificadas e em construção nos bairros Farolândia, Luzia e Atalaia, é possível afirmar que as habitações verticalizadas destinadas aos segmentos de maiores faixas de renda, avançam para o centro-oeste e centro-sul abrangendo até a orla.

Em Aracaju, como o processo é mais antigo, verificam-se diversos patamares de edificações, que se adequam às possibilidades de construção de prédios cada vez mais altos considerando a legislação urbanística, a qual também determina para onde os prédios se deslocam, tal como já visto em relação ao bairro Atalaia (Figura 4.8). Nos demais municípios, as edificações comportam, em sua maioria, no máximo quatro pavimentos.

Figura 4.8 - Vista dos diversos patamares da verticalização em Aracaju.

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Novas áreas de aglomeração de edifícios podem ser observadas na sede do município de Barra dos Coqueiros, no Complexo Taiçoca em Nossa Senhora do Socorro, na região do Povoado Cabrita e loteamento Rosa Maria em São Cristóvão, bem como no bairro Jabotiana em Aracaju.

Nelas encontram-se diversos aspectos constantes nas ocupações recentes na RMA (Figura 4.9). A rápida ocupação de terrenos vazios em áreas urbanas, os quais tiveram maior valorização após a implantação de obras de melhoramento do sistema viário, nestes casos, a ponte sobre o rio Sergipe que liga Aracaju à Barra dos Coqueiros e a ponte sobre o rio do Sal que liga Aracaju ao leste do Complexo Taiçoca (1 e 2); a ocupação de terrenos em áreas qualificadas como rurais ou que apresentavam baixo valor no mercado imobiliário no município de São Cristóvão, mas que agora fomentam a especulação imobiliária das áreas em seu entorno (3 e 4); a ocupação das áreas limítrofes de Aracaju com outros municípios, neste caso, o limite Aracaju-São Cristóvão e a grande extensão dos aterramentos e supressões ambientais para implantação dos condomínios (5).

Na Zona de Expansão e em São Cristóvão, ocorreram restrições à construção de edifícios, referentes às deficiências quanto ao esgotamento sanitário e macrodrenagem. Estas restrições deslocaram muitas construções para os bairros Farolândia e, sobretudo Jabotiana.

As restrições foram realizadas por meio de ações civis públicas datadas de 200814 (Zona de Expansão) e 201115 (São Cristóvão). A sentença do processo julgado na Comarca de São Cristóvão permitiu alguns empreendimentos efetuarem registros de incorporação determinando algumas condições, entre elas, que fossem aqueles cujos alvarás sejam de renovação aos expedidos anteriormente à liminar de 04/04/2012 e; empreendimentos que tenham um projeto individualizado de drenagem, sem depender do projeto de macrodrenagem a ser realizado pelo município.

A proibição de licenciamento de empreendimentos que não se enquadram nestas duas condições permanece em São Cristóvão, uma vez que o município não recorreu da decisão, ou apresentou comprovações quanto à resolução das carências de gestão e infraestrutura apontadas. Na Zona de Expansão, o processo encontra-se em andamento, com obras iniciadas em algumas das áreas para diminuir as deficiências na macrodrenagem e esgotamento sanitário.

14 Número do processo: 0002637-41.2009.4.05.8500/ Justiça Federal em Sergipe. 15 Número do processo: 201183000951/ Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe.

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Figura 4.9 - Vistas de áreas de verticalização recentes na RMA, nos padrões da habitação popular de mercado.

Créditos: Manuela Nascimento (1,2,3 e 4), Ivo Matias (5), agosto de 2013.

Mesmo considerando as restrições legais ou as questões já identificadas, as construções avançam na RMA. São bem representativas as dimensões e organização de um grande canteiro de obras – localizado às margens da porção restante de uma lagoa freática, rodeada por aterros e resquícios de manguezais, em área de implantação de condomínios nas proximidades do limite de Aracaju com São Cristóvão – e, a ponte Gilberto Vila-Nova de

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Carvalho, inaugurada recentemente, que facilitou o acesso à outra grande área já aterrada entre o Conjunto Augusto Franco e o bairro Inácio Barbosa, abrindo mais uma frente de ocupação às margens do rio Poxim (Figura 4.10).

Assim, considerando esta distribuição da implantação de novas habitações, sua intensificação e a emergência destes espaços, partiu-se para uma verificação da situação do rendimento e da condição de ocupação dos domicílios, a fim de encontrar indicativos das necessidades habitacionais da população e suas possibilidades de aquisição dependendo da localização na RMA. Observou-se que na medida em que o processo avança, emergem contrastes quanto à situação dos novos empreendimentos nos locais previamente ocupados.

Figura 4.10 - Grande canteiro de obras e ponte para ampliação de sistema viário: Elementos representativos da expansão habitacional.

Créditos: Manuela Nascimento, setembro de 2013.

