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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2. Taxonomia

4.2.1. Descrições de larvas de último estádio e adulto associado

4.2.1.1. Smicridea (Smicridea)

Smicridea (Smicridea) albosignata Ulmer, 1907

Figuras 9 – 10

Smicridea (Smicridea) albosignata Ulmer, 1907: 34 [localidade tipo: Brasil, Santos; depositório dos tipos: ZSZMH, ♂], Ulmer 1913: 390 [distribuição]; Betten 1934: 199 [distribuição]; Fischer 1963: 131 [catálogo]; Weidner 1964: 97 [designação lectótipo]; Denning e Sykora 1968: 176 [redescrição ♂]; Flint 1978: 377 [distribuição]; Flint et al. 1999: 73 [catálogo]; Marinoni e Almeida 2000: 286 [distribuição]; Paprocki et al. 2004: 9 [checklist]; Dumas et al. 2009: 359 [checklist]; Pauls et al. 2010 [dados moleculares]; Dumas e Nessimian 2012 [catálogo]; Paprocki e França 2014: 33 [checklist].

Smicridea maculatum Banks 1920: 359 [localidade tipo: Brasil; depositório do tipo: MCZ, ♂]; Flint 1967: 13 [redescrição ♂, como sinônimo]

Diagnose

A larva de S. (Smicridea) albosignata pode ser distinguida de todas as outras espécies do subgênero pelos seguintes caracteres: ausência de cerdas secundárias na cabeça e notos torácicos; coloração do pronoto, preta a marrom escura com uma faixa amarela na margem anterior, meso e metanoto, marrons escuros a amarelos claros. Esterno VIII com um esclerito semicircular. Esta espécie é similar a larva S. (Smicridea) travertinera Paprocki, Holzenthal & Cressa 2003 pela coloração da cabeça, marrom escura ou preta, mas difere, pela ausência de carena dorsal sobre a cabeça, a qual está presente em S. (S.) travertinera.

Descrição

Larva (Figs. 9 - 10). Comprimento 9,36 – 10,73 mm [n = 8].

Cabeça. Padrão de quetotaxia consistindo de cerdas #01, #03, #09, #17 [dorsais], #07, #12 [laterais], #08, #18 [ventrais]. Dorsal (Fig. 9A). Cabeça arredondada, marrom escura ou preta. Estemas com mancha oval amarela clara ao redor; manchas sobre a cabeça inconspícuas;

marcas de inserções musculares dorsais aparentes, de forma oval, escuras, agrupadas em forma de V na região posterior do frontoclípeo, e outras mais claras sobre a área posterior dos escleritos parietais; cerdas primárias escuras, secundárias não aparentes sobre superfície dorsal e lateral da cabeça (Figs. 9A – C). Carena dorsal ausente. Sutura coronal curta. Frontoclípeo com margem anterior negra, simétrica, reta, crenulada, com lobos proeminentes, entalhes laterais levemente profundos, lobos laterais distintos; depressão anteromediana inconspícua; sutura frontoclipeal em forma de V, igualmente marcada em sua extensão. Labro (Fig. 9E), semicircular; lateralmente com um par de escova de cerdas pectinadas, longas, marrom claras, direcionadas anteriormente; superfície dorsal escura, com numerosas cerdas curtas e finas, franja de cerdas curtas e extremamente finas sobre a margem anterior e um par de cerdas paralelas longas e finas na região anterior. Mandíbulas assimétricas (Fig. 9F), ambas com cerdas laterais; mandíbula esquerda com 1 dente apicodorsal, 1 dente molar truncado, 3 dentes subapicais, primeiro truncado, menor que os outros dois pontiagudos, 1 apical pontiagudo maior; com escova dorsomediana de cerdas longas e finas; mandíbula direita com 1 dente apicodorsal, 1 dente molar pontiagudo, 3 dentes subapicais obtusos com primeiro e terceiro maiores que o segundo, 1 apical pontiagudo maior; sem escova de cerdas. Ventral (Fig. 9B - D). Gena com sulcos estridulatórios transversais, distintos, levemente marcados, finos; área anteroventral clara e posterolateral marrom escura, com forma arqueada, contínuos, que se estende da região anterior a medianoventral da gena em direção a região posterolateral da pós gena (Fig. 9B - D); marcas de inserções musculares, forma oval, escuras, com 4 a 5 presentes sobre a região posteroventral de cada fileira de sulcos estridulatórios e uma série distribuídas lateralmente sobre a pós gena. Submento sem fissura mediana. Esclerito gular ventral dividido; esclerito anterior triangular, mais largo que longo; esclerito posterior ventral semitriangular e diminuto.

