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CAPÍTULO II. ENQUADRAMENTO TEORICO

2.2. GESTÃO SOCIAL PARA O TERCEIRO SETOR

2.2.2. Sustentabilidade e inovação

2.2.2.1. Sustentabilidade para o terceiro setor

Para Marques (2012) a preocupação com o tema responsabilidade social empresarial que se iniciou no século XX, inseriu novos conceitos e comportamentos, envolvendo os stakeholders do processo como responsáveis para participar no desenvolvimento, social, humano, econômico, político, cultural e ambiental, entre os envolvidos.

Na pesquisa realizada por Alves.Jr., Farias and Fontanelle (2009), foi enfatizado que a gestão passou a fazer parte dos negócios das organizações do Terceiro Setor, com ações mais efetivas e voltadas para garantir a sustentabilidade, que no caso desta pesquisa esta mais voltado a perceber o aspecto financeiro através da captação de recursos e as estratégias de gestão utilizadas para sobrevivência das organizações.

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Segundo Munck; Munck; Souza (2011) existem alguns componentes essenciais para garantir a sustentabilidade social nas organizações, tais como a gestão do impacto das operações, o desenvolvimento humano adequado e o ambiente ético. No quadro da sustentabilidade ambiental teremos: a viabilidade ambiental a avaliação do impacto nas operações e a eco eficiência. A sustentabilidade econômica acompanhada de fatores como a competitividade, demanda de trabalho, rentabilidade em longo prazo e retorno suficiente.

Segundo estudo realizado por Amaral (2013) na busca da sustentabilidade as organizações do Terceiro Setor devem desenvolver sua capacidade de accountability, para que possam atestar sua capacidade de desempenho, gestão, credibilidade e legitimidade enquanto organização.Os colaboradores da organização do Terceiro Setor, devem demonstrar envolvimento e conhecimento do que está sendo realizado, pois esses colaboradores podem trabalhar como captadores indiretos, fazendo divulgação e disponibilizando informações. Muitos empreendedores do setor social encerram as atividades por falta de recursos, ou atendem seu público alvo de maneira ineficiente não atendendo às necessidades finais, nem aos objetivos desejados (Silva, Vasconcelos e Normanha, 2012, p.16).

A sustentabilidade financeira a qual esta em foco nesta pesquisa, requer estratégias múltiplas por parte dos gestores das diversas organizações da sociedade civil e do mundo corporativo. De uns anos para cá, com a melhoria das condições socioeconômicas do país, diversas organizações internacionais redirecionaram recursos para outras regiões do mundo, em especial África, Ásia e outros países da América Latina, reduzindo a disponibilidade de recursos para o Brasil. Além disso, o crescimento do número de organizações do Terceiro Setor e de institutos e fundações empresariais no Brasil contribuiu para acirrar a busca por recursos e para alcançar a sustentabilidade financeira e viabilizar projetos próprios. Portanto, ainda que não seja nova, esta tendência nunca esteve tão em pauta, configurando-se em desafio crucial para a sobrevivência de diversas organizações e profissionais na contemporaneidade. Deriva daí a criatividade de algumas delas ao lançar mão de estratégias muito bem elaboradas e bastante eficazes de captação de recursos, seja para si (manutenção institucional e projetos próprios), seja para o fomento de outras iniciativas. Evidentemente a internet nunca teve um papel tão relevante nesse quesito quanto agora, ainda que não substitua o bom e velho networking (Deboni, 2013 p.10-11)

A parceria com Universidades, por exemplo, é uma orientação que favorece a procura de sustentabilidade, uma vez que alia o conhecimento das universidades à prática do setor. É

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preciso encarar os desafios globais com mais qualidade no perfil de colaboradores, pelo que a estratégia passará pela capacitação dos seus colaboradores.

Embora se sublinhem as dificuldades financeiras do setor e se encetem esforços para captação de recursos financeiros, para Campos (2012) o primeiro passo para a sustentabilidade está na transparência e no aumento da competência.

Apenas as organizações capazes de estruturar-se desta maneira, selecionando critérios bem definidos, remunerando adequadamente e investindo em seus quadros - irão atrair potenciais doadores, pois todos eles farão questão de trabalhar com organizações transparentes que apresentem resultados esperados conforme o determinado no projeto inicial, destacando-se assim, pela competência na execução” (Campos, 2012, p.44).

Esta realidade demonstra a constante necessidade que as o Terceiro Setor enfrenta de investir mais no seu capital humano e através desta mão- de- obra qualificada buscar melhores desempenhos em todas as áreas e programas desenvolvidos internamente. Segundo Sousa (2012), com seu estudo intitulado “ As instituições Particulares de Solidariedade Social num Contexto de Crise Econômica”, apoiada pela Confederação Nacional das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e do Banco Comercial Português Millenium, recomenda a adoção dos seguintes procedimentos, conforme descrito no quadro 8, com vistas a atingir a autosustentabilidade:

Quadro 8 - Procedimentos para autosustentabilidade

PROCEDIMENTO AÇÕES

1-Gestão para negócios Sociais

Quadros com experiência de gestão para apoiar setores que trabalham pelo social. Voluntariado especializado

2-Fundos: uma entre outras fontes de receitas

Os cortes nas despesas públicas inevitavelmente afetam as transferências para as IPSS.

