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CAPÍTULO 2.6: Diferentes Métodos de Avaliação Ambiental

2.6.4 Superposição de Cartas ou Overlay

A superposição de cartas utiliza mapas temáticos para uma síntese das interações. Pode ser feita manualmente, através do uso de papel transparente ou translúcido sobre um mapa ou fotografia, com o objetivo de realçar detalhes. Segundo Ibama (1997), esse recurso é utilizado intensamente por McHarg em planejamento espacial. Os dados

significativos sobre os principais fatores ambientais (clima, geologia, fisiografia, hidrologia, pedologia, vegetação, vida silvestre, uso do solo), previamente analisados e ordenados de acordo com o seu valor para o desenvolvimento das atividades previstas, são registrados em mapas transparentes, com diferentes graus de sombreamento. As áreas mais escuras indicam os fatores mais favoráveis para cada atividade planejada, e as áreas sem sombreamento, as menos favoráveis (por exemplo: as áreas mais escuras podem indicar os solos com menor probabilidade de erosão, e as mais claras, as de maior probabilidade, sendo as primeiras mais adequadas para usos residencial, comercial e industrial).

Para cada conjunto de áreas sombreadas, de acordo com o seu grau, é feita uma interpretação de sua aptidão de uso (conservação; recreação passiva; recreação ativa; uso residencial; usos comercial e industrial). A confecção dos mapas transparentes é precedida de uma série de estudos, feitos a partir de uma extensa coleta de dados e com o uso de uma série de instrumentos auxiliares de análise. Essa técnica, como utilizada por McHARG, requer ainda a preparação de uma grande quantidade de mapas.

Uma alternativa aos mapas transparentes são os mapas computadorizados, que possibilitam maior flexibilidade e rapidez na análise de cenários alternativos, através da superposição e interação dos fatores ambientais dentro de uma arquitetura de sistema de informações de suporte às decisões (figura 6). Miller (1994) enfatiza a importância do uso de SIG (Sistemas de Informações Geográficas) citando que as metas do planejamento e manejo conservacionistas são proporcionais à capacidade dos sistemas computacionais em integrar múltiplos tipos de dados para a tomada de decisão. As vantagens, dificuldades e problemas do uso de SIG em planejamentos ambientais podem ser conferidos nos trabalhos de Pablo et al (1994) e Santos et al (1998).

Figura 6: Arquitetura de sistema de informação Fonte: Christofoletti, 2004

Para isto, são utilizados softwares especializados, como os já tradicionais IDRISI, ARC/INFO, GRASS, SPANS, SGI/INPE, MAPINFO, ARCVIEW, AUTODESK MAP e SPRING, que a partir do banco de dados obtém um produto final com informações sobre restrições ou potencialidades de uso e ocupação do espaço. Ao utilizar softwares as imagens são capturadas por satélites através de sensoriamento remoto, sendo que os satélites mais utilizados no Brasil são LANDSAT, SPOT, CBERGS, IKONOS, QUICK BIRD, TERRA e AQUA, destinados ao levantamento, mapeamento, e monitoramento dos continentes e oceanos (ROSA, 2003). O armazenamento e processamento destas informações são feitos por sistemas de informações geográficas, ou seja, tecnologias para aquisição, armazenamento, gerenciamento, análise e exibição de dados espaciais. Sendo assim, esta tecnologia torna possível a automatização de tarefas e facilita a realização de tarefas complexas.

Segundo Rosa (2003), a aquisição das informações é feita através da conversão de informações analógicas em digitais que podem ser obtidas através de fotografias aéreas, imagens de satélites, cartas topográficas, mapas, relatórios estatísticos e outros. Obtidas as fotografias aéreas e/ou imagens de satélites inicia-se o processo da foto- interpretação através de características como tonalidades, cores, texturas, formas, tamanhos, sombras e padrões. É sempre importante verificar as interpretações em campo para que as informações sejam mais confiáveis. A interface entre o usuário e o mundo real funciona

Sistemas de monitoria e coleta de dados Outros usuários

Coleta, armazenamento e atualização BD-SIM Banco de dados DBMS Módulo - DB Análise Espacial Mapas digitais e banco de dados dos atributos SIG Interface do Usuário e manejo das comunicações

Demanda/recuperação dos dados e Informações por diferentes usuários

Programas de modelagem para:

1. Modelagem dinâmica dos vários processos

2. Modelos de análise estatística 3. Modelos de simulação para

vários cenários

4. Modelos de otimização das várias

Ações de proteção ou corretivas Módulo de modelagem

através de sistemas de mensuração, informação e modelos, além da análise do sistema (figura 7).

