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4.3 SISTEMAS DE PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA COLISÕES COM FIOS

4.3.9 WSPS – Wire Strike Protection System

Se o planejamento completo, as técnicas de pilotagem, e as tecnologias para prevenção de colisão com fios falharem, o acidente ainda pode ser prevenido pelo WSPS. É a última linha de defesa contra colisão com fios. Este equipamento não é 100% eficiente, e depende de fatores como o local onde atinge o helicóptero, e a velocidade. Mesmo assim, provou-se relativamente confiável em testes em escala real nos laboratórios da NASA. Há muitos casos de colisões com fios que o WSPS funcionou perfeitamente, e a aeronave sofreu mínimos ou nenhum dano. O WSPS está disponível e já é tradicional em muitos modelos de helicóptero, principalmente o Bell 206, e foram produzidos recentemente kits para o R66, somente no ano de 2017. Este equipamento consiste em um cortador superior, um cortador inferior, e um defletor central.

Foto 11 – R66 com WSPS

Fonte: Magellan Aerospace

Na foto acima, vemos um helicóptero R66 com o WSPS instalado. Esperamos que algum dia essa defesa também exista para o modelo R44, que tem dimensões muito parecidas com as do R66, e é muito mais vendido.

É claro que a primeira defesa contra os fios é evita-los com as técnicas de pilotagem apresentadas nesse trabalho, o planejamento completo, e todas essas tecnologias, que também são excelentes ferramentas na prevenção contra colisão com fios, mas se caso isso falhe, o WSPS pode cortar o fio, prevenindo danos maiores, com a ressalva de que a sua eficácia depende da área do helicóptero que atinge o fio e da velocidade do mesmo.

5 CONCLUSÃO

O planejamento completo é parece ser a melhor proteção contra colisão com fios. Isso inclui o fator meteorológico, porque muitas colisões com fios e outros acidentes acontecem após entrada inadvertida em IMC. É interessante para os pilotos seguir as recomendações expostas nessa pesquisa, principalmente as de realizar o reconhecimento alto/baixo antes de reduzir a altitude, e a de prestar particular atenção à postes e torres e evitar voar entre eles, além de não voar abaixo dos 750 pés AGL sem necessidade. Isso já reduz consideravelmente a possibilidade de uma colisão com fios.

O CRM também é um fator frequentemente mencionado em cursos internacionais. O comandante deve incentivar o copiloto, tripulantes e passageiros e falarem quando veem fios ou obstáculos, e dar ouvidos a eles.

Os sistemas de prevenção e proteção contra colisão com fios no Brasil, além da marcação em cartas aeronáuticas, é muito deficiente se comparado aos EUA. A comunidade aeronáutica deve cobrar das autoridades melhorias nesse sentido. As OCAS, por exemplo, são uma ótima opção para locais remotos. Outros produtos, como o REFLECTA-VANE powerline warning marker e o PDS, deveriam ser rapidamente homologados e difundidos.

Nos EUA existe uma carta aeronáutica visual que tem o dobro da escala da WAC, chamada Sectional. Ou seja, ela é muito mais detalhada e adequada para helicópteros e aviões monomotores convencionais. A comunidade aeronáutica precisa cobrar das autoridades que esse recurso esteja disponível para o Brasil, pois é um poderoso aliado à segurança de voo.

Incentive o diálogo entre o pessoal das empresas, funcionários e diretoria, sobre a grande ameaça que é a colisão com fios e as medidas para evitá-la, aumentando a cultura de segurança e consciência situacional geral da operação.

Todos os recursos à disposição devem ser utilizados, como os aplicativos de navegação para iPad, Android e até celulares. A comunidade aeronáutica, pilotos e empresas, deve incentivar as empresas de aplicativos aeronáuticos por produtos completos e eficientes. Existe um excelente chamado ForeFlight, mas ele não está disponível no Brasil! O airnav pro é muito utilizado no país, mas sua base de dados não possui os obstáculos de torres e fios, apenas terreno. Na verdade, este aplicativo possui banco de dados de fios apenas para a Noruega.

Havendo oportunidade, em reuniões da empresa ou eventos de aviação, como a Heli- expo, é interessante trazer à tona o interesse e a necessidade brasileira da melhoria dos nossos recursos de segurança. Pilotos e empresas devem enviar emails, individualmente ou em grupos, para a ForeFlight, a Garmin, a Sandel, a Xample (empresa do Airnav), cobrando essa disponibilidade e completude do banco de dados para o Brasil.

A indústria das asas rotativas no Brasil é muito rica e movimenta muito dinheiro. Proprietários e passageiros de helicópteros são pessoas de grande poder aquisitivo, além de, frequentemente, grande influência e até poder político. Não podemos nos conformar com a deficiência dos recursos de segurança a nossa disposição. A segurança de voo é um esforço individual, na cabine e na empresa, e coletivo, na comunidade que atua na aviação.

REFERÊNCIAS

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