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CAPÍTULO III – LEGIÃO DA BOA VONTADE: SUAS PRÁTICAS

4.1 A Escolha da Instituição como campo de pesquisa

A escolha da LBV como objeto de pesquisa se deu em razão da afetividade da pesquisadora pelo tema Educação, bem como seu alto grau de interesse pessoal.

Como docente do ensino superior, ministrando aulas nos cursos de licenciatura, sempre ocorreu momentos em que vivenciamos dificuldades em encaminhar os acadêmicos para a realização de prática de ensino e estágio supervisionado. Tal dificuldade constantemente era explicada pelo acolhimento não agradável dos acadêmicos por parte de algumas escolas. Mas como advoga Gadotti (2006), a educação não se efetiva somente no espaço escolar. Daí, pensamos a possibilidade de encaminhá-los para outros espaços educativos que não o escolar. Outros fatores complicadores surgiram nesse momento: em alguns locais de educação fora do contexto escolar não havia a presença do pedagogo que pudesse acompanhar e avaliar o trabalho do acadêmico estagiário. Além disso, no Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia da Unimontes não contempla a formação desse profissional para atuar em espaço não formal. Pouco se vê na estrutura curricular do curso de Pedagogia algo nesse sentido.

Escolhemos desse modo, a Instituição LBV pelo vinculo à significação do tema escolhido, por realizar um trabalho com a educação não formal, e dedicar-se à ação social e às ações socioeducativas, conforme demonstram os registros e cadastros em órgãos dedicados à

assistência social e à proteção à criança e ao adolescente. Em sua pluralidade, significa a discussão da possibilidade da educação não formal ser melhor discutida no âmbito da Universidade Estadual de Montes Claros.

4.1.1 O contexto da pesquisa

O presente estudo se concretizou na cidade de Montes Claros que é uma cidade com forte tendência de crescimento, sendo um polo de referência para a região norte do Estado de Minas Gerais. Montes Claros é um município brasileiro no norte do estado de Minas Gerais e fica a 422 quilômetros da capital mineira. É o principal centro urbano do Norte de Minas, motivo pelo qual apresenta características de uma capital regional.

TABELA 1 – Municípios Limítrofes, localização geográfica e distância até Montes Claros.

Localização geográfica Município Distância até Montes Claros

Norte São João da Ponte 158 km

Nordeste Capitão Enéas 56 km

Leste Francisco Sá 44 km

Sudeste Juramento 36 km

Glaucilândia 30 km

Sul Bocaiúva 45 km

Engenheiro Navarro 73 km Sudoeste Claro dos Poções 73 km

Oeste São João da Lagoa 66 km

Coração de Jesus 81 km

Noroeste Mirabela 66 km

Patis 95 km

Fonte: DER-MG 2014.

Sua área é de 3.568,941 Km², sendo que 38,7 km² estão em perímetro urbano e os 3.543,334 km² restantes constituem a zona rural, segundo dados do IBGE (2013).

Ainda segundo o IBGE (2015), sua população estimada chega ao número de 394.350 mil habitantes

MAPA 3 – A LBV no Norte de Minas Gerais

A Legião da Boa Vontade inaugurou sua Unidade social em Montes Claros, o Centro Comunitário de Assistência Social, em 4 de julho de 1983 e, desde então, portadora de Alvará de Licença, o município tem recebido da Instituição as atividades a que se propõe em sua missão. Localizada inicialmente no Bairro São José, a instituição oferece serviços às crianças, adolescentes com atividades culturais, artísticas e esportivas, bem como também às suas respectivas famílias, que vivem em situação de risco social e / ou pessoal. Não há registro na Instituição de quem foi o Assistente Municipal da época de sua inauguração. Sabe- se que antes de funcionar como Centro Comunitário, a LBV iniciou o seu trabalho em Montes Claros como creche. Havia um senhor chamado Almerindo Mendes, legionário, que estava à frente desse espaço e que hoje reside em Salinas (MG).

Foto 1: Unidade LBV Montes Claros (MG) em 2014. Fonte ―Acervo da pesquisadora, 2014.

