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Subescala A (adaptação à ideologia do mundo administrado)

CAPÍTULO 4 – O PONTO DE VISTA DOS JOVENS ACERCA DA RELAÇÃO

4.6.1. Objetivos e resultados psicométricos das subescalas da escala formação e

4.6.1.4. Subescala A (adaptação à ideologia do mundo administrado)

O objetivo, com a subescala A, é analisar se os sujeitos da pesquisa são adaptados ou não à ideologia do mundo administrado. Os itens presentes nessa subescala foram escolhidos tendo por base os estudos de Adorno (1971, 1986), Horkheimer e Adorno (1985), Marcuse (1967) e Crochík (1999). Tais autores discutem sobre a eficácia do mundo administrado, que instrui os indivíduos para se adaptarem, sem resistência, aos seus controles. Os autores esclarecem que a lógica que predomina neste mundo, mesmo com todo avanço tecnológico, ainda mantém “as velhas” relações de dominação nas experiências de trabalho e, assim sendo, continuam impedindo o indivíduo de pensar nas contradições existentes na sociedade impostas às suas vidas, impossibilitando também pensar que é possível lutar contra a ordem imposta pelo mundo administrado para transformar a sociedade e torná-la justa.

A proposta inicial desta subescala era de 19 itens, dentre o total dos 69 da escala formação e trabalho. A prova para testar a correlação de significância entre o item e a escala (Coeficiente de correlação de Spearman) resultou em um total de 4, entre os 19 itens (ver tabela II.4, no anexo II). A correlação entre itens (cargas fatoriais) resultou em 1 fator, com 4 itens. A ordem que aparece entre os itens indica o agrupamento dos fatores, conforme mostra tabela 4.1, mais adiante.

4.7 – Etapas da pesquisa

A seguir, relatam-se as etapas que envolveram a realização da pesquisa. Pelo fato da proposta envolver os jovens do IMCG/MS a primeira atitude tomada foi o contato com a da Diretora Executiva e a Coordenadora Pedagógica da Instituição. Ao esclarecer o objetivo e a metodologia para a aplicação da pesquisa, a direção desconsiderou a necessidade de formalizar por escrito a autorização para os trabalhos da investigação, bem como disponibilizou todo apoio que fosse preciso, até mesmo a colaboração dos técnicos. O contato com a Instituição ocorreu no mês de maio de 2006.

Na primeira etapa da pesquisa, como já informado, foi feita a validação da escala formação e trabalho, cujos resultados estão dispostos no anexo II desta tese.

Para a segunda etapa, foram retomados os contatos anteriores para informar da continuidade do trabalho e esclarecer as mudanças no processo de aplicação do instrumento de pesquisa, inclusive por envolver um maior número de jovens. Com a mesma solicitude recebida anteriormente, aconteceram os acertos necessários à realização da pesquisa e foram avaliados os resultados do pré-teste, com o objetivo de facilitar o encaminhamento dos trabalhos.

Do mesmo modo que na etapa anterior, ficou entendido que o melhor período para contatar um maior número de jovens, ao mesmo tempo, era no final do mês,

quando os jovens, inseridos no mercado de trabalho, recebem o holerite e devem apresentar a Declaração Escolar (documento que comprova a freqüência escolar), de acordo com datas previamente estabelecidas, no calendário da Instituição. O contato com o IMCG/MS e a realização dessa etapa da pesquisa ocorreu no mês de agosto de 2006.

Para atender aos jovens nas atividades acima mencionadas, a equipe do Serviço Social, junto com a equipe do Setor Administrativo, organizam-se com o objetivo de garantir a agilidade dos serviços. Aproveitou-se desse momento para solicitar aos técnicos dos dois setores que formalizassem o convite para que os jovens colaborassem com a pesquisa.29

Foi deixado claro o caráter não obrigatório de participação e os jovens interessados eram encaminhados ao auditório da Instituição. Pela infra-estrutura do local, esse espaço correspondeu à ambientação adequada à realização dos trabalhos: boa iluminação e boa temperatura ambiente, mobiliário confortável e espaço amplo, que permitia o contato com os jovens que iam se encaminhando ao auditório sem prejudicar os que lá já estavam respondendo ao instrumento da pesquisa.

