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O ano de 1935 terminou com o pedido de renúncia da diretoria do Sindicato, em assembleia do dia 14 de dezembro. Em julho daquele ano201a diretoria havia encaminhado os novos estatutos, alinhados à nova lei de sindicalização (Lei nº 24.694, de 12 de julho de 1934) ao Departamento Estadual do Trabalho – D.E.T. –, porém até dezembro os estatutos ainda não haviam chegado ao Ministério do Trabalho para a aprovação. Isso colocava em xeque a existência legal do Sindicato, uma vez que era necessária a aprovação dos estatutos pelo Ministério do Trabalho para que ele permanecesse na legalidade. Os líderes sindicais, então, cedem às pressões do D.E.T. e deixam a direção.

No pedido de renúncia, dizia-se que há mais de um ano os novos estatutos passavam pelos processos burocráticos cabíveis e que, apesar dos esforços da diretoria, ainda não haviam chegado ao Ministério do Trabalho. Por isso, sabendo da impossibilidade de alcançar o resultado adequado – ou seja, a aprovação dos estatutos – a diretoria apresentava sua renúncia, e propunha sua substituição por uma Junta Governativa Provisória, “que se coloque a frente dos negócios do sindicato até que se obtenha o reconhecimento dos seus novos estatutos”202. Os

membros da Junta Governativa Provisória foram aclamados por unanimidade. Na mesma edição de Vida Bancaria há um carta “Aos bancarios”203, assinada por alguns membros da Junta Governativa Provisória, que afirmavam ser sua missão essencial a administração do Sindicato até que os estatutos fossem regularizados pelo Ministério do Trabalho, o que – eles acreditavam – seria rápido, e, então, se realizaria uma eleição para a direção sindical.

Porém, em 10 de fevereiro de 1936, a Junta Governativa Provisória apresentou o seu pedido de demissão coletiva, alegando que, apesar dos esforços envidados na tentativa de aprovação dos estatutos, nada havia sido conseguido no Ministério do Trabalho, e que foram informados, após várias tentativas de contato com o Ministério, que sua “permanencia na direção do Sindicato representava o principal obstaculo á almejada aprovação”204. Assim, novamente, o comando do Sindicato era passado a uma Junta Governativa Provisória. Dessa vez, no entanto, a mudança de orientação na administração sindical é explicitada logo na primeira edição de seu órgão oficial após a assunção da Junta. Em seus termos:

201 Relatório da gestão de 1935, apresentado pela diretoria á Assembleia Geral de 14 de dezembro de 1935, Vida

Bancaria, n. 156, p. 2, 18 de dez. de 1935.

202 O que se passou na nossa assembleia de 14 ultimo, Vida Bancaria, n. 156, p. 3 e 4, 18 de dez. de 1935. 203 A JUNTA GOVERNATIVA, Aos bancarios, Vida Bancaria, n. 156, p. 4, 18 de dez. de 1935.

[...] a orientação do Syndicato dos Bancarios de São Paulo está completamente modificada.

As nossas diretrizes, em defesa dos nossos direitos e pela conquista da nossa melhoria, serão outras bem differentes daquellas que foram e vieram sendo adoptadas ha trez annos e que redundaram na collocação da nossa instituição na illegalidade, acarretando para toda a classe, em primeiro logar a desunião que prevíramos, depois a formação de outra agremiação por elementos que se sentiam mal em nosso meio e que não podiam combater a orientação vigente, por inefficiencia de meios, dada a intolerancia, então dominante205.

Fica clara a proposta da nova Junta Governativa Provisória. Modificar a orientação política do sindicato, sua forma de atuação e de reivindicação, pois avaliavam que fora a maneira como a antiga diretoria conduzira o Sindicato que havia o levado àquela situação. Em entrevista ao Diário Popular, reproduzida pela Vida Bancaria, o presidente da Junta Governativa Provisória, Francisco Reimão Hellmeister, deixa claro o que se pretendia com a nova administração: conciliação. Para Reimão conciliação seria “o acordo de interesses reciprocos, entre empregadores e empregados, baseado nos termos insophismaveis das leis”206. Ou seja, apenas a conciliação de interesses de empregados e empregadores seria capaz de alterar a forma como o Sindicato vinha sendo conduzido desde 1933 e que o teria levado a situação em que se encontrava.

