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EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: Um estudo de caso na Universidade (Unicentro) ROBSON PAULO RIBEIRO FERRAS

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA – PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMGPP

EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: Um estudo de caso na Universidade (Unicentro)

ROBSON PAULO RIBEIRO FERRAS

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA – PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMGPP

EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: Um estudo de caso na Universidade (Unicentro)

ROBSON PAULO RIBEIRO FERRAS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas, da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, sob a orientação do Prof. Dr. Fernando César Lenzi, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.

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Dedico este trabalho à minha família, base sólida em que sempre encontro a sustentação necessária para superar os momentos de dificuldades e o apoio decisivo à construção de minhas vitórias.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, por iluminar meus caminhos e me fortalecer na busca de meus ideais, principalmente nos momentos de insegurança e fraqueza.

Aos meus pais Osvaldo Ribeiro Ferras e Noili Terezinha Ribeiro Ferras, pela educação, pelo amor, pelas orações e pelo incentivo incondicional.

À minha esposa Daiana Felski Siqueira Ferras e a meus filhos Rhuan Paulo Ferras e Pietro Henrique Ferras, pelo amor, pelo incentivo, pela compreensão de minhas ausências e isolamento nestes dois anos, em prol do objetivo ora conquistado, e por estarem sempre do meu lado, motivando-me a continuar com determinação.

À minha irmã Rosmeiri Aparecida Ribeiro Ferras, pelo amor, pelas orações e pelo apoio de sempre.

Ao professor e amigo Fernando César Lenzi, orientador desta dissertação, pelo apoio, pelos conhecimentos transmitidos e pela orientação segura, objetiva e extremamente presente nesta trajetória.

Ao professor e amigo Flávio Ramos, coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas, da UNIVALI, e membro da banca de defesa desta dissertação, pelos conhecimentos agregados a este trabalho e, sobretudo, pela amizade e carinho sempre demonstrados.

Ao professor e amigo Sílvio Roberto Stefano, da Unicentro, membro da banca de defesa desta dissertação, que prontamente se colocou à disposição para contribuir e enriquecer este estudo.

Ao professor e amigo Marcos Roberto Kühl, da Unicentro, pelas contribuições no tratamento estatístico dos dados desta pesquisa, que subsidiaram as análises desenvolvidas.

A todos os professores do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas, da UNIVALI, que marcaram esta caminhada com seus conhecimentos.

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Ao amigo professor Aldo Nelson Bona, Reitor da Unicentro, pelo apoio e pelo espaço concedido na Universidade, viabilizando a realização desta pesquisa no ambiente institucional.

Aos amigos servidores da Unicentro, que prontamente se colocaram à disposição para participar desta pesquisa, enriquecendo-a com sua percepção sobre o ambiente administrativo de nossa Universidade.

Aos colegas e amigos do mestrado, que compartilharam deste ideal, pela amizade, pelo companheirismo e por se fazerem presentes nesta trajetória em que vivemos momentos de preocupações e inseguranças, mas também de muitas alegrias e realizações.

A toda a equipe do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas, da UNIVALI, pela presteza, atenção e, sobretudo, pela amizade.

Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para que este trabalho fosse realizado.

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O homem é do tamanho do seu sonho!

(...) Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. (...) Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

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RESUMO

A dinamização profissional, como resposta à competitividade do mercado, tem ampliando o conceito de empreendedorismo. Ganhou espaço a concepção de que todos podem ser empreendedores, sejam empresários ou funcionários, uma vez que o fator determinante é a capacidade em detectar oportunidades e promover inovações (SCHUMPETER, 1982; DRUCKER, 1987; PINCHOT e PELLMANN, 2004). Os empreendedores corporativos, ou intraempreendedores, caracterizam-se pelo potencial de inovar a partir de oportunidades detectadas no ambiente organizacional (LENZI, 2008; LENZI et al., 2012), sendo que suas ações podem resultar em melhorias dos processos internos. Contudo, a burocratização tem sido a principal barreira às ações inovadoras (FARREL, 1993), tanto em organizações privadas como públicas – nestas, sobretudo, devido às suas características culturais. Frente ao contexto, esta dissertação teve como objetivo basilar a análise das práticas administrativas internas da Universidade Estadual do Centro Oeste, Unicentro, de Guarapuava-PR., por meio das competências empreendedoras corporativas dos servidores e da cultura estabelecida na instituição. A população da pesquisa foi composta pelos 319 servidores que atuam na área administrativa. Foram aplicados dois instrumentos de pesquisa, sendo que o primeiro, proposto por Lenzi (2008), para investigação de competências empreendedoras nos profissionais, contou com uma amostra de 191 servidores. O segundo, adaptado de Moriano et al. (2009), visou analisar características da cultura interna voltadas ao empreendedorismo corporativo, a partir de uma amostra de 202 servidores. As análises quantitativas comprovaram características empreendedoras corporativas tanto nos servidores como na cultura institucional, evidenciando potencialidades ao desenvolvimento do conceito na Universidade. Entretanto, alguns aspectos relacionados à cultura intraempreendedora da instituição não apresentaram influência significativa sobre as competências empreendedoras corporativas dos servidores. Os resultados indicam que o estímulo à inovação, na Unicentro, requer estratégias voltadas tanto às competências empreendedoras dos profissionais, como também à sua cultura interna, o que foi ratificado pelas sugestões coletadas junto aos servidores, sobre ações que possam ser desenvolvidas visando estimular a criação de ideias e projetos inovadores voltados ao ambiente interno da Universidade.

Palavras-chave: Empreendedorismo Corporativo. Competências empreendedoras. Cultura intraempreendedora. Instituições públicas.

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ABSTRACT

Professional dynamization, as a response to market competitiveness, has expanded the concept of entrepreneurship. This concept that anyone can be an entrepreneur, whether as a business owner or as an employee, has gained space, based on the view that the determining factor is the ability to detect opportunities and promote innovations (SCHUMPETER, 1982; DRUCKER, 1987; PINCHOT and PELLMANN, 2004). Corporate entrepreneurs, or intra-entrepreneurs, are characterized by their potential to innovate, based on the opportunities detected in the organizational environment (LENZI, 2008; LENZI et al., 2012), and those actions can result in improvements in internal processes. However, bureaucratization has been the main barrier to the innovative actions (FARREL, 1993), both in private and public organizations, especially, in the case of the latter, due to their cultural characteristics. Within this context, this paper analyzes the basic internal administrative practices of The Universide Estadual do Centro Oeste (Unicentro) in Guarapuava-PR., through the corporative entrepreneurial skills of the public employees, and the culture established in the institution. The research population was comprised of 319 public employees working in the administrative area. Two research instruments were applied; the first, proposed by Lenzi (2008), with the aim of investigating entrepreneurial skills among the professionals, involved a sample of 191 employees. The second, adapted from Moriano et al. (2009), with the aim of analyzing characteristics of the internal culture focused on corporate entrepreneurialism, involved a sample of 202 employees. The quantitative analyses demonstrated corporate entrepreneurial characteristics, both among the public employees and in the institutional culture, highlighting some areas of potential for the development of the concept in the University. However some aspects related to the intra-entrepreneurial culture of the institution did not show a significant influence on the corporate entrepreneurial competencies of the public employees. The results indicate that stimulating innovation, at Unicentro, requires strategies aimed at improving the professionals‟ entrepreneurial skills, and also the internal culture of the institution, a view that was supported by the suggestions made by the public employees, proposing actions that could be developed to stimulate new ideas and innovate projects aimed at improving the internal environment of the University.

