C APÍTULO V – A CONSTATAÇÃO DE UMA EVIDÊNCIA O D ESENVOLVIMENTO E CONÓMICO E S OCIAL DE F ÁTIMA
5.2 A SUA V ALIDAÇÃO – E NTREVISTA AO P RESIDENTE DA J UNTA DE F REGUESIA DE
FÁTIMA
Face a toda esta limitação ao nível da recolha de dados, optámos por reforçar um pouco esta nossa análise, entrevistando o Presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Sr. Natálio Reis, a 4 de Setembro de 2011 (anexo I), no intuito de obtermos uma opinião de alguém conhecedor da verdadeira realidade encarada pela cidade de Fátima ao longo dos tempos.
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Assim sendo, várias foram as questões abordadas com intenção de esclarecer e confirmar, alguns aspectos que nos parecem merecedores de destaque.
Apesar de se ter tratado de uma entrevista, convirá referir que o entrevistado não aprofundou as questões que lhe foram colocadas. No entanto, ainda assim, foi possível obter algumas informações, ainda que poucas, mas que, à partida, teriam sido praticamente impossíveis de encontrar através de livros/ revistas.
A referida entrevista permitiu confirmar, mais uma vez, que o “Milagre de Fátima” atraiu uma enorme curiosidade aos fiéis em visitar Cova da Iria, obrigando assim a um aumento relevante de casas, hotéis e estabelecimentos comerciais naquele local.
A nível económico, segundo Sr. Reis, Fátima sempre obteve elevados rendimentos provenientes, essencialmente, dos sectores hoteleiro e comercial.
No que respeita a apoios financeiros, constata-se que estes apenas existiram inicialmente (década de 80), tendo vindo a diminuir substancialmente ano após ano.
No final da entrevista, o entrevistado refere claramente que as visitas Papais nos anos de 1967 e 1982 foram importantíssimas no desenvolvimento da cidade, destacando a elevada importância da imprensa na divulgação da imagem de Fátima pelos quatro cantos do mundo.
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ONCLUSÃOSendo composto por vários capítulos, será perfeitamente natural que deste trabalho resulte um conjunto diversificado de conclusões. Deste modo, e como é óbvio, sintetizaremos unicamente as ideias principais que, pela sua relevância, carecem de um maior destaque.
Primeiro que tudo, e, já que foi considerada como umas das palavras-chave deste trabalho, começaremos pelo desenvolvimento económico regional de uma forma generalizada. Do que foi mencionado anteriormente, importará reter a ideia de que este se trata de um processo gradual que ocorre consoante o grau de dinamismo e potencialidade da respectiva região.
Em segundo lugar, verificámos que a Segunda Guerra Mundial teve um papel decisivo no processo de desenvolvimento regional. As diversas dificuldades sentidas ao longo deste período de conflito militar, determinaram a procura por parte das populações de potenciais locais que lhes permitissem suprir, ou pelo menos atenuar, as carências que se faziam sentir naquela época. Portanto, vários foram os factores que motivaram o desenvolvimento regional, nomeadamente, comerciais, religiosos, espaciais e de segurança/defesa.
Outro aspecto importante diz respeito ao facto de um incremento populacional numa dada região obrigar automaticamente ao seu próprio desenvolvimento que passa, geralmente, por uma melhoria das infra-estruturas já existentes e/ou pela criação de novas, das comunicações e dos transportes, por exemplo.
Quanto ao tema fulcral deste trabalho, não restam dúvidas de que o surgimento do ano de 1917 constituíra um marco decisivo e fortemente impulsivo ao desenvolvimento não só na localidade de Fátima, como também nas suas áreas circunvizinhas.
Do exposto em capítulos anteriores, constata-se, sem grandes dificuldades, o elevado impacto que uma visão mística pode ter no processo de desenvolvimento económico de uma dada região, sobretudo, quando a sua sociedade é maioritariamente composta por cidadãos cristãos.
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É de facto complicado termos uma noção exacta quanto a todos os benefícios obtidos com a construção do Santuário de Fátima, mas uma coisa é certa, esta foi, claramente a obra mais importante daquela cidade já que esta trouxe consigo não só um aumento significativo da população residente, como também um aumento considerável nos diversos sectores, designadamente, da construção civil, hoteleiro, comercial e, sobretudo, turístico.
Na realidade, se prestarmos mais atenção, chegaremos à conclusão de que todo este desenvolvimento, inicialmente desencadeado pelas afirmações visionárias das três crianças, não teria sido atingido se naquela altura não tivesse sido adoptada uma estratégia de custo-benefício com vista em aproveitar aquela notícia para construir um Santuário que atraísse população até si.
É verdade que as afirmações do “Milagre” propriamente dito teriam sempre algum impacto sobre as pessoas, dado se tratar de um acontecimento sobrenatural, contudo, muito maior seria o impacto impulsionado se uma obra fosse construída e simbolizasse tal acontecimento, pois essa mesma, com certeza, iria perdurar no tempo e na história daquele local. Daí a importância atribuída ao Santuário de Fátima, pois sem ele, certamente, não haveria metade do desenvolvimento que hoje se verifica.
Do desenvolvimento gradual verificado, constatou-se, de facto, que existem épocas anuais onde esse desenvolvimento é significativamente maior, épocas essas correspondentes aos meses de grandes peregrinações, como sejam, Maio, Agosto e Setembro, em que os hotéis das vilas e cidades vizinhas de Fátima ficam totalmente ocupados, e as ruas de Fátima repletas de gente que aproveita para almoçar, passear e visitar as inúmeras lojas de artigos religiosos. Contrariamente, os meses de Novembro e Dezembro são aqueles onde a taxa de ocupação atinge o valor mais baixo, não levando, contudo, ao encerramento das unidades hoteleiras.
Acrescenta-se ainda a elevada importância das visitas papais à cidade que, tal como o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Fátima referiu na entrevista, a vinda de uma figura pública tão importante no mundo da religião como um Papa atrai imprensa vinda de todo o mundo que escreve sobre aqueles momentos mediáticos, acabando por contribuir para uma maior expansão, a níveis internacionais, da imagem desta cidade portuguesa.
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Apesar de não termos conseguido comprovar o elevado impacto produzido pelo Encerramento do Ano Santo (1951) e pela visita do Papa Paulo II (1967), em consequência da limitação na recolha de dados, conseguimos demonstrar o impacto que a visita do Papa João Paulo II teve no ano de 1983, ano esse a partir do qual se observou claramente um aumento no número de pessoas residentes, de casas e, sobretudo, na atracção de turistas até à cidade.
Por outro lado, identificámos ainda outros tipos de acontecimentos, para além dos resultantes das mobilizações de carácter religioso, também eles fortemente impulsionadores do desenvolvimento económico regional, designadamente, as Exposições Mundiais, os Jogos Olímpicos e os Campeonatos Mundiais do Futebol que, extraordinariamente, conseguiram e, ainda continuam a conseguir, atrair até si milhares de pessoas de todo o mundo.
Por último, e, tendo em conta que este tipo de eventos apenas dura alguns dias, relembra-se aqui a extrema importância no aproveitamento dos equipamentos para uso posterior. Se tivermos em consideração as quantias avultadas envolvidas na preparação dos eventos, todos chegaremos à conclusão de que o mais lógico, será, obviamente, procurar aproveitar, ao máximo, os benefícios associados à organização dos eventos e, paralelamente, ter em conta medidas que, quando colocadas em prática, possam minorar eventuais desvantagens futuras relativas ao período pós – evento, nomeadamente, a reutilização das infra-estruturas.
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