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3. METODOLOGIA

3.4. Técnica de Coleta

Com base nos outputs do debate, pudemos identificar quais as questões que faziam mais sentido com intuito de serem introduzidas ao longo das entrevistas.

Soma-se aos desafios indicados no segundo slide acima um 7º item (ex ante) que surgiu de forma indutiva, voltado para questões estruturais de mercado, como difusão e conhecimento do produto seguro garantia e preparo profissional.

52 dados obtidos não são convergentes e, portanto, merecem novos estudos (FLICK, 2013). De toda forma, é importante frisar que “os procedimentos de triangulação se referem à produção de conhecimento e não ao seu resultado final; ou seja, a técnica permite que se tenha um processo de pesquisa mais completo, o que não garante, necessariamente, a produção de conhecimento perfeito” (ZAPPELLINI;

FEUERSCHÜTTE, 2015).

Tabela 7 – Definições sobre o conceito de triangulação

Autor Conceito

Denzin (1970); Denzin e Lincoln (2005)

Combinação de metodologias diferentes para analisar o mesmo fenômeno, de modo a consolidar a construção de teorias sociais.

Patton (2002) Combinação de diferentes fontes e métodos de coleta de dados.

Davidson (2005)

Combinação de diferentes fontes e métodos de coleta de dados, em que a análise desses dados é feita em conjunto, e não considerando dados individuais.

Flick (2009a; 2009c;

2013)

Combinação de diferentes métodos, grupos de estudo, ambientes, períodos de tempo e perspectivas teóricas para lidar com um fenômeno Estudo de um tema e um problema de pesquisa com base em duas perspectivas privilegiadas, assumindo diferentes visões a respeito da questão de pesquisa e combinando diferentes tipos de dados sob a mesma abordagem teórica para a produção de mais conhecimento do que seria possível com base em uma só perspectiva

Stake (2005; 2011)

Método que utiliza dados adicionais para validar ou ampliar as interpretações feitas pelo pesquisador, adotando diferentes percepções para esclarecer o significado por meio da repetição das observações ou interpretações

Fonte: Zappellini e Feuerschütte, 2015.

Dessa forma, a técnica de coleta de dados será realizada por meio de entrevistas em profundidade com intuito de identificar variáveis que possam nortear uma compreensão mais ampla sobre o caso estudado com base na revisão da literatura realizada. Como material secundário, foram utilizados debate e palestra que serão identificados no subitem 3.4.2 que versam sobre o tema principal, sendo que a análise de conteúdo se deu com auxílio de software (NVivo), permitindo uma triangulação adequada dos dados.

A partir de uma abordagem dedutivo-indutiva, foram considerados na análise os custos de transação ex ante e ex post de acordo com os atributos identificados nas transações estabelecidas entre os diversos atores como por exemplo a especificidade

de ativos, incerteza e frequência, bem como a influência e presença de racionalidade limitada e oportunismo.

3.4.1. Tamanho da Amostra

Uma questão central em pesquisas qualitativas é definir o tamanho da amostra a ser considerada. Neste sentido, Guest et al (2006) indicam que o nível de saturação13 atingido em 6 (seis) entrevistas é de 73% e, em 12 (doze) entrevistas, 92%. Galvin (2015), através de revisão da literatura e abordagem estatística, apresenta algumas considerações sobre o estudo de 2006 e conclui, entre outras, que: [A] em 6 (seis) entrevistas, existe uma probabilidade de cerca de 60% de se achar algum código, cuja frequência na população seja de 15%; e [B] em 12 (doze) entrevistas, existe uma probabilidade de aproximadamente 83% de se achar algum código cuja frequência na população seja de 15% – para melhor entendimento, a Figura 9 apresenta gráfico existente no estudo de Galvin.

Figura 9 – Probabilidade de encontrar um problema em pequenas entrevistas qualitativas, dada a sua frequência na população

Fonte: Galvin (2015).