Tórax. Dorsal (Figs. 10E – H). Notos torácicos esclerosados; pro, meso e metanoto lisos, não cobertos por cerdas secundárias ou não aparentes. Pronoto dividido por linha ecdisial longitudinal, meso e metanoto inteiros; pronoto preto com uma faixa amarela sobre a margem anterior, marcas de inserções musculares, forma oval, escuras, agrupadas posterolateralmente; meso e metanoto uniformemente marrons escuros a amarelos claros ou mesonoto marrom escuro com uma mancha anteromediana amarela e metanoto marrom escuro, com sulcos diagonais e marcas de inserções musculares posteriores e laterais conspícuos, pode apresentar variações no padrão de coloração. Ventral. Brânquias no prosterno ausentes, mesosterno com 1 par ventrolateral, metasterno com 1 par ventrolateral compostas de filamentos grossos se bifurcando próximo a base de comprimento irregularmente e metasterno com um 1 simples

ventromesal. Lateral. Pernas torácicas marrom escuras, sem modificações, similares no tamanho, embora anterior mais curta e achatada que mediana e posterior;, coxa da perna anterior com fileira de cerdas escuras, curtas e grossas como espinho na região dorsal e ventral, fêmur com fileira de cerdas claras curtas intercaladas por poucas cerdas escuras e longas na região ventral, tarso com distinta cerda escura, longa e grossa na região apicodorsal; trocantin não forquilhado, curto, cônico, com 3 cerdas grossas dorsais (Fig. 10B – D).

Abdômen. Coberto por cerdas curtas em forma de escamas achatadas, poucas cerdas longas e finas, cutícula com depressões descoloridas (Fig. 10A); brânquias ventrais com 2 pares nos segmentos I-VI; brânquias ventrolaterais com 1 par nos segmentos I-VI e VIII; brânquias laterais ausentes. Esterno VIII com um esclerito semicircular, cordiforme, com cerdas curtas como espinhos na região anteromediana, 28 – 30 cerdas longas e grossas na margem posterior (Fig. 10I). Esterno IX com dois escleritos subquadrados com tamanhos subiguais, com cerdas curtas como espinhos na região anteromediana e cerdas longas na margem posterolateral (Fig. 10I), esclerito lateral presente, esclerosado. Segmento X com papilas anais membranosas dorsais, podem estar retraída; par de falsas pernas anais com garra simples e tufo de cerdas longas dorsais em cada (Fig. 10A).

Biologia. — Larvas dessa espécie foram coletadas em igarapés e pequenos rios de Mata Atlântica, principalmente nos estados do Espírito Santo e Rio Grande do Sul, com substrato pedregoso. Os adultos foram coletados tanto por armadilhas de intercepção de voo como Malaise quanto por armadilhas luminosas como Pennsylvania, postas as margens ou sobre os cursos d’água, respectivamente.

Distribuição geográfica conhecida. — BRASIL (Bahia [novo registro], Espírito Santo [novo registro], Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul [novo registro] e São Paulo).

Comentários. — S. (S.) albosignata é uma espécie endêmica do Brasil e anteriormente restrita a áreas de Mata Atlântica das regiões Sudeste e Sul. Neste estudo, sua distribuição é estendida para o estado da Bahia, sendo o primeiro registro da espécie para a região Nordeste, além de novos registros para as regiões Sudeste (Espírito Santo) e Sul (Rio Grande do Sul).