Os procedimentos utilizados para aplicação do instrumento de pesquisa obedeceram aos Critérios da Ética na Pesquisa com Seres Humanos, conforme a

29 A pesquisadora contou com a colaboração da pedagoga da Instituição, Rosa Maria de Oliveira Freitas, que não só contribuiu como facilitou os trabalhos da pesquisa.

Resolução n. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Assim sendo, foi apresentado aos jovens o termo de consentimento individual para a participação na pesquisa, com a garantia do sigilo das informações pessoais e também foi deixado claro que seria disponibilizado o apoio necessário no decorrer dos trabalhos. Os técnicos da Instituição que colaboraram foram devidamente esclarecidos acerca da metodologia e do comportamento ético necessário à aplicação da pesquisa. Tais atitudes também foram confirmadas na aplicação do pré-teste realizado para validar a escala em questão.

O critério para representar a amostra da pesquisa foi o método de amostragem não causal, amostragem acidental, como diz Levin (1977), uma vez que foi organizado da maneira mais conveniente ao pesquisador, mas sem comprometer o resultado da coleta de dados.

Para evitar inibições nas respostas, a pesquisa foi indicada apenas como uma tese de doutorado, em Psicologia Social, da PUC-SP, sobre o tema formação e trabalho. Após tal explicação era reiterado ao jovem o caráter não obrigatório de participação na investigação.

Com fins de evitar qualquer incidente que pudesse comprometer o andamento da pesquisa e o desenrolar das atividades da Instituição, optou-se por realizá-la em dois períodos: matutino e vespertino. Mesmo sendo o período do almoço um horário de grande concentração dos jovens que fazem refeição no IMCG, em torno de duzentos, eles não foram convidados para a pesquisa, por se considerar inadequado responder um questionário logo após a uma refeição ou, no caso contrário, antes de fazê-la.

Do total de duzentos e sete jovens que se deslocaram ao auditório (local onde estava sendo aplicada a pesquisa), apenas sete declinaram ao tomar conhecimento do objetivo a que se destinava a investigação. Com isso, pode-se afirmar que a realização ocorreu sem nenhum tipo de constrangimento. Houve, até mesmo, um grupo de jovens, do Programa de Menor Aprendiz que fez questão de colaborar. A curiosidade maior demonstrada pelos jovens atinha-se ao objetivo da pesquisa e, também, em quem era a pesquisadora. Apenas um jovem questionou se a pesquisa objetivava investigar o interesse dos mirins em fazer greve.

A coleta de dados, no período da manhã, contou com a participação de 87 jovens e com 113 no período da tarde. Do total de 200 sujeitos que responderam ao

instrumento da pesquisa, foram eliminados 98, por não atenderem ao critério estabelecido de verificação da atenção do sujeito. Esse critério pôde ser verificado a partir das repostas diferentes para itens iguais, pois, conforme já esclarecido, o instrumento de pesquisa contém 31 itens, mas foi acrescentado o item 32, igual ao 13, para testar a concentração do sujeito. Assim, os questionários com respostas diferentes nesses itens não foram computados, resultando numa amostra de 102 sujeitos30. A média de tempo usada pelos jovens, para responder ao instrumento da pesquisa, ficou em torno de vinte a vinte e cinco minutos.

4.8 – Apresentação e discussão dos resultados da escala formação e trabalho

Conforme já dito, a escala formação e trabalho, utilizada nesta tese, com 31 itens, divididos em quatro subescalas, em decorrência do processo de validação, apresentou qualidade psicométrica satisfatória quanto ao resultado de seu conteúdo, o que pode ser avaliado pelas correlações obtidas entre os itens, pelo método da análise fatorial, cujos cálculos encontram-se no anexo IV. A operacionalização dos componentes da análise fatorial foi organizada de acordo com cada subescala da escala formação e trabalho.

