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Sobre t ropeirism o e a abert ura de est radas no Rio Grande colonial

DE I NÍ CI O, PRA COMEÇO DE CONVERSA

1.1 Sobre t ropeirism o e a abert ura de est radas no Rio Grande colonial

Houve out ro m om ento na longa duração hist órica do que se convencionou cham ar região plat ina. Um m om ent o em que ainda não se conheciam aut opist as e aeronaves para t ransport es rápidos e seguros. Um m om ent o em que os m apas

ainda não regist ravam os lim it es de países com o a Argent ina, o Brasil e o Uruguai. Eram tem pos em que as fronteiras oscilavam , m ovendo- se ao ritm o das disputas t errit oriais dos im périos ult ram arinos de Port ugal e Espanha. Tam bém naqueles t em pos, com o nos dias at uais, hom ens circulavam , com seus obj et os e suas ideias, nas am plas áreas da região plat ina. Mas o faziam de m odo inteiram ente dist into. Cruzavam as cam panhas, as planícies lit orâneas, a serra e os Cam pos de Cim a da Serra, at ravessavam pradarias, serrados e planalt os. Deslocavam - se sobre o lom bo de cavalos e m ulas, conduzindo rebanhos de gado bovino, m uar, ovino, suíno e equino, ent re out ros. Transport avam t oda a sort e de m ercadorias dest inadas a suprir as necessidades de regiões localizadas a cent enas de quilôm et ros. E, ao fazê- lo, acabavam por const ruir novas paisagens por onde passavam e est abeleciam cam inhos, perm eados por est rut uras de apoio às suas lides. O conj unt o dessas atividades de deslocam ent o e t ransport e de m ercadorias é regularm ent e conhecido com o t ropeirism o, dado o carát er de form ação de t ropas e t ropilhas de anim ais que ora apresentavam - se com o m eio de transporte, ora com o a própria m ercadoria a ser conduzida.

Do ir e vir desses agentes hist óricos resultou tam bém a const rução de um novo espaço na região plat ina. Suas andanças os levaram a cruzar por t errit órios indígenas pouco ou m inim am ent e im pact ados pelos europeus, nas prim eiras décadas da conquist a espanhola e port uguesa. Ao longo do século XVI I , lent am ent e, as rot as de ligação ent re as cidades coloniais espanholas foram sendo est abelecidas, sobretudo nos cam inhos que int erligavam Buenos Aires, Sant a Fé, Corrient es, Assunción, Córdoba, Tucum án e Salt a, ent re out ras. Por out ro lado, t am bém os Jesuít as, ao est abelecerem as reduções de Guarani, a part ir de 1609, deram início a um a int rincada rede de cam inhos que conect avam seus povoados, e est es às suas est âncias e áreas de ext ração de erva- m at e nat iva, bem com o às cidades espanholas. Em m ovim ent o dist int o os port ugueses, e m ais t arde os luso- brasileiros, expandiram suas ações em direção ao sul das capit anias do Rio de Janeiro e de São Paulo, chegando at é o lit oral e os cam pos da ent ão cham ada Banda Oriental. Est a era a am pla área localizada ent re as m argens do rio Uruguai e o lit oral at lânt ico, com preendendo o at ual país Uruguai e o at ual est ado do Rio Grande do Sul. Os int eresses proj et ados sobre a região platina levaram ao cont at o diret o ent re as dist int as populações em presença. A saber, espanhóis, port ugueses, africanos e indígenas de diferent es parcialidades culturais. Estes contatos conheceram m om entos belicosos, m as

t am bém um a int ensa aproxim ação, na form a de t rocas com erciais, relações de parent esco, et c. À m edida que a presença de diversos agent es era increm ent ada, m aior era a quant idade dos novos cam inhos abert os e as dist âncias por est es cobertas.

