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SITUA¬«0 DE APRENDI;AGEM 4 A C0NCEP¬«0 DIAL­TICA DA LIBERDADE

Nesta Situação de Aprendizagem, será abordada a concepção dialética da liberdade, procurando apresentá-la como uma síntese superadora da contradição entre o liberta- rismo e o determinismo. Para tanto, inicia- remos com uma breve exposição sobre o sentido geral do termo “dialética”, esclare- cendo alguns dos inÙmeros signiàcados que ele adquiriu ao longo da histÓria da Filoso-

àa, passando por àlÓsofos como )eráclito, SÓcrates, Platão, )egel, Marx e Engels. Pos- teriormente, enfatizaremos a perspectiva do materialismo histÓrico dialético, particular- mente no que diz respeito à sua concepção de homem. Entendemos que, dessa forma, é possível superar tanto a onipotência ingênua do libertarismo como a impotência imobi- lista do determinismo.

Conteúdos e temas: introdução ao conceito de dialética; concepção dialética da liberdade.

CompetËncias e habilidades: relacionar informaç×es de fontes variadas com conhecimentos de situaç×es diversas, para construir argumentação consistente; apreender o conceito de dialética, em suas diferentes acepç×es, articulando-o com a questão da liberdade; identiàcar as contribuiç×es e os limites das concepç×es de liberdade abordadas e posicionar-se criticamente em relação a elas; trabalhar com os conceitos e as teorias dos autores estudados; ler, compreender e interpretar textos teÓricos e àlosÓàcos; expressar-se por escrito e oralmente de forma sistemática; elaborar hipÓteses e quest×es com base nas leituras e debates realizados.

Sugestão de estratégias: levantamento das opini×es dos alunos sobre o problema da liberdade; discussão em grupo das quest×es apresentadas nas aulas; leitura sistemática e problematizadora de textos e elaboração escrita do prÓprio pensamento; pesquisa bibliográàca complementar; utilização de mÙsicas e àlmes.

Sugestão de recursos: discussão em sala de aula; bibliograàa complementar; mÙsicas.

Sugestão de avaliação: sugerimos que sejam avaliados o domínio do conteÙdo (conceitos, ideias, raciocínios etc.) estudado, a capacidade de expressão clara, áuente, coerente, coesa, bem articulada e consistente (bem fundamentada, buscando superar o senso comum) e o envolvimento do aluno nas atividades propostas. Como instrumentos de avaliação, recomendam-se dissertaç×es individuais, provas dissertativas e reáexivas, veriàcação das atividades do Caderno do Aluno, participação em sala e outros trabalhos que o professor julgar adequados e pertinentes.

Sondagem e sensibilização

A partir de uma conversa com os alunos, divididos em grupos, oriente-os a citar exem- plos de situaç×es do cotidiano que não se pode aàrmar que são marcadas pelo libertarismo, tampouco pelo determinismo.

Ao apresentar seus exemplos, cada grupo deve ser estimulado a argumentar de acordo com as características de cada uma das teorias estudadas.

No fechamento da sondagem, você, profes- sor, poderá anunciar que, nesta Situação de

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Aprendizagem, serão estudadas as contribui- ç×es teÓricas que nos ajudam a pensar justa- mente a respeito da possibilidade de superação do dilema entre libertarismo e determinismo.

Para a primeira etapa, propomos uma atividade com base na observação da ima- gem das ondas do mar. 0 objetivo dessa observação e posterior análise é tentar apro- ximar o aluno de uma perspectiva da dialé- tica. Evidentemente, o mar em movimento não preenche todos os requisitos necessários

para a deànição e a compreensão do conceito de dialética. Nem poderia preencher, visto não ser esse o propÓsito ao observar essa imagem. Sua utilização, no entanto, pode ajudar o aluno a perceber a perspectiva de movimento, de transformação, uma das características da dialética. A atividade con- siste em pedir a eles que analisem a imagem e respondam em seus Cadernos à seguinte questão Que relação a imagem do mar e do movimento de ondas pode ter com a noção de dialética? Justiàque. © : uri Z Br ZL aZ lo/iStoc L photo/Thin L stoc L /Gett Z Ima ges