Keywords: Corporative entrepreneurs. Entrepreneurs‟ skills. Intrapreneurs culture. Public institutions.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema da fundamentação teórica do trabalho ... 29 Figura 2 – Fluxograma da construção metodológica empregada na pesquisa ... 75 Figura 3 – Questão gráfica de Identificação Organizacional ... 128

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Competências empreendedoras ... 34 Quadro 2 – Competências empreendedoras e profissionais abordadas por diversos

autores ... 36 Quadro 3 – Identificação de competências nos empreendedores corporativos ... 48 Quadro 4 – Principais diferenças entre empreendedores independentes e

empreendedores corporativos ... 49 Quadro 5 – Relações entre os elementos da cultura tradicional e intraempreendedora 52 Quadro 6 – Ações avaliadas no âmbito das competências empreendedoras ... 84 Quadro 7 – Ações correlatas aos fatores de influência sobre o comportamento

intraempreendedor ... 88 Quadro 8 – Pontuação máxima e mínima para cada fator de influência sobre o

comportamento intraempreendedor ... 89 Quadro 9 – Diferenças estatísticas entre as médias das competências

empreendedoras corporativas dos Campi da Unicentro ... 109 Quadro 10 – Competências empreendedoras corporativas em destaque: comparativo

entre os Campi da Unicentro ... 110 Quadro 11 – Diferenças estatísticas entre as médias das competências

empreendedoras corporativas por escolaridade dos servidores ... 114 Quadro 12 – Comparativo sobre a frequência das competências empreendedoras

corporativas entre a literatura e as médias resultantes da pesquisa ... 118 Quadro 13 – Comparativo entre resultados da pesquisa junto à Unicentro e de estudos

de Lenzi (2008) ... 119 Quadro 14 – Sugestões de ações de estímulos a ideias e projetos inovadores voltados

ao ambiente interno da Unicentro: apontamentos por grupos teóricos ... 133 Quadro 15 – Relação entre construtos de cultura intraempreendedora e competências

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Média ponderada das notas por competência empreendedora corporativa (Escala de 1 a 15) ... 99 Gráfico 2 – Distribuição do número de servidores segundo tipo e presença das

competências empreendedoras ... 101 Gráfico 3 – Quantitativo de servidores por competência empreendedora corporativa

(Classe 2) ... 102 Gráfico 4 – Distribuição percentual dos servidores pela nota final e por Campus de

lotação ... 107 Gráfico 5 – Distribuição percentual dos servidores pela nota final por escolaridade .. 113 Gráfico 6 – Distribuição percentual dos servidores pela nota final e por área de

formação ... 116 Gráfico 7 – Média ponderada das notas dos fatores de influência sobre a cultura

empreendedora corporativa por variável (Escala de 1 a 5) ... 123 Gráfico 8 – Médias dos construtos de cultura empreendedora corporativa por

Campus ... 124 Gráfico 9 – Agrupamento dos servidores em função das médias dos fatores de

influência segundo a Análise de Cluster ... 126 Gráfico 10 – Médias dos fatores condicionantes à cultura empreendedora corporativa

na Unicentro por agrupamento ... 127 Gráfico 11 – Distribuição do número de servidores segundo nota atribuída à

Identificação Organizacional ... 129 Gráfico 12 – Distribuição percentual de servidores em relação ao total por Campus

segundo nota da Identificação Organizacional (Notas de 1 a 7) ... 130 Gráfico 13 – Agrupamento dos indivíduos por nível de potencial empreendedor

corporativo a partir do confronto Competências X Cultura segundo a Análise de Cluster ... 145

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição do quadro de pessoal da Unicentro por Campus e por carreira . 79 Tabela 2 – Distribuição da população da pesquisa por vínculo e por Campus:

servidores que desenvolvem atividades em setores administrativos ... 80 Tabela 3 – Distribuição percentual da população da pesquisa por vínculo e por

Campus ... 81 Tabela 4 – Distribuição da amostra da pesquisa por Campus: funcionários que

desenvolvem atividades em setores administrativos ... 82 Tabela 5 – Distribuição da amostra inicial e amostras finais por Campus e por

instrumento de coleta de dados ... 93 Tabela 6 – Representatividade da amostra de competências empreendedoras

corporativas por Campus ... 94 Tabela 7 – Representatividade da amostra de cultura empreendedora corporativa por

Campus ... 95 Tabela 8 – Confiabilidade da escala do instrumento de competências empreendedoras

corporativas pelo Alfa de Cronbach ... 95 Tabela 9 – Confiabilidade da escala do instrumento de cultura empreendedora

corporativa pelo Alfa de Cronbach ... 96 Tabela 10 – Somatórios e médias gerais de pontuação das competências

empreendedoras corporativas ... 98 Tabela 11 – Distribuição do número de servidores por competência empreendedora

corporativa segundo pontuação individual ... 100 Tabela 12 – Distribuição do número de servidores segundo tipo e presença das

competências empreendedoras corporativas ... 100 Tabela 13 – Quantitativo de servidores por competência empreendedora corporativa

(Classe 2) ... 101 Tabela 14 – Teste do Qui-Quadrado para a distribuição do número de servidores

segundo tipo e presença das competências empreendedoras corporativas .... 103 Tabela 15 – Distribuição do número de servidores por presença das competências

empreendedoras corporativas a partir da nota final ... 104 Tabela 16 – Distribuição do número de empreendedores corporativos por quantidade de

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Tabela 17 – Distribuição do número de servidores por Campus de lotação e presença das competências empreendedoras corporativas pela nota final ... 107 Tabela 18 – Diferenças nas competências empreendedoras corporativas entre os Campi 108 Tabela 19 – Distribuição do número de servidores por gênero e presença das

competências empreendedoras corporativas ... 111 Tabela 20 – Diferenças nas competências empreendedoras corporativas por gênero ... 112 Tabela 21 – Distribuição do número de servidores por escolaridade e presença das

competências empreendedoras corporativas ... 113 Tabela 22 – Diferenças nas competências empreendedoras corporativas por

escolaridade dos servidores ... 114 Tabela 23 – Distribuição do número de servidores por área de formação e presença das

competências empreendedoras corporativas ... 115 Tabela 24 – Diferenças nas competências empreendedoras corporativas por área de

formação ... 116 Tabela 25 – Somatórios e médias gerais de pontuação dos fatores de influência sobre a

cultura empreendedora corporativa ... 122 Tabela 26 – Diferenças nos construtos de cultura empreendedora corporativa entre os

Campi ... 124 Tabela 27 – Diferenças nas médias dos fatores de influência por agrupamento de

acordo com o Teste t ... 127 Tabela 28 – Distribuição do número de servidores segundo nota atribuída à

Identificação Organizacional ... 129 Tabela 29 – Distribuição do número de servidores segundo nota atribuída à

Identificação Organizacional por Campus de lotação ... 130 Tabela 30 – Distribuição por Campus de lotação da quantidade de respondentes e de

apontamentos sobre ações de estímulo a ideias e projetos inovadores ... 132 Tabela 31 – Correlação entre os construtos de competências empreendedoras

corporativas e cultura intraempreendedora ... 142 Tabela 32 – Diferenças entre os grupos por nível de potencial empreendedor

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LISTA DE SIGLAS

AD – Apoio da direção ANOVA – Análise de variância AR – Propensão a assumir riscos BDI – Busca de informações

BOI – Busca de oportunidades e iniciativa COM – Comprometimento

CQ – Capacitação e qualificação CRC – Correr riscos calculados EDM – Estabelecimento de metas

