• Nenhum resultado encontrado

A Teoria dos Pólos de Crescimento

1.3 A LGUMAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

1.3.3 A Teoria dos Pólos de Crescimento

As discussões sobre a política regional, nas últimas décadas, ganharam um importante elemento com a introdução dos conceitos de pólo de desenvolvimento e de pólo de crescimento.

18 “As Teorias do Desenvolvimento Regional e as suas Implicações de Política Económica no Pós-Guerra: O

16

A Teoria dos Pólos de Crescimento foi desenvolvida por François Perroux19 em 1955, ao observar a concentração industrial de Paris, em França, e ao longo do Vale da Ruhr, na Alemanha. Segundo Souza (2005:88),“Os pólos industriais de crescimento surgiram em torno de uma aglomeração urbana importante (Paris), ao longo das grandes fontes de matérias-primas (Vale da Ruhr), assim como nos locais de passagem de fluxos comerciais significativos e em torno de uma grande área agrícola dependente (São Paulo). O pólo de crescimento tem uma forte identificação geográfica, porque ele é produto das economias de aglomeração geradas pelos complexos industriais, que são liderados pelas indústrias motrizes.”

Correspondendo o complexo industrial, de acordo com o mesmo autor, a “um conjunto de actividades ligadas por relações de insumo-produto” que “formará um pólo de crescimento quando for liderado por uma ou mais indústrias motrizes e tornar-se-á num pólo de desenvolvimento quando este provocar transformações estruturais e expandir o produto e o emprego no meio em que está inserido”.

No que respeita à noção de indústria motriz, esta tem como principal função, segundo Silva (2004:67), “gerar ou produzir economias externas, quer sejam tecnológicas, quer sejam pecuniárias.” De acordo com Tolosa (1972:196), para Perroux, uma indústria motriz deve apresentar três características principais:

“ (...) em primeiro lugar possuir grande porte, (...) deste modo, as suas decisões tendem a causar um grande impacto na área. Segundo, deve de apresentar uma taxa de crescimento superior à média regional. (...) Finalmente, a indústria motriz deve caracterizar-se por uma forte interdependência técnica (linkages) com uma gama diferenciada de outras indústrias, de modo a formar um complexo industrial. (...) ”.

19

François Perroux (1903-1987) era um economista francês e foi professor do Collège de France, depois de ter ensinado nas Universidades de Lyon e de Paris. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois_Perroux retirado a 6 de Agosto de 2011

17

Silva (2004:68) explicitou que “a indústria motriz actua no sentido de obter matérias- primas, atrair mão-de-obra e produzir, funcionando como agente de dinamização da vida regional, atraindo outras indústrias, criando aglomeração populacional, o que estimulará o desenvolvimento de actividades primárias fornecedoras de alimentos e matérias-primas, e desenvolvendo a formação de actividades terciárias proporcionais às necessidades da população que se instala em seu redor.”

Um outro aspecto também importante é o facto de Perroux distinguir os conceitos de crescimento e de desenvolvimento. Para este teórico, segundo Andrade (1987:59), “ (...) o desenvolvimento é a combinação de mudanças sociais e mentais de uma população que a tornam apta a fazer crescer, cumulativamente e de forma durável o seu produto real, global (...) ”, o que significa que o pólo de crescimento não se identifica com o pólo de desenvolvimento.

De acordo com Silva (2004:70) “o pólo de crescimento é sempre um ponto ou uma área que influencia uma determinada região. Para que esta influência realmente seja exercida em toda a sua dimensão, o pólo precisa de dispor de canais que estabeleçam a sua ligação com toda a região por ele influenciada. As estradas, os meios de transporte e de comunicação, desempenham esta função possibilitando o crescimento dos pólos principais pela formação do que Perroux chama de zonas de desenvolvimento”.

Na perspectiva de Perroux, e segundo o referido por Cima e Amorim na Revista FAE nº 2 (2007:80), “o crescimento não se difunde de maneira uniforme entre os sectores de uma economia, concentrando-se sim em certos sectores, com efeito, em indústrias de crescimento particulares. (…) Estas indústrias tendem a formar aglomerações e a dominar outras indústrias, gerando efeitos de difusão em outras indústrias, elevando, assim, o produto e aumentando o emprego e a tecnologia. (…) ”

Perroux (1967:164) salienta que “o crescimento não surge em toda parte ao mesmo tempo; manifesta-se com intensidades variáveis, em pontos ou pólos de crescimento; propaga-se, segundo vias diferentes e com efeitos finais variáveis, no conjunto da economia”.

No que concerne ao conceito de cidade, Perroux é bem claro no que toca à sua definição, afirmando tratar-se de “um centro de crescimento, um centro de atracção e de

18

difusão. (…) Ela será centro de crescimento se existir uma reacção multiplicadora entre o investimento realizado na cidade, o emprego, o crescimento demográfico, o progresso tecnológico etc.”20

Além disso, Cima e Amorim (2007:81) acrescentam ainda que, na perspectiva de Higgins (1985), para que uma cidade seja considerada um centro de atracção, é necessário que “a expansão gerada pelo investimento realizado no centro conduza a uma redução da população na região periférica (migração da população da região periférica para o centro).”

Deste modo, e segundo Lima e Simões (2009:9) “A produção do pólo é tecnicamente necessária ao desenvolvimento nacional; do seu desempenho depende a vida da região, pois através dos seus efeitos de complementaridade e concentração são estimuladas zonas de desenvolvimento. É preciso conceber eixos de desenvolvimento entre os pólos situados em pontos diferentes do território, o que implica orientações determinadas e duradouras de desenvolvimento territorial.”

Ainda Lima e Simões (2009:10) esclarecem que “a análise de Perroux não leva a uma conclusão imediata e simples de política económica, mas orienta algumas decisões práticas e evidencia a importância não apenas dos grandes empresários privados neste processo, mas também dos poderes públicos e suas iniciativas, bem como das pequenas inovações.”

Segundo Neto (2007:449), “No caso da teoria dos Pólos de Crescimento de Perroux, os pólos são entendidos como uma aglomeração geográfica de empresas industriais motoras e de empresas dependentes, fornecedoras ou clientes das indústrias motoras e que em termos de escolha de localização são por elas atraídas e que, em resultado da aglomeração geográfica, tem benefícios em termos de custos de transporte e de economias de escala.”

20

“Desenvolvimento Regional e organização do espaço: uma análise do desenvolvimento local e regional através do processo de difusão de inovação”; CIMA, E. e AMORIM, L.; Curitiba; Revista FAE; v. 10; n.2; Julho/Dezembro; 2007, pág. 80

19