Ao longo do século XVI I I , as rot as foram , paulat inam ent e, am pliadas e a at ividade do t ropeirism o consolidou- se. Consolidaram - se t am bém as est rut uras m at eriais a ela relacionadas. De form a que, além dos fluxos de hom ens, gado de t odo o t ipo, m ercadorias e ideias deslocadas pela região, espaços de fixos foram estabelecidos, com o suporte às ações desenvolvidas ao longo dos cam inhos. A paisagem foi alt erada pela configuração de diferent es espacialidades, que desenharam a nova ordem colonial sobre os, at é ent ão, t errit órios indígenas. Assim , as espacialidades indígenas foram alteradas, reorganizadas e repensadas sob novos propósit os, paut ados pelos int eresses dos agent es coloniais. Est e processo não esteve livre de tensões, m ais ou m enos agudas, segundo a int ensidade e dinam icidade das alt erações provocadas e as possibilidades do est abelecim ent o de adequações, negociações e consensos entre os suj eitos envolvidos ( SI LVA, A., 2006, 2008; SI LVA; BARCELOS, 2009) .

Desta m aneira, os olhares coloniais portugueses, deslocados para a Am érica m eridional, est iveram relacionados a dois m om ent os: o prim eiro, que inicia no século XVI I , consist e na aproxim ação de bandeirantes aos confins m eridionais da Am érica port uguesa, com o obj et ivo de capt urar m ão de obra indígena nas reduções de índios guarani estabelecidas pelos m issionários j esuítas no I tatin ( atual Mat o Grosso do Sul) , no Guairá ( atual Oeste do Paraná) e no Tape ( at ual Rio Grande do Sul) . A ação dos j esuít as ent re os Guarani do Tape havia iniciado em 1626, at ravés da evangelização prom ovida pelo padre Roque Gonzáles de Sant a Cruz, seguido m ais t arde por out ros com panheiros. Baseado na experiência desenvolvida na região do Guairá, os j esuít as prom overam a int rodução do gado bovino ent re os Guarani. Cont udo, o cont role sobre os rebanhos que se form avam era dificult ado pela falt a de dem arcações ou lim it es art ificiais ou nat urais nas áreas de past agem . Conduzindo anim ais para as planícies cost eiras, os Guarani e j esuít as t erm inaram por criar um a am pla área de reserva de gado. A proxim idade com o lit oral dos at uais Rio Grande do Sul e Uruguai levou à denom inação dessa área com o Vaquería del Mar, ou Vacaria do Mar. Durant e o período em que m issionavam ent re os Guarani, os rebanhos foram aproveit ados para alim ent ar a população das nascent es reduções

inst aladas no Tape. Cont udo, após o acosso dos bandeirant es, j esuít as e índios afast am - se do t errit ório no qual est avam est abelecidos. Nessa ret irada, o gado ut ilizado para o sust ent o das Missões, deixado para t rás, se reproduziu livrem ent e, am pliando consideravelm ent e os rebanhos da Vacaria do Mar. Sem a presença j esuít ica no Tape, não era m ais possível m ant er o cont role e a posse sobre esses anim ais. Buenairenses, correntinos e santafesinos passaram então a abat er e ret irar anim ais da Vacaria do Mar, alegando direit os em um a discussão não isenta de argum entos hist óricos, frent e aos prot est os dos j esuít as. Paulat inam ent e, luso- brasileiros passaram a dirigir seu int eresse para os rebanhos. “ Est ava lançado o fundam ent o econôm ico básico de apropriação da t erra gaúcha: a preia do gado xucro.” ( PESAVENTO, 1994, p. 9) .

A crescent e presença de port ugueses e luso- brasileiros na região ao sul da capit ania de São Paulo a part ir do final do século XVI I não se deve, obviam ent e, apenas e t ão som ente à busca de ganhos com a exploração dos rebanhos de gado alçado na Vacaria do Mar. I nsere- se em um processo m ais am plo, onde a coroa port uguesa desenvolveu um a concepção geopolít ica segundo a qual as front eiras nat urais de seus dom ínios deveriam est ender- se at é a m argem nort e do rio da Prat a. Ao longo dos séculos XVI , XVI I e XVI I I , a conform ação nat ural servia com o balizadora para a dem arcação de lim it es, de m odo que cadeias de m ontanhas, colinas, rios e arroios, ent re out ros, serviriam de m arcos nat urais ent re áreas coloniais. E a enorm e bacia hidrográfica do rio da Prata era um fort e elem ent o a ser considerado no t ocant e aos lim it es t errit oriais da Am érica m eridional port uguesa.