EQUE – Exigência de qualidade e eficiência GI – Gestão voltada à inovação

IAC – Independência e autoconfiança ID – Identificação organizacional IN – Inovação

IT – Incertezas nas tarefas LT – Liberdade no trabalho PER – Persistência

PMS – Planejamento e monitoramento sistemáticos PRC – Persuasão e rede de contatos

QV – Qualidade de vida no trabalho RC – Recompensas

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 20 1.1 CONTEXTO DA PESQUISA ... 20 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ... 22 1.3 OBJETIVOS ... 24 1.3.1 Objetivo geral ... 24 1.3.2 Objetivos específicos ... 24 1.4 JUSTIFICATIVA ... 24 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 28 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 29

2.1 EMPREENDEDORISMO: CONCEITOS E FUNDAMENTOS ... 30

2.1.1 Definição e influência do empreendedorismo no sistema econômico ... 30

2.1.2 O empreendedor ... 32

2.1.2.1 Competências empreendedoras ... 32

2.1.2.2 Características do perfil empreendedor ... 35

2.2 EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO: CONCEITOS E FUNDAMENTOS ... 40

2.2.1 Definição de empreendedorismo corporativo ... 40

2.2.2 O empreendedor corporativo ... 42

2.2.2.1 Competências empreendedoras corporativas ... 42

2.2.2.2 Perfil do empreendedor corporativo e seu papel na organização ... 44

2.2.3 Cultura empreendedora corporativa... 50

2.2.4 Da burocratização ao ambiente inovador: a participação dos gestores e dos demais profissionais na construção da cultura empreendedora corporativa ... 54

2.2.4.1 A iniciativa dos gestores ... 55

2.2.4.2 O comprometimento dos demais profissionais da organização ... 57

2.2.4.3 Considerações gerais ... 58

2.2.5 A universidade pública como espaço ao empreendedorismo corporativo: potencialidades e barreiras ... 59

(17)

2.3 CONSTRUINDO A CULTURA INTRAEMPREENDEDORA: AÇÕES DE ESTÍMULO AO DESENVOLVIMENTO DE IDEIAS E PROJETOS

INOVADORES ... 63

2.3.1 Aspectos teóricos de um programa de ações empreendedoras corporativas ... 64

2.3.2 Aspectos práticos de um programa de ações empreendedoras corporativas ... 68

3 METODOLOGIA ... 75 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 76 3.1.1 Método de abordagem ... 76 3.1.2 Forma da pesquisa ... 77 3.1.3 Objetivos metodológicos ... 77 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 78 3.2.1 Ambiente da pesquisa ... 78 3.2.2 População da pesquisa ... 80 3.2.3 Amostra da pesquisa ... 81

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 83

3.3.1 Competências empreendedoras corporativas ... 83

3.3.2 Cultura empreendedora corporativa ... 86

3.4 MÉTODOS DE TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS ... 90

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DA AMOSTRA E DOS MODELOS ... 92

3.5.1 Análise da amostra ... 92

3.5.2 Análise da consistência interna dos instrumentos de coleta de dados ... 95

4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS ... 97

4.1 COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS CORPORATIVAS NA UNICENTRO ... 97

4.1.1 Análise dos dados consolidados sobre competências empreendedoras corporativas na Unicentro ... 98

4.1.2 Análise dos dados sobre competências empreendedoras corporativas na Unicentro a partir de subgrupos da amostra ... 106

4.1.2.1 Análise dos dados sobre competências empreendedoras corporativas por Campus de lotação dos servidores ... 106

4.1.2.2 Análise dos dados sobre competências empreendedoras corporativas por gênero, nível de escolaridade e área de formação ... 111

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4.1.3 Considerações teóricas relativas aos dados sobre competências

empreendedoras corporativas na Unicentro ... 117

4.2 CULTURA EMPREENDEDORA CORPORATIVA NA UNICENTRO ... 121

4.2.1 Análise da percepção dos servidores sobre cultura empreendedora corporativa na Unicentro a partir dos construtos ... 121

4.2.2 Análise da identificação organizacional a partir da questão gráfica ... 128

4.2.3 Expectativa dos profissionais da Unicentro quanto à institucionalização de ações de estímulo a ideias e projetos inovadores no ambiente administrativo da Universidade ... 131

4.2.3.1 Apontamentos realizados pelos servidores ... 131

4.2.3.2 Grupos de apontamentos relacionados a construtos com médias inferiores à média geral ... 135

4.2.3.3 Grupos de apontamentos relacionados a construtos com médias superiores à média geral ... 136

4.2.3.4 Grupos de apontamentos que não se relacionam diretamente aos construtos do modelo ... 137

4.2.3.5 Considerações gerais ... 138

4.2.4 Considerações teóricas relativas aos dados sobre cultura empreendedora corporativa na Unicentro ... 139

4.3 ANÁLISE CONJUNTA: COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS CORPORATIVAS VERSUS CULTURA INTRAEMPREENDEDORA NA UNICENTRO ... 140

4.3.1 Análise da correlação entre os construtos dos modelos ... 142

4.3.2 Análise dos dados a partir de agrupamentos da amostra ... 145

4.3.3 Considerações teóricas relativas ao cruzamento dos dados de competências e cultura empreendedoras corporativas na Unicentro ... 148

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 151

5.1 CONCLUSÕES A PARTIR DOS DADOS ... 151

5.1.1 Competências empreendedoras corporativas versus cultura intraempreendedora ... 151

5.1.2 Sugestões à Unicentro ... 153

5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ... 158

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6 REFERÊNCIAS ... 160 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE ... 172

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE COMPETÊNCIAS

EMPREENDEDORAS CORPORATIVAS ... 173 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DE CULTURA EMPREENDEDORA CORPORATIVA ... 176

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1.1 CONTEXTO DA PESQUISA

A dinâmica incorporada ao Capitalismo, a partir da abertura econômica e dos mercados, estabeleceu um cenário de alta concorrência e exigência, tanto para as organizações como para os profissionais. Nas organizações, a constante adequação dos processos internos, focada a um elevado padrão de competitividade, tornou-se condição ao enfrentamento dos desafios decorrentes desse cenário e à manutenção no mercado. Já os profissionais têm sido exigidos em termos de resultados e qualidade em seus serviços, sendo que a capacitação e o aprimoramento de suas competências se tornaram elemento chave para atuação no ambiente organizacional competitivo (DRUCKER, 1993; SEIFFERT, 2005; BRUM et al., 2010; PISCOPO, 2010; NIENKOETTER e CRUZ, 2012).

A busca pela inovação por intermédio do empreendedorismo corporativo, ou intraempreendedorismo, faz frente a esse contexto. Ganhou espaço a concepção de que todos podem ser empreendedores em suas atividades, sejam empresários ou funcionários, uma vez que o fator determinante é a capacidade em detectar oportunidades e promover inovações (SCHUMPETER, 1982; DRUCKER, 1987; PINCHOT e PELLMANN, 2004). Assim, os empreendedores corporativos, ou intraempreendedores, caracterizam-se pelo potencial de inovar a partir de oportunidades detectadas dentro da própria organização (LENZI, 2008; LENZI et al., 2012).

As estratégias voltadas à criação da cultura intraempreendedora objetivam estimular os profissionais a potencializar sua capacidade criativa em prol do desenvolvimento de ideias e projetos, que gerem constante aperfeiçoamento dos processos internos, articulação entre os setores que compõe a organização e maximização do desempenho organizacional por meio de resultados inovadores (PINCHOT, 1985; PINCHOT e PELLMAN, 2004; SEIFFERT, 2005; COSTA et al., 2007a; GOMES FILHO et al., 2011).