Para determinar os valores indicativos do grau de consistência das correlações entre os itens (Cf. Guiford, 1954), recorreu-se à extração de análise dos componentes principais. O conceito de cada fator foi designado pelo item com maior carga fatorial ou por uma definição que sintetizasse o conjunto das questões abordadas.

30 A variabilidade de respostas com diferença significativa na escolha dos escores, de mais de dois pontos, resultou numa perda de vinte e sete (27) instrumentos. Respostas com escores variando em um ponto de diferença resultaram numa perda de setenta e dois (72) instrumentos. Ao se verificar os índices de atenção, foi possível observar que não houve discrepância significativa entre os índices obtidos no período da manhã e da tarde. Dos vinte e sete (27) instrumentos, com diferenças de mais de um ponto nas respostas, quatorze (14) ocorreram no período da manhã e treze (13) no período da tarde.

Na tabela abaixo, estão estimados dados estatísticos dos itens da escala formação e trabalho, determinados pelo resultado da análise fatorial, discriminando os fatores e os temas dos itens (no instrumento de pesquisa, os itens são frases maiores).

TABELA 4.1.

Cargas fatoriais das subescalas da escala formação e trabalho

(Continua)

SUBESCALAS FATORES ITENS CARGA FATORIAL

Item 27 – Trabalho valoriza e dignifica o trabalhador. ...0,793 Item 20 – Trabalho possibilita realização pessoal. ...0,774 FATOR 1 - Concepção alienada de trabalho

Item 23 – Trabalho entendido com expressão de liberdade,

conhecimento e criatividade. ...0,480 Item 9 – A realização do trabalho, nesta sociedade, não

permite autonomia. ...0,672

T: concepção de trabalho

FATOR 2 - Trabalho e autonomia

Item 29 – Não há, na sociedade atual, exploração do trabalho.

...0,635

Item 21 – Trabalhador jovem ao participar de greve

prejudica sua carreira ...0,655 FATOR 1 - Trabalho e participação

Item 2 – Trabalhador jovem deve ater-se à carreira

profissional. ...0,443 Item 16 – Trabalhador deve ser competente sem preocupar-

se com os outros. ...0,658

AT: atitudes no trabalho

FATOR 2 - Atitudes no trabalho

Item 26 – Trabalho aliado a ganhar dinheiro. ...0,589

Item 30 – O mercado de trabalho oferece chances iguais. ...0,811 FATOR 3 - Trabalho e possibilidades

Item 25 – Trabalho: lugar para realizar sonhos. ...0,740 Item 3 – Horas livres devem ser voltadas ao trabalho. ... ...0,772 Item 6 – Trabalho deve ser independente de problemas

pessoais.

Item 14 – Trabalhador intelectual deve ser mais valorizado

...0,462

...0,434 FATOR 4 - Envolvimento com o trabalho

Item 22 – Diploma é considerado mais importante que o

aprender. ...0,735 Item 17 – Um bom emprego torna os estudos

desnecessários. ...0,720 FATOR 1 - Relação estudo e trabalho

Item 8 – Realização profissional e formação escolar. ...0,528 Item 19 – Formação escolar deve preparar o indivíduo para

ser subserviente. ...0,749

ET: valor dado à educação e ao trabalho

FATOR 2 - Significado da formação escolar

Item 4 – Trabalho amplia a capacidade do indivíduo em

(Conclusão) Item 111 – No capitalismo, o sucesso na vida depende,

principalmente, do indivíduo. ...0,758 Item 18 – Sociedade é justa, o que vale é o esforço pessoal. ...0,730 Item 12 – Nossa juventude necessita de uma rigorosa

disciplina, firme determinação, vontade de

trabalhar e lutar pela pátria e pela família. ...0,679

A: adaptação à ideologia do mundo administrado

FATOR 1 - Sociedade capitalista e atitudes do indivíduo

Item 13 – Nesta sociedade, as pessoas têm autonomia e

liberdade. ...0,498 Fonte: Tabela elaborada com base nos estudos de Kerlinger (1980) e calculada com o programa SPSS 13.0 for Windows.