Com o part e da est rat égia port uguesa de disput ar o cont role da desem bocadura do rio da Prat a, foi est abelecida, em 1680, a Colônia do Sacram ent o, na m argem nort e do rio. Esse assent am ent o, inicialm ent e um fort im pouco defensável, foi rapidam ent e at acado pelos espanhóis de Buenos Aires. Contudo, os portugueses, através de acordos diplom át icos celebrados na Europa, lograram perm anecer inst alados no local. Em decorrência das necessidades do assent am ent o, as t erras im ediat am ent e próxim as à Colônia, bem com o o gado alçado ali present e, passaram a fazer part e de seus int eresses,

j unt am ent e com o com ércio que iniciaram com Buenos Aires e out ras cidades espanholas do int erior.13

A presença port uguesa em lat it udes t ão elevadas am pliou a im port ância est ratégica não apenas da desem bocadura do rio da Prat a, m as de t oda a região circunvizinha. As terras localizadas a leste do rio Uruguai passaram a ser denom inadas Banda Orient al e, com o form a de garant ir a posse do t errit ório e a am pliação da ação m issionária, a Com panhia de Jesus decidiu pela fundação de novas reduções, a partir de 1682. Esse retorno se deu em um context o diferent e daquele present e nas prim eiras reduções do Tape. Ent re 1682 e 1706, os j esuít as lograram est abelecer set e reduções, que se som aram às out ras 23 assentadas na m esopot âm ia dos rios Uruguai e Paraná e ao nort e dest e últ im o, perfazendo t rint a reduções, m aj orit ariam ent e de índios guarani. A int egração com as dem ais reduções é um aspect o im port ant e a ser considerado. Durant e a prim eira m et ade do século XVI I I , os j esuít as prom overam um sist em a de t rocas e int ercâm bios ent re suas reduções, fazendo com que aquelas sit uadas na Banda Oriental passassem a se especializar na extração de erva- m ate e na criação de gado bovino. Cont udo, a ut ilização dos rebanhos da Vacaria do Mar se via prej udicada pela disput a com espanhóis e port ugueses. Dessa form a, os j esuít as est abeleceram na Banda Orient al est âncias de gado para cada um a das set e reduções e para a redução de Yapeyú, localizada na m argem oest e do rio Uruguai, em at ual t errit ório argent ino. Nessas estâncias, o controle sobre os rebanhos se fazia m ais efet ivo. Seguindo a lógica da época, rios, arroios e m at as foram ut ilizados com o lim it es ent re as est âncias, de form a a garant ir a posse individual de cada povoado sobre seus rebanhos.

Em 1704, diant e das frequent es ret iradas de gado da Vacaria do Mar por part e de colonos espanhóis e de portugueses, os j esuít as buscaram est abelecer um a nova reserva de gado, em um a área dist ant e das cidades coloniais plat inas e da Colônia do Sacram ent o. A região escolhida foi a dos at uais Cam pos de Cim a da Serra. A t opografia, j unt am ent e com a presença de m at as de araucária, oferecia as condições para evitar a dispersão dos anim ais ( BARCELOS, 2000; KÜHN, 2007; PESAVENTO, 1994; SI LVA, A., 2006) .

13 Especificam ente sobre a Colônia do Sacram ento a produção bibliográfica brasileira é pouco num erosa. Contudo, para m aiores referências, ver Prado ( 2002) .

