• Nenhum resultado encontrado

2 MATERIAL E MÉTODOS

9 MANUSCRITO 5: COMPORTAMENTO DE MACROBRACHIUM ROSENBERGII EM POPULAÇÕES MONOSSEXO E MISTO ALIMENTADOS A LANÇO E

3.3 Sobrevivência e Peso final

Durante o experimento, não observamos mortalidade dos animais nos tratamentos testados, esta alta taxa pode estar diretamente relacionada à manutenção da boa qualidade da água, a qualidade e quantidade dos alimentos, bem como a capacidade de os camarões para adquirir o alimento (ARMSTRONG et al., 1976; AQUACOP 1983; VALENTI, 1998).

Quanto ao peso final dos animais, não observamos diferença entre os tipos de cultivo alimentados a lanço e bandeja nas populações mista, monosexo macho e monosexo fêmea (Kruskal-Wallis, H = 0,839, gl= 11, P = 1,000) (figura 5). Média Desvio Padrão Min-Max Mi-B Mi-L Mm-B Mm-L Mf-B Mf-L -100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 L a tê n ci a d e ch e g a d a a o a lim e n to (s ) a a a b b c

Figura 5: Valores (média±desvio padrão) do peso inicial e final (g) dos camarões adultos M. rosenbergii.

Cultivo misto alimentação em bandeja (Mi-B), Cultivo misto alimentação a lanço (Mi-L), Cultivo monosexo macho alimentação em bandeja (Mm-B), Cultivo monosexo macho alimentação a lanço (Mm-L), Cultivo monosexo fêmea alimentação em bandeja (Mf-B), Cultivo monosexo fêmea alimentação a lanço (Mf-L). Letras

diferentes representam diferenças estatísticas (α = 0,05).

DISCUSSÃO

Nossos resultados indicam que os animais se adaptam bem a oferta do alimento tanto a lanço quanto em bandeja, mas gastam mais tempo para ter o acesso ao alimento (ração) quando este é ofertado em bandejas (comedouros). Comparando os tipos de cultivo (mistos, monosexo macho e monosexo fêmeas), a latência de chegada ao alimento foi menor para o tratamento monosexo fêmea.

Quanto aos comportamentos exibidos por camarões M. rosenbergii de acordo com a oferta alimentar em bandeja e a lanço, observamos os animais rastejam e exploram mais o ambiente. O comportamento de agonismo mais representativo nos tratamentos monossexo fêmea com a oferta do alimento em bandejas. Uma vez que a exploração do ambiente se deu em todos os tipos de cultivo e, especialmente quando o alimento foi ofertado a lanço, isso pode estar provavelmente relacionado com à procura desse recurso (alimento).

Registramos agonismo em todos os tratamentos e, principalmente quando os animais estavam em populações monosexo fêmeas. De uma forma geral, os animais competem entre si para ganhar o acesso a recursos (tais como abrigos, alimentos e companheiros) e, um dos mecanismos mais óbvios para obter acesso aos recursos é através do uso de agressão (MARTIN e MOORE, 2007). Nossos resultados contrastam com os resultados encontrados por KARPLUS et al. (1991), KARPLUS et al. (1992), SHORT (2004) e KARPLUS (2005) que observaram que os camarões machos são mais agressivos.

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Mi-B Mi-L Mm-B Mm-L Mf-B Mf-L P e s o (g)

Apesar dos animais gastarem mais tempo para ter acesso ao alimento quando são ofertadas em bandejas, devemos considerar que estudos sobre estratégias de alimentação mostraram que a utilização de bandejas de alimentação pode melhorar a qualidade da água no cultivo de camarões marinhos (MARTINEZ-CORDOVA et al., 1998; NUNES, 2003). No presente trabalho, a qualidade da água se manteve dentro dos padrões recomendados para o cultivo de camarões de água doce (VALENTI, 2005). PRETO et al. (2008) relataram que o camarão Macrobrachium amazonicum se adapta bem a oferta do alimento em bandeja, no entanto, devido ao comportamento territorial e agressivo exibido por esta espécie, os autores sugerem um maior numero de bandejas por área.