Variações no padrão de coloração dos notos torácicos em larvas dessa espécie foram encontradas entre indivíduos de uma mesma população (Espírito Santo: Sooretama, Rio São José). Com alguns indivíduos apresentando meso e metanoto uniformemente marrons escuros, outros amarelos claros, e uns mais peculiares com mesonoto marrom escuro com uma mancha

anteromediana amarela e metanoto marrom escuro. Esses possíveis grupos de haplótipos podem vir a ser linhagens distintas dentro da espécie, assim como já observado para outros táxons de Hydropsychidae como Diplectrona (Harvey et al. 2012) e Hydropsyche (Statzner e Mondy 2009) com variações no padrão de coloração de manchas sobre o frontoclípeo de indivíduos de populações coexistentes de várias espécies, onde foi requerido um maior número de indivíduos de cada grupo de haplótipos ou linhagens para verificar se variações no padrão de coloração da cabeça encontradas entre os grupos são consistentes dentro de cada grupo de haplótipos. Entretanto, além de termos dados insuficientes, não é o foco deste trabalho responder a esta questão.

Material examinado. — BRASIL: Bahia: Camacan, Igarapé na RPPN Serra Bonita, 15°22'59,1''S, 36°33'21,2''W, 02.viii.2010, N. Hamada, R.Q. Barbosa, R. Boldrini cols., Pennsylvania. –1 macho [álcool] (INPA). Espírito Santo: Alegre, Cachoeira da Fumaça, 20°37'52,1''S, 41°36'18,8''W, 26.v.2011, J.M.C. Nascimento, P. Barcelos-Silva, K. Angeli, K. Bertazo cols., Lençol com luz. –1 macho [álcool] (CZNC); mesmos dados, exceto, 27.v.2011, J.M.C. Nascimento, P. Barcelos-Silva, K. Angeli, K. Bertazo cols., Lençol com luz. –3 machos [álcool] (CZNC); Alfredo Chaves, Nova Mantova, Fazenda Nego Boldrini, Córrego Nova Estrela, 20°39'22,60"S, 40°50'12,90"W, 07-08.vi.2011, R. Boldrini col., Pennsylvania. –2 larvas [álcool] (CZNC); Sooretama, Rio São José, 19°07'33,1"S, 40°14'26,1"W, vii.2012, J.M.C. Nascimento col., Catação manual. –70 larvas [álcool] (CZNC); Timbuí, Hotel Fazenda Monte Sião, 19°56'02,0"S, 40°24'45,0"W, 57 m alt., ix.2014, P. Barcelos-Silva, Malaise –1 fêmea, 1 macho [álcool] (CZNC). Rio Grande do Sul: Agudo, Cascata Raddatz, 29°35'12,05''S, 53°10'49,8''W, 248 m alt. , 25.viii.2015, N. Hamada, C.J. Benetti, G.P. Dantas, A.M.O. Pes cols., Catação manual. –32 larvas [álcool] (INPA).

Figura 9. Smicridea (Smicridea) albosignata Ulmer, 1907, larva. A – cabeça, vista dorsal; B – cabeça, vista ventral; C – cabeça, vista lateral; D – detalhe ventral da cabeça; E - labro, vista dorsal; F – mandíbulas, vista dorsal.

Figura 10. Smicridea (Smicridea) albosignata Ulmer, 1907, larva. A – hábito, vista lateral; B - D – pernas torácicas, face externa; E - H– notos torácicos, vista dorsal; I – escleritos dos esternos VIII e IX, vista ventral.

Smicridea (Smicridea) chela sp. nov.

Figuras 11 – 14

Diagnose.

Smicridea (Smicridea) chela sp. nov. pertence ao grupo de espécies S. (Smicridea) fasciatella que é caracterizado no adulto macho pelo falo simples, tubular e angulado com escleritos e/ou espinhos internos no ápice. O macho desta espécie é similar a S. (S.) amplispina Flint, 1981, S. (S.) anaticula Flint, 1983 e S. (S.) polyacantha sp. nov., pela presença de cerdas longas e fortes como espinho na margem interna subapical do segmento basal do apêndice inferior, e a S. (S.) riita Flint, 1981 e S. (S.) tobada Flint e Denning, 1989 por possuírem um par de escleritos ou processos dorsolaterais curvados mesalmente no ápice do falo. Entretanto, S. (.) chela sp. nov. difere por apresentar duas cerdas longas e fortes como espinho na margem interna subapical do segmento basal do apêndice inferior enquanto S. (S.) amplispina possui três cerdas e S. (S.) anaticula e S. (S.) polyacantha sp. nov. apenas uma cerda cada. Em vista dorsal, S. (S.) chela sp. nov. difere por apresentar o tergo X com ápice arredondado, sem projeções na margem lateral e segmento apical do apêndice inferior com ápice alargado e levemente bífido, enquanto S. (S.) riita possui tergo X com margem lateral serrilhada e assim como S. (S.) tobada tem o ápice obliquamente truncado e segmento apical do apêndice inferior com ápice pontiagudo.

