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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES A PARTIR DOS DADOS

5.1.2 Sugestões à Unicentro

Conforme Lenzi et al. (2011), umas das condições ao desenvolvimento do empreendedorismo corporativo é a criação de espaço às ações inovadoras, integrando as competências dos profissionais aos objetivos da organização. A sugestão central apresentada à Universidade parte desse raciocínio, consistindo na construção de um programa de ações que contemple os dois focos: a instituição e o seu quadro de servidores da área administrativa. Os apontamentos realizados pelos servidores, sobre ações que poderiam ser desenvolvidas da Unicentro visando estimular ideias e projetos inovadores, trazem elementos que podem balizar o programa.

Evidenciam-se dois pontos fortes implícitos na utilização dos apontamentos realizados pelos servidores. Um deles, já frisado nas análises da questão descritiva, é a ligação das sugestões à essência teórica do empreendedorismo corporativo, demonstrando que os servidores possuem uma clara visão sobre elementos que possam impactar no potencial inovador dentro da Universidade. Quanto ao outro aspecto, as sugestões elencadas explicitam expectativas dos próprios servidores, sendo que o desenvolvimento de estratégias embasadas em tais elementos pode potencializar sinergias a partir do quadro de pessoal, facilitando a implantação do programa de ações empreendedoras corporativas.

Os apontamentos dos servidores, combinados aos dados das análises quantitativas apresentadas neste estudo, podem indicar um direcionamento a ser seguido, tanto para o aproveitamento de potencialidades existentes na Universidade, quanto para melhorias de aspectos que demonstraram fragilidades.

Um dos fatores que pode contribuir positivamente à implantação de um programa de ações é a identificação que os servidores demonstraram ter com a instituição, evidenciada através do instrumento de cultura intraempreendedora, em que a Identificação Organizacional (ID) foi o construto com maior média de pontuação. Embora o construto não tenha apresentado relação significativa com as competências, esse elemento pode convergir em adesão a um plano de ações estruturadas. Nesse sentido, a conscientização sobre a importância da inovação em nível operacional e a inclusão da inovação interna entre as prioridades institucionais (sugestão dos servidores) podem motivar os profissionais a assumirem novas posturas que promovam melhorias institucionais.

Também ficou evidente que os servidores entendem que o desenvolvimento da cultura da inovação na Universidade requer, sobretudo, ações de apoio por parte da administração universitária, no que diz respeito ao estímulo à inovação no ambiente administrativo. Isso se demonstra pelo construto Apoio da Direção (AD), que obteve a menor média no modelo de cultura intraempreendedora e que na análise conjunta dos dados demonstrou não estar contribuindo ao desenvolvimento das competências empreendedoras corporativas dos profissionais, apresentando relação significativa com apenas uma das 10 competências – Estabelecimento de Metas (EDM).

Os baixos resultados desse construto podem ser associados ao fato de que o tema empreendedorismo corporativo não tenha sido desenvolvido até então no ambiente administrativo da Universidade, o que indica que um programa de ações poderia mudar esse cenário.

Na definição das iniciativas de apoio, questões legais e burocráticas, comuns a instituições públicas, acabam limitando as ações dos dirigentes. O desafio consiste em criar alternativas que estimulem o potencial inovador sem esbarrar em questões legais.

Sobre a avaliação da cultura intraempreendedora na Universidade, analisada por Campus, a inexistência de diferenças estatisticamente significativas nas médias das avaliações sinaliza a possibilidade de adoção de um plano uniforme para os três Campi, uma vez que todos os servidores transpareceram percepções semelhantes em relação à cultura organizacional, indicando que os pontos fortes e fracos da cultura são similares nas três unidades.

Um dos pontos em destaque é a existência de dois grupos distintos, abrangendo todos os Campi, no que diz respeito à percepção em relação à cultura empreendedora na Universidade. Os dados não são concentrados em um Campus especificamente, indicando que nas três unidades existem servidores satisfeitos e ao mesmo tempo outros que demonstraram

contentamento significativamente baixo em relação aos cinco elementos avaliados – Apoio da Direção (AD), Liberdade no Trabalho (LT), Recompensas (RC), Incertezas nas Tarefas (IT) e Identificação Organizacional (ID). Mas, deve-se ponderar que o desenvolvimento de mecanismos que fortaleçam a cultura empreendedora corporativa na Unicentro pode minimizar o distanciamento entre os dois grupos. Além disso, considerando que os pontos fortes e fracos na instituição coincidem para os dois agrupamentos (tendo em vista a igualdade no ranking dos construtos entre eles), mais uma vez se tem a indicação de que a adoção de estratégias uniformes podem causar impactos positivos em todos os servidores.

Tratando-se mais especificamente das competências empreendedoras corporativas, evidenciam-se potencialidades que podem ser canalizadas a esforços voltados à otimização das rotinas administrativas na Unicentro. No caso da adoção de um programa de ações empreendedoras corporativas, sugere-se a construção de estratégias a partir das notas das competências, já que elas transparecem características dos servidores que compõem o quadro administrativo da instituição.

Constata-se que a metade das competências apresentou média de pontuação superior à média geral, embora somente duas tenham superado a faixa de corte de 12 pontos, sugerida por Lenzi (2008). Os servidores demonstraram Persistência (PER), Exigência de Qualidade e Eficiência (EQE), Busca de Informações (BDI), Comprometimento (COM) e Planejamento e Monitoramento Sistemáticos (PMS). Sugere-se a criação de mecanismos que busquem aproveitar o potencial dessas competências mais desenvolvidas. Para as três últimas citadas, que estão acima da média geral, mas não atingiram a pontuação de corte (12 pontos), ações direcionadas podem possibilitar com que as mesmas superem o limite estabelecido pela literatura, tornando-se competências efetivamente presentes na instituição.