Diferent e da Vacaria do Mar, form ada em consequência da perda do cont role sobre os rebanhos, essa nova vacaria fora frut o de um a iniciat iva planej ada pelos j esuít as. Cabeças de gado foram ret iradas das est âncias das reduções e a exploração deveria se dar de form a proporcional à contribuição de cada um a. A área ficou conhecida com o Vaquería de los Pinares, ou Vacaria dos Pinhais, e a ela se refere o irm ão Silvest re Gonzáles ( 1705 apud DE MASY, 1989, p. 179) :

[ …] no tiene que hacer esta vaquería, con la bondad en un t odo, con la de Pinares, así en los pastos, com o en las aguadas, com o en las rinconadas, en el cam ino y en la cerca, y en la com odid; y tam bién en la com odid de hacer vacas y el poder ver desde luego adonde las hay. Algo m ás fría sí es que está, porque es tierra m ás alta, pero m ucho m ás am ena.

Dessa form a, a região dos Cam pos de Cim a da Serra passou a int egrar o espaço de dom ínio das reduções de Guarani. Cont udo, a pouca presença dest es e a falt a de assent am ent o est áveis fez com que a posse da m esm a não fosse reconhecida quando poucos anos depois os port ugueses passaram a frequent ar a m esm a em busca do gado. Os Guarani pat rulhavam frequent em ent e as est âncias, em bora o fizessem com m enor zelo na área da Vacaria dos Pinhais. Buscavam afugentar pretensões dos colonos espanhóis e dos portugueses sobre os rebanhos. As novas reduções e suas respect ivas est âncias garantiam aos j esuít as e Guarani a posse sobre um a am pla área da Banda Oriental. E não apenas para a Com panhia de Jesus em part icular, m as t am bém para a coroa espanhola, vist o que era a serviço dest a que evangelizavam os indígenas. Frent e a essa “ front eira” , rest ava aos port ugueses est ender sua presença à faixa lit orânea do At lântico, passando essa região a ser a via t errest re de com unicação ent re a Colônia do Sacram ent o e Laguna, bem com o o rest ant e do Brasil port uguês. Na prim eira m et ade do século XVI I I a Banda Orient al do rio Uruguai será m arcada ent ão por um a configuração espacial que t erá, por um lado, a presença da coroa espanhola através das m issões j esuíticas, suas estâncias e vacarias, e a presença port uguesa at ravés da Colônia do Sacram ent o e do gradat ivo uso da zona lit orânea com o rot a t errest re ent re est a e o Brasil port uguês. Ao longo do século, os port ugueses am pliariam sua presença, fixando- se na região.

Figura 1 – “ Mapa de las Doctrinas del Paraná y Uruguay y de la Linea divisória del año 1750 en cuanto a estas doctrinas toca.” ( FURLONG, 1936, p. 98) . Nesse m apa é possível verificar as estâncias das reduções e seus lim ites, além das cidades colônias espanholas de Montevideo,

Figura 2 – “ Mapa de las Missiones de la Com pañía de Jesus en los rios Paraná y Uruguay. Año de 1749.” ( FURLONG, 1936, p. 71) . Nesse m apa está assinalada, entre os paralelos 26 e 29, próxim a

à m argem esquerda do m apa, a região dos Pinares.

A Colônia do Sacram ent o e as vacarias, do Mar e dos Pinhais, desem penharam um papel central no deslocam ento das at enções luso- brasileiras em direção ao sul da Am érica port uguesa, a pont o de m ovim ent ar o segundo m om ent o de invest idas na região. A grande quant idade de gado cham ou at enção de vários “ hom ens de negócios” , dent re est es os lagunist as ( da ent ão vila de Laguna, localizada no at ual est ado de Sant a Cat arina) , os paulist as, além dos colonos espanhóis das cidades plat inas, que, at ravés de t ropeadas, cont rabandeadas ou não, iniciam um a verdadeira razia às vacarias. Nesse

cont ext o, a região sul da Am érica port uguesa est abeleceu fort es ligações econôm icas com out ros espaços coloniais, espanhóis e portugueses. E foi nesse m om ent o que os “ cam inhos do gado” ou “ cam inhos de t ropeiros” adquiriram significat iva im port ância, t anto para a dinam ização econôm ica e quest ões ligadas a t rocas e int ercâm bios cult urais quant o para o povoam ent o colonial da região ( SI LVA, A., 2006) .