A larva dessa espécie pode ser distinguida de todas as outras do subgênero pela mancha marrom escura sobre a sutura frontoclipeal em sua porção medianoposterior, sutura frontoclipeal levemente marcada na região anteromediana e fortemente marcada na região medianoposterior, e pela presença de apenas 2 dentes subapicais obtusos e subiguais na mandíbula esquerda.

Descrição

Adulto macho (Figs. 11 - 12). Comprimento da asa anterior 4,21 – 5,92 mm (n = 6). Cor

do corpo marrom escuro ou preta (em álcool). Apêndices marrom claros. Antenas simples (Fig. 11A). Vértice da cabeça escuro, sem cerdas brancas na região posterior. Asas anteriores, em álcool, acinzentada ou marrom escura, com uma banda branca subapical transversal e descontínua sobre o pterostigma alcançando a veia R2 + R3, e pequena mancha branca subapical

esterno V levemente mais longo que o segmento (0,21 mm). Segmentos abdominais VI e VII com dois pares de sacos glandulares internos, tão longos quanto os segmentos.

Genitália masculina (Fig. 12). Segmento IX, em vista dorsal, com margem anterodorsal

reta. Tergo X alongado, divisão dorsomesal alcançando 1/3 do comprimento do tergo; superfície dorsoapical com cinco a seis cerdas médias e finas; margem ventrolateral fortemente esclerosada, sem projeções, com oito a dez cerdas médias e finas; ápice, em vista dorsal, arredondado ou levemente pontiagudo, suportando duas cerdas pequenas e finas; em vista lateral, pronunciado e voltado para cima (Fig. 12A - B). Apêndices inferiores bissegmentados; segmento basal longo, arredondado uniformemente, coberto por cerdas longas e finas e duas cerdas longas e fortes como espinhos na margem interna subapical; segmento apical curto, aproximadamente 1/2 do segmento basal, ápice alargado e levemente bífido, curvado medialmente, com numerosas cerdas curtas e grossas sob sua margem interna (Fig. 12B). Falo tubular, porção basal, em vista lateral, alargada, 3x o diâmetro da parte mais estreita da faloteca, formando ângulo de aproximadamente 105º com porção apical; faloteca com porção mediana levemente curvada para baixo, sem processos (Fig. 12C); ápice do falo retraído, em vista dorsal, levemente alargado; esclerito falotremal distinto, fortemente esclerosado, com região proximal delgada, bifurcada medialmente, formando duas abas laterais distais subtriangulares, sob o esclerito surgindo um par de processos esclerosados dorsolateral, em forma de garra, curvado mesalmente e direcionado posteriormente (Fig. 12D); em vista lateral, extremidades proximal evidenciando sobreposição de partes do esclerito falotremal com tamanho desigual, região distal direcionada para baixo (Fig. 12C). Ducto ejaculatório do endofalo, em vista lateral, distinto, pouco esclerosado.

Figura 11. Smicridea (Smicridea) chela sp. nov., adulto macho. A – hábito, vista lateral; B – asa anterior direita, vista dorsal.

Figura 12. Smicridea (Smicridea) chela sp. nov., genitália masculina. A – vista lateral; B – vista dorsal; C – ápice do falo, vista lateral; D – ápice do falo, vista dorsal.

Larva (Fig. 13 - 14). Comprimento 6,67 – 10,76 mm [n = 6].

