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No que se refere a aplicabilidade do Controle de Constitucionalidade nas Emendas Constitucionais destaca-se a atuação do Controle Preventivo, atuando no processo legislativo das Emendas Constitucionais, no que se refere a sua formação; e a atuação do Controle Repressivo, tendo em destaque o exercício do Supremo Tribunal Federal (STF) que, por sua vez, além da verificação do respeito às formalidades do processo legislativo (cujo descumprimento gera a chamada inconstitucionalidade formal), pode verificar a constitucionalidade material de uma emenda em face das cláusulas pétreas constitucionais, que são tidas como princípios fundamentais do texto constitucional.

2.2.1 Controle Preventivo nas Emendas Constitucionais

O Controle Preventivo de Emendas Constitucionais apresenta peculiaridades muito específicas, pois diz respeito, diretamente, às atribuições do processo legislativo. Este processo reserva etapas determinadas para a aprovação de emendas constitucionais. Dessa forma, uma dessas peculiaridades que evidenciam o Controle Preventivo nas Emendas Constitucionais consiste no encaminhamento da proposta de emenda constitucional (PEC) para análise em Comissões Especiais, a exemplo da própria Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, após a PEC ter início com a sua apresentação à Câmara dos Deputados; de forma que nessas comissões o poder legislativo busca, com a análise da PEC, verificar a constitucionalidade da proposta e posteriormente seu mérito.

No caso do Poder Legislativo brasileiro há a famosa CCJ, Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça, cujo voto é imprescindível para a passagem ou não do enunciado normativo para as demais etapas (BOTTALLO, 2009, p. 124).

Caso a análise não identifique irregularidades, a emenda é novamente analisada por uma Comissão Especial que por sua vez deverá, após a apreciação da PEC, devolvê-la ao Presidente do Legislativo para que seja dado o prosseguimento ao processo de aprovação.

Ressalte-se que a análise da constitucionalidade da PEC será realizada tanto na Câmara dos Deputados (por meio da Comissão de Constituição, Justiça e de Redação), quanto no Senado Federal (através da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), cabendo-lhes a análise dos aspectos constitucionais, legais e jurídicos que permitam a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição Federal.

Em linhas gerais, o Controle de Constitucionalidade Preventivo atua nas Emendas Constitucionais durante o processo legislativo delas, ou seja, durante as etapas de análise da PEC pelas Comissões Especiais do Poder Legislativo, período esse de formação das Emendas Constitucionais, portanto anterior a sua aprovação e consequente entrada no texto constitucional, assim como no ordenamento jurídico. O Controle de Constitucionalidade Preventivo nas Emendas Constitucionais é evidenciado na análise da compatibilidade da PEC com a Constituição Federal, bem como na análise da constitucionalidade da proposta, de forma a evitar a aprovação de uma emenda que não esteja em conformidade com a constituição ou que possa

lesionar alguma norma ou preceito fundamental constituinte, a exemplo das cláusulas pétreas, por sua vez, elencadas no rol do artigo 60, § 4º, da CF.

2.2.2 Controle Repressivo nas Emendas Constitucionais

O Controle de Constitucionalidade Repressivo atua nas Emendas Constitucionais através do exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrendo posteriormente a aprovação da PEC, quando a emenda já faz parte do texto constituinte e já foi inserida no ordenamento jurídico. Esse Controle Repressivo exercido nas emendas, por sua vez, independe da existência de um caso concreto, sendo que a declaração de inconstitucionalidade da emenda consiste no objeto direto da ação. Portanto, pode-se determinar que esse controle se classifica em Repressivo Concentrado.

O modelo judicial é de feição repressiva. Somente se admite, em princípio, a instauração do processo de controle após a promulgação da lei ou mesmo de sua entrada em vigor’’. (BRANCO; COELHO; MENDES, 2009, p. 1055).

Nesse sentido, a função exercida pelo STF consiste na verificação do cumprimento das formalidades do processo legislativo das Emendas Constitucionais, de forma que caso haja descumprimento será declarada a inconstitucionalidade formal da emenda.

Além disso, no Controle Repressivo de Emendas Constitucionais, o STF pode verificar a constitucionalidade material de uma emenda em face das cláusulas pétreas constitucionais, que são tidas como princípios fundamentais do texto constitucional, de modo que caso uma Emenda Constitucional aprovada viole uma clausula pétrea, será consequentemente declarada como inconstitucional.

É valido perceber, todavia, que o texto constitucional não expressa claramente que o Supremo tem legitimidade para controlar a constitucionalidade de emendas à CF. O único elemento que está explícito na Constituição é a vedação de emendas tendentes a abolir as cláusulas expressas no rol do artigo 60, § 4º da CF.

A partir desse contexto, há de se pressupor que o limite do STF para controlar a constitucionalidade de emendas à CF seria dado pela possível violação das cláusulas pétreas por uma emenda à Constituição. Dessa forma, a eventual violação de uma cláusula pétrea confere legitimidade ao STF para controlar a constitucionalidade de emendas. Em outras palavras, o que legitimaria o controle de

constitucionalidade de emendas constitucionais seria a violação das cláusulas do rol do artigo 60, § 4º da Constituição Federal.

A Constituição representa a base de todo ordenamento jurídico. É norma orientadora dos poderes constituídos. Para garantir essa função basilar e orientadora, ou seja, para assegurar que essa norma seja respeitada, surge o Sistema de Controle de Constitucionalidade. (SIMÃO, 2010, p.1-2)

Nessa perspectiva, tendo em vista que as cláusulas pétreas funcionam como princípios fundamentais do texto constitucional, ao analisar a constitucionalidade material de uma emenda constitucional, o STF busca verificar a compatibilidade da emenda com a constituição, ou seja, o STF tem por finalidade verificar, mais precisamente, se a emenda lesiona uma clausula pétrea, caso em que se evidenciado a lesão configura-se a inconstitucionalidade da emenda. Basta que a emenda constitucional não esteja de acordo com o princípio fundamental da constituição para que se evidencie sua inconstitucionalidade.

A violação da forma de produção prevista no Texto Constitucional e/ou das normas e princípios nele contidos, que limitam o exercício do Poder, acarreta a invalidade do ato normativo editado, a qual será aferida de acordo com o sistema adotado por cada ordenamento jurídico. (DINIZ, 1995, p. 23).

Vale ressaltar que os julgamentos em que se decide pela inconstitucionalidade de uma emenda, quando a inconstitucionalidade não se configurava por vício formal, ocorria por violação ou desrespeito a determinado princípio ou regra julgados pelos ministros como pétreos. Dessa maneira, o que o Supremo faz consiste em verificar a aplicabilidade do princípio lesionado ao caso da inconstitucionalidade da emenda.

Na hipótese de se declarar inconstitucional a emenda, o STF concluiu que o princípio atacado é uma cláusula pétrea e por isso não pode ser violado. Já na hipótese de se julgar constitucional a emenda bastou ao Supremo concluir que o princípio atacado não se aplica ao caso.

A racionalidade do STF se dá, portanto, em afirmar que determinadas cláusulas pétreas abarcariam determinados princípios, em que, por sua vez, esses princípios poderiam ou não terem sido desrespeitados pela emenda. Por fim, o principal ponto

reside na verificação acerca da aplicabilidade dos princípios podendo ser incluído no rol de cláusulas pétreas.

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