Observamos que os indivíduos maiores e com comportamentos agressivos, ficaram sempre próximos a bandeja. KARPLUS (2005) e KARPLUS et al. (1992) hipotetiza a competição direta por alimento para explicar o controle social em crustáceos: indivíduos agressivos e dominantes podem privar subordinados de alimento. Desse modo, consomem mais alimento do que os últimos. Isso aumenta o crescimento dos camarões maiores e reduz o crescimento dos menores. De acordo com esses autores, os camarões M. rosenbergii tem eficiência alterada na absorção de alimentos – os indivíduos subordinados menores podem apresentar uma baixa eficiência na absorção do alimento, que pode ser por causa da digestibilidade reduzida e/ou de um deslocamento metabólico mais baixo devido ao seu „status‟ social.

Durante a retirada das bandejas dos aquários, observamos que havia restos de ração (alimento não consumido), no entanto, quando ofertado a lanço, observamos que os animais exploravam e se alimentava da ração sobre o substrato. De acordo com VALENTI et al. (1998) e PRETO et al. (2008), a oferta do alimento quando é feito em bandejas pode restringir o alimento a um número menor de animais, além de reduzir a formação de detritos. NUNES & SANDOVAL (1997) observaram que o crescimento e sobrevivência de Farfantepenaeus

subtilis foi superior ao Litopenaeus vannamei em viveiros com alimentação oferecida em

bandejas. NUNES & PARSONS (1999) observou que não houve diferença no crescimento, consumo do alimento e sobrevivência de Farfantepenaeus subtilis submetidos a duas formas de manejo alimentar em viveiros (lanço e bandeja).

Em função dos resultados observados, podemos inferir que a tomada de decisões pelo produtor com relação à utilização de uma das duas técnicas de manejo alimentar, deve levar em consideração que a utilização de comedouros implicará em um aumento nos custos com mão de obra, devendo ponderar também que o comedouro constitui um importante fator de controle ambiental, diminuindo as sobras de ração no solo, o que pode trazer vantagens

ambientais em médio prazo. Sugerimos a realização de pesquisas etológicas que possam abranger um maior tempo de cultivo, melhorando assim a acuidade de avaliação dos parâmetros zootécnicos.

CONCLUSÃO

As estratégias alimentares a lanço e em bandeja não apresentaram diferenças com relação ao peso e à sobrevivência dos animais, para o cultivo misto e monosexo do camarão

REFERÊNCIAS

AKYIAMA, D.; POLANCO, B. Semi-intensive shimp farm management: Technical Manual. Caracas: Beatriz Polanco, 1997.

ARMSTRONG D. A.; STEPHENSON, M. J.; KNIGHT, A.W. Acute toxicity of nitrite to larvae of giant Malaysian prawn Macrobrachium rosenbergii. Aquaculture, v. 9, p. 39-46, 1972.

AQUACOP. Intensive larval rearing in clear water of Macrobrachium rosenbergii (De Man) at the Centre Oceanologique du Pacifique,Tahiti. In: CRC Handbook of Mariculture, v.1,

Crustacean Aquaculture (ed. by J.P. McVey & J.R. Moore), pp.179-187. CRC Press, Boca

Raton, FL, USA, 1983.

BAUTISTA-TERUEL, M. N.; EUSEBIO, P. S.; WELSH, T. P. Utilization of feed pea, Pisum

sativum, meal as a protein source in pratical diets for juvenile tiger shrimp, Penaeus monodon.

Aquaculture, v. 225, p. 121-131, 2003.

COELHO, P. A.; RAMOS-PORTO, M. & SOARES, C. M. A. Cultivo de camarões do gênero

Machobrachium Bate (Decapoda, Paleomonidae) no Brasil. Boletim técnico da EMPARN,

Natal, 1981.

DU, L. & NIU, C. J. Effects of dietary substitution of soya bean meal for fish meal on consumption, growth, and metabolism of juvenile giant freshwater prawn, Macrobrachium

rosenbergii. Aquaculture Nutrition, v. 9, p. 139-143, 2003.

FAO (2011) Fishstat Plus (v, 2.32) issued 07.04.2011. FAO, Rome, Italy.

FERO, K.; SIMON, J. L.; JOURDIE, V.; MOORE, P. A. Consequences of social dominance on crayfish resource use. Behaviour, 144, p. 61-82, 2007.

KARPLUS, I. & HULATA, G. Social control of growth in Macrobrachium rosenbergii. V. The effect of unilateral eyestalk ablation on jumpers and laggards. Aquaculture, 138, p. 181- 190, 1995.