Cabeça. Padrão de quetotaxia consistindo de cerdas #01, #03, #09, #17 [dorsais], #07, #12 [laterais], #08, #18 [ventrais]. Dorsal (Fig 13A). Cabeça subrectangular, amarela escuras. Estemas com mancha oval clara ao redor; manchas sobre a cabeça conspícuas, marrom escuras sobre a sutura frontoclipeal em sua porção medianoposterior; marcas de inserções musculares dorsais sutis, forma oval, claras, agrupadas em forma de arco na região posterior do frontoclípeo e outras em pares sobre a área posterior dos escleritos parietais; cerdas primárias escuras, secundárias curtas e finas, cobrindo toda superfície dorsal e lateral da cabeça (Figs. 13A – C). Carena dorsal ausente. Sutura coronal curta. Frontoclípio, com margem anterior marrom clara, simétrica, côncava, crenulada, entalhes laterais inconspícuos, lobos laterais indistintos, depressão anteromediana inconspícua; sutura frontoclipeal em forma de V, levemente marcada na região anteromediana e fortemente marcada na região medianoposterior. Labro (Fig. 13D), semicircular; lateralmente com um par de escova de cerdas pectinadas, longas, amarelas, direcionadas anteriormente; superfície dorsal clara, com numerosas cerdas curtas e finas, franja

de cerdas curtas e extremamente finas sobre a margem anterior e um par de cerdas paralelas longas e finas na região anterior. Mandíbulas assimétricas (Fig. 13E), ambas com cerdas laterais; mandíbula esquerda com 1 dente apicodorsal, 1 dente molar levemente obtuso, 2 dentes subapicais obtusos, subiguais, 1 apical pontiagudo maior; com escova de cerdas dorsomediana longas e finas; mandíbula direita com 1 dente apicodorsal, 1 dente molar obtuso, 3 dentes subapicais com primeiro e terceiro levemente pontiagudos, e maiores que o segundo, truncado, 1 apical pontiagudo maior; sem escova de cerdas. Ventral (Fig. 13B). Gena com sulcos estridulatórios transversais, distintos, fortemente marcados, grossos; uniformemente amarelo escuro, em forma de L, contínuos, que se estende da região anterior a medianoventral da gena em direção a região posterolateral da pós gena (Figs. 13B – C); marcas de inserções musculares, claras, levemente conspícuas, agrupadas na região posteroventral da gena e poucos pares lateromedialmente sobre a pós gena. Submento sem fissura mediana. Esclerito gular ventral dividido; esclerito anterior triangular, mais largo que longo; esclerito posterior ventral semitriangular e diminuto.

Tórax. Dorsal (Fig. 14E). Notos torácicos esclerosados; pro, meso e metanoto cobertos por cerdas curtas e finas. Pronoto dividido por linha ecdisial longitudinal, meso e metanoto inteiros; pronoto amarelo escuro, marcas de inserções musculares inconspícuas; meso e metanoto uniformemente marrons claros a amarronzados, com sulcos diagonais e marcas de inserções musculares posteriores e laterais conspícuos. Ventral. Brânquias no prosterno ausentes, mesosterno com 1 par ventrolateral, metasterno com 1 par ventrolateral compostas de filamentos grossos se bifurcando próximo a base de comprimento irregularmente e uma 1 simples ventromesal. Lateral. Pernas torácicas amarelas claras, sem modificações, similares no tamanho, embora anterior mais curta e achatada que a mediana e posterior; perna anterior, coxa com fileira de cerdas escuras, médias e grossas na região dorsal e ventral, fêmur com fileira de cerdas claras médias intercaladas por poucas cerdas escuras e longas na região ventral, tarso com distinta cerda escura, longa e grossa na região apicodorsal; trocantin não forquilhado, curto, cônico, com 3 cerdas grossas dorsais (Fig. 14B - D).

Abdômen. Coberto por cerdas curtas em forma de escamas achatadas e poucas cerdas longas e finas, cutícula com depressões descoloridas (Fig. 14A); brânquias ventrais com 2 pares nos segmentos I-VI; brânquias ventrolaterais com 1 par nos segmentos I-VI e VIII; brânquias laterais ausentes. Esterno VIII com um esclerito triangular, com cerdas curtas como espinhos na região anteromediana, 9 – 11 cerdas longas e grossas na margem posterior (Fig. 14F). Esterno IX com dois escleritos subtriangulares mais longos que a largura de sua margem posterior, com cerdas curtas como espinhos na região anteromediana e cerdas longas na margem

posterolateral (Fig. 13F), esclerito lateral presente, levemente esclerosado (Fig. 13A). Segmento X com papilas anais membranosas dorsais, podem estar retraídas; par de falsas pernas anais com garra simples e tufo de cerdas longas dorsais em cada (Fig. 13A).

