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5. AÇÕES METODOLÓGICAS

5.2. Técnicas de Coletas de Dados e Procedimentos de Análise

Para esta pesquisa foi realizado um levantamento sobre os principais riscos divulgados pelas empresas selecionadas, utilizando-se das informações publicadas nos descritos nos formulários de referências da CVM, conforme Instrução nº. 480/09, emitidas durante os anos de 2011 a 2013, seção 4 − Fatores de Riscos e sessão 5 − Riscos de Mercado (Riscos de Mercado e Políticas de Gerenciamento).

Esta primeira análise permitiu a tomada de ciência e identificação de quais são os principais riscos divulgados pelo setor de energia ao mercado de capitais. Os riscos apontados pelas empresas e suas políticas e procedimentos para a mitigação dos mesmos são excelentes indicadores dos principais desafios na Gestão de Riscos enfrentados pelo segmento.

Estes dados secundários foram obtidos por meio de consulta a documentos públicos, como relatórios anuais e trimestrais, formulários de referência, apresentações, outras informações disponíveis nos sites corporativos, sites de relações com investidores e sites da BM&FBOVESPA e CVM, na internet e para as empresas que tem papéis negociados junto a ao mercado de capitais dos Estados Unidos, também foram pesquisados o Formulário 20-F da SEC (Securities and

Exchange Commision) nas sessões com informações quantitativas e qualitativas

sobre os riscos reportados.

Para garantir uma comparabilidade e evolução do processo de gestão de riscos no segmento de energia foi franqueado a este pesquisador, várias pesquisas da consultoria Deloitte, nas áreas de Risco Corporativo e Governança Corporativa.

Para a realização do estudo, o emprego de pesquisa documental fez-se necessária para o melhor entendimento das informações e também para corroborar evidências coletadas por outros instrumentos e outras fontes, possibilitando a confiabilidade de achados, por meio de triangulação de dados e de resultados (MARTINS, 2006; YIN, 2005).

Na observação e análise obtida dos dados secundários é possível proporcionar resultados limitados, o que permite a este pesquisador, durante o levantamento de informações e coletas de dados, rever a sua estratégia e correções de rumo e consultas adicionais na sua pesquisa.

Durante a pesquisa efetuada foi preciso organizar os riscos descritos no formulário de referência, para o qual foi feita a opção de agrupar os riscos, conforme apresentado pela Deloitte (2014), no seu estudo “O estágio da gestão de riscos”, visando verificar uma aderência dos riscos descritos a este estudo (o referido estudo apresentou informações do setor de Energia e Recursos Naturais). Os grupos de riscos são:

a) Condições econômicas e financeiras. b) Mercados.

c) Geopolítica.

d) Leis e regulamentações.

e) Litígios e resolução de conflitos. f) Ambientais, saúde e segurança. g) Crédito.

Para validar esta pesquisa verificou-se que nas empresas desta amostragem, há uma aderência de mais de 50,0% a este grupo de riscos, conforme apresentado no Gráfico 8. Eletrobrás CESP CEMIG COPEL CPFL Energia EDP… Eletropaulo Light Tractebel 75,0% 62,5% 75,0% 75,0% 75,0% 75,0% 75,0% 62,5% 37,5%

Fatores de Riscos

Gráfico 8 − Adesão das empresas pesquisadas ao grupo de Riscos indicados pela Pesquisa Deloitte

Quando foram avaliados os riscos apresentados na amostra, se destacaram os riscos: leis e regulamentações; condições econômicas e financeiras; ambientais, saúde e segurança em 100% das empresas participantes da amostra, conforme apresentado no Gráfico 9.

