• Nenhum resultado encontrado

3. CASAS DE MADEIRA TIPO – DECOMPOSIÇÃO EM

4.3. A NÁLISE TÉCNICA

4.3.5. E STANQUIDADE À ÁGUA

4.3.5.1.Estanquidade à água das janelas

A estanquidade à água deve ser verificada tanto nas janelas como nas paredes. Nas janelas considera- se que devem permanecer estanques à água, quando sujeitas à acção simultânea do vento e da chuva em condições correntes. Em condições meteorológicas de excepção, definidas por exemplo em directivas UEAtc, é possível admitir a infiltração de água, mas sempre com um caudal reduzido.

Dependendo das característica de estanquidade à água, as janelas, podem ser classificadas em quatro categorias, E1, E2, E3 e E4, por ordem crescente de estanquidade. As classes de estanquidade à água têm os seguintes limites de gradiente de pressão de ensaio (em Pa) [17]:

Quadro 4.4 – Classificação da estanquidade à água das janelas [17]

Limites pressão (Pa)

Classificação Qmax=33 (m3/(h.m2)) Qmax=10 (m3/(h.m2)) P0,33 ≤ 50 P0,10 ≤ 150 E1 50 ≤ P0,33 ≤ 150 150 ≤ P0,10 ≤ 300 E2 150 ≤ P0,33 ≤ 300 300 ≤ P0,10 ≤ 500 E3 300 ≤ P0,33 ≤ 500 E4

4.3.5.2 Estanquidade à água das paredes

A estanquidade das fachadas depende dos mecanismos de penetração de água líquida nos materiais de construção. Existem quatro fenómenos físicos que agindo isolada ou simultaneamente, permitem que a água penetre e se difunda nos materiais usados na construção:

- Gravidade

Define-se como a força que a gravidade exerce sobre as gotas de água dispostas nas superfícies dos elementos construtivos. Essa força fará com que haja penetração de água nos elementos construtivos com fissuras superiores a 0,5 mm. Para larguras inferiores, a tensão superficial das gotas não permite a penetração [19].

Fig.4.7 – Penetração da água em paredes, devido ao fenómeno da gravidade [19]

- Energia cinética das gotas da chuva

Transportadas pelo vento, as gotas da chuva podem no seu trajecto armazenar energia suficiente para penetrarem no interior das paredes sobre as quais são projectadas.

- Pressão do vento

Assim que a chuva atinge com abundância uma parede constituída por uma material pouco permeável acaba por rolar sobre a superfície dessa parede. Na ausência de vento, o filme de água desliza sobre as pequenas fissuras sem penetrar a parede.

Logo que esse filme seja sujeito à acção do vento, a água penetrará na parede mesmo que as fissuras à superfície sejam extremamente finas. Este fenómeno acontece para fissuras de largura superior a 0,1 mm. Se a chuva, animada pelo vento, não encontra fissuras de largura suficiente, rola ao longo do paramento sobre o qual é projectada.

4

Fig.4.8 - Penetração da água da chuva em paredes devido ao fenómeno da energia cinética [19]

- Capilaridade

Os materiais de construção comportam quase todos na sua massa vazios sob a forma de pequenos canais ou de poros fechados.

A movimentação da água no interior dos materiais é fortemente condicionada por três parâmetros que caracterizam a sua estrutura. A porosidade, a porometria e a capilaridade.

A porosidade que se exprime pela percentagem do volume de vazios de material em relação ao seu volume aparente, varia consoante os materiais. A porometria de um material traduz a repartição dos poros abertos em função das suas dimensões. Um material com porosidade superior a um outro pode, no entanto, apresentar um tempo inferior para a penetração de água. A capilaridade consiste assim na faculdade que os materiais possuem de, sob efeito de pressões capilares, absorverem, transportarem e reterem líquidos nos seus vazios.

Fig.4.9 – Porosidade de um material [19]

- Efeitos do clima na humidificação e secagem das paredes

A acção da chuva sobre fachadas faz-se sentir essencialmente quando acompanhada de vento. Quanto maior for a intensidade do vento, maior será a componente horizontal da chuva, aumentando a acção

de molhagem e o risco de humedecimento dos paramentos interiores. Outra consequência da humidificação das fachadas consiste na diminuição da resistência térmica das mesmas, contribuindo para o agravamento dos fenómenos de condensações.

A humidade resultante da acção da chuva, verificada nos paramentos interiores, traduz-se no aparecimento de manchas na altura das chuvas desaparecendo normalmente nos períodos secos. Estas manchas são habitualmente acompanhadas pela formação de bolores, eflorescências e criptoflorescências.

4.3.5.3.Análise

A penetração de água para o interior da habitação pode realizar-se tanto através da envolvente estrutural, fachadas e cobertura, como pelas aberturas existentes, janelas e portas. No entanto, as características das janelas e das portas são independentes da habitação e dependem apenas da qualidade dos elementos instalados, nomeadamente das caixilharias. Por norma, as janelas e portas são projectadas e executadas de modo a assegurar a estanquidade e a impedir o empoçamento da água. O bom desempenho é conseguido através dos batentes, dos vidros e de juntas à prova de vazamento. Relativamente à infiltração de água pela envolvente estrutural, fachadas e cobertura, considera-se que a probabilidade de ocorrência numa casa de madeira é a mesma que numa casa em alvenaria, ou seja, não depende do material de construção utilizado mas sim da correcta execução dos detalhes construtivos. Na cobertura, depende do uso de telhas de boa qualidade, da boa aplicação de calhas e rufos nos locais indicados, da colocação de camada impermeabilizante entre outras. Nas fachadas, devem existir protecções, tais como beirados, soleiras, ressaltos e outros detalhes construtivos que evitem os excessos de água de chuva que se formam na superfície das fachadas e que, na medida do possível expulsem a água rapidamente para o exterior das habitações, afastando-as rapidamente da envolvente mesmo ao nível do solo envolvente.

A madeira, na presença da humidade, perde a consistência e aumenta de volume podendo rachar, soltar-se ou apodrecer. Como tal devem ser tomadas precauções extras, tal como o tratamento da madeira com acabamentos repelentes à água para promover a protecção antes e após a colocação na obra, larguras de beirados superiores para protecção contra chuva incidente e a acção directa do sol, manta impermeável entre os toros e a fundação para impedir a subida de água por capilaridade e todo um conjunto de medidas descritas genericamente no capítulo 3.

As fachadas modernas em alvenaria também são susceptíveis à penetração da água da chuva. As paredes são sensíveis às vibrações dos equipamentos internos podendo provocar a fissuração das juntas. Comparando as paredes de madeira com as de alvenaria verifica-se que as paredes de madeira têm uma menor capacidade de “respirar” e consequentemente uma menor liberdade de perda por evaporação das quantidades de água absorvidas durante as tempestades.

Documentos relacionados