A Junta Governativa que assumiu trabalhou para fazer com que os estatutos convergissem com os interesses do D.E.T. Para isso, havia uma “colaboração com o Estado e a negação de qualquer antagonismo entre capital e trabalho”207. Ela não media esforços para se

adequar à nova ordem. Para garantir a continuação das atividades do Sindicato, a junta entregou uma lista de seus associados à Delegacia de Ordem Política e Social – D.O.P.S. – e se calou diante da demissão sumária de 26 bancários208. Em maio de 1936 foi publicado um artigo, assinado pela Junta Governativa Provisória, afirmando que o D.E.T. conhecia bem os atuais dirigentes do Sindicato e que a D.O.P.S. sabia “perfeitamente o que é a classe bancaria e que ella tendo á frente a actual Junta Governativa não vacillará em dar seu apoio integral para a manutenção das Instituições vigentes, pregando pela paz e pela ordem, para a grandeza de nossa Patria”209. No mesmo mês começaram a circular na imprensa notícias de que o Sindicato seria

fechado pois “todos os seus associados professam idéas não condizentes com o Regime”, e que os elementos “não contaminados do mal se retiraram daquelle Syndicato, para ir fundar um

205 A JUNTA GOVERNATIVA, Nova orientação syndicalista, Vida Bancaria, n. 159, p. 1, 20 de mar. de 1936. 206 Entrevista do Presidente da Junta Governativa Provisoria com o “Diario Popular”, Vida Bancaria, n. 159, p. 4,

20 de mar. de 1936.

207 CANEDO, O Sindicalismo Bancário em São Paulo: 1923-1944, p. 120.

208 GIRARDI JR., Classe média, meritocracia e situação de trabalho: o sindicalismo bancário em São Paulo

(1923-1944), p. 54.

outro, conhecido pelo nome de ‘Syndiké’”. Essas informações são contestadas por outra publicação, na mesma edição de Vida Bancaria. Nela, afirmava-se que a nova Junta Governativa “está procedendo a uma verdadeira obra social de saneamento, expurgando de seu seio os elementos considerados subversivos”210. Além disso, atrelava-se o não fechamento do Sindicato ao fato de que a Delegacia de Ordem Política e Social conhecia os membros da “classe bancaria”, e os atuais dirigentes da sua “Associação de Classe”211. Afirmava-se ainda

que os elementos que não estavam dispostos a “combater a orientação errada” do Sindicato haviam se retirado e fundado outra associação.

O manifesto da Junta Governativa Provisória, explicitava seus principais pontos de ação. O tom do documento é, novamente, de conciliação. Entre as frentes de ação apontadas estão a incrementação da seção de cultura física, “entrando em entendimento com a Liga Bancaria de Esportes Athleticos”, incrementar a seção de cultura intelectual, “com a acquisção dos melhores livros sobre os mais variados assunptos e realização de palestras e conferencias”, “proporcionar na séde, jogos de salão, como xadrez, dama, ludo, ping-pong, bilhar, etc” e fiscalizar o cumprimento das leis sociais já existentes, como “seis horas [,] férias, syndicalização, aposentadoria, etc...”212. Dentro desse esforço conciliatório, em meados de

1939 houve a união dos dois sindicatos representantes dos bancários em São Paulo, selando-se a união e conciliação da categoria213. Essa união fez com que o órgão oficial do Sindicato mudasse de nome, passando a se chamar Folha Bancaria. Em 1941 mais uma alteração é feita no nome da associação, que passa a se chamar Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários214.

É nesse momento de mudança na orientação sindical que o esporte, ou, utilizando as palavras do manifesto, a cultura física, e os jogos de salão ganham destaque novamente na política sindical. O que pretendemos nesse capítulo é analisar de que maneira, em um momento em que há maior adequação da atuação do Sindicato ao projeto governamental, o esporte foi reinserido nas páginas do seu órgão oficial e como ele fez parte da construção da cultura dos bancários durante o Estado Novo. Para isso trataremos primeiro, brevemente, do Estado Novo e de sua política em relação aos esportes.

210 Desfazendo boatos de que o Syndicato dos Bancarios de São Paulo será fechado, Vida Bancaria, n. 160, p. 3,

15 de maio de 1936.

211 Ibid.

212 HELLMEISTER, Francisco P. Reimão, À classe bancaria, Vida Bancaria, n. 159, p. 6, 20 de mar. de 1936. 213 Ainda a fusão dos sindicatos bancarios dessa capital, Vida Bancaria, n. 177, p. 6, 06 de jun. de 1939. 214 Adaptação do Sindicato a Lei 1402, Folha Bancaria, n. 6, p. 2, fev. de 1941.