Biologia. — As larvas dessa espécie foram coletadas em riachos de Mata Atlântica da região Sul e Sudeste com pH 6,4 – 8,0, substrato pedregoso, vegetação ombrófila mista ou densa e situados áreas de altitudes elevadas, como encontrado nos estados do Rio Grande do Sul (878 m) e Santa Catarina (1.059 m), e com baixas altitudes no estado do Espírito Santo (94 m). Suas larvas também foram coletadas eventualmente em igarapé de pequena ordem no estado do Piauí, bioma Caatinga com vegetação típica. Os adultos foram coletados com armadilhas de intercepção de voo como Malaise, colocadas as margens ou sobre os cursos d’água.

Distribuição geográfica. — BRASIL (Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina).

Etimologia. — Do Latim chela = garra, em referência ao par de processos esclerosados dorsolateral, em forma de garra, no ápice do falo.

Comentários. — Em S. (Smicridea) chela sp. nov. existe variação intraespecífica notável quanto ao tamanho corporal de larvas e adultos entre indivíduos do Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e Sudeste do Brasil (Espírito Santo), assim como também, com relação ao formato do ápice do tergo da genitália masculina de indivíduos do Rio Grande do Sul, os quais apresentam ápice arredondado e indivíduos do Espírito Santo com ápice pontiagudo.

Porém, apesar dessa variação dentro da espécie, os demais caracteres diagnósticos como as cerdas fortes como espinhos no segmento basal do apêndice inferior, forma do esclerito falotremal e processos esclerosados dorsolateral, em forma de garra, no ápice do falo são conservados em todos indivíduos de diferentes localidades. Blahnik (1995) aponta que nas espécies do grupo S. (S.) fasciatella pode ser esperado que indivíduos da mesma espécie possam apresentar variações entre diferentes localidades.

Material examinado. — Holótipo. macho: Brasil: Rio Grande do Sul: São Francisco de Paula, FLONA, Arroio Lageado, 29°25'57,01''S, 50°22'22,5''W, 832 m alt., 30.viii-02.ix.2015, N. Hamada, C.J. Benetti, G.P. Dantas, A.M.O. Pes cols., Pennsylvania. [álcool] (INPA).

Parátipos: mesmos dados do holótipo, exceto: Agudo, Cascata Raddatz, 29°35'12,05''S, 53°10'49,8''W, 248 m alt., 25.viii.2015, N. Hamada, C.J. Benetti, G.P. Dantas, A.M.O. Pes cols., coleta com rede. –3 machos [álcool] (INPA). Espírito Santo: Fundão, Timbuí, Hotel Fazenda Monte Sião, 19°56'02,0" S, 40°24'45,0" W, 57 m alt., 23-24.xii.2014, P. Barcelos- Silva col., armadilha Suspensa. –7 machos [álcool] (CEUNES, MZUSP).

Material adicional: Espírito Santo: Fundão, Timbuí, Hotel Fazenda Monte Sião, 19°56'02,0"S, 40°24'45,0"W, 57 m alt., 10.iv.2013, P. Barcelos-Silva col., Catação manual. – 4 larvas [álcool] (INPA); mesmos dados, exceto, 23.xii.2014, rapiché. – 2 larvas [álcool] (INPA); mesmos dados, exceto, ix.2014, Catação manual. –4 larvas [álcool], (INPA); mesmos dados, exceto, ix.2014, Arm. Malaise. –1macho [álcool], (INPA); mesmos dados, exceto, Pinheiros, REBIO Córrego do Veado, Córrego São Roque, 18°18'53,5"S, 40°09'10,4''W94 m alt. , 22.vi.2010, F.F. Salles, J.M.C. Nascimento, P. Barcelos cols., Lençol com luz. –1 macho [álcool] (INPA). Piauí: Monsenhor Gil, Povoado Olho d'água, Riacho Calça na Mão, 05°34'38,60"S, 42°29'59,50"W, 87 m alt., 07.vi.2011, N. Hamada, R. Boldrini cols., Catação manual. –1 larva [álcool] (INPA). Rio Grande do Sul: Gramado, Linha Araripê, Córrego Sr. Ernesto, 29°24'35,4''S, 50°55'33,5''W, 620 m alt., 24.viii.2015, N. Hamada, C.J. Benetti, G.P. Dantas, A.M.O. Pes cols., Pennsylvania. –1 macho [álcool] (INPA); São Francisco de Paula, FLONA, Arroio Casulo, 29°25'57,87''S, 50°22'24,14''W, 831 m alt., 02.ix.2015, N. Hamada, C.J. Benetti, G.P. Dantas, A.M.O. Pes cols., Catação manual. –1 larva [álcool] (INPA); mesmos dados, exceto, Arroio Lageado, 29°25'57,01''S, 50°22'22,5''W, 832 m alt., 30.viii-02.ix.2015, – 3 larvas [álcool] (INPA); mesmos dados, exceto, Arroio Pinheiros Centenários, 29°25'13,4''S, 50°23'40,4''W, 878 m alt., 02.ix.2015, – 4 larvas [álcool] (INPA). Santa Catarina: São Joaquim, Rio I, 28°22'49,9"S, 49°55'12,2"W, 1059 m alt., 01.ix.2009, N. Hamada, A.M.O. Pes, J.O. Silva cols., Catação manual. –2 larvas [álcool] (INPA).