Figura 7: Sistema de suporte a decisão Fonte: Christofoletti, 2004

Estas informações são armazenadas em um disco rígido para o posterior gerenciamento e análise. Através de um banco de dados gerenciam-se as informações e na análise seleciona ou agrega informações temáticas e/ou estatísticas de acordo com o objetivo específico. Há também uma preocupação com a adequação da escala de trabalho com a escala do mapa, para que o produto seja mais coerente possível. O quadro 2 classifica os tipos de modelos utilizados nos softwares de sistemas de informações geográficas.

Quadro 2: Guia classificatório dos modelos em Sistemas de Informações Geográficas

Fonte: Berry (1995)

A exibição dos resultados, gerados nas fases de aquisição e/ou análise, pode ser feita por tabelas, relatórios gráficos mapas, imagens, etc. Sendo uma ferramenta eficiente para todas as áreas do conhecimento que fazem uso de mapas, possibilitando integrar informações em uma única base de dados e representando vários aspectos do estudo de uma região. A figura 8 traz um exemplo de composição gerada pela superposição de cartas.

Figura 8: Superposição de cartas Fonte: Salvador, 2005.

2.6.5 Biotestes

É uma ferramenta no controle da poluição ambiental, adequada para a determinação do efeito de parâmetros físicos e químicos sobre organismos-teste, sob condições experimentais específicas. Estes determinam os efeitos tóxicos provocados por constituintes da água por meio da reação dos organismos como, por exemplo, morte, crescimento, mudanças fisiológicas e morfológicas.

Ensaios ecotoxicológicos monitoram a qualidade das emissões geradas em ETEs na entrada, na saída e no processo de depuração dos efluentes e os biotestes, informando sobre a toxicidade potencial das matérias-primas utilizadas nos processos fabris. O acompanhamento analítico contínuo acusa prontamente a entrada de substâncias nocivas no sistema de tratamento dos resíduos, permitindo a tomada de ações corretivas antes que estas provoquem impactos tóxicos.

Aplicados pela primeira vez no Brasil pela CETESB (SP) no monitoramento da qualidade hídrica nos anos 80, os biotestes vêm ganhando espaço nas legislações

ambientais de vários Estados do Brasil. Os bioindicadores são: Algas - Clorella ; Peixes – Brachidanio rerio (Paulistinha); Micro-crustáceos – Daphinia magna, Daphinia similis; Outros indicadores - plantas, liquens, bactérias, sensíveis à poluição.

De acordo com o IAP (1997), a localização dentro da estrutura e funcionamento das biocenoses, a distribuição da espécie, o conhecimento da biologia, hábitos nutricionais e fisiologia, a estabilidade genética e uniformidade das populações, a manutenção e cultivo em laboratório, a disponibilidade ao longo do ano, a sensibilidade constante e o tipo de teste, são alguns critérios para a seleção de organismos.

Dentre os microcrustáceos recomendados Goldstein e Zagatto (1991) acrescentam que as Daphnia magna têm sido amplamente utilizadas nos testes de toxicidade, por serem de fácil manutenção em laboratórios e sensíveis a diferentes grupos de agentes químicos. A CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental utiliza, como microcrustáceo, a Daphnia similis em testes de toxicidade (GOLDSTEIN, 1988). Já, o microcrustáceo utilizado pelo Instituto Ambiental do Paraná – IAP é a Daphnia

magna (IAP, 1997). Tendo-se a Daphnia sp, Atenia sp, Ceriodaphnia sp, Mysidopsis bahiau como exemplos de outros microcrustáceos utilizados (ISO, 1993b).

Segundo Knie e Lopes (2004), os ensaios com as bactérias Vibrio fischeri foram utilizados desde os anos 70 para determinar a toxicidade de solos e sedimentos, além de meios aquáticos, quando estas bactérias se encontram em condições ambientais favoráveis elas emitem luz naturalmente, desde que a concentração de oxigênio do meio esteja acima de 0,5 mg/L.

Os peixes como organismos consumidores, constituem o nível superior da cadeia alimentar. Destacam-se como exemplos o Poecilia reticulada, Hemigrannus

marginatus, Brachydanio rerio, e Cheirodon notomelas (ISO,1993a). As algas, compondo o fitoplâncton como produtores primários, transformam a matéria inorgânica em orgânica, e são capazes de responder a efeitos tóxicos de várias substâncias. Pode-se destacar a

Chorella vulgaris, Selenastrum capricornutum, Scenedesmus subspicatus, Skeletonema costatum, como exemplos destas algas (ISO,1989).

Estes testes são aplicados também para avaliar a sensibilidade relativa de organismos aquáticos para um determinado agente tóxico, para determinar a qualidade de água e as concentrações seguras de agentes químicos para preservação da vida aquática,

além de avaliar a fertilidade potencial das águas e a eficiência de diferentes métodos de tratamento para efluentes industriais em termos toxicológicos (METCALF e EDDY, 2003).