Na visão de Fontanillas e Cova (2006), as práticas intraempreendedoras se sobressaem a outros instrumentos frequentemente adotados em busca desses resultados. Como exemplo, citam os programas de qualidade e de gestão, implantados por um crescente número de organizações, visando aperfeiçoar suas rotinas de trabalho. Embora também promovam melhorias no processo organizacional, muitas vezes esses programas não retornam os

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resultados esperados. Dependendo da realidade cultural da organização, as mudanças por eles propostas se tornam impactantes para a equipe, gerando resistências quanto à sua implantação. Além disso, em geral são pacotes fechados, que acabam burocratizando os processos organizacionais. Dessa forma, os programas de qualidade e de gestão, que habitualmente demandam altos investimentos, nem sempre se tornam eficazes.

Já as ações voltadas à criação de espaço para o desenvolvimento de ideias e projetos inovadores podem ser executadas com baixo custo e não se tratam de um pacote fechado. Ao contrário, devem ser pensadas a partir do perfil organizacional, embasado em conhecimentos extraídos da própria empresa (FILION, 2004; SEIFFERT, 2005; FERNANDES e SANTOS, 2008). Em termos gerais, o empreendedorismo corporativo assume caminho antagônico à burocratização excessiva dos processos organizacionais, pois está voltado à construção de um ambiente que integre criação de conhecimento, inovação, capacidade criativa e aproveitamento de oportunidades.

As ações intraempreendedoras focam predominantemente os processos internos das organizações (SEIFFERT, 2005; GOMES FILHO et al., 2011), estimulando o desenvolvimento de projetos inovadores voltados ao ambiente organizacional. Essa é a característica marcante do empreendedorismo corporativo (LENZI et al., 2012). A remodelagem das rotinas internas ao enfoque intraempreendedor tende a promover, portanto, maior articulação entre os setores e processos, dinamizando as atividades e, por consequência, possibilitando melhor performance para a organização como um todo (FONTANILLAS e COVA, 2006; FERNANDES e SANTOS, 2008).

Contudo, embora o empreendedorismo corporativo, em sua essência, emane da própria organização (isto é, de sua cultura e da ação de seus profissionais), seu desenvolvimento normalmente não se dá de forma natural, mas requer o enfrentamento a algumas dificuldades. Barreiras às práticas intraempreendedoras podem ser encontradas tanto em organizações estatais (FILION, 2004) como em corporações privadas (SEIFFERT, 2005). Em todas elas, o principal impedimento às ações inovadoras é a burocratização dos processos internos (FARREL, 1993), elemento presente, sobretudo, nas instituições públicas, devido às suas características culturais e às particularidades do seu sistema administrativo (SCHENATTO e LEZANA, 2001; RESENDE, 2002; FILION, 2004; PIRES e MACÊDO, 2005; BERNIR e HAFSI, 2007).

Diante desses aspectos, esta dissertação propôs um estudo que aborda o tema empreendedorismo corporativo em uma instituição pública. A pesquisa foi desenvolvida no

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ambiente administrativo da Universidade Estadual do Centro Oeste, Unicentro, de Guarapuava/PR., fundamentando-se na situação problema apresentada a seguir.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O ambiente administrativo da Unicentro, objeto deste estudo, é marcado pela diversificação, que pode ser observada tanto no grande número de funções singulares que compõe seu sistema administrativo, como em seu quadro de pessoal que agrega profissionais das mais distintas áreas de conhecimento. Esse cenário, em geral característico das instituições de ensino superior, faz da Universidade um ambiente propenso à construção de ideias inovadoras e ao desenvolvimento do empreendedorismo corporativo.

Por outro lado, processos burocráticos exigidos às organizações públicas podem representar obstáculos à implantação de ações intraempreendedoras. O serviço público demanda a observância a questões legais que, em alguns aspectos, limitam as ações dos gestores, criando-se barreiras burocráticas à lógica inovadora do empreendedorismo corporativo.

Uma situação que retrata tal realidade diz respeito ao sistema remuneratório implantado na Universidade. Na linha do que predomina no serviço público, o plano de cargos e salários das instituições de ensino superior do Estado do Paraná é aprovado por lei, que estabelece os mecanismos de progressão e promoção salarial. Normalmente as leis dessa natureza são elaboradas visando atender o contexto de todas as instituições às quais se estendem seus efeitos. Contudo, o critério generaliza muitas situações, deixando de contemplar as especificidades das instituições. Ao delimitar os requisitos para evolução na carreira, a lei impossibilita a utilização de critérios que valorizem situações particulares de cada Universidade, bem como a eventual iniciativa institucional em promover o empreendedorismo corporativo de forma vinculada a benefícios salariais, por exemplo.

Outra questão está relacionada ao processo de recrutamento, igualmente previsto em legislação. Os concursos públicos e testes seletivos, também delimitados por disposições legais, seguem um formato que não permite a adequação dos critérios seletivos a algumas demandas específicas das instituições. Exemplificando a partir do tema deste estudo, a legislação não admite que a instituição canalize os critérios de seleção à busca de profissionais inovadores. Destaca-se, que até mesmo a oferta de vagas em concursos depende

(23)

de uma série de aprovações por parte das esferas governamentais, o que muitas vezes leva a Universidade a trabalhar com um quantitativo de profissionais muito aquém do necessário ao atendimento de suas demandas. Tratando em particular do quadro administrativo da Unicentro, observa-se neste quesito um dos maiores problemas da instituição que, do total de 1.130 servidores que compõe seu quadro de pessoal1, conta com apenas 226 funcionários nas atividades administrativas (821 são professores e 83 são funcionários de outras áreas diversas, como motoristas, advogados, engenheiros e servidores da área de limpeza, manutenção e vigilância).

O número de servidores da área administrativa está muito abaixo da necessidade da instituição, sendo que esse déficit de servidores é suprido através da contratação de estagiários (a instituição conta atualmente com 377 estagiários). O estágio acaba sendo uma solução paliativa, tendo em vista a instabilidade e a curta duração do vínculo, que pode se estender no máximo por dois anos, muitas vezes sendo interrompido antes desse período devido a fatores que impedem a sequência do estágio (como a reprovação do estagiário em disciplinas de seu curso). Fatores como esses dificultam a construção de estímulos ao desenvolvimento do empreendedorismo corporativo no ambiente administrativo da Unicentro.

Frente a esse contexto, observa-se que a possibilidade de desenvolver um ambiente inovador na Universidade, a partir do empreendedorismo corporativo, requer a identificação de fatores relacionados ao conceito na equipe administrativa e na cultura da instituição, fatores esses que possam ser potencializados por meio de incentivos à inovação, levando-se em conta as restrições inerentes às organizações públicas. Contudo, essa questão nunca foi pesquisada no ambiente administrativo da Universidade.

Assim, apresenta-se a seguinte situação problema: considerando que a Unicentro, por ser uma Universidade pública, apresenta um contexto paradoxal desenhado pela coexistência entre potencialidades e barreiras às inovações (BERNIR e HAFSI, 2007), quais são os fatores presentes em seu ambiente e em sua cultura organizacional que condicionam o desenvolvimento de ações corporativas empreendedoras, direcionadas às práticas internas administrativas da instituição?

Dessa forma, a pesquisa conta com o objetivo geral e objetivos específicos a seguir elencados.

1

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Analisar as práticas administrativas internas da Unicentro, por meio das competências empreendedoras corporativas dos servidores e da cultura estabelecida na Universidade.

