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5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

SUBTOTAL TOTAL SUBCATEGORIAS

F % F %

- Sentimento Dos pais - APsp - Positivo - APpsp - Negativo - APnsp - Sentimento

Dos profissionais - APsf - Positivo - APpsf - Negativo - APnsf - Expectativa - APex - dos pais - APexp

- dos profissionais - APexf - Satisfação dos profissionais – APsr -recuperação do bebê - APsrb - trabalho - APsrt 13 29 4 26 11 58 15 18 7,47 16,67 2,30 14,94 6,32 33,33 8,62 10,35 42 30 69 33 24,14 17,24 39,65 18,97 TOTAL 174 100

A subcategoria sentimento dos pais (APsp), com 42 (24,14%) das unidades de análise, apresenta 29 (16,67%) das unidades de análise relacionadas aos aspectos negativos. Em

seguida, a subcategoria sentimento dos profissionais (APsf) com 30 (17,24%) das unidades de análise, apresenta 26 (14,94%) das unidades de análise também relacionadas aos aspectos negativos desses sentimentos. Estes índices demonstram, a partir da concepção das enfermeiras, que o sentimento dos pais, o sofrimento pela hospitalização da criança e a quebra do vínculo afetivo de forma repentina podem trazer transtornos emocionais tanto para a mãe quanto para o bebê, o que é ressaltado por Nóbrega (2005), quando afirma ser essencial para a vida do bebê a vivência de uma relação calorosa, íntima e contínua com sua mãe.

Quanto aos aspectos negativos relacionados ao sentimento dos profissionais, o índice demonstra, na concepção das informantes, que na sua vivência cotidiana, as enfermeiras se sentem constrangidas e desconfortáveis com a presença dos pais na unidade, por se sentirem vigiadas em determinadas situações, quando precisam realizar algum procedimento mais complexo.

Em contrapartida, nessa categoria, é destacada a subcategoria expectativa (APex), com 69 (39,65 %) das unidades de análise, com destaque para a expectativa dos profissionais com (APexf) com 58 (33,33%) das unidades de análise que, segundo informações obtidas das entrevistadas, expressam esperanças de melhoria de estrutura física.Quanto à expectativa em relação a estender a duração da permanência dos pais para 24 horas, são necessárias regras para essa permanência no sentido de definir em que momento, em quais cuidados e de que forma os pais devem ser incluídos na assistência ao bebê.

Daí resulta a necessidade dos gerentes de unidades neonatais buscarem formas de atenderem ás expectativas das enfermeiras, no sentido de melhorar os sentimentos e realizações, estimulando a busca de uma nova forma de organização do serviço de enfermagem, tendo em vista a importância atribuída pelas mesmas à valorização positiva da permanência dos pais na UTIN.

Ainda nessa subcategoria, apresentamos a expectativa dos pais (APexp) com 11 (6,32%) das unidades de análise que, conforme o discurso das entrevistadas, encontra-se relacionada à esperança de melhora do seu filho, a ansiedade em receber notícias do bebê, assim como a preocupação com as condições clínicas do neonato.

Na subcategoria satisfação dos profissionais (APsr), com 33 (18,97%) unidades de análise, podemos evidenciar a recuperação do bebê ( APsrb), com 15 (8,62%) das unidades de análise temáticas, seguida da satisfação com o trabalho (APsrt),com 18 (10,35%) das unidades correspondentes.

Dessa forma, as informantes expressam a sua satisfação quando acompanham a evolução e melhora do bebê, assim como se sentem gratificadas pelo trabalho que realizam na unidade Neonatal, o que acreditamos ser essencial para a garantia da qualidade da assistência ao neonato.

As subcategorias aparecem como respostas ou reações subjetivas das enfermeiras frente a determinadas situações vivenciadas no seu cotidiano. Essas situações vêm sempre acompanhadas de fortes emoções que podem ser agradáveis ou não. Esses aspectos são analisados de acordo com os conteúdos correspondentes de cada subcategoria.