KARPLUS, I.; BARKI, A.; COHEN, I. Social Control in Macrobrachium rosenbergii. II. The “leapfrog” growth pattern. Aquaculture, v. 96, p. 353-365, 1991.

KARPLUS, I.; HULATA, G.; OVADIA, D.; JAFFE, R. Social control of growth in

Macrobrachium rosenbergii. III. The role of claws in bull-runt interactions. Aquaculture, v.

105, p. 281-296, 1992.

KARPLUS, I. Social control of growth in Macrobrachium rosenbergii (De Man): a review and prospects for future research. Aquaculture Research, 36, p. 238-254, 2005.

LAN, L. M.; LONG, D. N. & MICHA, J. The effects of densities and feed types on the production of Macrobrachium rosenbergii (de Man) in the rotational rice–prawn system.

Aquaculture Research, 37, p. 1297-1304, 2006.

LIMA, S. B. P. et al. Valor nutricional da farinha da cabeça de camarão marinho Litopenaeus

vannamei para frangos de corte. Revista Caatinga, v. 20, n. 3, p. 38-41, 2007

MARTINEZ-CORDOVA, L. R.; PORCHAS-CORNEJO, A.; VILLARREAL- COLEMNARES, H.; CALDERON-PEREZ, J. A.; NARANJO-PARAMO, J. N. (1998). Evaluation of Three Feeding Strategies on the Culture of White Shrimp Penaeus vannamei Boone 1931 in low water exchange ponds. Aquacultural Engineering, v. 17, p. 21-28, 1998.

MARTIN, P.; BATESON, P. Measuring behaviour: an introductory guide. 3rd ed. Cambridge: Cambridge University, 2007. 176p.

MARQUES, H.L.A.; MORAES-VALENTI, P.M.C. Current status and prospects of farming the giant river prawn (Macrobrachium rosenbergii (De Man 1879) and the Amazon river prawn Macrobrachium amazonicum (Heller 1862)) in Brazil. Aquaculture Research, v. 43, 984-992, 2012.

MOLINA, C.; CADENA, E.; ORELLANA, F. Alimentacíon de camarones en relacíon a la actividad enzimática como una repuesta natural al ritmo circadiano y ciclo de muda. In: Cruz- Suaréz, Ricki-Marie, Tapia-Salazár, Olvera-Novoa, Civera Cerecedo (Eds). Avances en

Nutricíon Acuícola V. Memorias del V Simposium Internacional de Nutricíon Acuícola, p.

358-380, Yucatán, 2000.

NEW, M. B. Freshwater prawn farming: global status, recent research and a glance at the future. Aquaculture Research, 36, 210-230, 2005.

NEW, M. B.; NAIR, M. Global scale of freshwater prawn farming. Aquaculture research, v. 43, p. 960-969, 2012.

NUNES, A. J. P.; GODDARD, S.; GESTEIRA, T. C. V. Feeding activity patterns of the Southern brown shrimp Penaeus subtilis under semi-intensive culture in NE Brazil.

Aquaculture, Amsterdam, v. 44, p. 371-386, 1996.

NUNES, A. J. P.; PARSONS, G. J. Feeding Levels of the Southern Brown Shrimp Penaeus

subtilis in Response to Food Dispersal. Journal of the World Aquaculture Society, v. 30, n.

3, p. 331-348, 1999.

NUNES, A. J. P. Bandejas de alimentação na engorda de camarão marinho. Panorama da

Aquicultura, p. 39-47, 2003.

NUNES, A. J. P. et al. Growth performance of the white shrimp Litopenaeus vannamei reared under time and rate restriction feeding regimes in a controlled culture system. Aquaculture, v. 253, n. 1-4, p. 646-652, 2006

PONTES, C. S; ARRUDA, M. F. Comportamento de Litopenaeus vannamei (Boone) (Crustácea, Decapoda, Penaeidae) em função da oferta do alimento artificial nas fases claras e escuras do período de 24 horas. Revista Brasileira de Zoologia, v. 22, n. 3, p. 648-652, 2005.

PONTES, C. S.; ARRUDA, M. F.; LARA, MENEZES. A. L.; LIMA, P. P. Daily activity pattern of the marine shrimp Litopenaeus vannamei (Boone 1931) juveniles under laboratory conditions. Aquaculture Research, 37, p. 1001-1006, 2006.