Já as 5 outras competências, com menor presença entre os profissionais, tendem a contribuir em menor dimensão na formação da cultura inovadora na Universidade. São elas: Independência e Autoconfiança (IAC), Correr Riscos Calculados (CRC), Estabelecimento de Metas (EDM), Busca de Oportunidades e Iniciativa (BOI) e Persuasão e Rede de Contatos (PRC). Essas demandam esforços que reflitam em seu fortalecimento na instituição, aproximando-as gradativamente do nível de destaque.

Ações voltadas às competências devem ser estabelecidas levando-se em conta ainda que, estatisticamente, das 5 competências mais presentes somente 3 apresentaram destaque significativo (EQE, PER e BDI), enquanto que, das 5 competências menos presentes, 3 delas se demonstraram significativamente ausentes na instituição (BOI, PRC e IAC). Devem ser considerados também os resultados obtidos através da análise conjunta dos dados, em que foi

demonstrado que, frente ao contexto atual da instituição, os fatores que mais influenciam as competências empreendedoras corporativas dos profissionais são, primeiramente, a liberdade concedida aos funcionários para a execução de suas atividades (LT), seguida pelas recompensas às ideias inovadoras (RC).

Em linhas gerais, mobilizar os servidores a partir do empreendedorismo corporativo pode trazer bons resultados para a Universidade. Os números demonstram que existe um significativo grupo de empreendedores corporativos na instituição, cujo potencial poderia ser aproveitado através de um programa de ações empreendedoras corporativas. Constatou-se que 47,12% dos servidores da área administrativa apresentaram mais da metade das competências já desenvolvidas (6 ou mais), sendo que 10,47% do total apresentaram todas as 10 competências e outros 10,47% apresentaram 9 delas.

Por outro lado, buscando o fortalecimento global da instituição a partir de seus servidores, políticas devem ser adotadas visando a inclusão dos 32,99% dos servidores que apresentaram no máximo 2 competências (pontuação menor que 12), dos quais 15,71% em relação ao total não apresentaram nenhuma delas.

Ressalta-se, que empreendedor corporativo não é somente aquele profissional que possui todas as competências desenvolvidas. Contudo, evidentemente aqueles que não apresentam ao menos um conjunto de 5 características, possivelmente não retornarão os resultados esperados de um empreendedor corporativo.

Quanto à análise comparativa das competências por Campus, estatisticamente 6 delas se destacaram quanto à sua presença entre os Campi. No entanto, as diferenças não são elevadas, ocorrendo para as competências uma situação similar ao que se constatou em relação à cultura, em que a percepção entre os servidores dos distintos Campi não evidenciaram diferenças significativas.

Embora o destaque de algumas competências entre os Campi pudesse sugerir a distinção de políticas entre as unidades, visando observar as diferenças em relação à presença de cada competência para cada Campus, ainda assim, recomenda-se a adoção de ações padronizadas para toda a instituição, já que a diferença estatística foi baixa, quase não podendo ser visualizada graficamente, conforme demonstrado no trabalho.

Finalmente, merece destaque a constatação de que a qualificação pode potencializar todas as competências empreendedoras corporativas, sobretudo no caso dos cursos de mestrado e doutorado. Os servidores mestres ou doutores apresentaram competências

significativamente mais desenvolvidas em relação aos demais servidores30. Suas médias foram mais elevadas em 9 competências. E os servidores especialistas, por sua vez, obtiveram médias superiores às dos graduados em todas as competências, embora neste caso não tenha se comprovado significância estatística.

A criação de oportunidades e maiores incentivos ao ingresso de agentes universitários em cursos de pós-graduação (sugestão dos servidores) é importante para todas as áreas de formação, já que em todas elas é possível identificar empreendedores corporativos, conforme estatisticamente evidenciado.

Em síntese, a partir dos subsídios fornecidos por este estudo, e considerando as limitações da pesquisa, expostas na sequência deste Capítulo, apresentam-se as seguintes recomendações à Unicentro, com o objetivo de estimular o potencial inovador interno na instituição:

a. A construção de um programa de ações empreendedoras corporativas (sugestão também dos servidores), focando a Universidade e o seu quadro de servidores da área administrativa;

b. A criação de uma comissão ou setor para atuar em prol da inovação no ambiente interno (sugestão também dos servidores), voltada à elaboração e ao acompanhamento da execução do programa, responsabilizando-se inicialmente pela análise da viabilidade das ideias sugeridas pelos servidores, de acordo com o contexto institucional;

c. Mapeamento do perfil dos profissionais, possibilitando a alocação dos servidores em setores e atividades condizentes com suas habilidades (sugestão também dos servidores);

d. Desenvolvimento de software de avaliação contínua da cultura institucional e das competências dos servidores, a partir de critérios voltados ao empreendedorismo corporativo. No caso das competências, este mecanismo visa também subsidiar o mapeamento do perfil dos profissionais. Recomenda-se a ampliação do número de pares avaliadores para cada servidor analisado.

As conclusões apresentadas evidenciam que, apesar de seus aspectos burocráticos característicos, o setor público possui potenciais para o desenvolvimento do conceito de empreendedorismo corporativo, sendo necessário para tanto a adoção de estratégias voltadas à

30

Foi considerada a maior titulação mesmo nos casos em que o servidor ainda estava com o curso em andamento.

cultura organizacional dessas instituições e às competências empreendedoras de seus servidores. No entanto, as considerações apresentadas restringem-se à Unicentro, instituição pesquisada. Dessa forma, apresenta-se ao final deste Capítulo sugestão para aprofundamento do tema a partir de outras pesquisas.

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