• Sentimentos dos pais (APsp)

Os sentimentos, segundo Doron e Parot (1998), são os modos de inserção do sujeito na existência. A definição de sentimento inclui necessariamente a subjetividade, mas ela só tem sentido quando se estabelece a relação do sujeito consigo mesmo em condições particulares.

Essa subcategoria deu origem a dois níveis: um relacionado aos aspectos positivos e outro aos aspectos negativos.

a) Aspectos psicossociais ancorados no sentimento positivo dos pais (APpsp)

Quanto aos sentimentos positivos, observamos na concepção das enfermeiras, que os pais se sentem seguros quando percebem que a equipe é qualificada para atender o seu filho. A mãe, principalmente, se sente segura o que diminui o seu sentimento de angústia, fazendo com que ela sinta à vontade para permanecer ao lado do seu bebê, aconchegando-o, segurando sua mão e colocando-o no colo. Nesse momento, a mãe se sente mais confiante, ela se sente útil, fazendo alguma coisa para ajudar o seu filho e experimenta o sentimento de ser mãe. Podemos observar nas falas a seguir:

[...] eles se sentem seguros quando vêem que a equipe é qualificada para atender o se filho (11) [...] quando a mãe aconchega seu filho se sente mãe (3) [...] a mãe se sente segura (3) [...] diminui a angústia da mãe (3) [...] quando a mãe pega seu filho no colo ela se sente mãe (3) [...] os pais querem estar com seu filho (11).

Na intimidade da mãe com o bebê, eles têm a oportunidade de se conhecerem. É nesse momento que ela traz os conteúdos culturais que formam os discursos de certa época, dos conhecimentos produzidos e interpretados por diferentes domínios do saber. Nesse sentido, essa interação é uma construção social; é um empreendimento coletivo mais precisamente

interativo por meio do qual as pessoas, na dinâmica das relações sociais historicamente datadas e localizadas, constroem termos e a partir deles compreendem e se posicionam em situações cotidianas (SPINK, 2003).

b) Aspectos psicossociais ancorados nos sentimentos negativos dos pais (APnsp) O sofrimento é caracterizado por Ferreira (2001) como ação ou processo de sofrer. Para Doron e Parot (1998) é o estado mental que experimenta todo indivíduo que passa por uma dor física ou mental prolongada.

No que se refere aos sentimentos negativos, observamos a sua relação com o sofrimento dos pais pela hospitalização do bebê, devido às diversas situações vivenciadas por eles como: o impacto da primeira visita na UTIN à mãe sair de alta hospitalar sem levar seu filho para casa, a mãe deixar seu bebê no hospital para ser cuidado por pessoas que ela não conhece, mas que, nesse momento, são pessoas que possuem a verdade absoluta sobre o estado de saúde do seu bebê. Essas situações acarretam sentimentos de impotência, de culpa e de medo por não poder cuidar do filho, como expressam as falas a seguir:

[...] é um momento de sofrimento para os pais (1) [...] para os pais o internamento do seu filho é um momento crítico na vida deles (15) [...] os pais ficam assustados quando vêem toda a aparelhagem no bebê (5) [...] a mãe vai sair de alta e deixar seu filho com pessoas desconhecidas (8) [...] o seu filho está sendo cuidado por pessoas que eles não conhecem (15) [...] é muito doloroso a mãe sair da maternidade sem seu filho nos braços (3) [...] a primeira vez que os pais entram na UTIN sentem um impacto grande (17).

Scochi et al. (2003) coadunam com as afirmações acima quando colocam que o internamento do bebê e a separação dos pais fazem com que eles se sintam tristes, com medo, estressados, pois encontram-se fragilizados e inseguros em relação ao bebê. Referem sentimentos contraditórios, como culpa e, ao mesmo tempo, manifestam esperança e resignação.

