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4 CAMINHO METODOLÓGICO

4.5 TÉCNICA, INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS

A qualidade de qualquer trabalho científico não depende apenas da literatura adotada. A metodologia desenvolvida é fundamental para garantir que o objeto de estudo seja devidamente analisado, e que todas as suas possibilidades sejam exploradas com eficiência. Em virtude disto, a metodologia aplicada sofreu algumas modificações até chegar ao patamar adequado a este trabalho, muito se deve a dinâmica do objeto de pesquisa que apesar de ser uma constante no ambiente escolar, não se encontra tão disponível para análise como se pensava inicialmente. Optou-se então como técnica de estudo a realização de entrevistas semi- estruturadas e observação participante nas instituições selecionadas.

A observação em campo se deu nos turnos de funcionamento das escolas. Todos os fenômenos observados foram registrados em diário de campo, como também todas as impressões que possuíam alguma relação com a temática proposta. Na observação direta se buscou verificar os indicadores presentes do fenômeno social em tela, levou-se em consideração a estrutura física, os equipamentos de vigilância e segurança quando presentes, as relações existentes entre os atores sociais envolvidos, os fatores internos e externos modificadores ou influenciadores dos internos, como também o perfil da comunidade e a dinâmica social do bairro. Tal etapa foi de fundamental importância para desenvolver uma análise não enviesada das escolas.

Foram visitadas 09 instituições entre agosto de 2010 e novembro de 2011, e destas selecionou-se 04 escolas que apresentaram características relevantes e peculiaridades que não foram observadas nas demais, conforme será observado ao longo do trabalho a partir das falas dos informantes e das impressões pessoais do próprio pesquisador. Outro fator que influenciou na escolha dessas instituições foi o fato de estarem localizadas em bairros com características socioeconômicas e culturais distintas, o que permitiu uma análise comparativa com uma riqueza maior de elementos e detalhes.

Tabela 1- Distribuição socioeconômica das escolas por bairro

Escola Rede Ensino49 Bairro50 Localização

Oceania Estadual Fundamental e médio classe média Orla

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Classificação conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB (Lei 9394/96).

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Escola Rede Ensino51 Bairro52 Localização

África Estadual Fundamental e médio classe média Centro

Europa Estadual Fundamental e médio classe baixa periferia

Ásia Municipal Educação infantil classe baixa Periferia

Os nomes das 04 escolas e dos seus respectivos bairros foram omitidos e substituídos por nomes fictícios. As escolas ganharam nomes de continentes, e os bairros, por sua vez, de elementos da natureza. Isso foi feito a fim de evitar a sua identificação, já que duas destas escolas são as únicas instituições de ensino público do seu respectivo bairro.

Já as entrevistas semi-estruturadas com os professores foram realizadas na própria escola que lecionam ou em outro ambiente à sua escolha. Estas são divididas em dois momentos. O primeiro, para uma breve coleta de dados pessoais e profissionais, no intuito de aproximar o entrevistado ao pesquisador. No segundo momento se iniciou com perguntas referentes à temática estudada, a partir de roteiro com quesitos pré-estabelecido (anexo 01) que aborda a temática da pesquisa, no qual se busca respeitar o ritmo e a motivação do entrevistado.

Segundo Minayo (1996, p.109), a entrevista semi-estruturada torna-se um instrumento privilegiado de coleta de informações, por atribuir a fala um papel revelador de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos. E ao mesmo tempo ter a vantagem de transmitir, através de um porta-voz, as representações de grupos determinados, em condições históricas, socioeconômicas e culturais específicas.

Esse tipo de entrevista se apresentou adequada para alcançar os fins almejados, por permitir que o informante discorra sobre o tema proposto com liberdade e de acordo com perspectiva em que este se encontra. Além de ter a vantagem de permitir uma elasticidade quanto à duração, e uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos. A interação entre o entrevistador e o entrevistado favorece o surgimento de respostas espontâneas, como também a possibilidade de tocar em temas mais complexos e delicados. “Quanto menos estruturada a entrevista maior será o favorecimento de uma troca mais afetiva entre as duas

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Classificação conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB (Lei 9394/96).

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partes (BONI, 2005, p.75). As entrevistas foram gravadas com a devida autorização dos entrevistados (anexo 2) e após reduzidas a termo.

A amostra de professores foi bem heterogênea, e formou-se a partir do meu círculo social e de sucessivas indicações dos próprios professores ou de amigos e conhecidos, conforme preconiza a amostragem do tipo “bola de neve53”. Foram entrevistados 25 professores de ambos os sexos, das mais diversas faixas etárias e com diferentes tempo de experiência profissional na área da educação, que abrange professores recém concursados e aqueles que aguardam poucos anos ou meses para se aposentarem.

Tabela 2 – Perfil dos professores entrevistados

Sexo Rede de ensino Tempo de serviço

7 homens 6 Estadual 5 < de 5 anos 1 > de 15 anos 1 Municipal 1 < de 5 anos 13 mulheres 9 Estadual 1 < de 5 anos 8 > de 15 anos 4 Municipal 4 > de 5 anos

Essa diversidade proporcionou uma visão mais ampla do objeto de pesquisa, por garantir o acesso a realidades pessoais e expectativas profissionais bem distintas. O curioso é que apesar dessa multiplicidade de perfis, foi possível identificar inúmeros pontos de vista em comum acerca da temática estudada, o que despertou ainda mais a minha atenção para o fenômeno em que me propus a estudar.

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Este tipo de amostragem recai nos indivíduos que foram previamente identificados como pertencentes à amostra. É uma técnica utilizada nos casos em que não existe informação disponível sobre a população, ou torna-se impossível disponibilizá-la. Este tipo de amostragem é utilizado quando se pretende analisar populações pequenas ou com características muito específicas. Para construir uma amostra baseada nesta técnica, o entrevistador pede ajuda ao inquirido, após ser entrevistado, para que este forneça nomes de outros indivíduos que possam ser igualmente inquiridos (Vicente et al, 1996 apud Ferreira e Campos, 2012). Um inconveniente deste processo é que as pessoas que são entrevistadas, têm tendência a indicarem amigos o que leva por vezes a termos uma amostra de pessoas que pensam e agem de forma idêntica (Ferreira e Campos, 2012).

No intuito de não dar margens a dúvidas, vale ressaltar que os 25 professores selecionados não lecionam obrigatoriamente nas 09 escolas visitadas. Estes estão lotados nas mais diversas escolas do município de Salvador, o que permitiu ter uma visão um pouco mais ampla do objeto de pesquisa, conforme se pode observar na tabela a seguir:

Tabela 3- Distribuição dos 25 Professores por escola

Rede de ensino N⁰ de Professor / Escola

Estadual 2 – Oceania 3- África 4- Europa 12- outras Municipal 2- Ásia 2- outras