Estas disparidades e controvérsias no atual modelo de provisão habitacional correspondem a alguns aspectos observados em campo. Em primeiro lugar, observa-se que na área da implantação dos novos condomínios, a valorização dos imóveis causa um movimento especulativo que se reflete em valores superestimados cobrados tanto para aluguel quanto para a venda (Figura 4.11).

Este fato constata-se, sobretudo no bairro Jabotiana (1) e na área de expansão leste do Complexo Taiçoca. Neste segundo recorte, verifica-se que os imóveis à venda no entorno dos edifícios, em sua maioria casas, juntam-se aos imóveis à venda nos condomínios. Interessante observar que mesmo o modelo de provisão apresentado a função de suprir o déficit habitacional, a grande quantidade de imóveis disponíveis à venda nos condomínios,

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demonstra o quanto são adquiridos com a finalidade de “aproveitar” o bom momento para investir na compra de um imóvel e a especulação correspondente.

Em (2) e (3) observam-se os reflexos das deficiências no direcionamento da política habitacional. Enquanto muito imóveis são adquiridos com fins de especulação imobiliária, emergem diversas ocupações habitacionais irregulares na RMA. Em (2), o “Condomínio Recanto dos Manguezais” constitui-se em um assentamento populacional em condições precárias de habitabilidade, situa-se em uma área onde se instalaram um grande volume de condomínios entre o Conjunto Augusto Franco e rio Poxim. Em (3), tem-se a ocupação irregular de terrenos um pouco mais distantes dos aglomerados urbanos, comumente realizada por movimentos sociais. Em (4) observa-se um assentamento precário às margens do rio e os “novos condomínios” ao fundo, que se instalam com uma infraestrutura interna de razoável a boa, em detrimento das condições das localidades em seu entorno, as quais permanecem com as mesmas carências.

Figura 4.11 - Registros de disparidades quanto à necessidade habitacional.

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Observando-se a situação de evolução dos rendimentos mensais (domiciliar e per

capita) nos recortes intrametropolitanos, em função da evolução no número de moradores e

de domicílios particulares permanentes, foi possível realizar um agrupamento dos recortes, considerando os locais onde a evolução no rendimento acompanhava o crescimento populacional e domiciliar (Figura 4.12).

A partir dos resultados, verifica-se que em alguns recortes, a evolução no quantitativo domiciliar e populacional (EDP) é menor (grupos 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13), equivalente (grupos 10, 14 e 17) ou maior (grupos 1, 9, 15 e 16) que a evolução no rendimento (ER), variando na intensidade do aumento, o que coloca alguns recortes em melhor ou pior situação em relação ao conjunto. Na maioria dos recortes, constatou-se ainda que a ER é maior que EDP. O recorte N17 - Pai André, obteve o pior resultado considerando o conjunto da RMA (Quadro 4.2).

Vale destacar que existem casos de bairros ocupados, sobretudo pela classe média alta (Jardins e Treze de Julho), em que ocorre uma alta EPD, com menor ER. Esse fato pode ser atribuído não a um comportamento descendente dos rendimentos com relação ao CPD, mas, às deficiências existentes na declaração do valor real dos rendimentos na pesquisa censitária, comum em áreas de alta renda. Por outro lado, há recortes em que ocorre menor EPD e alta ER em função dos efeitos de políticas públicas de compensação de renda, tais como o Programa Bolsa Família, que tiveram impacto no aumento dos rendimentos em áreas de baixa renda. Considerando estes fatos, foi possível encontrar grupos formados por áreas de condições de vida bastante distintas.

Quanto a esta relação, observa-se que até então os espaços verificados de intensa expansão da habitação popular de mercado situam-se nas condições mais favoráveis. Contudo, é importante considerar que o crescimento no rendimento não se constitui em um indicador a ser considerado isoladamente, pois o grau de endividamento das famílias e o custo de vida têm influência direta na capacidade de pagar os financiamentos realizados para adquirir os imóveis.

Embora esse estudo tenha considerado apenas a situação geral da distribuição e evolução dos rendimentos, outros indicadores, caso sejam analisados, poderão fornecer um retrato mais condizente com a realidade das famílias que realizaram os financiamentos habitacionais.

4 RMA: Situação habitacional e condições de habitabilidade 81 E v o luç ã o d a q u a n tida d e d e D P P ( % ) E v o luç ã o d a q u a n tida d e d e m o ra d o re s e m D P P ( % ) E v o luç ã o d a q u a n tida d e d e m o ra d o re s e m D P P ( % )

Figura 4.12: Gráficos de dispersão relativos à comparação entre a evolução da quantidade de domicílios particulares permanentes (DPP), de moradores e o rendimento

total e per capita de 2000 a 2010.

