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Superior Tribunal de Justiça

No STJ temos o seguinte acórdão:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE FILIAÇÃO E ANULATÓRIA DE REGISTRO PÚBLICO. DUPLO REGISTRO DE PATERNIDADE.

MULTIPARENTALIDADE. PAI SOCIOAFETIVO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO NOS AUTOS. DEMONSTRAÇÃO DE INTERESSE EM FIGURAR NA CERTIDÃO DE NASCIMENTO DO MENOR. INOCORRÊNCIA. DISPOSIÇÃO FUTURA DE BENS.

POSSIBILIDADE. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. ANÁLISE. COMPETÊNCIA DO STF. LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL NÃO PREQUESTIONADA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 211/STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA NOS MOLDES LEGAIS.

1. Cinge-se a controvérsia a verificar a possibilidade de registro de dupla paternidade, requerido unicamente pelo Ministério Público estadual, na certidão de nascimento do menor para assegurar direito futuro de escolha do infante.

2. Esta Corte tem entendimento no sentido de ser possível o duplo registro na certidão de nascimento do filho nos casos de adoção por homoafetivos. Precedente.

3. Infere-se dos autos que o pai socioafetivo não tem interesse em figurar também na certidão de nascimento da criança. Ele poderá, a qualquer tempo, dispor do seu patrimônio, na forma da lei, por testamento ou doação em favor do menor.

5. Não se justifica o pedido do Parquet para registro de dupla paternidade quando não demonstrado prejuízo evidente ao interesse do menor.

6. É direito personalíssimo e indisponível do filho buscar, no futuro, o reconhecimento do vínculo socioafetivo. Precedentes.

7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido.

(REsp 1333086/RO, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 15/10/2015)

O caso julgado no ano de 2015, a recorrente sustenta que há violação dos arts. 3º, 4º, 6º, 226 e 227 da Constituição Federal e 3º, 6º, 25, parágrafo único, e 27 da Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA). Busca amparo na lei, alegado que deve ser considero o princípio do melhor interesse da criança e de sua proteção integral.

O Exmo. Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva que julgou o caso entendeu da seguinte forma: a mãe teve um relacionamento com um homem a qual engravidou e deu a luz ao menor. Porém foi outro homem quem reconheceu e registrou a paternidade, pois mantinha um relacionamento com a mãe.

O pai biológico ajuizou ação de reconhecimento de paternidade cumulada com anulação de registro. Ao qual foi comprovada por exame de DNA a paternidade e o juiz de primeiro grau reconheceu o vínculo e determinou a retificação do registro da criança. Porém o MP recorreu, alegando que no exame psicossocial a criança possuía os dois vínculos, tanto com o pai afetivo como com o pai biológico e que não deveriam ser excluídos as partes e sim conter a dupla paternidade. O tribunal de Justiça indeferiu o pedido e o MP interpôs recurso especial.

Neste sentido o STJ manteve as decisões das instancias ordinárias. Alegando que se verificou que o pai biológico participou ativamente na criação do filho desde que o mesmo tinha menos de 1 ano de idade, e salientou que a criança não sofrerá nenhum prejuízo em relação à alteração do registro, pois a relação de ambos os pais com o menor se manteve a mesmo.

Alegando-se que o posição do Ministério Público não poderia ter prevalência sobre a situação familiar que vinha se desenvolvendo normalmente, sem omissão de qualquer dos genitores. E que demais questionamentos como por exemplo patrimoniais poderiam ser resolvidos posteriormente.

Esse entendimento do STJ se mostrou bastante conservador na ideia de que poderia ser apenas incluso o pai biológico, já que ambos faziam parte da criação da criança, e que a realidade da criança continuou a mesma, não violando assim os princípios do melhor interesse da criação ou da proteção integral.