Gráfico 9 − Riscos mais apontados pelo Setor Elétrico

Fonte: Elaborado pelo Autor

Este nível de aderência é previsível nas empresas do setor elétrico, como descrito nos capítulos anteriores à pesquisa. O segmento de energia elétrica é uma concessão de serviço público, portanto, é um setor da economia muito afetado por legislações e obrigações regulamentárias e suas não conformidades e cumprimento das regras resultam em multas, penalizações e até uma possível perda da concessão. E, dentro das atividades deste segmento, é preciso uma constante melhoria em reforços e implantação de novas instalações (geração, transmissão e distribuição), e estes investimentos visam suprir o crescimento econômico do país. Para isto, são necessárias fontes de recursos de capital de terceiros e obtenções de licenças ambientais e demais obrigações que suportem as novas construções e instalações do setor.

Embora a princípio houvesse certa surpresa com a baixíssima preocupação ao risco da concorrência, ela também pode ser explicada em virtude das empresas terem uma atuação regional nos segmentos de distribuição e transmissão, não havendo “ainda” a possibilidade da livre escolha e compra dos consumidores residenciais com relação ao seu fornecedor de energia (em outros mercados internacionais é possível).

Já os riscos geopolíticos, com 33,3% da amostra, demonstram uma preocupação exclusiva das empresas estatais, que podem sofrer com alterações de estratégia, organização e forma de condução dos seus negócios, de acordo com as movimentações políticas que atuem sobre o negócio.

São apresentados no Quadro 20, uma visão completa dos grupos de riscos, conforme levantado por este pesquisador nos relatórios de Fatores de Riscos.

Eletrobrás CESP CEMIG COPEL CPFL Energia

EDP Energias do

Brasil

Eletropaulo Light Tractebel

LEGENDAS:

Condições Econômicas e Financeira X X X X X X X X X Mais menções

Mercados X X X X X X

Concorrência Menos menções

Geopolítica X X X

Leis e Regulamentações X X X X X X X X X

Litígios e resolução de conflitos X X X X X X

Ambientais, saúde e segurança X X X X X X X X X

Crédito X X X X X X X

Fatores de Riscos Relatório de Referencia da CVM

Quadro 20 − Fatores de Riscos apontados nos Relatórios de Referência publicados na CVM

Fonte: Elaborado pelo Autor

Uma dificuldade desta pesquisa foi o acesso às informações, as quais não foram fornecidas com o grau de detalhamento e profundidade desejada. Como o tema “riscos regulatórios e gestão de riscos” tem um caráter estratégico e envolve aspectos operacionais e confidenciais na gestão do negócio, e as informações públicas divulgadas no âmbito do mercado de capitais (dados secundários), analisadas por este pesquisador, são informações exclusivamente para atender uma exigência legal e regulatória e, quando explorada na pesquisa com maior profundidade, as mesmas foram classificadas como confidenciais durante o processo de coleta de informações (primárias) e durante as entrevistas.

As entrevistas são fontes de informações importantes para um estudo, portanto, a entrevista pode ser entendida como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e formula perguntas, a fim de obter dados que interessam à investigação. (GIL, 1999).

Uma limitação relevante encontrada nestas entrevistas é o fato do entrevistado apresentar informações inverídicas ou, ainda, expressar opiniões e ideias que não representem a visão da organização como um todo. Para mitigar este viés, o pesquisador precisa basear-se em evidências, objetivando confirmar que as informações sejam consistentes e, quando possível, entrevistar mais um executivo da mesma empresa.

As entrevistas foram focadas num roteiro de tópicos permitindo uma conversa informal, possibilitando ao entrevistador seguir um conjunto de perguntas relevantes para o estudo, conforme consta em Apêndice. As entrevistas foram conduzidas com os gestores de riscos corporativos de forma pessoal ou em conferências telefônicas, conforme entrevistador e entrevistados acordaram, visando o melhor proveito da entrevista e obtenção das informações.

Após a verificação da boa aderência do segmento ao objetivo do trabalho, no próximo capítulo são apresentados os resultados obtidos nas informações coletadas dos dados primários e, em seguida, dos dados secundários junto às empresas selecionadas. Estes dados foram comparados com as informações disponibilizadas pela Deloitte nos fóruns de gestão de riscos e, com isso, se foi elaborando a aderência às respostas dos entrevistados.