1.3.2 Objetivos específicos

a. Investigar as competências empreendedoras dos profissionais que desenvolvem atividades administrativas na Unicentro, por meio de ações intraempreendedoras reconhecidas pelos colegas de trabalho;

b. Analisar a percepção dos servidores da área administrativa da Unicentro em relação às características da cultura interna voltadas ao empreendedorismo corporativo;

c. Identificar a expectativa dos profissionais da Unicentro quanto à institucionalização de ações que objetivem estimular o desenvolvimento de ideias e projetos inovadores no ambiente administrativo da Universidade.

1.4 JUSTIFICATIVA

A velocidade de mudança, presente no mercado moderno, exige que as organizações constantemente busquem melhorias, tarefa que deve ser executada por todos (PINCHOT, 1985). Os profissionais das organizações podem ir muito além da simples tarefa de desempenhar suas funções básicas, contribuindo de forma expressiva ao crescimento organizacional.

O perfil dinâmico de muitos dos funcionários da atualidade tem impulsionado uma mudança na aplicação do termo empreendedor. Barini Filho (2008) aponta que o conceito de

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empreendedorismo deve ser considerado de forma ampla, uma vez que os empreendedores não estão apenas nas empresas, mas em todas as áreas da ação humana organizada, como o terceiro setor, as atividades de saúde, o governo, as instituições religiosas, a política, entre outras. Analogamente, dentro das organizações não são encontrados empreendedores apenas na condição de proprietários do negócio, mas também nas mais diversas áreas organizacionais, como nas atividades administrativas, comerciais, produtivas, etc.

Dessa forma, não cabe apenas aos gestores a responsabilidade de inovar e modificar uma organização, mas a todos os profissionais que nela atuam. Cada pessoa tem conhecimento mais aprofundado sobre partes diferentes do processo organizacional, o que lhe permite construir ideias inovadoras focadas às suas atividades, contribuindo ao desempenho global da organização. A discussão das ideias dentro das equipes possibilita a concepção de projetos inovadores que impulsionem a dinamização organizacional. Assim, supõe-se que quanto maior o número de pessoas envolvidas na discussão de novas ideias, maiores subsídios existirão para tal construção.

Embora o desenvolvimento do empreendedorismo corporativo esteja mais intimamente associado ao perfil dos profissionais que compõe a organização do que ao seu porte, Pinchot (1985) defende que as grandes organizações são mais propensas às práticas intraempreendedoras dos que as demais de menor porte, pois tendem a alocar muitos dos melhores profissionais disponíveis no mercado, reunindo grande diversidade de ideias. Esse contexto se torna um ponto forte ao empreendedorismo corporativo, uma vez que a multifuncionalidade e a multidisciplinariedade são características que marcam as melhores equipes intraempreendedoras, devido à diversidade de pontos de vista a ser canalizada a um objetivo comum (PINCHOT e PELLMAN, 2004).

O cenário diversificado, multifuncional e multidisciplinar pode ser identificado na Unicentro, objeto deste estudo. As características pertinentes a uma instituição de ensino superior fazem com que seu ambiente administrativo seja composto por atividades das mais diversas naturezas. As funções são muito diversificadas, sendo cada uma delas marcada por diferentes características: do atendimento ao público interno e/ou externo à elaboração ou gestão de documentos; da alimentação de sistemas ao seu desenvolvimento; da produção de ideias à sua divulgação, através de livros, periódicos e dos mais diversos meios de comunicação. Muitas funções são essencialmente administrativas, como as relacionadas a convênios, gestão de pessoal, atividades financeiras, de planejamento e controle. Outras, embora também sejam administrativas, são vinculadas a atividades de outras naturezas, como processos seletivos, ensino, pesquisa ou promoção da extensão da Universidade na sociedade.

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A diversidade não se verifica apenas nas funções, mas também no quadro de servidores da instituição, que agrega profissionais das mais diversas formações: ciências sociais, humanas, exatas, tecnológicas, agrárias, ambientais ou da saúde. A multidisciplinariedade é característica marcante do ambiente administrativo universitário. Somado a isso, destaca-se a afirmativa de Souza (2008), que define as universidades como organizações intensivas em conhecimento, onde a constante presença da pesquisa pode ser absorvida pelo ambiente organizacional e convertida em inovações que tragam melhorias aos processos internos.

A Universidade é, portanto, um vasto campo de possibilidades para a construção e disseminação de ideias e projetos inovadores. Seu sistema administrativo é formado por múltiplos processos singulares, em que profissionais das mais diversas formações atuam nas mais distintas funções. Desse ambiente pode ser extraído um grande leque de conhecimentos, experiências e pontos de vistas particulares sobre os diferentes elementos que compõe o sistema, que podem ser convertidos em benefícios à instituição.

Contudo, embora o ambiente universitário apresente um contexto favorável à ação empreendedora corporativa, também existem obstáculos à sua disseminação. Alguns dispositivos legais, por exemplo, acabam constituindo barreiras à potencialização das competências intraempreendedoras nessas instituições. A administração universitária deve observar a legislação que rege o serviço público e, com isso, determinados aspectos burocráticos se tornam inevitáveis, dificultando a dinamização organizacional.

Muitos estímulos ao empreendedorismo corporativo, possíveis em organizações privadas, não podem ser praticados por instituições públicas devido à observância da legislação. São exemplos: incentivos salariais voltados à inovação, processos seletivos que priorizem as competências empreendedoras, canalização de recursos para apoio a projetos inovadores, entre outros.

As restrições legais que impedem a Universidade de ampliar de forma autônoma seu quadro de servidores da área administrativa, por exemplo, refletindo no baixo número de funcionários anteriormente apresentado, acaba gerando sobrecarga de trabalho, o que pode representar também uma barreira à geração e execução de novas ideias, uma vez que o excesso de atividades pode fazer com que não seja possível dispender tempo suficiente para repensar os processos organizacionais.

Fatores como esses demonstram que a implantação na administração pública de práticas mais comuns a organizações privadas representa um grande desafio. Por outro lado, superadas as dificuldades, tal iniciativa pode contribuir à incorporação da dinâmica da

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economia moderna nas instituições estatais, melhorando seu desempenho e aumentando sua eficiência. O empreendedorismo corporativo, que visa o desenvolvimento de projetos inovadores articulados a partir de oportunidades detectadas dentro da própria organização (LENZI et al., 2012), destaca-se de modo particular, por estimular a inovação em um ambiente organizacional onde muitas vezes predomina a burocratização.

Visando a disseminação da cultura intraempreendedora na esfera administrativa da Unicentro, torna-se necessário o estudo de seu ambiente organizacional para que sejam identificados os fatores condicionantes a esse objetivo, isto é, os pontos fortes existentes em seu quadro de pessoal, em sua estrutura, no perfil da gestão desenvolvida na instituição, bem como as barreias à inovação presentes na Universidade, sejam elas decorrentes de mecanismos legais ou de características próprias da instituição. De acordo com Barini Filho (2008), o desenvolvimento de competências empreendedoras corporativas se torna possível quando a organização conhece as competências individuais de seus profissionais, isto é, as características que influenciam de forma direta o desempenho no trabalho (BINDES e STEFANO, 2011). Assim, este estudo objetiva evidenciar elementos que representem potencialidades ao empreendedorismo corporativo na Unicentro, os quais poderão ser difundidos na instituição como um todo, uma vez que o potencial empreendedor e as práticas inovadoras, uma vez iniciadas, podem causar sinergias envolvendo todos os profissionais da organização (LENZI et al., 2013).