FAMÍLIA. CÓDIGO CIVIL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE. ADOÇÃO UNILATERAL. MEDIDA

EXCEPCIONAL. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. NÃO

OCORRÊNCIA DE NENHUMA DAS HIPÓTESES

AUTORIZADORAS EM RELAÇÃO AO GENITOR. DESTITUIÇÃO APENAS DA GENITORA. BOA-FÉ DA POSTULANTE À ADOÇÃO. MELHOR INTERESSE DO MENOR. ECA ARTS 39, §3, 50 §13. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A adoção

depende do devido consentimento dos pais ou da destituição do poder familiar (Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 45). 2. Hipótese em que a menor foi entregue irregularmente pela genitora à postulante da adoção nos primeiros dias de vida e, somente no curso do processo de adoção e destituição de poder familiar, o pai biológico descobriu ser o seu genitor, ajuizando ação de investigação de paternidade para reinvindicar o poder familiar sobre a criança. Incontroversa ausência de violação dos deveres legais autorizadores da destituição do poder familiar e expressa discordância paterna em relação à adoção. 3. Nos termos do art. 39, §3º do ECA, inserido pela Lei 13.509/2017, "em caso de conflito entre os direitos e interesses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando". 4. Boa fé da postulante à adoção assentada pela instância ordinária. 5. Adoção unilateral materna, com preservação do poder familiar do genitor, permitida, dadas as peculiaridades do caso, com base no art. 50, §13º, incisos I e III, do ECA, a fim de assegurar o melhor interesse da menor. 6. Recurso especial parcialmente provido. (STJ, RECURSO ESPECIAL Nº 1.410.478 -

RN (2013/0344972-0)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. ECA. ADOÇÃO UNILATERAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. NÃO OCORRÊNCIA DE NENHUMA DAS HIPÓTESES AUTORIZADORAS EM RELAÇÃO AO GENITOR.

MELHOR INTERESSE DO MENOR. CONTRADIÇÃO.

INEXISTÊNCIA. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Os embargos de

declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão ou contradição porventura existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no recurso. 2. Embargos de declaração rejeitados. ( EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1410478 -

RN (2013/0344972-0).

Neste caso a 4ª turma do STJ julgou o recurso parcialmente. O debate era acerca da possibilidade da destituição do poder familiar fora das hipóteses legais, bem como se viável a adoção ainda que não tenha havido aquiescência de ambos os genitores.

Trata-se de uma adoção por parte de uma mulher que não estava inscrita no cadastro nacional de adotantes, a qual recebeu irregularmente a criança da

genitora. O pai biológico entro na via judicial para a comprovação da paternidade, momento posterior ao requerimento da adoção.

O caso é extremamente excepcional. De modo que o STJ decidiu por determinar que o juiz da primeira instância analise a possibilidade da guarda compartilhada entre a mãe adotiva e o pai biológico, ou ao pagamento de pensão alimentícia e direito de visitas por parte do pai, além da alteração do registro da criança para que conste o nome paterno, tudo voltado ao melhor interesse da criança.

Conforme Marco Buzzi o seu entendimento a respeito do caso é:

Assim, nos termos da lei, a coexistência dos institutos do poder familiar e da adoção é compatível e uma vez cumpridos os requisitos legais, tal como no presente caso, viável é a adoção unilateral, sem a necessidade de extinção absoluta dos vínculos mantidos com ambos os genitores, pois aqui não se trata de multiparentalidade, porquanto a mãe biológica, além de ter consentido com a adoção, realizou conduta incompatível com a manutenção do poder familiar que antes exercia, dando espaço à figura da adotante que a substituiu enquanto figura materna.

Ou seja, ficou bem claro que tentou se acatar a melhor reposta para o caso em questão, principalmente por respeitar e preservar o melhor interesse da criança, como também o princípio norteador do caso que é o afeto. Levando em consideração que a mãe adotiva já possuía a guarda legal da criança desde os primeiros meses de vida, e que indubitável nos autos o laço de afinidade e afetividade estabelecido entre a adotante e a criança, e não constatada a ocorrência de má-fé tampouco as situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA.

Contudo, se decidiu pela manutenção do poder familiar, tanto em relação ao laço biológico como em relação ao afetivo.

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