Método de extração: Análise dos Componentes Principais Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser

Obs.: Os itens no instrumento de pesquisa eram frases mais completas.

Notas: 1 - Item da escala da ideologia da racionalidade tecnológica (Crochík, 1999). 2 - Item da escala F (Adorno et al, 1965).

Na tabela 4.1., pode-se observar que vinte itens, dentre o conjunto das subescalas, apresentam coeficiente de correlação acima de 0,40, de acordo com o valor determinado, conforme já discutido anteriormente. Esse resultado, ao mostrar a correlação positiva entre os itens, orienta o pesquisador sobre quais itens devem analisados.

Nas tabelas abaixo, de acordo com cada subescala, estão discriminados os cálculos da média e o índice de variabilidade do desvio padrão, para os itens que obtiveram correlação significativa na análise fatorial. A partir desses dados são analisados os resultados das respostas formuladas pelos sujeitos da pesquisa.

De acordo com a variabilidade dos pontos (de 1 a 4), a média estabelecida para os escores corresponde ao valor de 2,5, sendo uma posição intermediária, que, mesmo não encontrado na escala, pode ser interpretado como ponto médio, referente à concordância ou discordância do sujeito sobre a questão proposta.

4.8.1 - Resultados estatísticos por subescala

Na tabela a seguir, da Subescala T, estão mostrados a média e o desvio padrão, dos itens selecionados pela análise fatorial, sem especificar os fatores.

TABELA 4.2.

Resultado da Subescala T: conceito de trabalho1

Nº. do item Média Desvio Padrão

09 2,5 0,8 20 1,9 0,8 23 1,9 0,8 27 2,0 0,8 29 3,5 0,8

Fonte: Resultados obtidos a partir da escala formação e trabalho, com dados calculados com o programa SPSS 13.0 for Windows.

Nota 1: Número de sujeitos participantes da amostra: 102.

O item 9, com média de 2,5 e desvio padrão de 0,8, mostra um índice de equilíbrio entre os índices de concordância e discordância, em relação à afirmativa que a maneira como o trabalho é realizado, nos dias atuais, impossibilita o trabalhador ter atitudes de autonomia e de expressar seus desejos e interesses.

O item 20, com a média de 1,9 e desvio padrão de 0,8, mostra o predomínio do índice de concordância ao se afirmar que, em geral, o trabalho, na sociedade atual, possibilita a realização pessoal.

O item 27, com a média 2,0 e desvio padrão de 0,8, o que prevalece o índice de concordância ao afirmar que nesta sociedade o trabalho valoriza e dignifica o trabalhador.

O item 23, com a média de 1,9 e desvio padrão de 0,8, mostra o predomínio do índice de concordância ao se afirmar que a organização do trabalho, na sociedade atual, possibilita o indivíduo ser livre para expressar criatividade e conhecimento.

O item 29, com média 3,5 e desvio padrão de 0,8, mostra um alto índice de discordância em relação à afirmativa de que não há, na sociedade atual, exploração no trabalho.

Os dados dessa subescala confirmam a proposta da primeira hipótese, ao afirmar que o jovem trabalhador estudante das camadas populares concebe o trabalho de forma contraditória, pois, ao mesmo tempo em que ele critica as condições de trabalho existentes, não deixa de defender os valores da sociedade administrada.

Ao avaliar que o trabalho impossibilita o trabalhador expressar atitudes de autonomia, de expressar desejos e interesses, houve equilíbrio nos índices de concordância e discordância, nas respostas obtidas. Houve concordância ao se afirmar que o trabalho, nesta sociedade, possibilita a realização pessoal e que valoriza e dignifica o trabalhador. Também se concordou que o trabalho possibilita liberdade ao indivíduo para expressar criatividade e conhecimento Mas não deixou de haver uma

significativa discordância à afirmativa da não existência de exploração do trabalho, nesta sociedade.