Em 10 de novembro de 1937, sob o comando de Getúlio Vargas e com apoio de forças antidemocráticas e do Exército, é deflagrado o golpe que daria origem ao Estado Novo. Havia, a partir daí, a tentativa de romper com um passado atrasado e dar início a um novo momento da história do país215, consolidando-se uma política de massas que já vinha sendo ensaiada desde o início da década216. Maria Helena Capelato217 propõe a divisão do período do

Estado Novo em dois momentos distintos. Os anos entre 1937 e 1942, que são caracterizados pelas reformas e pela tentativa de legitimação do novo regime, e os anos entre 1942 e 1945, que mostram as contradições de um regime que, ao entrar na 2ª Guerra Mundial contra as potências do Eixo, se encontrava na necessidade de romper com algumas práticas até então utilizadas, como a centralização política e a aproximação, ainda que negada, às políticas fascistas. Nesse segundo momento, houve uma tentativa mais direta de aproximação com as classes trabalhadoras em busca de apoio.

Após o golpe de 1937, foram abolidos os partidos políticos e o Parlamento, colocando-se fim aos intermediários entre o governo e povo. Houve intervenção direta nos estados, através da nomeação de interventores da confiança de Getúlio Vargas218. A fim de assegurar a legitimidade do novo governo, foram utilizadas a propaganda política governamental e a repressão aos opositores219. Foi nesse momento que a legislação trabalhista ganhou destaque. Inspirada na “Carta Del Lavoro”, da Itália fascista, ela visava a regulamentação de conflitos entre empregadores e empregados, além de controlar as atividades sindicais que, até aqui, eram independentes.

O ano de 1942 viu nascer uma lei que visava a sistematização de diversas leis referentes ao mundo do trabalho, como a do “salário mínimo, férias, limitação de horas de trabalho, segurança, carteira de trabalho, justiça do trabalho, tutela dos sindicatos ao Ministério do Trabalho”220: a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Ela representava, “de um lado, o atendimento das reivindicações operárias que foram objeto de intensa luta da categoria por diversas décadas, e, de outro, o controle, através do Estado, das atividades independentes da classe trabalhadora, que acabou perdendo autonomia através do controle estatal”221.

215 DRUMOND, Estado novo e esporte, p. 104.

216 CAPELATO, Maria Helena, O Estado Novo: o que trouxe de novo?, in: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucila

de Almeida Neves (Orgs.), O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo., 7. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015, p. 110.

217 Ibid., p. 113. 218 Ibid., p. 116. 219 Ibid., p. 117. 220 Ibid., p. 121. 221 Ibid.

Em 31 de agosto de 1942, como já dito, o Brasil declara guerra contra Alemanha e Itália, posicionando-se a favor dos Aliados. Nesse momento intensifica-se o apoio ao líder do Estado Novo, e até mesmo o Partido Comunista “definiu-se pela ‘união nacional’ em torno do chefe de governo”222. Porém, com o final da guerra, a derrota das potências do Eixo colocou

em evidência as contradições do regime instalado no Brasil em 1937. Internamente, havia atitudes e propostas políticas semelhantes às dos regimes autoritários derrotados. Externamente, a defesa da democracia. Isso fez enfraquecer a figura de Vargas, que ganhara prestígio nos anos anteriores, deixando explícita a oposição ao regime. Os getulistas, ao perceberem a impossibilidade de manutenção do regime, passaram a tentar fazer parecer que a redemocratização passava pelas mãos desse Estado. A partir de 1943 as manifestações contrárias ao regime e favoráveis à liberdade começaram a acontecer223. Em 1945 se contradizia abertamente o Estado Novo, como é possível perceber na entrevista concedida à Folha Bancaria pelo senhor Abeleio Bittencourt Dias, ex-presidente do Sindicato dos Bancarios de Santos, na qual ele afirma que “os bancarios nada devem ao Estado Novo”224.

Uma das estratégias utilizadas pelo Estado Novo na tentativa de aproximação com o povo foi a utilização do esporte. Os estádios de São Januário, no Rio de Janeiro e do Pacaembu, em São Paulo foram utilizados diversas vezes por Vargas em aparições públicas, principalmente nas comemorações de 1º de Maio. Porém, essa não foi a única forma de apropriação do esporte pelo Estado Novo. O esporte era visto como “escola de qualidades essenciais”225 para a formação de bom cidadão, afastando seus praticantes de hábitos nocivos e

os conduzindo para o caminho do caráter e do corpo são. Esse não era um discurso novo. Vimos no capítulo 2 que esse era o pensamento vigente no início dos anos 1930, e que sustentava, pelo menos de maneira teórica – uma vez que vimos que as formas de prática esportiva não estavam necessariamente pautadas pela teoria defendida pela L.B.E.A. –, a prática esportiva dos bancários. A novidade aqui é a utilização dessa visão de esporte como parte do projeto político do país. Houve ainda a tentativa de tutelar a prática esportiva dos trabalhadores, como mostrou Ângela Bretas226 ao analisa o Serviço de Recreação Operária – S.R.O., criado em 1943, sob

responsabilidade do Estado, com o objetivo de coordenar a recreação e prestar assistência aos sindicatos. Ou seja: pretendia-se aumentar o controle do Estado sobre os trabalhadores. O

