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2 A SPECTOS P OLÍTICOS E NVOLVIDOS NO P ROCESSO DE D ESCENTRALIZAÇÃO S EGUNDO O R ELATÓRIO

A I MPLANTAÇÃO P RIMEIRAS M EDIDAS

2 A SPECTOS P OLÍTICOS E NVOLVIDOS NO P ROCESSO DE D ESCENTRALIZAÇÃO S EGUNDO O R ELATÓRIO

Ao se analisar as considerações do Relatório do Banco Mundial quanto a conjuntura política brasileira e nesse contexto a educação, encontram-se conclusões equivocadas acerca do processo educacional e de descentralização do sistema de ensino. Tais equívocos, todavia, não foram combatidos suficientemente, a não ser pelas Associações de Professores que entretanto entraram no debate acerca da participação do Banco na área do financiamento educacional, com posição fechada.

Ao concluir que professores, prefeitos e burocratas do sistema tinham interesse em manter o “status que” o Banco Mundial reduzia a complexidade de relações que verificam-se no Plano de Serviço Público e recomenda uma estratégia até certo ponto ingênua de resolver tal complexidade através da formação de uma comissão de cidadãos distintas.

Uma comissão de cidadãos distintos, de fato, formou o Núcleo de Gestão Estratégica formado para garantir o amadurecimento das propostas que viriam integrar o Programa de Reforma do Governo Fleury.

− “As Associações de Professores, os prefeitos e os burocratas do sistema, têm um grande interesse em manter o “status quo”. Uma vez que um novo sistema exigirá nova postura assim como mudanças legais e orçamentarias, será apropriado usar uma forma de comissão formada por um grupo de cidadãos distintos para rever os assuntos e fazer recomendação, como uma maneira de informar ao público interessado sobre o valor da municipalização, assim como tratar das questões na área política.”

− A comissão proposta utilizará como ponto de partida os problemas e questões do atual sistema. Ela reverá as razões para estabelecer um sistema que dê aos municípios e as escolas força financeira e poder de decisão, para a resolução dos problemas potenciais e questionamento. Ela identificará as estruturas organizacionais e necessidades financeiras para fazer um trabalho de descentralização. A comissão atenderá as administrações das escolas do ensino

fundamental e ensino médio. O estado continuará a ser responsável pela educação em nível superior.

− A fim de assegurar a maior participação possível e aceitação, o Governo deverá estabelecer uma comissão de ilustres cidadãos e representantes (10 - 12 membros de todos os setores da sociedade) para concordância dos termos do referenciado estudo e para selecionar e trabalhar com um pequeno grupo (se possível com uma firma de consultoria) onde se inserirá um educador, um economista, um especialista em gerenciamento, um grupo de apoio. O relatório final deverá, desta forma, ser o relatório da Comissão mais do que do Estado ou de pessoas ou dos consultores.

Quando se conclui a leitura de tais recomendações ficam claras as condições objetivas que cercavam o Governo Fleury, ao propor seu Programa de Reforma:

− Aceitar, por força de compromissos assumidos por outros governos, o forte apelo do Banco Mundial que buscava intervir no processo de transformação do sistema de ensino brasileiro objetivando favorecer as estratégias de “qualificação” de nossa força de trabalho e de nosso mercado consumidos.

− Adequar seu Programa de Reforma de tal maneira que este não interferisse no Projeto inovações no ensino básico, financiado pelo Banco Mundial, cuja implantação acaba de ocorrer, em 1998, nas escolas da grande São Paulo.

− Pautar-se pelas recomendações do Banco para não comprometer as linhas de financiamento já em andamento, desde 1988.

As recomendações do Banco não eram incabíveis ou completamente contrárias aos interesses educacionais da sociedade brasileira. Entretanto as relações do Banco com a Secretaria da Educação, expressas nos conteúdos dos documentos analisados, indicam uma condição de sujeição desta, aquele.

Tal condição justifica-se pelo fato de o Banco ter firmado convênio de financiamento a partir de 1988, com o Estado de São Paulo. Os Governos que sucedem-se assumem tal compromisso sem poder questioná-lo. Isto gera descompassos de parte a parte e o cronograma de trabalho da Secretaria de Educação fica permanentemente sujeito ao cronograma de trabalho proposto pelo Banco.

Observe-se a síntese de tarefas propostas a uma eventual Comissão de Ilustres Cidadãos que cuidariam de ampliar a participação da sociedade civil na definição de políticas educacionais no Estado de São Paulo:

− Revisão crítica do sistema de financiamento e gerenciamento da escola de ensino fundamental.

− Definição de formas alternativas de descentralização.

− Novas obrigações administrativas e pedagógicas, incluindo como o Estado estabelecerá e fará cumprir os padrões; Transformação da estrutura organizacional da S.E.

− Financiamentos requeridos para o novo sistema, incluindo a divisão de custos entre o estado e o município.

− Revisão das questões legais, inclusive Plano de Carreira dos Professores. − Plano com cronograma para as mudanças do atual para o novo sistema.

CRONOGRAMA

− Estudo concluído em 6 meses − Início: março/91

− Entrega do Relatório: Agosto

O Relatório ora analisado, foi editado em junho de 1991, após as visitas das missões do Banco. Cada uma dessas visitas havia gerado um conjunto de acordos que por sua vez estabeleceram as tarefas que seriam desenvolvidas.

Em maio de 1991, três meses após a última visita o Governo do Estado de São Paulo deveria submeter ao Banco um relatório contendo as propostas contidas no termo de Referências, acima exposto.

Esse documento foi editado como Programa de Modernização do Ensino Público do Estado de São Paulo. Esse Programa absorvia as propostas e recomendações do Banco, inclusive a de se trabalhar com uma Comissão de Ilustres, no sentido de se chegar a um novo modelo do sistema educacional.

O Programa de Modernização do Ensino Público propunha um novo modelo de Escola e medidas de racionalização administrativa, baseados nos conceitos de descentralização. Em síntese o novo modelo de escola contido nesse documento caracterizava-se por:

− Modernizar o sistema escolar, introduzindo a idéia de se trabalhar com uma Escola-padrão capaz de: responder as demandas do Ensino Fundamental; construir um novo modelo pedagógico; uma nova jornada; construir novas políticas de recursos humanos; empreender a Reforma Administrativa; rever legislação educacional; procurar alternativas de financiamento da educação; incentivar participação da comunidade.

− Reforma Administrativa como elemento estratégico para o funcionamento de um novo modelo de Escola.

O documento também previa o cumprimento de um cronograma conforme a proposta do Banco Mundial.

O Programa de Modernização, passou a nortear a ação do Governo e em particular a ação dos membros do Núcleo de Gestão Estratégica em sua primeira formação de 100 membros.

Após a divulgação do documento “Programa de Reforma do Ensino Público do Estado de São Paulo”, o Núcleo de Gestão Estratégica transformou-se num pequeno grupo, comandado pelo Chefe de Gabinete e futuro Secretário Adjunto da Secretaria da Educação, formado por um representante da Empresa de Consultoria Boucinhas & Campos Associados, um Economista de Educação da USP e uma pequena equipe de assessores de apoio para execução de tarefas e ligados a S.E., coincidindo sua estrutura com aquela proposta pelo Banco Mundial.

Em fevereiro de 1992 o Programa de Modernização do Sistema Educacional do Estado (esta denominação foi adotada pelo governo) produzia um relatório acompanhado de um “organograma” através do qual eram distribuídas as tarefas de implantação para o ano de 1992, do Programa de Reforma.

SÍNTESE DE ATIVIDADES DO PROGRAMA DE MODERNIZAÇÃO E