3-Estratégias de diversificação das fontes de receitas

Rentabilização do patrimônio.

Exploração de bens imóveis: arrendamento, cedência para exploração; contrapartida em numerário, bens, ou serviços.

Cedência de viaturas a instituições ou entre as entidades em regime de aluguel, cedência, permuta; contrapartida em numerário, horas de utilização de outros equipamentos.

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Continuação: Quadro 8

PROCEDIMENTO AÇÕES

4-Protocolos / parcerias com empresas no âmbito da responsabilidade social

Apoio técnico diverso.

Articular com as empresas para encetar formas de responsabilidade social. Programas de mentoring e patrocínio de pessoas e causas.

Ligação apoio pessoa / causa apoiada.

Menos apelo e mais potencial de captação de donativos indiferenciados.

5-Estratégias de redução de custos e aumento da eficiência dos recursos

Criação de centrais de compras envolvendo um leque alargado de instituições. Encaminhamento de utentes (usuário-direito de uso) entre Instituições em função da proximidade com o utilizador.

Protocolos com escolas e outras entidades para prestação de serviços (refeições, medicina no trabalho).

Partilha de recursos humanos especializados.

Fonte: Adaptado de Souza, 2012.

Os procedimentos de autosustentabilidade se tornam fundamentais na medida em que, estruturam e sistematizam dentro das organizações ações focadas na responsabilidade social, prospecção e diversificação de fontes de captação de recursos, redução de custos e otimização de processos de trabalho, com vistas a buscar mais padronização e crescimento qualificado e sustentável.

Para Mourão (2013) é indiscutível a importância do papel que as instituições sociais sem fins lucrativos, como movimentos não governamentais, têm desempenhado no apoio social às pessoas vulneráveis e na implementação de políticas sociais de inclusão, promovendo o envolvimento individual num processo de cidadania ativa e socialmente responsável. A Governança Corporativa é, neste sentido, um desafio premente, seja no Terceiro Setor, seja no mundo corporativo.

A tão falada “Governança” é tema quente em muitas organizações e tão vital para a sua sustentabilidade. Algumas organizações sucumbem pela falta de governança. Muitas vezes identificam claramente o tema, mas não sabem ao certo como enfrentá-lo ou não querem fazê-lo, pois seria necessário assumir a tão apregoada coerência entre o que se prega e o que se pratica, uma vez que, nesse processo seriam expostos e encarados problemas de natureza interna da organização. Essa tendência remete ao velho ditado “santo de casa não faz milagre”. Será que essa máxima é realmente válida para nosso campo de atuação? Será que há especificidades na abordagem da governança em institutos e fundações? (Deboni, 2013, p.12).

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Para Lambert & Lapsley (2010) a expressão governança ainda é muito complexa dentro das organizações do Terceiro Setor, onde a gestão fica atrelada a conjunto de dirigentes, profissionais interessados, investidores e a qualquer outra parte interessada, que além de assumir o comando da gestão, controla todos os processos institucionais com vistas ao desempenho da sociedade.

Também Arns, Zuniga e Rover (2004) destacam, é necessário construir novos espaços de gestão, mais amigáveis e menos burocráticos, assim como deve ser fomentado o respeito à valorização e o fortalecimento da diversidade como elementos estruturantes da sustentabilidade.A agencia dos Estados Unidos para o desenvolvimento sustentável, foi uma iniciativa global para apurar índices relacionados à sustentabilidade no Terceiro Setor, funciona como um laboratório e apresenta indicadores de sustentabilidade de organizações em 29 países. Os índices propostos cobrem sete áreas: imagem, infraestrutura, prestação de serviços, advocacia, viabilidade financeira, capacidade organizacional e ambiente jurídico. O mesmo relatório divulga indicadores de desempenho e a nota final atribuída para as organizações do terceiro setor, dentro do seu respectivo país. (Usad, 2010).

Alguns autores corroboram empiricamente a necessidade de identificar variáveis que possam determinar melhores resultados de ordem financeira das organizações sem fins lucrativos, (Brunet, Brassard & Corriveau, 1991; Morin, Savoie & Beaudin, 1994; Savoie & Morin, 2001; Lisboa, Coelho, Coelho & Almeida, 2011 e Laville (2013) apud Fonseca, Baptista e Nogueira 2014) com uma abordagem mais específica que componha toda a especificidade do setor, considerando os diversos fatores que são fundamentais para que as estratégias de gestão dentro deste universo busque a sustentabilidade organizacional e a estrutura de uma economia solidária. O espírito empreendedor é uma característica importante para quem decide assumir um negocio, que segundo Audretsch e Fritsch, 2006) este perfil esta relacionado a uma força vital para o crescimento da economia dos países desenvolvidos.

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