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AO EIXO DA DRENAGEM P1 P

II. Solo reforçado:

O processo de reforço consiste em introduzir no maciço elementos que possuam elevada resistência à tração (fitas metálicas, mantas geotêxteis, malhas ou barras de aço) ou compressão (calda de cimento). Os sistemas mais conhecidos são:

 Terra armada: consiste em reforçar o solo com fitas metálicas ou geossintéticos, em que o maciço reforçado fica faceado por painéis pré-fabricados de concreto. Atualmente os geossintéticos são os mais utilizados, podendo ser incorporados aos muros de arrimo, aterros e em todas as obras onde se faz necessário estabilizar o material inconsolidado. Como vantagens deste sistema cita-se a utilização do material local (solo) e estrutura flexível tolerante a recalques diferenciais e como desvantagem pode-se mencionar a durabilidade;

 Cortina atirantada: é o reforço do maciço com a inclusão de barras ancoradas no terreno e, por meio de injeção de calda de cimento na parte inferior dos elementos, forma o bulbo de ancoragem ligado à parede estrutural por meio da cabeça do tirante. Este sistema vence qualquer altura, porém possui alto custo e execução lenta;

 Solo grampeado: técnica de melhoria de solos que permite a contenção de taludes com execução de chumbadores, concreto projetado e drenagem. Os chumbadores promovem a estabilização geral do maciço, o concreto projetado dá estabilidade local junto ao paramento. A estabilização do maciço ocorre passivamente, é necessário que haja uma deformação do maciço para que o grampo comece a trabalhar. Possui baixo custo, é executado com equipamentos leves, adapta-se às condições locais, suporta deformações e rápida execução.

3.3.2 Ações não estruturais para a redução de riscos

As ações não estruturais são parte das atividades de gerenciamento de risco e compreendem um conjunto de medidas estratégicas, sem envolver obras de engenharia, voltadas para a redução do risco e de suas consequências, utilizando ferramentas de gestão e mudanças de comportamento pelo poder público, pelos moradores das áreas de risco e pela sociedade em geral. São aquelas em que se aplica um rol de medidas relacionadas a políticas

urbanas, planejamento urbano, legislação, planos de defesa civil, formas de monitoramento permanente e educação. São consideradas tecnologias brandas e, normalmente, têm custo muito mais baixo que as medidas estruturais, além de apresentar bons resultados, principalmente na prevenção dos desastres (COUTINHO & BANDEIRA, 2012b).

Alheiros (2008) cita algumas medidas básicas não estruturais de redução de riscos:  Definir e implementar o modelo de gestão de risco que atenda aos problemas do

município;

 Fortalecer a Defesa Civil e o Controle Urbano Municipal através da ampliação e capacitação dos quadros técnicos, da melhoria das condições de infraestrutura e do respaldo político da gestão municipal;

 Conhecer os processos destrutivos e o mapeamento das áreas de risco, bem como propor medidas de mitigação e redução de risco;

 Garantir o monitoramento permanente dos setores de risco alto e muito alto, atualizando os cadastros das famílias que ocupam estes setores;

 Considerar a redução de risco nos Planos Diretores Municipais;

 Realizar ações de conscientização dos moradores para os problemas da área que ocupam;

 Montar Planos de Contingência para o período de chuvas;

 Elaborar o Plano Municipal de Redução de Risco para o planejamento das intervenções de obras necessárias.

O Plano Municipal de Redução de Risco induz a Defesa Civil a aproximar-se das comunidades em áreas de risco, fortalecendo a educação ambiental focada na compreensão dos processos destrutivos e nos cuidados exigidos para a convivência com o risco, tendo resultado importante na redução da vulnerabilidade das famílias ameaçadas por acidentes, que passam a assimilar práticas cotidianas mais seguras. Tem efeito, ainda, sobre a conservação de obras e proteção dos investimentos feitos nas áreas de risco, pela ação consciente dos grupos organizados (BRASIL, 2010).

Pela sua importância, a educação foi incluída nos procedimentos propostos pela UNDRO (1991), do Modelo para o Gerenciamento do Risco. A prevenção é o instrumento mais eficaz para reduzir os desastres e a educação é o sistema que melhor responde às mudanças de comportamento. Desse modo, a educação deve ser enriquecida com a inclusão de conhecimentos e experiências locais e soluções pragmáticas, com o intuito de serem colocadas em prática pela própria população.

De acordo com Brasil (2010, p. 19):

A informação pública e a capacitação, tanto para os agentes públicos municipais quanto para os moradores dos assentamentos sujeitos a riscos é uma estratégia de grande efeito no gerenciamento de riscos. Ouvir as experiências e orientar os moradores dos assentamentos precários sobre as situações de riscos existentes, as suas causas e as alternativas de obras e ações para minimizá-los, pode resultar no estabelecimento de parcerias na gestão de risco, no compartilhamento de responsabilidades de monitoramento e prevenção.

