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4 OBSERVAÇÕES E DISCUSSÕES

4.1 Resultados da pesquisa bibliográfica

4.1.3 Supervisor Pedagógico e tecnologias digitais

No que se refere às pesquisas relacionadas à formação continuada em tecnologias digitais e supervisor pedagógico, foram encontrados apenas dois trabalhados que se referem à temática: coordenadores e tecnologia (OLIVEIRA, 2014; SZABO, 2013). Além desses, relata-se um trabalho de Bianchi (2015) que investigou o trabalho do supervisor de ensino53 no incentivo do uso do celular como recurso pedagógico.

Szabo (2013) investigou a integração das tecnologias ao currículo a partir da atuação dos coordenadores como formador de professores e para tanto, direcionou o seu olhar para a atuação desses profissionais. Valendo-se da abordagem qualitativa e utilizando análise de conteúdo para analisar os dados que foram coletados por meio de entrevistas, questionários e análise do regimento escolar especificamente no que se refere às atribuições das coordenadoras. A autora verificou que no regimento escolar analisado não existe a atribuição do coordenador como formador com ou para o uso das TDIC‟s e enfatiza que suas atribuições estão voltadas às questões administrativas, não

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Cabe lembrar que o supervisor de ensino na rede de ensino é aquele que visita as escolas (função semelhante ao do inspetor de ensino no estado de Minas Gerais).

revelando sinais de formações, reflexões a respeito da utilização das TDIC‟se, dessa forma não adotam uma postura reflexiva, mediadora, articuladora e transformadora. Destacam-se os seguintes resultados na investigação realizada por Szabo (2013):

as coordenadoras utilizam as TDIC‟s em atividades corriqueiras (enviar e receber e-mails, lançar notas dos alunos) e não fica evidente sua utilização para a produção do conhecimento; demonstrando um uso mais reativo do que ativo;

quanto à visão das vantagens e limitações do uso das TDIC‟s pelas coordenadoras, elas priorizam as dificuldades técnicas (ausência de recursos ou equipamentos e problemas com o sinal da internet) e também enfatizam o professor e aluno: enquanto para o professor a vantagem é utilização da TDIC como ferramenta de trabalho, para o aluno alegam que as TDIC‟s podem servir de estímulo e interesse para estudar; como limitações veem a postura resistente do professor e a dificuldade de aliar a TDIC à proposta pedagógica e para o aluno a falta de compreensão do uso sério das TDIC‟s, pois lidam com elas como uma brincadeira.

Szabo (2013) evidencia que falta às coordenadores uma compreensão sobre o currículo em si e das potencialidades e possibilidades do uso das TDIC‟s e a integração entre ambos com transformações mútuas. Quanto à integração das TDIC‟s ao currículo, as participantes consideram que a interdisciplinaridade é uma forma de integração e que o objetivo também pode ser a motivação, a dinamização das aulas e a agilidade das tarefas. Já que a pesquisa de Szabo (2013) enfatizou a integração das TDIC‟s ao currículo a partir da mediação da coordenação, acentua-se no Quadro 3, as principais conclusões dessa investigação.

Quadro 3 Resultados de Szabo (2013) sobre a integração das TDIC‟s e a

coordenação pedagógica

Relevância das TDIC no currículo

As coordenadoras reconhecem a importância de sua função na integração das TDIC‟s, sendo que as ferramentas tecnológicas precisam tomar mais espaço no desenvolvimento do currículo. Para tanto, faz-se necessário estimular a transformação da prática docente por meio das TDIC‟s aliada à produção do conhecimento, incentivando formações, parcerias e ações reflexivas.

Papel dos Coordenadores

Admitem sua responsabilidade pelo incentivo, mediação e transposição das limitações do uso das TDIC‟s. Na sua atuação como formadoras são encarregadas de possibilitar vivências, assistir à atuação do docente e tecer situações para a reflexão coletiva.

Percepção de sua atuação como formadora

Ainda se mostram distantes no exercício dessa função. No início da pesquisa, consideravam difícil exercer esse papel e ao final, Szabo (2013) verifica através das falas que existem maiores condições de reflexão, ação e transformação da prática pedagógica.

Atuação da coordenadora como

formadora

Evidenciam os seus limites, pois relatam que os professores são inseguros e resistentes. Como possibilidades reforçam diversos momentos do cotidiano escolar, onde se devem priorizar as discussões, as parcerias e a partilha de saberes, produzindo reflexões e viabilizando transformações.