• Sentimento dos profissionais (APsf)

Na subcategoria sentimentos relacionados aos profissionais, observamos os aspectos positivos e negativos.

a) Aspectos psicossociais ancorados nos sentimentos positivos dos profissionais (APpsf)

Quanto aos sentimentos positivos, observamos que, na construção do senso comum, as informantes expressam que a permanência dos pais na UTIN possibilita o estabelecimento de laços afetivos entre as enfermeiras e os pais conforme atestam as falas a seguir:

[...] existe um laço de afetividade com os pais (3) [...] a maneira das enfermeiras de falarem e pegarem o bebê encanta os pais (13) [...] os elementos da equipe de enfermagem aceitam a permanência dos pais (5) [...] a enfermeira deve ter sensibilidade para se comunicar com os pais de forma positiva (4).

Os longos períodos de internação do neonato possibilitam um contato mais próximo da equipe de enfermagem com os pais. Sabe-se que a enfermeira permanece mais tempo cuidando do bebê e dessa forma é a profissional que acompanha os pais na primeira visita, orientando-os e apoiando-os no primeiro contato com seu filho (SCOHI et al., 2003).

Spink (2003) coaduna com essas reflexões quando afirma que a aceitação dos profissionais por parte dos pais reflete a crença por parte dos mesmos na verdade absoluta dos profissionais da saúde.

b) Aspectos psicossociais ancorados nos sentimentos negativos dos profissionais (APnsf)

Esses sentimentos estão associados aos aspectos negativos da permanência dos pais na unidade neonatal, conforme atestam as falas:

[...] tem situações que a equipe não se sente bem diante dos pais (5) [...] muitas vezes a equipe se sente vigiada pelos pais (7) [...] a maioria da equipe não gosta da permanência dos pais na UTIN (15) [...] a gente não quer que os pais vejam os procedimentos invasivos (2) [...] a maioria das colegas não gostam de incentivar a permanência dos pais na UTIN (4) [...] o funcionário não gosta (5) [...] o medo dos pais em relação ao bebê internado, angustia a equipe de enfermagem (8) [...] tudo que temos medo de fazer queremos fazer escondido (14).

Essas falas mostram que as entrevistadas se sentem inseguras em relação à permanência dos pais na UTIN, sentindo-se desconfortáveis na presença dos mesmos, diante de situações vivenciadas no cotidiano. As informantes relatam não querer que os pais entrem na unidade para acompanhar a realização de procedimentos invasivos e dolorosos para o bebê, porque elas ficam angustiadas e estressadas, o que mostra que a presença da família não é incentivada pelas mesmas. Dessa forma, elas conseguem evitar ter que responder aos diversos questionamentos realizados pelos pais.

• Expectativa (APex)

Em Ferreira (2001, p. 388), a palavra expectativa apresenta o seguinte significado: “esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas”.

Nessa subcategoria, a construção do senso comum, na concepção das enfermeiras indica uma esperança de melhorias que possam acontecer no futuro e que irão interferir de forma positiva na permanência dos pais na UTIN.

a) Aspectos psicossociais ancorados nas expectativas dos pais (APexp)

Quanto às expectativas relacionadas aos pais, deve-se considerar que emocionalmente eles vivenciam uma situação de inquietação provocada pela ansiedade de receber informações sobre a criança. Podemos observar nas falas das entrevistadas a ênfase com o que se refere à preocupação dos pais com o quadro clínico da criança, os resultados de exames que são realizados diariamente e, principalmente, com a sua recuperação.

[...] os pais não esperavam que seu filho ficasse na UTIN (20) [...] de repente se recebe a notícia de que seu filho ficaria na UTIN (20) [...] quando o bebê está grave, todo dia se espera um resultado de exame (20).

Ramalhão e Dupas (2003) coadunam com as afirmações acima quando destacam que os pais desejam estar logo com seus filhos, querem saber notícias de seus bebês, enquanto não as recebem, os familiares vivenciam uma inquietação provocada pela ansiedade de saber sobre o estado da criança.