Ao avaliar tais resultados, fica claro o posicionamento dos sujeitos da pesquisa em concordar com os valores predominantes na sociedade ao pensar sobre o trabalho. “Se os indivíduos se encontram nas coisas que moldam a vida deles, não o fazem ditando, mas aceitando a lei das coisas – não a lei da Física, mas a lei da sociedade” (Marcuse, 1967, p.31). Nesse sentido, entende-se que os indivíduos se identificam com o que lhes é imposto.

Frente à ambivalência apresentada nos índices obtidos pondera-se que mesmo o indivíduo ao pensar sobre as conseqüências dos danos causados pelo trabalho em suas vida, ele não deixa de se identificar aos valores predominantes da sociedade. Assim sendo, deixa de avaliar que a situação factual laborativa tem tornado os homens apenas meros instrumentos, usados para garantir os bons resultados na produção de bens materiais, conforme discussões do capítulo dois, desta tese.

Na tabela a seguir, da Subescala AT, estão mostrados a média e o desvio padrão, dos itens selecionados pela análise fatorial, sem especificar os fatores.

TABELA 4.3.

Resultado da Subescala AT: atitudes valorizadas no trabalho1

Nº. do item Média Desvio Padrão

02 3,0 1,0 03 3,0 0,9 05 3,4 0,8 06 1,4 0,7 14 2,3 0,9 16 2,8 1,0 21 2,5 1,0 25 2,5 1,0 26 2,4 0,9 30 2,5 1,1

Fonte: Resultados obtidos a partir da escala formação e trabalho, com dados calculados com o programa SPSS 13.0 for Windows.

Nota 1: Número de sujeitos participantes da amostra: 102.

O item 2, com a média de 3,0 e desvio padrão de 1,0, mostra o predomínio do índice de discordância em relação à afirmativa de que o jovem deve estar atento só à sua carreira profissional e despreocupar-se com o que acontece na sociedade.

O item 3, com a média 3,0 e desvio padrão de 0,9, mostra o predomínio do índice de discordância ao se afirmar que o trabalhador deve, nas horas livres, continuar preocupado com o trabalho.

O item 5, com média de 3,4 e desvio padrão de 0,8, mostra que prevalece o índice de discordância ao se afirmar que o trabalhador jovem deve centrar seu interesse em fazer só o que lhe mandam, sem preocupar-se em demonstrar criatividade e inteligência.

O item 6, com média de 1,4 e desvio padrão de 0, 7, mostra o predomínio do índice de concordância à assertiva de que os problemas de ordem pessoal não devem interferir no trabalho.

O item 14, com média de 2,3 e desvio padrão de 0,9, mostra que prevalece o índice de concordância em assentir que o trabalhador intelectual deve ser mais valorizado, por ser quem pensa e planeja a execução das atividades dos outros trabalhadores.

O item 16, com média de 2,8 e desvio padrão de 1,0, mostra o predomínio do índice de discordância para a afirmativa que o trabalhador deve ser competente, conhecer o serviço, sem se incomodar com os colegas de trabalho.

O item 21, com média de 2,5 e desvio padrão de 1,0, mostra um índice eqüitativo entre a discordância e a concordância à afirmativa de que o jovem trabalhador deve evitar participar de movimentos grevistas para não prejudicar a carreira profissional.

O item 25, com média de 2,5 e desvio padrão de 1,0, mostra um índice eqüitativo entre a concordância e a discordância para a afirmação que, nesta sociedade, o local de trabalho é um lugar para sonhar e realizar desejos.

O item 26, com média de 2,4 e desvio padrão de 0,9, mostra um índice de equilíbrio entre a concordância e a discordância ao se afirmar que independente de gostar do que faz, as atitudes do trabalhador devem ser voltadas para ganhar mais dinheiro e ter aumento de salário.