222 Ibid., p. 135. 223 Ibid., p. 136–138.

224 Os bancarios nada devem..., Folha Bancaria, n. 24, p. 7, maio de 1945. 225 DRUMOND, Estado novo e esporte, p. 119.

226 BRÊTAS, Ângela, O Serviço de Recreação Operária - 1943-1945: uma experiência do governo Vargas no

esporte seria, assim, “o meio pelo qual se daria não apenas o aperfeiçoamento físico, mas também o processo de socialização fundamental para o trabalho em equipe nas oficinas e empresas”227. Mauricio Drumond228 nos mostra que as tentativas de tutela do esporte,

principalmente a partir da educação física da juventude e da organização do universo esportivo dos trabalhadores pelo Estado Novo brasileiro foram menos bem sucedidas do que a do Estado Novo português, onde a criação da Mocidade Portuguesa e da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho tiveram maior centralidade no regime. No entanto, o autor demonstra pontos de contato importantes entre as políticas esportivas de Vargas e Salazar. Porém, para além das tentativas institucionais de efetivação das práticas esportivas, os trabalhadores possuíam um universo esportivo próprio, que tinha, evidentemente, relação com o universo esportivo geral, mas que, defendemos, guardava algumas especificidades. Aqui, viemos tentando analisá-las a partir do caso dos bancários paulistanos. Vamos a eles, então.

Esses foram anos marcados por um aumento no incentivo dos chamados “jogos de salão”: xadrez, snooker e ping-pong. Era preciso frequentar a sede, “tomar parte nas diversões nela existentes, estreitando assim os laços de camaradagem que devem existir entre nossos colegas”229. Passam a ser realizados campeonatos dessas modalidades, que parecem ter grande aderência dos bancários, incentivando a compra de mesas pelo Sindicato. No entanto, o carro chefe do esporte bancário continuava sendo o futebol.

227 DRUMOND, Estado novo e esporte, p. 144. 228 DRUMOND, Estado novo e esporte.

Imagem 12 – Torneio de Xadrez230

Fonte: Torneio de Xadrez, Vida Bancaria, p.13, jun. de 1940

Os campeonatos de futebol da L.B.E.A. continuavam sendo bastante disputados, e, nesse momento, voltam a ter atenção do órgão oficial do Sindicato. Em 1941 a seção esportiva do jornal passa a se chamar Folha Esportiva, e chega a conter até 3 páginas, nas quais eram descritos com detalhes os próximos passos dos campeonatos – sempre com destaque para o futebol – e os acontecimentos das rodadas anteriores. Entre 1936 e 1945 participaram do campeonato, não todos ao mesmo tempo, os seguintes clubes: A. A. Banco do Brasil (que disputou o campeonato pela primeira vez em 1942), A. A. Banco Nacional do Commercio, Bancaleman F. C., Banco Português do Brasil A. C., C. A. Banco de São Paulo, C. A. Minasbank, C. E. Banco Nacional Ultramarino, C.A. Germanico, City Bank Club, E. C. Banco Italo Brasileiro, E. C. Banco Mercantil, E. C. Banco Noroeste, E. C. Bancolanda, E. C. Banespa, London Bank Club, Satelite F.C. e E. C. Sudameris.

O atletismo também contava com boa participação dos bancários paulistanos. É possível perceber um crescimento no interesse por essa modalidade. Em 1931, primeiro ano do campeonato de atletismo, havia 6 clubes na disputa, com 54 atletas. O vencedor nesse ano foi

