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Soluções ambientais e seus reflexos no espaço urbano

3. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS E O DESENVOLVIMENTO URBANO

3.1 Soluções ambientais e seus reflexos no espaço urbano

Reverter o panorama ambiental das cidades é uma dificuldade extrema e pressupõe a necessidade de buscar saídas estratégicas diversas e que se adequem ao cenário urbanístico já estabelecido, pois, é inviável o simples desfazimento de edificações para abertura de espaços verdes ou mesmo criação de parques em cidades que sequer possuem espaço para tal. Considerando esse impasse, urge encontrar soluções ambientais para a malha urbana.

Com base nas soluções citadas em leis municipais anteriormente analisadas, nas quais se institui o IPTU Verde, passaremos à análise de algumas e seus reflexos positivos no meio urbano, quais sejam: a) telhados verdes, b) painéis fotovoltaicos, c) sistema de coleta e reuso de água pluvial, d) calçadas ecológicas.

a) Telhados Verdes

Essas plantações horizontais são coberturas vegetais instaladas, nos telhados das construções. Sua estrutura é composta por sistema de drenagem, substrato e a planta de cobertura. Tem sido uma alternativa bem abraçada nas cidades. Além da valorização estética do imóvel, os telhados verdes possuem uma vantagem relevante quanto ao escoamento pluvial, o que pode reduzir o risco de enchentes na cidade. Neto, (2014, p. 44) cita o estudo feito nesse sentido:

Um estudo feito em um telhado localizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) mostrou que a utilização do TV como medida do controle quantitativo do escoamento pluvial é muito satisfatória. No período em que ele foi monitorado, chegou-se a valores médios de 40% de redução do volume escoado comparado com o telhado convencional, sendo que em períodos de baixa pluviometria esses valores ultrapassam até 90% (PERSCH et al., 2011). Essa diferença é causada pela maior capacidade de armazenamento de água no telhado em períodos de estiagem.

Incontroverso que a água que passa pelos telhados verdes, sofre filtragem natural, melhorando sua qualidade, sendo devolvida, no escoamento, uma água com menor quantidade de metais. Conforme Garrido Neto (2012, p. 116):

As coberturas verdes podem contribuir na redução da poluição da água pluvial causada pela drenagem urbana durante as enchentes, absorvendo poluentes depositados nas superfícies e na atmosfera, contribuindo diretamente na remediação hidrológica em centros urbanos (BERNDTSSON, 2006 apud IBIAPANA et al., 2010)

Também mostra significativa vantagem quanto a eficiência energética, reduzindo o consumo de energia relativos ao resfriamento da edificação. Conforme Catuzzo (2014, p. 195)

De modo geral, analisando e comparando os gráficos dos dados gerados pelo telhado verde e de concreto, se observou que nos dias mais quentes o telhado verde apresenta um menor aquecimento, decorrente da vegetação que absorve e reflete parte da radiação solar que chega a superfície terrestre por meio de ondas curtas, A vegetação neste caso propicia um atraso no aquecimento da temperatura do ar, mantendo a umidade maior, diferentemente do telhado de concreto que aquece rapidamente e horas antes que o telhado verde.

Igualmente eficiente no que tange a redução da poluição atmosférica, como menciona Jesus (2018, p. 17-18):

[...] ondas térmicas verticais que são produzidas devido o aquecimento de superfícies e edifícios durante o verão, auxiliam na movimentação de partículas de poeiras e partículas de sujeira encontradas no solo, que são transportados e distribuídos pelo ar, contribuindo prejudicialmente a saúde do ser humano podendo gerar problemas respiratórios, porque os mecanismos de expulsão destes poluentes não são eficientes, e em casos mais extremos contribui para a formação de câncer na faringe e na laringe conforme publicação do Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente (2012).

Entretanto, ao utilizar esse sistema construtivo de coberturas verdes contribui-se para a diminuição da poluição melhorando a qualidade do ar das cidades, pois a vegetação absorve as sustâncias tóxicas e libera oxigênio na atmosfera [...].