Em seguida, é proposta a leitura do texto A dialética, no qual apresenta- mos alguns dos significados que o termo adquiriu ao longo da histÓria da Filo- sofia. Assim, partindo da definição geral extraí da de um dicionário da língua portu- guesa, passamos muito rapidamente por )erá- clito, SÓcrates, Platão e )egel, chegando a Marx e Engels, autores que forneceram os

fundamentos teÓricos da perspectiva de liber- dade que será enfatizada na etapa seguinte. Trata-se, claro, de uma explanação sumária, apenas para ilustrar de forma parcial o per- curso histÓrico do conceito e os diferentes signiàcados que ele adquiriu de um autor para outro. 0 texto mencionado encontra-se repro- duzido a seguir e no Caderno do Aluno, na seção Leitura e análise de texto.

A dialética

Vimos que tanto o libertarismo como o determinismo levantam quest×es importantes sobre o pro- blema da liberdade, mas não oferecem respostas suficientes para ele. Enquanto o libertarismo descon- sidera a influência das circunstâncias em nossas decis×es, o determinismo enfatiza de tal maneira essa influência que chega a negar a liberdade. Mas existiria uma posição capaz de aproveitar a contribuição positiva dessas duas concepç×es de liberdade e, ao mesmo tempo, superar suas limitaç×es Uma posição que admita os condicionamentos externos sem abrir mão da liberdade Uma possível resposta parece ser a concepção dialética da liberdade.

Mas o que vem a ser dialética De acordo com o dicionário, “em sentido bastante genérico”, a palavra está associada à ideia de “oposição, conflito originado pela contradição entre princípios teÓricos ou fenômenos empíricos”1.

Um dos primeiros a desenvolver essa forma de pensar foi )eráclito, filÓsofo grego do período pré- -socrático que viveu na cidade de ­feso, nos séculos VI e V a.C. Para ele, nada é imÓvel, imutável, isto é, nada permanece aquilo que é; ao contrário, tudo está em movimento, tudo muda, tudo flui, tudo se transforma, tudo é devir. Por isso, ele teria dito “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, porque tanto as águas como a pessoa que entra nelas novamente já não são as mesmas.

0 motor dessa transformação é a contradição que está contida em todas as coisas. Isso quer dizer que, no interior de cada coisa, há forças opostas em luta entre si e que fazem com que essa coisa deixe de ser o que é e se torne outra coisa. Em outras palavras, cada coisa é uma “unidade de contrários”. Dia e noite, vida e morte, luz e escuridão, tristeza e alegria, quente e frio, amor e Ódio, acaso e necessidade, beleza e feiura, enfim, qualquer que seja a dupla de contrários que se imagine, cada elemento da contradição traz dentro de si a sua negação (o seu contrário) e nele se transforma, em um movimento infinito.

No tempo de SÓcrates e Platão, a palavra “dialética” designava certo modo de discutir ou dialogar que tinha por objetivo explicitar as contradiç×es presentes no raciocínio dos interlocutores, a fim de superar as divergências das opini×es particulares e atingir o conhecimento verdadeiro2. Portanto,

também aí o conceito de dialética estava associado à ideia de contradição, de conflito, de antagonismo e de busca de sua superação. No caso da dialética socrática e platônica, tratava-se da contradição presente no pensamento e no discurso, responsável por produzir um conhecimento falso ou, pelo menos, impreciso (opinião – doxa) e que precisava ser substituído por outro, considerado verdadeiro (ciência – episteme).

De lá para cá, ao longo da histÓria da Filosofia, inÙmeros filÓsofos fizeram uso do conceito de dialética, atribuindo a ele diferentes conotaç×es, mas sempre enfatizando o aspecto da contradição. A contradição, portanto, é um elemento fundamental na perspectiva dialética.

