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4 A A INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS NO ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR

6 P P RESSUSPOSTOS METODOLÓGICOS

6.3 Sobre o tratamento dos dados

Os questionários socioeconômicos adotados em cada ano, apesar de assemelharem-se quanto aos enunciados, diferiram-se no quesito opções de respostas. Em virtude disso, tornou-se imprescindível agrupá-las em categorias, ou seja, padronizá-las, de modo a autorizar cotejamentos longitudinais.

Nesse panorama, o Quadro 2 expõe as variáveis em epígrafe, as inquirições a elas coligadas e faz um direcionamento para apêndices. Nos apêndices encontram-se as opções de resposta (por ano) às referidas variáveis, ou questões, e as categorias responsivas criadas.

Quadro 2 – Características das variáveis socioeconômicas

Variável Questão Opções/categorias de

respostas

RF Qual a renda do seu grupo familiar? APÊNDICE A

EF Onde você cursou o ensino fundamental?

APÊNDICE B

EM Onde você cursou o ensino médio?

IP Qual o nível de instrução do seu pai?

APÊNDICE C

IM Qual o nível de instrução da sua mãe?

Cabe explicar que, em virtude de as variáveis EF e EM apresentarem iguais alternativas de resposta, as categorias destas foram agregadas num único apêndice. O mesmo deu-se para as variáveis IP e IM.

Um processo de quantificação também se fez necessário, visto ser a maioria das determinantes socioeconômicas de ordem qualitativa, incompatíveis com a natureza numéricas dos índices de elitização (IE) procurados. Para isso, utilizou-se um modelo de conversão autoral, fundamentado no sistema de atribuição de notas estabelecido por Pareto

em sua Teoria das Elites12.

Sob esse prisma, as categorias de cada variável socioeconômica receberam notas que estiveram associadas às diferentes capacidades de acesso à educação superior mencionadas no Capítulo 4.

No que se refere à variável RF, as notas de suas categorias assumiram os valores dispostos no Quadro 3.

Quadro 3 - Notas das categorias que compõem a variável RF

Categorias (Designação – Descrição) Nota

A – Até 1 SM 2,0

B – Acima de 1 a 5 SM 4,0

C – Acima de 5 a 10 SM 6,0

D – Acima de 10 a 15 SM 8,0

E – Acima de 15 SM 10,0

Fonte: elaborado pelo próprio autor

Vê-se que a amplitude de nota de tamanho dez, a frequentemente utilizada por Pareto em seus esquemas de classificação, foi dividida entre as cinco categorias representativas da variável RF. As notas cresceram junto com a renda porque, segundo a literatura, quanto maior o rendimento familiar, maiores as possibilidade de acesso à

universidade. Não se atribuiu nota zero a nenhuma das categorias pela certeza de que todas,

em maior ou menor grau, capacitam ao ingresso na educação superior13.

       12

 Em suma, a Teoria das Elites parentiana permite uma gradação de notas conforme a capacidade de um indivíduo atingir determinado fim, aqui se apresentando como a capacidade de obter ingresso na universidade.  

As notas das categorias vinculadas às variáveis EF e EF, por sua vez, seguiram a orientação do Quadro 4.

Quadro 4 - Notas das categorias que compõem as variáveis EF e EM

Categorias (Designação – Descrição) Nota

A – Todo em escola pública 2,5

B – Maior parte em escola pública 5,0

C – Maior parte em escola particular 7,5

D – Todo em escola particular 10,0

Fonte: elaborado pelo próprio autor

Por fim, as categorias das variáveis IP e IM alinharam-se às notas presentes no Quadro 5.

Quadro 5 - Notas das categorias que compõem as variáveis IP e IM

Categorias (Designação – Descrição) Nota

A - Não estudou ou não possui pai/mãe 1,25

B - Contato com o Ensino Fundamental

(antigo primário) 2,5

C- Contato com o Ensino Fundamental

(antigo ginásio) 3,75

D - Ensino médio incompleto 5,0

E - Ensino médio completo 6,25

F - Ensino Superior incompleto 7,5

G - Ensino superior completo 8,75

H – Pós-Graduação 10,0

Fonte: elaborado pelo próprio autor

As notas tiveram caráter fixo e disseram respeito a cada discente. No entanto, o propósito desta pesquisa não foi investigar unidades de discentes, mas conjunto deles, seja em nível institucional (quando abordada a macroelitização), seja em nível de cursos superior (quando a microelitização esteve em pauta). Nesses termos, tais notas serviram de base para os cálculos dos índices de elitização, indicadores representativos de conjuntos de estudantes.

De início, especificaram-se índices de elitização para cada variável

socioeconômica, que decorreram das médias ponderadas14 das notas dos calouros. Fez-se isso

para a instituição e logo em seguida para os cursos imperiais e os de licenciaturas, ano a ano.

      

14A média ponderada é calculada através do somatório das multiplicações entre frações de valores (aqui eles

foram as frações de discentes enquadrados numa determinada categoria de resposta ) por seus pesos (aqui eles foram as notas de cada categoria de resposta)

A obtenção dos índices de elitização, segundo a variável renda familiar, seguiu o arranjo disposto na fórmula 1.

IE(RF) = (2 x FR’A) + (4 x FR’B) + (6 x FR’C) + (8 x FR’D) + (10 x FR’E) (1) Os números mostrados na fórmula significaram as notas de cada categoria da

variável RF; as FRs15, as frequências relativas de discentes nelas enquadrados. Portanto,

FR’A correspondeu à fração dos ingressantes com renda familiar de até 1 SM (categoria A), ao passo que FR’E à fração daqueles com renda familiar acima de 15 SM (categoria E).

Conservando esse nexo, os índices de elitização, segundo as variáveis escola de ensino fundamental ou escola de ensino médio, derivaram da fórmula 2.

IE(EF) ou IE(EM) = (2,5 x FR’A) + (5 x FR’B) + (7,5 x FR’C) + (10 x FR’D) (2) Finalmente, os índices de elitização, segundo as variáveis instrução do pai ou

instrução da mãe, estiveram em consonância com a fórmula 3.

IE(IM) ou IE(IP) = (1,25 x FR’A) + (2,5 x FR’B) + (3,75 x FR’C) + (5 x FR’D) + (6,25 x

FR’E) + (7,5 x FR’F) + (8,75 x FR’G) + (10 x FR’H) (3) De posse dos índices de elitização segundo as cinco variáveis socioeconômicas,

estabeleceram-se os Índices de Elitização Geral (IEG), média aritmética daqueles, cujos resultados advieram da aplicação da fórmula 4.

IEG = IE(RF) + IE(EF) + IE(EM) + IE(IP) + IE(IM) (4) 5

Reforça-se que os índices de elitização supracitados foram calculados para a instituição e para as graduações selecionadas, nos anos de 2010, 2012 e 2013.

Apesar dos IEG terem sido relevantes no posicionamento espacial dos cursos, sua maior importância foi a de permitir comparações longitudinais, identificando tendências (des)elitizantes do espaço universitário no posto período, quando as seleções estiveram orientadas pelo vestibular, pelo ENEM/SISU sem cotas (ou simplesmente ENEM/SISU), e pelo ENEM/SISU com cotas, que a partir de agora terá alusão quando o termo cotas fizer-se presente.

      

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