230 Flagrante da partida simultanea dirigida pelo bravo representante do Clube Xadrez São Paulo, Snr. Arrigo

o Clube Banco Commercial. Em 1933, na segunda edição do Campeonato, havia 71 atletas na disputa, sendo vencido pelo Induscomio. 1934, como vimos, foi o ano da celeuma bancária, que atingiu o Sindicato e a L.B.E.A. fazendo com que o Campeonato de Atletismo daquele ano fosse organizado pela F.P.A., tendo tido pouca aderência dos bancários. Esse campeonato teve o C. A. Banco de São Paulo como campeão. No ano seguinte o Campeonato também teve pouca aderência, contando apenas com 43 atletas na disputa, ficando muito aquém das expectativas da L.B.E.A. Novamente, o campeão foi o C. A. Banco de São Paulo. Os dois anos que seguem não viram a realização do Campeonato de Atletismo, por “motivos de força maior”231, que não

foram explicitados nas páginas da Vida Bancaria. Em 1939, já no final de seu mandato, a diretoria da Liga organizou a quinta edição do Campeonato, que foi realizado em 1940, com o concurso de 86 homens tendo sido vencido novamente pelo C. A. Banco de São Paulo. Foi lançada nesse ano a taça XVI de abril – data da fundação do Sindicato – que seria concedida ao clube que vencesse o campeonato por duas vezes consecutivas ou por 3 vezes alternadas. O troféu ficou em posse do C. A. Banco de São Paulo, vencedor das duas últimas edições do campeonato. No VI Campeonato de Atletismo, em 1941, puderam tomar parte todos os funcionários de Bancos, Casas Bancárias e Caixas Econômicas, desde que contribuíssem com o I.A.P.B. Assim, atletas de clubes filiados ou não à L.B.E.A. poderiam participar da disputa. Nessa edição, seis recordes bancários foram batidos, demonstrando que “os bancarios consideram o esporte uma cousa bastante séria”232. Houve grande número de pessoas nas

arquibancadas233, como é possível constatar pela fotografia a seguir.

231 Atletismo, Folha Bancaria, n. 4, p. 11, jun. de 1940.

232 O C. A. Banco de São Paulo venceu o 6o Campeonato Bancario de Atletismo, Folha Bancaria, n. 7, p. 12, jun.

de 1941.

233 É provável que esse campeonato tenha ocorrido na pista de atletismo do Clube Esperia, na Ponte Grande. O

Imagem 13 – Aspecto dos assistentes e participantes do 6º Campeonato Bancario de

Atletismo

Fonte: O C. A. Banco de São Paulo venceu o 6o Campeonato Bancario de Atletismo, Folha

Bancaria, n. 7, p. 12, jun. de 1941.

O Campeonato de 1942, último realizado dentro do nosso período de estudo, contou com a inscrição de cinco novos clubes, o do Banco Mercantil, London Bank, Bancolanda, Italo- Brasilero e Satelite F.C.234. Esse último, apesar do pouco tempo de treino que teve, se destacou, tendo até mesmo vencido alguns clubes veteranos, servindo “de exemplo para os demais filiados”235.

Mas mais importante aqui do que a descrição de cada um desses campeonatos, são os encontros entre paulistas e cariocas. A Liga Bancaria de Esportes – L.B.E., entidade

234 O 7o campeonato bancario de atletismo, Folha Bancaria, n. 9, p. 8, maio de 1942. 235 O 7o Campeonato Bancario de Atletismo, Folha Bancaria, n. 10, p. 6, jun. de 1942.

organizadora do esporte bancário no Rio de Janeiro, foi fundada em 05 de abril de 1936, oito anos após a sua coirmã paulista, mas vinha tendo grande êxito até então236.

Os encontros foram iniciados em outubro de 1938, quando os selecionados de bola ao cesto e futebol de São Paulo foram ao Rio de Janeiro disputar com os selecionados cariocas dessas modalidades. A Vida Bancaria não aponta o vencedor das disputas, dando a entender que essa informação é a menos relevante, uma vez que o encontro esportivo serviria para a boa amizade entre os bancários. Uma retribuição da visita é feita pelos cariocas em dezembro do mesmo ano, novamente contando com selecionados de futebol e bola ao cesto. Dessa vez nos são apresentados os resultados dos jogos: a seleção carioca saiu na frente no jogo de futebol, disputado no estádio do E. C. Corinthians Paulista, mas os paulistas viraram o jogo, que terminou em 3x1, dando a eles a taça “Paulo Tavares”. Houve nesse jogo “uma das maiores assistencias dos ultimos tempos, a qual não poupou aplausos fervorosos a ambos os quadros”237. No jogo de bola ao cesto, realizado na sede do E. C. Banespa, foram os cariocas os campeões, por 39x28. O autor do texto, sob o pseudônimo de El-Maestro, fazia votos para que os próximos encontros não ficassem restritos a essas duas modalidades, já que o esporte “além de ser propulsor e entrelaçador da sã amizade, é também salutar e aperfeiçoador da coletividade”238.

Imagem 14 – A turma dos bancários paulistas que venceu no Rio

Fonte: Jogam hoje, no campo do Parque S. Jorge, os bancarios do Rio e de São Paulo, Correio Paulistano, p.12,

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