Mas quem de fato sistematizou a dialética como método de interpretação da realidade foi um filÓsofo alemão idealista, dos séculos XVIII e XIX, chamado Georg Wilhelm Friedrich )egel. De modo muito simplificado, podemos dizer que )egel retoma a tese de )eráclito da luta dos contrários e, por meio dela, afirma que a histÓria é um processo que resulta das contradiç×es presentes no pensamento. Analisando a evolução do pensamento humano, )egel percebeu que ela ocorre por um processo que envolve três momen- tos o da tese (afirmação de uma ideia ou posição), o da antítese (afirmação da ideia contrária à primeira) e o da síntese (conclusão derivada da superação da contradição entre as duas primeiras). Esta conclusão, uma vez estabelecida, será transformada em uma nova síntese, recomeçando o processo. ­ o que ocorre,

1 Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

2 Esse sentido é mais prÓximo do etimolÓgico, pois dialética vem do termo grego dialektkê que significa “arte de discutir e usar

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por exemplo, segundo ele, com os sistemas filosÓficos ao longo da histÓria, tais sistemas sucederam-se uns aos outros por um processo de tese, antítese e síntese. Como )egel considerava que o motor da histÓria é o pensamento (as ideias, a consciência, o espírito), dizemos que a sua filosofia tem caráter idealista.

,arl Marx absorveu o nÙcleo dialético do pensamento hegeliano, mas conferiu a ele um caráter materialista. Para Marx, a realidade, o mundo e a sociedade também têm contradiç×es, mas essas con- tradiç×es não são resultado do pensamento, e sim do modo como os homens produzem a sua existência material e do tipo de relaç×es sociais que estabelecem entre si nesse processo produtivo. Por exemplo, no modo de produção capitalista, as relaç×es sociais dominantes ocorrem entre capitalistas (proprietários dos meios de produção) e proletários (proprietários da força de trabalho). Entre essas duas classes sociais, há uma relação de contradição, de antagonismo, pois a realização dos interesses de uma (exploração do trabalho e obtenção da mais-valia) implica a negação dos interesses da outra (libertação da exploração). Assim, uma das principais contradiç×es da sociedade é justamente a luta de classes, que, na visão de Marx e Friedrich Engels – seu colaborador em boa parte de suas obras – não é exclusiva da sociedade capitalista, mas algo que se verifica em toda a histÓria da humanidade e que, para eles, é o motor das transformaç×es que se sucederam ao longo dessa histÓria. Nas palavras dos autores

“A histÓria de toda sociedade existente até hoje tem sido a histÓria das lutas de classes.

)omem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e companheiro, em uma palavra, opressor e oprimido, em constante oposição, têm vivido uma guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou sempre pela reconstituição revolucionária de toda a sociedade ou pela destruição das classes em conflito.

Desde as épocas mais remotas da histÓria, encontramos, em praticamente toda parte, uma complexa divisão da sociedade em classes diferentes, uma gradação mÙltipla das condiç×es sociais. Na Roma Antiga, havia patrícios, guerreiros, plebeus, escravos. Na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, com- panheiros, aprendizes, servos; e, em quase todas essas classes, ainda outras camadas subordinadas.

A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonis- mos de classe. Apenas estabeleceu novas classes, novas condiç×es de opressão, novas formas de luta, em lugar das velhas.”3

Assim, para Marx e Engels, não é o pensamento que, organizando-se de forma contraditÓria (tese, antítese e síntese), produz a realidade material, mas sim, a realidade material que, por força das contradiç×es que existem nela (como a luta de classes, por exemplo), gera as diferentes formas de pensamento. Dizendo de outra maneira “Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”4.

Eis, portanto, o materialismo de Marx e Engels. Porém, como se trata de um materialismo dialético, isto é, que afirma a existência da contradição, da luta dos contrários, essa relação de determinação também é contraditÓria, de modo que, se, de um lado, a consciência é determinada pela vida, de outro lado, a vida também é determinada pela consciência. )á, na realidade, uma ação recíproca de mÙtua determinação entre os elementos opostos. Daí a conclusão dos autores para todo esse raciocínio de que “[...] as circunstâncias fazem os homens, assim como os homens fazem as circunstâncias”5.

Essa Ùltima afirmação já nos sugere um caminho alternativo para superar a contradição entre determinismo e libertarismo, como veremos na prÓxima etapa.

3 MARX, ,arl; ENGELS, Friedrich. 0 Manifesto Comunista. In B0:LE, David. O Manifesto Comunista de Marx e Engels.

Rio de +aneiro +orge ;ahar, 200. p. 33-34.

4 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. Tradução Rubens Enderle, Nélio Schneider, Luciano Cavini Marto-

rano. Texto final Rubens Enderle. São Paulo Boitempo, 2007. p. 94.