Szabo (2013) evidencia que foi possível averiguar que as coordenadoras identificam sua atuação como um princípio gerador para integração das TDIC‟s no currículo e que:

compreendem a necessidade de estar junto aos professores, atuando como parceiros de trabalho, de colaborar com as trocas de experiências e reflexões sobre as mesmas e de priorizar, na escola, as questões que emergem do cotidiano, como por exemplo o uso pedagógico das tecnologias como fator irreversível, parte da mudança, da geração da inovação nesse cenário tão complexo (SZABO, 2013, p. 8).

Ao finalizar o seu trabalho, Szabo (2013) salienta algumas contribuições de sua investigação para a formação do coordenador, tendo em vista seu papel de formador. Assim, evidencia a necessidade de se repensar como se aprende e como se ensina com a presença das TDIC‟s; entender o que é ser formador de seus pares, em ações presenciais e a distância e também como mediar práticas pedagógicas na utilização das TDIC.

Outro estudo relacionado ao supervisor pedagógico e TDIC é o de Oliveira (2014). Nesse trabalho, a autora procurou conhecer a efetivação da integração das TDIC‟s em um colégio de ensino médio, analisar o papel da supervisora nesse processo e averiguar se as informações são convertidas em conhecimento. Oliveira (2014) utilizou uma pesquisa empírica e teórica e como procedimento de pesquisa, adotou o estudo de caso, empregando-se de variáveis quali e quantitativas. Como técnica de coleta, recorreu a dois questionários, sendo um aplicado em 17 professores e outro à supervisora da escola pesquisada. Para analisar os dados utilizou um software aplicativo que faz análise estatística. Em relação à supervisora pedagógica pesquisada, Oliveira (2014) enfatizou sua busca nos seguintes aspectos: conhecimento na área tecnológica, equipamentos tecnológicos da escola e a localização destes, as condições de conectividade, os softwares utilitários existentes na escola, organização da utilização das TDIC‟s na escola, meios de comunicações

utilizados pela escola e opiniões sobre a utilização das TDIC‟s e atribuições de sua função. A autora apontou os seguintes resultados em sua investigação:

a integração das TDIC‟s não é efetiva e adequada na Escola: os sujeitos da pesquisa evidenciam que as razões para isso são dificuldades técnicas e administrativas, além do que faltam projetos na área tecnológica e não existem responsáveis pela criação desses projetos;

há uma tentativa da coordenadora em integrar, incentivar e disponibilizar recursos aos professores;

não há relevância no papel da coordenação na formação dos professores, embora os professores não tenham formação contínua;

falta frequência no uso das TDIC‟s pelos professores. Oliveira (2014) evidencia que alguns recursos tecnológicos são utilizados frequentemente e isso acontece devido ao domínio dos professores. Os educadores revelam que a supervisora faz orientações para utilizar as TDIC‟s no sentido de transformá-la em conhecimento e introduzir essa atitude nos alunos.

Oliveira (2014) finaliza sua investigação insistindo na necessidade dos professores e da supervisão receber formação adequada para uso das TDIC. Indica também a limitação do instrumento de coleta de dados escolhido (questionário), pois este pode não retratar a realidade, sugere a repetição do estudo após a supervisora e os professores terem atualizado seus conhecimentos tecnológicos e levanta a possibilidade de mudar o procedimento de pesquisa para estudo de campo54 a fim de conhecer melhor a realidade da integração das TDIC‟s e o papel da coordenação nesse processo.

Bianchi (2015) propôs uma formação continuada em EaD aos supervisores de ensino da rede estadual de São Paulo a fim de investigar de que

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Deduz-se que tal constatação deve-se ao fato da pesquisadora ter feito sua pesquisa numa escola brasileira e cursar o Mestrado numa universidade portuguesa.

forma esses profissionais podem reconhecer o celular como ferramenta pedagógica. Como metodologia, utilizou-se de pesquisa bibliográfica e documental. Ela evidenciou que apesar de haver um discurso sobre a necessidade de inclusão digital para os diferentes públicos, ainda há uma carência reflexiva sobre a educação digital. Alegou ainda que é preciso oferecer momentos de estudo aos professores de modo que o celular seja utilizado como um recurso didático e para tanto deve ser integrado aos projetos pedagógicos da escola. Quanto aos supervisores de ensino, Bianchi (2015) salientou que esses profissionais reconhecem a necessidade de um currículo que contemple o uso das TDIC‟s, mas encontra também alguns supervisores que negam totalmente a sua utilização (principalmente o celular). Apesar de não discutir resultados, a autora diz que seu trabalho ofereceu subsídios ao supervisor por meio da formação continuada para que este reconheça o celular como recurso pedagógico.

4.1.4 Contribuições do supervisor pedagógico para a integração de TDIC