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CAPÍTULO II – METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

6. Técnica de tratamento de dados

Na perspetiva de Gómez, Flores, e Jiménez (1999), os dados apresentam-se como material bruto a trabalhar no sentido de organizar a informação disponível num todo harmónico e significativo. Assim, após a recolha de dados segue-se a análise e interpretação dos mesmos, procedimentos intimamente ligados e complementares. A análise organiza e sintetiza os dados de modo a possibilitar as respostas ao problema investigado e a interpretação procura o sentido das respostas, estabelecendo a ligação com conhecimentos anteriores. Deste modo, a análise de dados pressupõe estudar o conjunto dos dados recolhidos e estabelecer conexões entre as partes e relacioná-las com o todo, permitindo alcançar um conhecimento mais profundo sobre o fenómeno em estudo. No âmbito da presente investigação, a análise dos dados recolhidos obedeceu a um processo de reflexão crítica, dinâmico e flexível, norteado pela atribuição de significado à informação recolhida. Assim, tendo em conta que as entrevistas semiestruradas foram utilizadas como técnica para recolher os dados e que estas apresentam um certo grau de profundidade e de complexidade, foi considerada a análise de conteúdo como técnica para tratar de forma metódica as informações (Quivy & Campenhoudt, 2008). Segundo Bardin (2004:37),

a análise de conteúdo passa por “um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens.

A análise de conteúdo efetuada organizou-se em três fases cronologicamente distintas: “a pré-análise; a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e sua interpretação” (Bardin, 2004:89).

Deste modo, numa primeira fase da análise de conteúdo, denominada por Bardin (2004) de pré-análise, procedeu-se à organização da informação recolhida, com a finalidade de operacionalizar e sistematizar as ideias iniciais em função dos objetivos e questões da investigação. Deu-se, assim, início ao processo de análise com a leitura integral de todas as transcrições das entrevistas (Anexo 3). Efetuou-se o que Bardin (2004:90) denomina de leitura flutuante, de modo a captar uma primeira imagem global dos dados recolhidos. A partir daqui procedeu-se a sucessivas leituras, a fim de aumentar a familiaridade com os dados, para identificar os temas expressos nas respostas das participantes, identificando o melhor possível as passagens do texto relativas a cada tema.

De seguida, atendendo aos objetivos e às questões de investigação definidas, bem como, ao quadro teórico de referência, delineou-se o “corpus de análise” (Vala, 2005), ou seja, selecionou- se de entre os dados disponíveis, o material que viria a constituir a fonte de informação a tratar, procurando cumprir a regra da exaustividade, analisando todo o material e a regra da pertinência, ao verificar se a categoria está adaptada ao material de análise e pertence a um quadro teórico definido (Bardin, 2004:148).

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Em simultâneo a este processo, e à medida que se foi lendo, procuraram-se as regularidades e padrões, bem como, os tópicos presentes nos dados, de modo a desenvolver-se uma lista preliminar de subcategorias de codificação, sendo estas compostas, geralmente por palavras- chave que remetiam para o significado central do que se pretendia apreender (Vala, 2005). No caso específico deste estudo, a formulação do sistema de categorias resultou de categorias definidas à priori, partindo do quadro teórico de referência.

A fixação definitiva da categorização foi um processo demorado, que passou pela criação de uma primeira grelha de análise que foi sendo sucessivamente melhorada, à medida que se efetuava mais um “olhar” pelo produto. Todo o conteúdo foi incluído integralmente nas categorias consideradas correspondendo os mesmos elementos a apenas uma categoria. As subcategorias foram criadas tentando evitar a ambiguidade e mantendo uma relação estreita com os objetivos e com o conteúdo das entrevistas (Carmo & Ferreira, 1998).

Nesta fase procedeu-se, então, ao registo das categorias e subcategorias que funcionou como esboço para a construção das grelhas de análise de conteúdo. Assim, para análise do conjunto dos dados recolhidos, usaram-se três categorias distintas (a primeira relativa ao trabalho colaborativo, a segunda ao Projeto Fénix e a terceira ao desenvolvimento profissional), que se subdividiram em diferentes subcategorias, praticamente equivalentes a cada uma das questões formuladas aos entrevistados. No quadro que se segue esquematizam-se as categorias e subcategorias que serviram de base para a construção das grelhas de análise de conteúdo.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Trabalho Colaborativo

● Conceção de trabalho colaborativo

● Vantagens do trabalho colaborativo

Constrangimentos ao trabalho colaborativo

● Resistência às práticas colaborativas

● Condições para o trabalho colaborativo

Projeto Fénix

● Tipo de trabalho colaborativo desenvolvido

● Formas de atuação implementadas

● Mudanças na prática profissional

● Implicações positivas na prática profissional dos professores envolvidos

● Implicações negativas na prática profissional dos professores envolvidos

Desenvolvimento profissional

● Conceção de desenvolvimento profissional

● Contributos do Projeto Fénix para o desenvolvimento profissional dos professores

● Contributos do Projeto Fénix para o desenvolvimento pessoal dos professores

● Comparação com outras experiências

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Numa segunda fase, após a definição do corpus da análise e das categorias procedeu-se à exploração do material selecionado. Deste modo, para facilitar a referenciação à transcrição de cada entrevista na análise dos dados, foi-lhe atribuída uma codificação. De acordo com Bardin (2004:9), a codificação corresponde a uma transformação dos dados que se encontram em bruto nos documentos submetidos aos procedimentos de análise, “por recorte, agregação e enumeração”, de forma a conseguir uma representação do conteúdo. Este tipo de análise permite fazer o tratamento de informação complexa de forma rigorosa e em profundidade (Quivy & Campenhoudt, 2008). Assim, para cada uma das transcrições das oito entrevistas, atribuiu-se, respetivamente, os códigos TEP 1 (Transcrição Entrevista Professor 1), TEP 2 …, preservando– se, deste modo, a identidade de cada entrevistado. Pelo mesmo motivo, se adotou a designação de P1 (Professor 1), P2…, para cada professor entrevistado.

No decorrer do processo de codificação da informação recolhida, esta foi segmentada em unidades de registo, isto é, unidades de significação a codificar e que correspondiam a segmentos de conteúdo a considerar como unidades base, sendo de natureza e dimensão variáveis (Bardin, 2004). A definição dos indicadores e o seu agrupamento em subcategorias tiveram como objetivo fazer transparecer com maior rigor a mensagem dos entrevistados para permitir adiantar interpretações a propósito das questões de investigação (Anexo 4).

Por último, entrámos na terceira fase da análise de conteúdo e que Bardin (2004) denomina de tratamento dos resultados, inferências e interpretações. Assim, o processo de codificação deu origem à elaboração de um corpus de informação organizada e trabalhada em função das questões de investigação da problemática em estudo, o que possibilitou apresentar inferências e avançar interpretações. Os resultados desta terceira fase da investigação são apresentados e discutidos no capítulo III.

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