Então, notamos que os telhados verdes são extremamente funcionais para: reduzir o escoamento superficial; “filtrar” águas pluviais; reduzir o consumo de energia; além de agregarem valor estético ao imóvel.

b) Painéis Fotovoltaicos

Os painéis fotovoltaicos são responsáveis pela geração de energia solar. Possui como vantagens principais a redução da demanda de energia e emissão de gases de efeito estufa, conforme nos mostra Navarro e Fernandes (2015, p.152):

O aumento na utilização de energia tem sido frequentemente relacionado ao aumento das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), principalmente quando o cenário hidroenergético é desfavorável e condiciona o sistema ao despacho mais intenso de termelétricas. Em contrapartida, as energias renováveis surgem como uma possibilidade de se dissociar essa correlação, garantindo a sustentabilidade do

desenvolvimento nacional. Além disso, o uso de fontes renováveis oferece a oportunidade de ampliar o acesso a serviços modernos de energia para os membros mais pobres da sociedade. Essa ampliação cumpre um dos principais objetivos do Novo Modelo do setor elétrico, que é o de se promover o fornecimento generalizado de energia elétrica.

Portanto, observamos a eficiência desses painéis quanto a redução das ilhas de calor, pois os gases de efeito estufa evitam o escape da radiação.

Pelo ponto de vista do contribuinte, os painéis fotovoltaicos apresentam relevante benefício econômico na redução da tarifa de consumo de energia, através da compensação de créditos conforme Resolução Normativa nº 687, da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), podendo até, em áreas de relevante incidência solar, fornecer a energia excedente à rede de distribuição da localidade.

c) Sistema de Coleta e Reuso de Água Pluvial

Esse sistema capta a água da chuva e a reutiliza para fins não potáveis, como na descarga de vaso sanitário, máquina de lavar roupas, irrigação, etc. Na instalação residencial, pode reduzir até 30% do consumo de água potável e mais de 50% do valor da tarifa paga no consumo (FILHO et al, 2019). Além das vantagens ao contribuinte, merece destaque o benefício na drenagem urbana, conforme Salomão, Oliveira e Liesner (2020, p. 19):

Além das vantagens ambientais e econômicas que a implantação deste sistema pode trazer, tal medida favorece também o sistema de drenagem urbana, fazendo com que haja redução do volume escoado, amenizando impactos e ocorrência de enchentes ou inundações.

O custo de implantação do sistema é relativamente pequeno, se comparado com a redução gradativa nas tarifas de água e esgoto; o que justifica a sua viabilidade.

Ao reduzir o escoamento das águas pluviais evita-se que os munícipes de áreas mais atingidas pelas enchentes percam bens materiais, sejam obrigados a andar por lugares insalubres, suscetíveis a doenças e podem evitar até mesmo mortes que acontecem em decorrência dessas enchentes.

d) Calçadas Ecológicas

As calçadas ecológicas são aquelas feitas em material poroso ou pavimento intertravado, que dá permeabilidade à água. Assim como os telhados verdes e o sistema de reuso de água pluvial, as calçadas ecológicas evitam o volumoso escoamento de água pluvial,

reduzindo os riscos de enchentes e inundações. Segundo a Cartilha de Arborização Urbana do Município de Águas de Prata (2017 p. 21):

As calçadas verdes ainda diminuem os riscos e a intensidade dos alagamentos já que absorvem as águas pluviais, contribuem para uma menor variação de temperatura e ajudam a manter a saúde das árvores, pois permitem que as raízes tenham espaço para crescer e absorver as águas das chuvas. Isto sem falar no belo efeito que conferem ao paisagismo do local.

Naturalmente, as calçadas impermeáveis, feitas com cimentos, são mais suscetíveis à enxurradas, causando estragos e resultando na precariedade de locomoção nas áreas urbanas, o que denota flagrante desrespeito aos munícipes com condições especiais, como cadeirantes, devido às depressões que surgem após as chuvas. Por isso as calçadas ecológicas se mostram extremamente relevantes nesse sentido.

Importante ressaltar que as soluções analisadas, demandam projetos e empresas aptas a elaborar essas adequações ambientais, portanto, podemos concluir que também criam postos de empregos, outro fator positivo ao desenvolvimento urbano e redução de desigualdade social.

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