As formas de abordagem às comunidades podem ser feitas através de cursos, oficinas, palestras, manuais e cartilhas, bem como de outras formas culturais e artísticas que possibilitem a capacitação de crianças, jovens, adultos e idosos. Também deve ser incentivada a utilização dos meios de informação como rádio, televisão e imprensa escrita na divulgação de conteúdos explorando a identificação dos perigos, vulnerabilidades, medidas de prevenção e mitigação e sistemas de alerta (BRASIL, 2010).

Coutinho e Bandeira (2012) citam alguns programas municipais e metropolitanos que foram realizados para a melhoria da qualidade do gerenciamento das áreas de risco na RMR. Um deles é o Programa Metropolitano “Viva o Morro” criado em 1997 e reconhecido pelo Minstério das Cidades e pelo Ministério da Integração Nacional como exemplar para o país, gerenciando várias ações estruturais e não estruturais nas áreas de encostas e alagados. Em 2006 a Agência CONDEPE / FIDEM fez convênio com o GEGEP / UFPE para a realização de um curso prático de obras de contenção de encostas e em 2010 deu continuidade à capacitação de 90 técnicos municipais, condição imprescindível para romper com as práticas de ações emergenciais. Em 2001 a Defesa Civil do Recife implantou em suas ações o “Programa Guarda- Chuva”, baseado nos seguintes princípios: Defesa Civil permanente; ação descentralizada (estações nos morros); administração de proximidade; visão sistêmica dos espaços; integração dos órgãos do sistema; intervenção continuada de pequeno porte e; participação direta das populações afetadas. Os autores destacaram, ainda, a experiência da Defesa Civil de Camaragibe que foi a primeira implantada no espaço metropolitano.

4 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DE VULNERABILIDADE, SUSCETIBILIDADE E DO RISCO

Nesta seção serão apresentadas as metodologias qualitativas para o mapeamento da vulnerabilidade, suscetibilidade e do risco a processos de movimentos de massa e inundação em áreas urbanas do município de Camaragibe – PE. Estas metodologias, baseadas em experiências anteriores da UFPE, foram elaboradas para atender ao projeto “Avaliação da vulnerabilidade e do risco em áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações em Pernambuco”, por solicitação do Ministério da Integração Nacional.

4.1 ETAPAS DA METODOLOGIA

Antes do início dos trabalhos, procurou-se realizar um levantamento das principais metodologias existentes para fundamentar teoricamente o tema. Esta fase foi importante para uniformizar o entendimento dos principais aspectos conceituais e metodológicos envolvidos na elaboração da análise da suscetibilidade, da vulnerabilidade e do risco.

A metodologia para avaliação da vulnerabilidade foi desenvolvida a partir do conhecimento de profissionais de geologia, geomorfologia, recursos hídricos, geotecnia, resiliência, geoprocessamento e cartografia, que fazem parte do grupo GEGEP/UFPE e através de referências bibliográficas. Para a análise da suscetibilidade, foram aperfeiçoadas as experiências do mesmo grupo e da UFPE em mapeamentos de risco realizados anteriormente na Região Metropolitana do Recife.

Esta metodologia foi aplicada inicialmente no município piloto de Ipojuca e, após avaliações e complementações pertinentes, foi aplicada nos municípios de Abreu e Lima, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes, Moreno e Recife (área piloto na comunidade de Lagoa Encantada) em cumprimento à parceria que o GEGEP / UFPE firmou junto ao Ministério da Integração Nacional. Devido à complexibilidade do tema e a diversidade de cenários que se tem no país, trata-se de um trabalho que está em constante aperfeiçoamento e evolução.

Fazem parte do desenvolvimento atividades em campo e de escritório, contando sempre com o apoio da Defesa Civil municipal e de secretarias pertinentes. As atividades de coleta de informações são realizadas através de formulários desenvolvidos pela equipe.

O fluxograma da metodologia aplicada nas áreas sujeitas aos processos de movimentos de massa e inundações, apresentadas nas seções 4.2 e 4.3, é apresentado na Figura 4.1 e na sequência encontra-se uma breve descrição de cada etapa.

Figura 4.1 – Fluxograma da metodologia para avaliação de risco a movimentos de massa e inundação

I. Planejamento:

Nesta fase foram identificados os setores de risco médio, alto e muito alto a processos de movimentos de massa e inundação, que constam no PMRR de Camaragibe (2006) e no levantamento do CPRM – Serviço Geológico do Brasil realizado para o PPA 2012-2015. Foram adquiridos equipamentos GPS, com precisão adequada para a coleta de coordenadas geográficas, e máquinas fotográficas. Realizou-se um cronograma de todas as atividades a serem executadas em campo e escritório, de acordo com a quantidade aproximada de moradias de cada um dos setores de risco.