Com vistas a um lugar mais adequado para acolher os atendidos e para desenvolver melhor as atividades, a referida unidade da LBV se transferiu para outro endereço, em Montes Claros, localizando-se atualmente à Rua Nicarágua, nº 205, bairro Independência.

4.1.2 Procedimentos Metodológicos

Para atingir os objetivos propostos neste estudo foram utilizados os procedimentos metodológicos apresentados a seguir:

4.1.3 Tipo de pesquisa e método

Essa é uma pesquisa de abordagem qualitativa e de acordo com Marconi e Lakatos (2010), essa abordagem se trata de uma pesquisa que tem como premissa, analisar e interpretar aspectos mais profundos, pois descreve a complexidade do comportamento humano e ainda fornece análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências de comportamento. A ênfase da pesquisa qualitativa está nos processos e nos significados.

As pesquisas qualitativas tem caráter exploratório, pois estimula os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Mostra aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou conscientes, de maneira espontânea. É utilizada quando se pretende obter percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. É uma pesquisa indutiva, pois o pesquisador desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-concebidos e em relação à abordagem de pesquisa qualitativa, o ambiente natural é fonte direta para coleta de dados, interpretação de fenômenos e atribuição de significados.

As principais características da pesquisa qualitativa segundo Bodgan e Biklen (1994, p.47-50), são: A fonte direta dos dados é o ambiente natural e o investigador é o principal agente na recolha desses mesmos dados; Os dados que o investigador recolhe são fundamentalmente de carácter descritivo; Os investigadores que utilizam metodologias qualitativas preocupam-se mais pelo processo em si do que propriamente pelos resultados; A análise dos dados é feita de forma indutiva; e o investigador interessa-se, acima de tudo, por tentar compreender o significado que os participantes atribuem às suas experiências.

Quanto aos fins esta pesquisa pode ser classificada como exploratória, com método de análise qualitativo.

Quanto aos meios, define-se como bibliográfica e de campo, com a utilização de entrevistas semiestruturadas. Para Lakatos e Marconi, a pesquisa de campo:

É aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta ou uma hipótese, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (LAKATOS E MARCONI, 1982, p. 64).

Para a pesquisa bibliográfica foi feito um levantamento da literatura disponível sobre o assunto. Tendo em vista tratar-se de um tema recente, especialmente no Brasil, a bibliografia disponível sobre a LBV, o Terceiro Setor e a educação não formal é escassa.

Por meio de dissertações, artigos acadêmicos publicados em jornais e revistas especializados, pesquisas divulgadas pelo IBGE ou outras organizações, legislação brasileira e publicações, buscou-se compreender a trajetória histórica da Instituição e como ela alcançou a projeção que hoje tem.

Utilizamos o método histórico que para Lakatos (2011), partindo do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado, é importante pesquisar raízes, para compreender sua natureza e função. Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual por meio de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época. Seu estudo, para uma melhor compreensão do papel que atualmente desempenham na sociedade, deve remontar aos períodos de sua formação e de suas modificações (LAKATOS, 2011, p. 91).

4.1.4 Instrumentos de pesquisa

As informações que elucidaram como as famílias compreendem a ação e intervenção socioeducativa da LBV foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas (ANEXO 1). Conforme Lakatos (2011), a entrevista representa um dos instrumentos básicos para a coleta de dados. Trata-se de uma conversa oral entre duas pessoas, das quais uma delas é o entrevistador e a outra o entrevistado. Seu objetivo é obter respostas sobre o tema ou problema a investigar (Lakatos, 2011, p. 280).

Utilizamos a observação como técnica de coleta de dados no campo, pois, de acordo com Lakatos (2011), essa é uma técnica para conseguir informações utilizando os sentidos na

obtenção de determinados aspectos da realidade. Esta nos foi útil para explorar o ambiente, as subculturas e a maioria dos aspectos da vida social dos participantes do CCAS estudado. Nos propiciou também descrever as comunidades, ambientes e as diferentes atividades exercidas pelos participantes e os significados das mesmas. Em geral, a observação nos auxiliou conhecer e aprofundar as situações sociais nos permitindo desse modo, uma reflexão contínua.

Nos valemos também das anotações diretas onde descrevemos o que estávamos vendo, escutando, sentindo, conhecendo no contexto e colocando os dados de forma cronológica.

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