Fonte: Agregados por setor censitário (IBGE, 2001 e 2011). Organização: Manuela Nascimento, 2013. -100 0 100 200 300 400 0 50 100 150 200 250 300 -100 0 100 200 300 0 50 100 150 200 250 300

Evolução do Total de Rendimento Mensal Domiciliar (%)

-100 0 100 200 300 0 50 100 150 200 250

Evolução do Total de Rendimento Mensal Domiciliar (%)

Evolução do Rendimento Mensal Domiciliar per capita (%)

E v o luç ã o d a q u a n tida d e d e D P P ( % ) -100 0 100 200 300 400 0 50 100 150 200 250

4 RMA: Situação habitacional e condições de habitabilidade 82

Quadro 4.2 - Grupos formados pela relação entre a evolução dos quantitativos populacional e domiciliar (EPD) e a evolução dos rendimentos (ER), de 2000 a 2010.

Grupo EPD ER Recortes Espaciais

1 -15 a 25% 0 a 25% N17 - CJ - Pai André; 2 -15 a 25% 25 a 50% A24 - São José; A17 - Centro; 3 -15 a 25% 50 a 100%

N12 - CT - João Alves; A23 – Suíça; A25 - Salgado Filho; A21 - Pereira Lobo; A22 – Cirurgia; N03 - CT - Marcos Freire 3; N09 - CT

- Marcos Freire 2; A29 – Luzia;

4 -15 a 25% 100 a 150%

A16 - Getúlio Vargas; N11 - CT - Fernando Collor; A34 - São Conrado; S03 - GRE - Eduardo Gomes e Luiz Alves; A10 - Dezoito

do Forte; A08 - Bugio; N19 - Sede N. S. do Socorro; N08 - CT - Marcos Freire 1; A15 - Siqueira Campos; A07 – Industrial; A09 - Santos Dumont; A14 - José Conrado de Araújo; N15 - CJ - Conjunto

Jardim; S06 - Sede São Cristóvão; S01 - GRE - Rosa Elze; N18 - CJ - Parque dos Faróis; A06 - Santo Antônio; A20 - América; A19 -

Novo Paraíso; A28 - Ponto Novo; N01 - CT - Taiçoca de Fora; 5 -15 a 25% 150 a 200% A05 - Japãozinho; A11 - Palestina; N14 - CJ - Loteamentos Oeste;

A18 – Capucho; N13 - CT - Áreas de Expansão Sul; A13 - Olaria; 6 25 a 50% 50 a 100% A30 – Gragerú; A36 – Aeroporto; A32 - Coroa do Meio; 7 25 a 50% 100 a 150% S04 - GRE – Tijuquinha; N02 - CT - Taiçoca de Dentro; B01 - Sede

Barra dos Coqueiros; A12 - Jardim Centenário; A35 – Farolândia; 8 25 a 50% 150 a 200% A04 - Cidade Nova; N16 - CJ - Loteamentos Leste; A03 – Soledade;

A38 - Santa Maria 9 50 a 100% 25 a 50% A26 - Treze de Julho;

10 50 a 100% 50 a 100% N05 - CT - Albano Franco; A27 - Jabotiana; A37 – Atalaia; S02 - GRE - Rosa Maria

11 50 a 100% 100 a 150% A02 - Porto Dantas; A33 - Inácio Barbosa; 12 50 a 100% 150 a 200% A01 - Lamarão; N06 - CT – Piabeta; 13 50 a 100% Maior que

200% S05 - GRE - Cabrita

14 100 a 150% 100 a 150% N10 - CT - Áreas de Expansão Leste

15 150 a 200% 50 a 100% N07 - CT - Distrito Industrial e N04 - CT - Áreas de Expansão Central 16 Maior que 200% 50 a 100% A31 – Jardins; 17 Maior que 200% Maior que

200% A40 - Zona de Expansão e A39 - 17 de Março Fonte: Agregados por setor censitário (IBGE, 2001 e 2011). Organização: Manuela Nascimento, 2013.

Comparando-se a condição de ocupação dos domicílios na RMA, em 2000 e 2010, têm-se mais alguns indicativos da evolução da situação habitacional. As pesquisas censitárias do IBGE estabelecem as seguintes condições de ocupação: próprios ou quitados, em quitação, alugados, cedidos por empregador, cedidos de outra forma e com outra condição de ocupação.

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Tanto em 2000 quanto em 2010, a grande maioria dos recortes intrametropolitanos apresentou um percentual de domicílios próprios e quitados acima de 50% e em alguns casos o percentual atinge 80%. Outro fato importante a ressaltar é que as áreas com maior percentual de imóveis em aquisição correspondem aos conjuntos habitacionais mais recentes em Nossa Senhora do Socorro e às áreas já apontadas como de crescimento domiciliar elevado nesta última década (Figura 4.13).

O bairro Jabotiana, os Conjuntos Marcos Freire III, Fernando Collor e Albano Franco