13 Momento a partir do qual nenhuma nova informação ou temas são observados nos dados.

Frequência de problema na população (%)

54 3.4.2. Protocolo de Entrevistas

O processo de uma entrevista científica não é uma tarefa trivial (DUARTE, 2004) e segundo Bourdieu (apud BONI; QUARESMA, 2005), é preciso se estabelecer uma relação de confiança e bem estar entre entrevistado e entrevistador, tendo este a responsabilidade de manter absoluta atenção aos detalhes em relação ao comportamento do entrevistado (como p. ex. entonação de voz, gestos ou movimentos que podem inclusive indicar oposição às informações prestadas), bem como estar disposto a emitir sinais de entendimento, estímulo e agradecimento, com o mínimo de interferência possível. O sucesso de uma entrevista depende em grande medida do domínio que o pesquisador tem sobre o tema tratado além de perguntas/

respostas claras entre os atores envolvidos.

A opção pelo uso de entrevistas no presente estudo está atrelada ao fato da inexistência de publicações específicas sobre o tema ora tratado e a necessidade de identificação de categorias que possibilitem uma melhor compreensão sobre o fenômeno estudado.

A seleção dos entrevistados obedeceu a rigoroso critério de escolha, onde apenas profissionais com no mínimo 10 anos de experiência na utilização do seguro garantia foram convidados a participar. Como se trata de um estudo comparativo entre a realidade brasileira e uma jurisdição desenvolvida, parte dos entrevistados atuam no Brasil e a outra tem larga experiência no mercado internacional, mais especificamente nos EUA. Importante destacar que o mercado de surety americano não é o objeto principal da pesquisa, mas apenas fonte de referência para comparação e verificação do mercado de seguro garantia no Brasil.

Foram entrevistados 10 profissionais, sendo 07 no Brasil e 03 que atuam no mercado americano. As características dos entrevistados são apresentadas na Tabela 7 a seguir:

Tabela 8 – Características dos executivos entrevistados

Ident. Posição Δt / nº pg Profissão Atuação Experiência E1 Ex-executivo de Seguradora 0:37:00 / 11 Engenheiro Brasil 23 anos E2 Executivo de Seguradora 0:40:00 / 15 Advogado EUA 24 anos E3 Sócio de Escritório de Advocacia 0:45:00 / 23 Advogado Brasil 21 anos E4 Sócio de Escritório de Advocacia 0:54:43 / 30 Advogado Brasil 20 anos E5 Sócia de Escritório de Advocacia 0:45:26 / 13 Advogada Brasil 24 anos E6 Ex-executivo de Seguradora 1:15:00 / 20 Advogado EUA 40 anos E7 Executiva de Seguradora 0:49:24 / 27 Advogada Brasil 17 anos E8 Sócia de Escritório de Advocacia 1:02:00 / 30 Advogada Brasil 10 anos E9 Executivo de Seguradora 1:11:00 / 24 Administrador EUA 18 anos E10 Executivo de Corretora 1:14:00 / 24 Advogado Brasil 36 anos Fonte: Marques (2020)

Em razão da especificidade do tema, e para uma adequada triangulação dos dados, optou-se por considerar como fonte secundária uma palestra (P) de 2017 que trata do seguro garantia com ênfase na realidade americana, não obstante o fato do profissional que a fez conhecer o mercado brasileiro, e ainda um debate (D) feito em 2019 em auditório próprio, no qual participaram dezenas de profissionais, entre debatedores e participantes, que atuam no mercado segurador e/ou que conhecem o instrumento seguro garantia e/ou são pesquisadores do assunto no Brasil, conforme identificado na tabela a seguir:

Tabela 9 – Características dos dados secundários

Ident Posição Δt / nº pg Profissão Atuação Experiência P Executivo de Resseguradora 1:37:12 / 25 Especialista EUA 20 anos

D Diversas 1:58:00 / 38 Diversas Brasil N/A

Fonte: Marques (2020)

Ao todo, foram geradas aproximadamente 12h 48min de gravação e 280 páginas de transcrição.

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