PONTES, C. S.; SANTOS, D. B.; BESSA-JUNIOR, A. P. ARRUDA, A. M. V. Substituição de ração no crescimento de juvenis do camarão marinho Litopenaeus vannamei em laboratório. Revista Caatinga, v. 3, n.1, 121-126, 2010.

PRETO, B. L.; PIZZATO, G.M.; VALENTI, W. C. Uso de bandejas na alimentação na fase de engorda do camarão-da-amazonia Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862). Bol. Inst. Pesca., v. 34, n.1, p. 125-130, 2008.

SICK, L. V.; WHITE, D.; BAPTIST, G. The effect of duration of feeding, amount of food, light intensity, and animal size on rate of ingestion of pelleted food by juvenile penaeid shrimp. The Progressive Fisheries Culturist, 35, n. 1, p. 22-26, 1973.

SILVA, P. F. et al. A study of feeding in the shrimp Farfantepenaeus subtilis indicates the value of species level behavioral data for optimizing culture management. Marine and

Freshwater Behaviour and Physiology, p. 1-14, 2012.

SMITH, D. M.; BURFORD, M. A.; TABRETT, S. J.; IRVIN, S. J.; WARD, L. The effect of feeding frequency on water quality and growth of the black tiger shrimp (Penaeus monodon).

Aquaculture, v. 207, 125-136, 2002.

SHORT, J. W. A revision of Australian river prawns, Macrobrachium (Crustacea: Paleomonidade). Hydrobiologia, 525, p. 1-100, 2004.

TACON, A. G. J. Nutrición y alimentación de peces e camarones de cultivo: manual de capacitación. Documento de campo No 4. Proyecto Aquila II. FAO. Brasília, 1990, 570 p.

TACON, A. J. G.; CODY, J. J.; CONQUEST, L. D.; DIVAKARAN, S.; FORSTER, I. P.; DECAMP, O. E. Effect of culture system on the nutrition and growth performance of Pacific White shrimp Litopenaeus vannamei (Boone) fed different diets. Aquaculture Nutrition, v. 8, p. 121-137. 2002.

VALENTI, W. C. Cultivo de camarões de água doce. 2a ed. São Paulo: Nobel, 1985.

VALENTI, W. C. Carcinicultura de água doce: tecnologia para produção de camarões. Brasília: Fapesp/Ibama, 1998.

VALENTI, W.C. 2005. Boletim Latino-Americano & Caribenho da Sociedade Mundial de Aquicultura: Carcinicultura de água doce na América Latina. World Aquaculture Society,

Disponível em

https://www.was.org/LACWAS/boletins/boletim03/03_reportagem/02port_3.htm Acesso: 01 dezembro 2009.

VEGA-VILLASANTE, F.; NOLASCO-SORIA, H.; CIVERA-CERECEDO, R.; GONZÁLEZ-VALDÉZ, R.; OLIVA-SUÁREZ, M. Alternativa para la alimentacíon del camarón en cultivo: el manejo de la muda. In: Cruz-Suaréz, Ricki-Marie, Tapia-Salazár, Olvera-Novoa, Civera Cerecedo (Eds). V Simposium Internacional de Nutricíon Acuícola. Anais, p. 313-320, Yucatán, 2000.

VELASCO, M.; LAWRENCE, A. L.; CASTILLE, F. L. Effect of variations in daily feeding frequency and ration size on growth of shrimp Litopenaeus vannamei (Boone), in zero-water exchange culture tanks. Aquaculture, v. 179, 141-148, 1999.

VENERO, J. A.; DAVIS, A.; ROUSE, D. B. Variable feed allowance with constant protein input for the pacific white shrimp Litopenaeus vannamei reared under semi-intensive conditions in tanks and ponds. Aquaculture, v. 269, p. 490–503, 2007.

VINATEA-ARANA, L. 1999 Aquicultura e desenvolvimento sustentável: subsídios para formulação de políticas de desenvolvimento da aquicultura brasileira. Florianópolis: Editora da UFSC. 310p.

VINATEA-ARANA, L. Fundamentos de Aquicultura. Florianópolis: UFSC, 2004.

YAMAMOTO, M.E.; VOLPATO, G.L. (Orgs.). Comportamento animal. Natal: EdUFRN, 2011.

Documentos relacionados