Pretende-se disponibilizar à Universidade o produto final deste trabalho: um diagnóstico sobre sua esfera administrativa, que possa subsidiar a instituição no desenvolvimento de ações voltadas à formação da cultura inovadora em sua estrutura administrativa, observando-se os dispositivos legais, mas ao mesmo tempo contornando a burocracia inerente ao serviço público, de forma que a burocratização não anule o potencial inovador que possa existir na Universidade.

Impulsionar o conceito de empreendedorismo corporativo dentro da instituição pode motivar os servidores a constantemente reavaliarem suas atividades e os processos internos, buscando identificar elementos que possam ser modificados e melhorados. Sentindo-se motivados, os servidores serão levados a expor suas ideias e a contribuir à construção de um ambiente inovador na instituição. A busca pela melhoria dos processos organizacionais torna-se uma responsabilidade compartilhada entre todos os torna-servidores (gestores e demais profissionais). Além disso, servidores que detenham o perfil intraempreendedor tendem a se destacar, podendo a instituição aproveitar seu potencial no processo inovador.

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O empreendedorismo corporativo é, portanto, um caminho à dinamização organizacional através da inovação. Para a Unicentro, repensar seu sistema administrativo através da dinâmica intraempreendedora pode potencializar a multifuncionalidade e a multidisciplinariedade existentes na instituição, colocando-as a serviço da geração de inovações direcionadas a um objeto comum, os objetivos institucionais.

Embora a finalidade da Unicentro seja o ensino, a pesquisa e a extensão, este estudo focou seus aspectos administrativos, partindo do entendimento de que a qualidade desse elemento impacta diretamente na consecução de resultados satisfatórios em cada um dos três elementos-fim da Universidade. Sendo a Unicentro um sistema organizacional, em que os processos são interdependentes, os serviços administrativos assumem papel estratégico por gerarem reflexos diretos no desempenho institucional. Os servidores que exercem funções administrativas na instituição não apenas prestam serviços dessa natureza, mas diariamente são usuários de tais serviços. Sua percepção sobre o funcionamento administrativo da Universidade é fonte de conhecimento organizacional, que pode ser canalizado às ações corporativas empreendedoras.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

A composição deste trabalho está dividida em quatro capítulos. Este primeiro abordou os aspectos introdutórios da pesquisa, apresentando o seu contexto, a delimitação do problema, os objetivos geral e específicos e a justificativa do trabalho. O Capitulo 2 traz a fundamentação teórica sobre os temas que embasam as discussões. No Capítulo 3 são apresentados os procedimentos metodológicos norteadores da pesquisa, através dos quais os dados foram coletados e analisados. Os resultados do trabalho, juntamente com a análise dos dados, são objetivo do Capítulo 4. Finalmente, o Capítulo 5 expõe as conclusões e considerações finais deste estudo.

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A composição teórica deste trabalho está dividida em três partes principais, conforme ilustrado pela Figura 1. A primeira parte se refere ao empreendedorismo, conceito ao qual está vinculado o tema central desta pesquisa. Além dos conceitos, são apresentadas as competências e as características inerentes ao empreendedor.

Focando o tema central, a segunda parte discute os conceitos e fundamentos do empreendedorismo corporativo. São abordadas as definições conceituais, as competências e perfil dos empreendedores corporativos e a construção da cultura intraempreendedora a partir da participação dos gestores e dos demais profissionais da organização. Discute-se, na sequência, sobre as possibilidades de implantação do conceito no ambiente das organizações públicas, com destaque às instituições de ensino superior. Finalmente, esta parte trata das contribuições do empreendedorismo corporativo ao ambiente organizacional.

Figura 1 – Esquema da fundamentação teórica do trabalho

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A terceira parte apresenta discussões voltadas ao desenvolvimento da cultura empreendedora corporativa, a partir da sistematização de ações articuladas ao conceito, com o objetivo de estimular a capacidade inovadora dos profissionais no ambiente interno da organização. São apresentados aspectos teóricos e práticos relativos a essa temática.

2.1 EMPREENDEDORISMO: CONCEITOS E FUNDAMENTOS

2.1.1 Definição e influência do empreendedorismo no sistema econômico

De acordo com Stefano et al. (S/D), embora o empreendedorismo tenha atingido grande repercussão somente nas últimas duas décadas, o espírito empreendedor sempre esteve presente na humanidade, sendo que fatores de ordem econômica, social e tecnológica culminaram em sua ascensão. No Brasil, o conceito começou a ser discutido na década de 1970 (STEFANO e FACINI, 2004).

Como consequência dessa difusão do conceito, o empreendedorismo se tornou multidisciplinar e atualmente o tema se faz presente em quase todas as áreas (FILION, 1999; GARTNER, 2001). Contudo, Filion (1999) destaca que são duas as principais vertentes teóricas que originaram as discussões sobre as características empreendedoras: a dos economistas e a dos comportamentalistas.

Os economistas associam a ação empreendedora à inovação, à predisposição em assumir riscos e ao aproveitamento de oportunidades. Os debates acerca do papel do empreendedor no desenvolvimento econômico também estão ligados à concepção econômica do empreendedorismo. Entre os precursores dessa linha, Filion (1999) destaca Cantillon, Schumpeter e Say, este apontado pelo autor como o pai do empreendedorismo.

Segundo Filion (1999), a racionalidade presente nas análises dos economistas se tornou um limitador ao desenvolvimento do empreendedorismo no campo das ciências econômicas, uma vez que os aspectos racionais não são suficientes para explicar a ação empreendedora. Dessa forma, a evolução das discussões acerca do tema ganhou espaço entre os comportamentalistas, que enfatizam a influência de elementos emocionais no comportamento empreendedor, destacando-se as ideias de Weber e McClelland.

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O empreendedorismo pode ser definido como a transformação de ideias em oportunidades que levam à criação de negócios bem sucedidos (DORNELAS, 2001). É o processo a partir do qual se faz algo novo (criativo) e diferente (inovador), visando gerar riqueza para as pessoas e agregar valor para a sociedade (FILION, 2004).

O conceito de empreendedorismo foi consolidado e expandido por Schumpeter (SEIFFERT, 2005; FONTENELE, 2010). Sua construção teórica está centrada no processo de destruição criativa decorrente da habilidade dos empresários empreendedores, que se caracterizam pela capacidade de criar um novo elemento (um produto, por exemplo), que acaba destruindo (substituindo) outro elemento antigo (SCHUMPETER, 1982). O termo expressa que as tecnologias, produtos e processos não são permanentes, já que novas ideias normalmente substituem ideias anteriores. Novos produtos tomam o espaço de produtos antigos, da mesma forma que muitas empresas são excluídas do mercado com a entrada de concorrentes que apresentam inovações. O mesmo ocorre com os processos organizacionais que, com a introdução de novas técnicas, tornam-se obsoletos e são substituídos. Em síntese, uma inovação destrói uma ideia anterior ou, pelo menos, reduz seu espaço de atuação.

Drucker (1987) também destaca o papel da inovação no empreendedorismo, apontando-a como principal instrumento pelo qual os empreendedores promovem mudanças direcionadas a oportunidades de negócio. Dessa forma, esses profissionais precisam estar constantemente focados na possibilidade de inovar.

A inovação é considerada por Dornelas (2001) como o elemento central do processo empreendedor, a partir do qual surgem os novos negócios. Para Miranda e Figueiredo (2010), a inovação organizacional é a expressão prática de ideias criativas, resultando, portanto, da combinação de dois fatores: a criatividade e a ação. Fiorin et al. (2010) argumentam que através da ação inovadora o empreendedor canaliza suas ideias a um objetivo, visando criar valor a partir do aproveitamento de uma oportunidade. Ao inovar, o empreendedor otimiza a aplicação dos recursos, produz melhorias e causa mudanças no setor econômico.