I núm eras est radas e picadas foram abert as para o escoam ent o do gado e out ros produt os que abast eciam o m ercado local e de diferent es regiões. Rot as assum iram funções históricas que transcenderam o sim ples transporte de gado. Com o passar do tem po e a intensificação das at ividades dos t ropeiros, essas ant igas est radas foram t am bém im port ant es para a ocupação colonial das regiões do t ráfego t ropeiríst ico. Colonização que, para a Coroa port uguesa, foi sinônim o de posse do território ( BARROSO, 1979; 2006; JACOBUS, 1997; SI LVA, A., 2006) . Três dessas est radas m arcaram indelevelm ent e esse cont ext o:

a) “ Cam inho da Praia” : est rut urada a partir de 1703 por Dom ingos da Filgueira, seguia pelo lit oral, ent re a Colônia de Sacram ent o e Laguna; b) “ Cam inho dos Convent os” ou “ Cam inho de Sousa Farias” : abert o em 1728, part ia de Araranguá, cruzava pelos Cam pos de Cim a da Serra at é chegar à região da atual Curit iba;

c) “ Cam inho das Tropas” : est abelecido por volt a de 1731, por Crist óvão Pereira de Abreu, part ia de Viam ão, onde se localizava o Regist ro de Viam ão ( ou Guarda Velha, no at ual m unicípio de Sant o Ant ônio da Pat rulha) , seguia rum o ao nort e até alcançar os Cam pos das Vacarias, onde então cruzava o atual rio Pelot as ( ant es denom inado rio do I nferno) . Post eriorm ent e, dirigia- se aos Cam pos de Lages e aos Cam pos Curit ibanos, cruzava o rio Negro e o rio I guaçu, chegando ent ão aos Cam pos Gerais de Curit iba, onde se localizava o Regist ro de Curit iba, últim o registro antes da feira de Sorocaba.

O processo de povoam ent o da região sul t eve com o obj et ivos a ocupação do t errit ório e a criação de um a rot a com ercial bem est rut urada e segura para as t ropas, além do diret o int eresse de alguns “ hom ens bons” . A ocupação ocorreu, de form a m ais efetiva, por volt a da t erceira década do século XVI I I , quando a Coroa port uguesa distribui terras ( as sesm arias) , principalm ente aos m ilitares, por serviços prest ados ( KÜHN, 2007; PESAVENTO, 1994; BARROSO, 1979) . Eram estes “ hom ens bons” ou “ hom ens de bem ” , indivíduos com influent es

relações, os quais const it uíram grande capit al polít ico e foram bast ant e privilegiados com o com ércio do gado e a apropriação de t erras sulinas ( HAMEI STER, 2002) .

No ent ant o, a análise desses cam inhos não deve ser resum ida a quest ões prát icas e logíst icas de um a só facet a, a econôm ica. Deve- se cham ar a at enção ao carát er social do tropeirism o, possibilit ador da dinam ização de fluxos e relações socioculturais int ensas. Tendo im plicado a t ransform ação do espaço por onde t rafegavam não só o gado ( de pequeno ou grande port e) , m as t am bém hom ens com suas ideias, seus cost um es, seus saberes e fazeres cot idianos, construindo assim o que cham am os de t ropeirism o ( SI LVA, A., 2006) . Por sua vez, o com ércio em lom bo de m ulas, represent ado pelos diversos t ipos de t ropas, m ovim entou a econom ia a part ir do prim eiro quart el do século XVI I I , ao longo do século XI X e início do século XX, quando paulat inam ent e as m ulas dão lugar ao t ransport e ferroviário e rodoviário.

Dest acar esse cont ext o em que a região da Banda Orient al est ava em disputa ent re as pot ências coloniais de Espanha e Port ugal j ust ifica- se na m edida em que part e da hist oriografia gaúcha t ratou de negar o passado espanhol do Rio