Figura 13. Smicridea (Smicridea) chela sp. nov., larva. A – cabeça, vista dorsal; B – cabeça, vista ventral; C – cabeça, vista lateral; D - labro, vista dorsal; E – mandíbulas, vista dorsal.

Figura 14. Smicridea (Smicridea) chela sp. nov., larva. A – hábito, vista lateral; B - D – pernas torácicas, face externa; E – notos torácicos, vista dorsal; F – escleritos dos esternos VIII e IX, vista ventral.

Smicridea (Smicridea) ipiranga sp. nov.

Figuras 15 – 18

Diagnose

Smicridea (Smicridea) ipiranga sp. nov. é um membro do grupo de espécies S. (S.) fasciatella. O adulto macho dessa espécie é similar a S. (S.) varia (Banks 1913), S. (S.) lacanja Bueno-Soria & Hamilton, 1986 e S. (S.) catherinae Blahnik, 1995, pela forma do segmento apical do apêndice inferior, fortemente curvado medianamente, delgado e ápice afilado, contudo, S. (S.) ipiranga sp. nov. pode ser distinguida dessas três espécies pelo padrão de manchas na asa anterior, evidente apenas em espécimes conservados a seco, e pelo esclerito falotremal em forma de M, em vista dorsal; além disso, S. (S.) ipiranga sp. nov. é a menor espécie já descrita no subgênero.

A larva de S. (S.) ipiranga sp. nov. além do tamanho diminuto, difere de todas as outras do subgênero pela forma da margem anterior do frontoclípeo crenulada, com um lóbulo central pronunciado e projeções lateromedianas pronunciadas consistindo de 3 lóbulos cada, e pela mandíbula direita com primeiro dente subapical mamiliforme.

Descrição

Adulto macho (Figs. 15 – 16). Comprimento da asa anterior 3,40 – 3,72 mm (n = 6). Cor

do corpo marrom escuro (em álcool) ou preta (a seco) (Figs. 14A – B). Apêndices marrom claros. Antenas simples. Vértice da cabeça escuro, com cerdas brancas na região posterior (Fig. 15A). Asas anteriores, em álcool, marrom, com uma banda branca subapical transversal e descontínua sobre o pterostigma alcançando a veia R4 + R5, e pequena mancha branca subapical

próxima a margem posterior sobre a veia Cu2 (Fig. 15B), a seco, preta, com duas bandas brancas transversais e contínuas, uma proximal e outra distal partindo do pterostigma até a veia Cu2, borda posterior com franja de cerdas brancas (Fig. 15A). Processo glandular anterolateral do esterno V mesmo tamanho que o segmento (0,18 mm). Segmentos abdominais VI e VII com dois pares de sacos glandulares internos, tão longos quanto os segmentos.

Genitália masculina (Fig. 16). Segmento IX, em vista dorsal, com margem anterodorsal

irregular semimembranosa. Tergo X consideravelmente alongado, divisão dorsomesal alcançando 1/4 do comprimento do tergo; superfície dorsoapical com quatro cerdas médias e finas; margem ventrolateral fortemente esclerosada, com pequeno lobo apical, sem cerdas;

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