b) Aspectos psicossociais ancorados nas expectativas dos profissionais (APexf) As expectativas dos profissionais, conforme podemos observar nas unidades de análise, expõem a esperança das enfermeiras em relação a um melhor preparo emocional da equipe para lidar com os pais, o que ajudaria essa profissional a compreender o papel da

família na unidade, assim como mudanças na estrutura física da unidade, que pudessem promover e manter a permanência dos pais de forma mais confortável, o que conseqüentemente possibilitaria uma maior flexibilidade nessa permanência. A realização da orientação sistematizada faria com que os pais recebessem tais orientações antes mesmo de terem acesso à unidade. Aparece como expectativa das enfermeiras a necessidade de uma profissional direcionada somente para a orientação aos pais, como uma forma de melhorar a assistência oferecida a eles. Como podemos observar nas falas a seguir:

[...] acredito que antes de entrar os pais deveriam ser preparados (22) [...] acredito que deve ter uma rotina para a permanência (20) [...] a equipe deveria estar mais preparada (1) [...] poderia estender o tempo de permanência dos pais mais um pouquinho (2) [...] para o bem dos pais a permanência deveria ser mais flexível (4) [...] estou buscando incentivo para desmistificar a idéia de que os pais são um problema na UTIN (4) [...] seria maravilhoso que tivesse uma enfermeira só para acompanhar os pais (6) [...] poderá ser uma unidade que tivesse um local mais confortável para os pais (7)

Nesse sentido, podemos perceber que as enfermeiras solicitam da organização um treinamento com ênfase no desenvolvimento das relações interpessoais, com o objetivo de compreender as exigências e críticas dos pais, podendo ajudá-los, melhorando essa relação.

• Satisfação dos profissionais (APsr)

Nessa subcategoria, as entrevistadas destacaram as satisfações e realizações quanto ao trabalho que desempenham na UTIN.

Essa subcategoria tem uma relação muito próxima com a de sentimentos e igualmente deu origem a dois níveis de satisfação: com o trabalho e com a recuperação do bebê.

a) Aspectos psicossociais ancorados na satisfação profissional do trabalho (APsrt) As RS que emergiram dessa subcategoria estão relacionadas aos diversos aspectos da satisfação com o trabalho conduzidos pelos estímulos recebidos, pelos valores positivos e crenças atribuídas à vivência da enfermeira na UTIN, conforme atestam as falas:

[...] é uma experiência muito agradável trabalhar em UTIN (11), [...] aqui vejo o bebê como ser humano e não como uma pessoa em cima de uma cama, precisando de várias máquinas (11) [...] os bebês me fizeram abrir o coração e

hoje até deixo quebrar algumas rotinas (11) [...] a permanência dos pais para mim é um amadurecimento (19) [...] a permanência dos pais na UTIN é para mim um enriquecimento (19) [...] fica um laço de afetividade mesmo (3) [...] quando os pais estão satisfeitos, os profissionais trabalham com mais tranqüilidade (23).

As enfermeiras se sentem recompensadas pelo seu trabalho quando recebem a visita de bebês que ficaram internados na UTIN, demonstrando assim que foi estabelecido um laço de afetividade entre elas e os pais.

b) Aspectos psicossociais ancorados na satisfação profissional pela recuperação do Bebê (APrsb)

Na seqüência, as entrevistadas relatam a sua satisfação em relação à recuperação do bebê como uma forma de recompensa pelo trabalho desenvolvido juntamente com a família. Demonstram dessa forma que além de valorizarem o seu trabalho e o seu conhecimento científico como profissionais, valorizam também a participação dos pais na recuperação do bebê.

[...] é legal ver que a criança está melhorando (5) [...] é bom acompanhar a melhora do bebê, tirando os aparelhos (5) [...] é como se a gente fosse vitoriosa com o desenvolvimento da criança (4) [...] é muito bom ver a criança melhorar com o amor que recebe dos pais (6) [....] .

O sentimento de satisfação traduzido na fala das informantes sobre o trabalho realizado e a recuperação do bebê na UTIN confirmam que a vivência de experiências positivas no trabalho, assim como a recuperação do recém-nascido levam a enfermeira a momentos de plena satisfação, com a sensação de ser útil e ter seu trabalho valorizado, o que faz com que a mesma compreenda a sua importância no processo de saúde- doença.

A seguir, apresentamos o diagrama da síntese da análise da categoria 4, com suas respectivas subcategorias e principais unidades de análise.