5 Ibidem. p. 43

Para auxiliar no entendimento e na àxação de alguns conceitos trabalhados no texto, pro- pomos aos alunos as seguintes quest×es, cujas respostas poderão ser registradas no Caderno do Aluno

1. Como se pode deànir a dialética em um sentido mais geral

2. Qual é o signiàcado da frase atribuída a )eráclito “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio” Você concorda com ele 3. Que sentido tinha o termo “dialética” para

SÓcrates e Platão

4. Qual é a principal diferença entre a dialé- tica de )egel e a de Marx e Engels

5. Analise e comente o signiàcado da frase de Marx e Engels “A histÓria de toda socie- dade existente até hoje tem sido a histÓria das lutas de classes”.

A etapa seguinte é dedicada à concepção dia- lética da liberdade. Como motivação inicial, os alunos poderão comentar e tomar posição sobre a seguinte aàrmação, presente no texto lido f “As circunstâncias fazem os homens, assim

como os homens fazem as circunstâncias.”

Ela será mais trabalhada ao longo desta etapa, mas seria interessante observar a forma como eles a interpretam apenas à luz do estudo feito até aqui. Em seguida, indique a leitura do texto intitulado Dialética e liberdade, no qual é articulada a perspectiva de Marx e Engels sobre a dialética com a questão da liberdade. 0 objetivo é mostrar que, desse ponto de vista, é possível superar tanto o redu- cionismo do libertarismo como o do determi- nismo. Para isso, partimos da concepção de homem como “conjunto das relaç×es sociais”, explicitando, assim, seu caráter socialmente determinado. Tal determinação, porém, não se dá de modo absoluto, mecânico, unilateral, pois não elimina a condição do homem de sujeito de sua histÓria. Como, porém, os homens não fazem a histÓria a seu bel-prazer, visto que estão limitados pelas circunstâncias materiais em que se encontram, sua liberdade não é total, pois sofre a interferência de causas externas a ele. Enàm, as circunstâncias fazem os homens, mas os homens também fazem as circunstâncias. Para a compreensão dessa perspectiva, são fun- damentais os conceitos de “contradição” e de “ação recíproca”, sobretudo para evitarmos o risco de incorrer no determinismo. 0 texto suge- rido para esta etapa encontra-se reproduzido a seguir e também na seção Leitura e análise de texto do Caderno do Aluno.

Dialética e liberdade

0 problema da liberdade diz respeito à ideia que se tem do homem e do papel (ativo ou passivo) que ele desempenha na histÓria. Na perspectiva do materialismo histÓrico dialético, o homem é o conjunto das relaç×es sociais, uma vez que ele (homem) não pode ser concebido como um ser abstrato, isolado, destacado do mundo concreto em que vive (como pode nos fazer pensar a pers- pectiva do libertarismo). Ao entender que é o homem que se faz pelas relaç×es sociais, reconhece- mos que ele (homem) não está imune às circunstâncias em que vive e às relaç×es sociais que estabelece com seus semelhantes. Pelo contrário, ele é, em grande medida, produto dessas relaç×es e transforma-se continuamente com as transformaç×es dessas relaç×es. 0 homem da sociedade capitalista não é o mesmo do feudalismo, que, por sua vez, não é o mesmo do escravismo, que não é o mesmo das comunidades primitivas. Podemos dizer, portanto, que o homem é determinado pelas relaç×es sociais ou que ele é socialmente determinado.

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ApÓs a leitura, sugerimos duas quest×es, cujo objetivo é auxiliar na compreensão e na àxação de alguns dos conceitos trabalhados 1. 0 que signiàca dizer que o homem é um

“conjunto de relaç×es sociais”

2. Como a concepção dialética procura su- perar a contradição entre libertarismo e determinismo Posicione-se.

As quest×es podem ser debatidas entre os alunos, inicialmente em pequenos grupos, para depois haver uma discussão com a sala toda, mediada por você, professor. ­ impor- tante que os alunos construam seus argu-

mentos com os conteÙdos que foram traba- lhados ao longo desta e de outras Situaç×es de Aprendizagem.

Para concluir o estudo sobre liber- dade, nesta mesma etapa, os alunos poderão analisar as imagens repro- duzidas a seguir, procurando explicitar e dis- cutir a concepção de liberdade nelas subjacente, de acordo com a proposta de Lição de casa do Caderno do Aluno.