A criatividade e a inovação empreendedora são apontadas por vários autores como responsáveis pela dinâmica do sistema econômico. Para Schumpeter (1982), o permanente estado de inovação retroalimenta o capitalismo, gerando novos mercados, produtos, serviços, negócios, hábitos de consumo e processos. A inovação impulsiona o progresso, a competitividade e o desenvolvimento econômico, o que faz com que os inovadores se tornem o motor propulsor do dinamismo do sistema capitalista (SCHUMPETER, 1984).

Essa constatação também é encontrada em Drucker (1987), que considera as mudanças decorrentes da inovação empreendedora determinantes para o crescimento e a

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produtividade da economia. Em análise similar, Barreto (1998) destaca o papel da criatividade no sistema produtivo, definindo empreendedorismo como um ato criativo a partir do qual recursos são aplicados de forma produtiva.

Dornelas (2001) enfatiza que as práticas empreendedoras têm impulsionado a globalização econômica e gerado riqueza para a sociedade, além de quebrar barreiras comerciais e culturais, fatores esses que marcam a presença do empreendedorismo no início do séc. XXI. O autor afirma que a dimensão tomada pelo conceito tem o colocado no centro das políticas públicas em muitos países, realidade evidenciada pelos programas governamentais de estímulo às ações empreendedoras.

Martineli e Fleming (2010), ao argumentarem sobre a contribuição econômica do empreendedorismo, reportam-se aos benefícios sociais resultantes dos empregos e da estabilidade gerados pelas inovações. Costa et al. (2011), embora apresentem uma visão crítica sobre o papel dos empreendedores no sistema socioeconômico, também concordam que esses profissionais impulsionam o sistema capitalista através da geração de produtos e serviços, além de possuírem inequívoca função social que se cumpre com a identificação de oportunidades e sua conversão em valores econômicos.

Lenzi et al. (2011) apontam que a influência socioeconômica do empreendedorismo ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, como resposta da sociedade às crises econômicos. Na busca da superação dos momentos conturbados na esfera econômica, vividos no período pós-guerra, muitos profissionais foram levados a iniciar atividades particulares, impulsionando a abertura de empresas.

A influência causada pelos empreendedores no sistema econômico se torna possível devido à sua forma de atuação nas organizações. As competências que norteiam suas ações, bem como as características que marcam seu perfil, serão discutidas a seguir.

2.1.2 O empreendedor

2.1.2.1 Competências empreendedoras

Competência é um termo utilizado pelo senso comum para evidenciar a qualificação que uma pessoa possui, habilitando-a a realizar algo com qualidade (FLEURY e FLEURY,

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2001; 2010). A afirmação traduz o conceito a partir de um enfoque voltado à ação, o que também se evidencia nas ideias de Zarifian (2001), segundo o qual a competência se expressa na atividade prática, através da habilidade do indivíduo em desenvolver as melhores alternativas frente a situações relacionadas à sua vida pessoal e profissional.

Para Fleury e Fleury (2001), competência é a aptidão em converter as capacidades humanas (conhecimentos, habilidades e atitudes) em soluções e ao mesmo tempo em aperfeiçoar essas capacidades mediante circunstâncias complexas. Nesse sentido, os autores associam o conceito a elementos como “saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber engajar-se, assumir responsabilidades, ter visão estratégica” (FLEURY e FLEURY, 2001, p, 187).

Partindo da concepção de que competência pode ser entendida como o “saber agir”, Barini Filho (2008, p. 19) explica que um profissional é competente:

quando consegue mobilizar e colocar em prática, com eficácia, as diferentes funções de um sistema que abrange recursos tão diversos quanto operações de raciocínio, conhecimentos, ativações da memória, avaliações, capacidades relacionadas ou esquemas comportamentais. Competência não está, portanto, simplesmente relacionada à capacidade de lidar com situações do mesmo tipo. É a capacidade de usar recursos cognitivos específicos ou a capacidade de mobilizar e adaptar recursos para decidir e agir corretamente após passar por um treinamento.

De acordo com Bindes e Stefano (2011, p. 27), competência é “um conjunto de características de um individuo, no que se referem às habilidades, capacidade, personalidade e aos conhecimentos, que afetam diretamente o desempenho no trabalho”.

A competência pode ser aprimorada no decorrer do tempo, através de novos conhecimentos, experiências, capacitação, educação, influências familiares, entre outros fatores que compõe a personalidade do indivíduo (FLEURY, 2002; MELLO et al., 2006; BARINI FILHO, 2008; DUTRA et al. 2008). Sinteticamente, a competência diferencia um indivíduo dos demais por ser uma característica da personalidade da pessoa, que potencializa seu desempenho frente ao seu ambiente de atuação (LENZI et al., 2011), conduzindo sua forma de agir e desenvolver soluções.

Nas discussões acerca do empreendedorismo, o termo é utilizado para identificar as habilidades empresariais voltadas à construção de novos negócios de sucesso. Essas habilidades são denominadas de competências empreendedoras e, conforme Mello et al. (2006, p. 48), podem ser entendidas como posturas empreendedoras relacionadas à:

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identificação de oportunidades, à capacidade de relacionamento em rede, às habilidades conceituais, à capacidade de gestão, à facilidade de leitura, ao posicionamento em cenários conjunturais e ao comprometimento com interesses individuais e da organização.

As competência empreendedoras, assim como o conceito base, também estão ligadas à ação do indivíduo, podendo ser identificadas através de comportamentos pessoais convertidos em estratégicas de expansão empresarial (MELLO et al., 2006). Esses comportamentos são resultantes da integração de conhecimentos, habilidades e atitudes de um indivíduo, através da qual derivam benefícios organizacionais relativos à inovação, renovação e à geração de novos negócios (LENZI et al., 2011).

Estudos de Lenzi (2008; et al., 2011; et al., 2013) apresentam dez características associadas ao comportamento empreendedor, as quais o autor classifica em três conjuntos, conforme apresentado no Quadro 1.

CONJUNTO DE REALIZAÇÃO 1. Busca de oportunidades e iniciativas

2. Correr riscos calculados

3. Exigência de qualidade e eficiência 4. Persistência

5. Comprometimento

CONJUNTO DE PLANEJAMENTO 6. Busca de informações

7. Estabelecimento de metas

8. Planejamento e monitoramento sistemáticos

CONJUNTO DE PODER 9. Persuasão e rede de contatos

10. Independência e autoconfiança

Quadro 1 – Competências empreendedoras

Fonte: Adaptado de Lenzi (2008; et al., 2011; et al., 2013).

Sobre cada um dos três conjuntos de competências, constantes no Quadro 1, Lenzi et al. (2011) fazem as seguintes considerações:

Conjunto realização: apresenta competências voltadas a uma prática diária, que traduzem o potencial empreendedor em ação focada a resultados;

Conjunto planejamento: envolve competências correlatas à sistematização e ao planejamento das ações empreendedoras, em vistas de metas a serem atingidas.

Conjunto poder: abrange competências voltadas à persuasão, que contribuem à conversão das ações em resultados positivos.

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O Quadro 1 evidencia que as competências empreendedoras expressam características pertinentes ao empreendedor. Segundo Lenzi (2008; et al., 2011), a incorporação das discussões do perfil desses profissionais no contexto das competências tem sido uma tendência dos atuais estudos da área de administração.