O item 30, com média de 2,5 e desvio padrão de 1,1, mostra um índice de equilíbrio entre a concordância e a discordância em relação à afirmativa que o mercado de trabalho oferece chances iguais para todos, assim o trabalhador jovem, antes de escolher definitivamente o que quer fazer, tem condições de experimentar diferentes tipos de trabalho.

Os resultados estatísticos apresentados nesta subescala não revelaram facilidade de avaliação. Sem ter aqui a pretensão de testar uma teoria, a referência é válida no sentido de avaliar quão complexo é lidar com conceitos que implicam valorar atitudes do indivíduo. Os resultados discriminados mostram que os sujeitos da amostra defendem atitudes de participação em movimentos pela defesa de direitos do trabalhador, negam a indiferença aos colegas de trabalho, discordam de atitudes de subserviência e da condição de não ser possível demonstrar criatividade e inteligência. Contudo, foi quase eqüitativo o resultado em relação ao fato de que deve ser dado valor ao dinheiro em detrimento a se fazer o que gosta tal qual a diferença em concordar que o mercado de trabalho oferece chances iguais para todos. Houve equilíbrio ao se concordar e discordar que, nesta sociedade, o trabalho é lugar para sonhos. Patto (2000), ao discutir sobre o trabalho e o sonho, reconhece que a realização do trabalho pode significar o direito de sonhar, no cativeiro a que está submetida à humanidade.

Ao abordar questões relativas ao envolvimento com o trabalho, fica evidente que o trabalho aparece como um peso na vida do indivíduo, pois nas horas livres ele deve ser esquecido e os problemas de ordem pessoal não devem interferir no desempenho do trabalho. O trabalho também aparece como algo cindido do todo na existência do trabalhador, mas, ao mesmo tempo toma conta da vida dos homens na sociedade atual, como bem ironizou Lafargue (2003) ao defender o direito à preguiça.

Os dados demonstram também que, mesmo sendo os sujeitos da pesquisa, na grande maioria, responsáveis por serviços de rotina, houve uma significativa concordância que o trabalhador intelectual deve ser mais valorizado por ser quem

planeja o trabalho, expressando assim desvalorização do trabalho que fazem. Adorno (1995) chama a atenção para o quanto a cultura dividiu os homens, sendo que a divisão mais importante é aquela entre trabalho físico e intelectual. “Desse modo ela subtraiu aos homens a confiança em si e na própria cultura” (Adorno, 1995 a, p.164).

No cômputo geral, pela ambigüidade presente nos resultados, mostram-se as contradições de valores e falta de clareza acerca de princípios dos sujeitos da pesquisa, ao pensarem atitudes pertinentes às relações de trabalho. Ainda que tenha o peso das contradições, as expressões identificadas não deixam de revelar atitudes de resistência, o que é essencial para saber que se pode imaginar, pensar o mundo diferente do que ele tem sido: comandado por relações de poder entre os homens.

Mas, ao se avaliar o conjunto dos resultados apresentados nesta subescala, pode- se auferir a comprovação da segunda hipótese: que o jovem trabalhador estudante das camadas populares, ao refletir sobre atitudes pertinentes ao cotidiano das relações de trabalho, faz escolhas de valores morais identificados à lógica defendida pelo capital, conforme pode ser observado no capítulo dois deste trabalho. Reforça tal afirmação as contradições identificadas em suas escolhas.

Na tabela a seguir, da Subescala ET, estão discriminados a média e o desvio padrão, dos itens selecionados pela análise fatorial, sem especificar os fatores.

TABELA 4.4.

Resultado da Subescala ET: valor dado à educação e ao trabalho1

Nº. do item Média Desvio Padrão

04 3,0 1,0

08 2,7 1,0

17 3,7 0,6

19 2,5 0,9

22 3,3 0,9

Fonte: Resultados obtidos a partir da escala formação e trabalho, com dados

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