0 objetivo dessa breve análise é que os alu- nos identifiquem diferentes concepç×es de liberdade e demonstrem que são capazes de empregar os conceitos estudados.

Mas, como vimos, a dialética sup×e a contradição e a ação recíproca entre os elementos de uma dupla de contrários. Portanto, conceber o homem dialeticamente implica entender que a relação dele com a histÓria, com a sociedade, com a natureza, com os outros homens, enfim, com a realidade que o cerca é também contraditÓria e de mÙtua determinação. Desse modo, se as relaç×es sociais produzem os homens, também os homens produzem as relaç×es sociais que viven- ciam. 0u, nas palavras de Marx e Engels “[...] as circunstâncias fazem os homens, assim como os homens fazem as circunstâncias”1.

Assim, do ponto de vista da dialética, o homem tem um papel ativo na determinação das circunstâncias em que vive. Porém, como ele é também socialmente determinado, cabe perguntar Em que medida ele é realmente capaz de alterar as relaç×es sociais de que participa Até onde vai o seu poder de fazer a histÓria Com que grau de liberdade ele pode fazer isso De acordo com Marx “0s homens fazem a sua prÓpria histÓria; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram”2. Não se trata, portanto, de um poder ilimitado,

absoluto, tampouco de um poder irrisÓrio, insignificante, nulo.

Concluindo, podemos dizer que a perspectiva dialética permite superar tanto a onipotência do libertarismo quanto a impotência do determinismo. Assim, ela coloca sobre nossos ombros a exata medida de responsabilidade que nos cabe na construção de nosso destino. De fato, não podemos tudo. Mas há algo que podemos, a partir das condiç×es objetivas em que nos encontra- mos. E é nessa margem relativa de possibilidades limitadas que podemos fazer valer a nossa liberdade.

1 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. Tradução Rubens Enderle, Nélio Schneider, Luciano Cavini Martorano.

Texto final Rubens Enderle. São Paulo Boitempo, 2007. p. 43.

2 MARX, Karl. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. Tradução Nélio Schneider. São Paulo Boitempo, 2011. p. 25.

© Studio-Anni L a/iStoc L photo/Thin L stoc L / Gett Z Ima ges

Figura 2 – As coisas acontecem porque estão marcadas ou porque disseram que acontecerão e, por isso, se fazem acontecer

© Edson Gr

andisoli/Pulsar Ima

gens

Figura 3 – Ainda que o homem tenha criado a agricultura, o resultado final da safra está sujeito aos caprichos da natureza.

Figura 4 – 0 povo quis votar para presidente, porém seus representantes não permitiram.

©

+uca Martins/Pulsar Ima

gens

Avaliação da Situação de

Aprendizagem

Novamente, convém registrar que, para nÓs, é você, professor, quem deve decidir quando e como avaliar seus alunos. De todo modo, apresentamos a seguir algumas quest×es, a título de contribui- ção. As quest×es também se encontram no Caderno do Aluno, na seção Você aprendeu . 1. De que forma o conceito de ação recíproca

pode questionar o determinismo

O conceito de ação recíproca questiona o determinismo porque permite o entendimento de que é possível criar ou recriar situações a partir de condições dadas, de que é pos- sível mudar situações originadas por fatores externos à von- tade do homem.

2. Apresente a diferença entre a concepção de dialética dos autores analisados.

Houaiss: oposição, conflito originado por contradição entre teorias.

Heráclito: movimento provocado pela contradição que está presente em todas as coisas.

Platão e Sócrates: diálogo, contradição, antagonismo e busca de superação.

Hegel: contradição entre pensamentos – afirmação de uma ideia, oposição a esta ideia e produção de nova ideia como superação da afirmação e da negação.

Marx: contradição no campo da produção das condições materiais de sobrevivência. Admite afirmação, negação e sín- tese que resulta dessa confrontação entre tese (afirmação) e antítese (negação).

3. Elabore, em folha avulsa, uma disserta- ção sobre o tema “a concepção dialética de liberdade como forma de superação do libertarismo e do determinismo”, res- gatando esses conceitos já trabalhados na dissertação solicitada anteriormente.

Os alunos devem retomar as concepções de libertarismo e determinismo e apresentar as possibilidades de superação dos