Avançado no entendimento do conceito em questão, a sequência deste trabalho apresenta, à luz da literatura, um levantamento das características que marcam o perfil empreendedor.

2.1.2.2 Características do perfil empreendedor

De acordo com as argumentações de Schumpeter (1982), as ações empreendedoras estão relacionadas às características do indivíduo, aos seus valores e a seu modo de pensar e agir. Com base nas definições do autor, empreendedor é o profissional inovador, que tem a percepção necessária para criar novos mercados, produtos, serviços ou processos, e com seu dinamismo é capaz de aproveitar oportunidades, assumir ricos, sobressaindo-se aos concorrentes. O autor destaca que nem todas as pessoas possuem essas características, mas apenas parte da população. Poucos têm o potencial de percepção das oportunidades e a predisposição para enfrentar os obstáculos decorrentes das práticas diferenciadas (SCHUMPETER, 1984). Drucker (1987) também concorda que o espírito empreendedor não está em todos os empresários ou em todas as organizações, mas é uma característica distinta que somente alguns possuem.

De acordo com Farrell (1993), as qualidades mais consistentes e visíveis do empreendedor são a rapidez de suas ações e a sua habilidade em descobrir novos caminhos, características essas que se tornam a principal ferramenta utilizada por esses profissionais para criar vantagem competitiva.

É crescente o número de estudos realizados visando o entendimento do perfil do empreendedor. Veit e Gonçalves Filho (2008) comentam que as discussões acerca do tema têm ganhado cada vez mais espaço no meio acadêmico e empresarial. Entre esses estudos, Lenzi (2008) realizou um levantamento das características (competências) apontadas pela literatura na definição do perfil dos empreendedores, as quais são apresentadas no Quadro 2, acrescidas de contribuições fornecidas por este trabalho.

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AUTOR PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS Mill (1848) Tolerância ao risco

Weber (1917) Origem da autoridade formal Schumpeter (1928, 1934, 1942,

1949, 1967, 1982)

Inovação, iniciativa, sonho, criatividade, energia, realização pessoal, poder, mudança

Sutton (1954) Busca de responsabilidade Hartman (1959) Busca de autoridade formal McClelland (1961, 1971,

1973)

Tomador de risco, necessidade de realização, necessidade de afiliação

Davids (1963) Ambição, desejo de independência, responsabilidade e autoconfiança Pickle (1964) Relacionamento humano, habilidade de comunicação, conhecimento

técnico

Palmer (1971) Avaliador de riscos

Hornaday e Aboud (1971) Necessidade de realização, autonomia, agressão, poder, reconhecimento, inovação, independência

Winter (1973) Necessidade de poder Borland (1974) Controle interno

Liles (1974) Necessidade de realização Bruce (1976) Tomada de decisões, risco

Shapero (1977, 1980) Inovação, risco, iniciativa, independência Gasse (1977) Orientado por valores pessoais

Timmons (1978) Autoconfiança, orientado por metas, tomador de riscos moderados, centro de controle, criatividade, inovação

Cantillon ( 1978) Inovação

Sexton (1980) Enérgico, ambicioso, revés positivo

Welsh e White (1981) Necessidade de controle, responsabilidade, autoconfiança, corredor de riscos moderados

Dunkelberg e Cooper (1982) Orientado ao crescimento, profissionalização e independência Pinchot (1985, 1989, 2004) Visão, execução, planejamento

Drucker (1986, 2002) Inovação, iniciativa Filion (1988, 1991, 1993,

1999, 2004) Visão, imaginação, oportunidade, objetivos, criatividade, inovação Cooley (1990) Dedicação pessoal, planejamento e metas, persuasão, independência,

comprometimento, iniciativa

Zahra (1991) Renovação estratégica, novos negócios Cunningham e Lischeron

(1991) Liderança, ação, risco, inovação

Farrel (1993) Visão, valores pessoais, rapidez nas ações, habilidade em descobrir novos caminhos

Spencer e Spencer (1993)

Realização, planejamento, persuasão, autoconfiança, persistência, oportunidades, riscos, qualidade, comprometimento, informações, metas

Cossete (1994) Visão, formulação de estratégias

Miner (1998) Realização, rede de relacionamento, novas idéias, administração Sharma e Chrisman (1999) Criação, inovação

Dolabela (1999) Inovação, criatividade, visão, planejamento, iniciativa, oportunidade Fleury (2000, 2002) Ação, mobilização de recursos, entrega, engajamento,

responsabilidade, visão estratégica Dornelas (2001, 2003)

Decisões adequadas, segurança, oportunidade, criação, iniciativa, inovação, gerenciamento do risco, planejamento, persistência, relacionamentos

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Klerk e Kruger (2003)

Inovação, criatividade, visão de futuro, condição de assumir riscos, determinação, valores, adaptabilidade, prontidão, firmeza, ambição, suficiência de capital, recompensa

Santos (2004) Criatividade, inovação, novos negócios

Seifert (2004, 2005) Criatividade, inovação, novos negócios, renovação estratégica Dutra (2004)

Capacidade de inovação, comunicação, liderança, resolução de problemas, direcionamento estratégico, negociação, planejamento, relacionamentos, visão sistêmica, orientação para qualidade

Hisrich e Peters (2004) Segurança, risco

Souza (2005) Inovação, busca de oportunidades, propensão a correr riscos, criatividade

Boava e Macedo (2006) Realização

De Toni et al. (2008)

Características da mentalidade empreendedora: conhecimentos técnicos, habilidades emocionais e carismáticas, utilização da mente e do raciocínio linear, exercício do poder, relacionamento, postura ética e uso da verdade, habilidades estratégicas e visionárias, criatividade e inovação, vocação

Hashimoto (2009) Superação, criatividade, iniciativa, energia, capacidade de gerar valor, compromisso, absorção de risco

Ferreira et al. (2010) Aspectos comportamentais: novidade, organização, criação, criatividade, risco, perseguidor de oportunidades, idealizador

Ferrari (2010) Responsabilidade, transformação da sociedade, influência, iniciativa, oportunidades, riscos calculados, liderança, persuasão

Martineli e Fleming (2010) Propensão a assumir riscos, independência

Teixeira et al. (2011) Persistência, perseverança, determinação, dedicação, comprometimento, paixão pelo trabalho, criatividade, visão de futuro Carvalhal et al. (2012) Identificação de oportunidades, motivação, busca de realização

pessoal e independência financeira

Quadro 2 – Competências empreendedoras e profissionais abordadas por diversos autores

Fonte: Adaptado de Lenzi (2008).

Lenzi (2008) informa que as concepções dos autores constantes no quadro resultam das influências do ambiente disciplinar a partir do qual foram desenvolvidos os estudos de cada um deles, o que justifica as diferenças evidenciadas entre as ideias. A explicação pode ser estendida aos autores agregados ao quadro a partir deste estudo. Contudo, analisando as competências elencadas, observa-se que algumas são comuns a muitos dos autores, destacando-se: visão, criatividade, inovação, independência, confiança e iniciativa.

Para autores como Barreto (1998) e Shane e Venkataraman (2000), os empreendedores conseguem identificar oportunidades em situações que representam riscos e insegurança para outras pessoas, o que demonstra que possuem uma diferente percepção sobre a realidade. Dornelas (2001) afirma que ao se depararem com novas oportunidades os empreendedores tomam decisões adequadas de forma segura e no momento oportuno. Essa segurança faz com que esses profissionais sejam aptos a assumir riscos (HISRICH e PETERS,

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