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3. Enquadramento Metodológico do Estágio

3.3. Técnicas de recolha de dados

Este trabalho baseia-se na utilização de diversas técnicas de recolha de informação que se complementam. De entre de um vasto leque de técnicas disponível, optou-se pela análise documental, pelo inquérito por questionário e pela observação direta.

3.3.1. Análise documental

A primeira técnica utilizada foi a análise documental que convocamos, inicialmente, como “técnica exploratória” pois “indica problemas que podem ser mais bem explorados através de outro métodos” no decorrer da investigação e porque “pode complementar as informações obtidas através de outras técnicas” (Lüdke & André, 1986, p. 39).

Seguindo as teorizações de Bell (2004, p. 102), a análise documental pode: ter uma abordagem orientada para as fontes, onde se entende que é através das fontes de informação que se formula o problema a investigar; ou pode ter uma abordagem orientada para o problema, onde se considera que o problema a investigar é formulado através de outras fontes. Esta investigação situa-se na abordagem orientada para o problema uma vez que o problema de investigação foi definido antes que a própria investigação iniciasse, tendo, contudo, sofrido algumas pequenas alterações e aprofundamentos.

De um modo geral, a análise documental, ou documentação, como a denomina Yin (2003), apresenta pontos fortes: a estabilidade, o facto de ser discreta, é exata e com ampla cobertura, tanto temporal como de locais em estudo. Como pontos fracos aponta o facto de que não se deve esquecer o problema da tendência para a seletividade de certa informação que parece mais valiosa devido ao modo como está apresentada, para o relato de visões tendenciosas dos

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autores dos documentos e a possibilidade de ser vedado o acesso a diversos documentos (Yin, 2003, p. 108).

Yin (2003) alerta para o facto de os documentos investigados não serem escritos com o objetivo de investigação e por terem um público-alvo específico. Deve-se ter isto em conta na análise dos dados.

De uma forma geral, esta técnica foi muito utilizada para fazer a caraterização contida neste relatório. Foi feita sobretudo a partir de documentos que Yin (2003) denomina como documentos administrativos (nomeadamente os documentos internos), estudos formais (inquérito anteriormente realizado pela empresa) e os documentos digitais (site oficial da empresa).

3.3.2. Observação direta

Esta é uma técnica importante porque “pode muitas vezes revelar características de grupos ou indivíduos impossíveis de descobrir por outros meios”. É aplicada sobre os indivíduos no próprio contexto onde se inserem, servindo muitas vezes para verificar se “as pessoas fazem o que dizem fazer ou se se comportam da forma como afirmam comportar-se” (Bell, 2004, pp. 161-162).

É importante referir que a observação direta tem como pontos fortes o tratamento de acontecimentos em tempo real e o facto de se tratar de recolher informação no contexto específico de estudo. Como pontos fracos deve-se referir que consome muito tempo do investigador (a), que existe uma grande seletividade na recolha de informação efetuada, que remete para o problema dos acontecimentos poderem ter interpretações consoante quem os observar. Também não se devem desprezar os custos que a observação direta pode acarretar (Yin, 2003).

Esta técnica divide-se em duas formas de atuação: a observação participante: quando o investigador assume “uma variedade de funções dentro de um estudo de caso e pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo estudados” (Yin, 2003, p. 116). Esta variante é importante uma vez que “fornece certas oportunidades incomuns para a coleta de dados em um estudo de caso” (Yin, 2003, p. 116). Também existe a observação não participante: quando o investigador não interfere no contexto. Esta variante não deixa de ter a sua importância para certos tipos de investigação.

A observação participante por sua vez apresenta os mesmos pontos fortes e pontos fracos da observação direta (pois trata-se de uma vertente desta), contudo esta vertente também tem como vantagem o facto de ajudar a tornar mais percetíveis os comportamentos e a inferir sobre

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as razões dos sujeitos. Como pontos fracos da observação participante sublinhe-se a questão da visão influenciada devido à manipulação dos eventos por parte do investigador e o facto de este não ter tempo para fazer anotações no ato (Yin, 2003).

De um modo geral, esta técnica teve como objetivo poder construir o questionário e daí retirar informações pertinentes.

3.3.3. Inquérito por questionário

Esta é uma técnica que só foi utilizada após a realização de todo o “trabalho preliminar de planeamento, consulta e definição exata da informação que necessita obter” (Bell, 2004, p. 117), ou seja, nunca poderia ser utilizado como técnica isolada de recolha de informação nem como a técnica de início do estudo. Bell (2004, p. 117) carateriza um bom inquérito por questionário como aquele que fornece a informação necessária para o estudo, que seja aceite pelos indivíduos e que não levante problemas na fase de analisar e interpretar os resultados. Tendo em vista a aceitação por parte dos indivíduos, o questionário procurou ser o mais breve possível de modo a que a probabilidade de obter respostas aumentasse. Também se procurou fazer perguntas em que a resposta fosse intuitiva visto que se “os inquiridos tiverem de procurar essa informação, é possível que desistam de responder a todo o questionário” (Bell, 2004, p. 122), sendo também este um dos fatores que levou a implementar a opção “Não se aplica” nas perguntas de cariz obrigatório, pois se os inquiridos não estivessem à vontade para responder a determinada pergunta, poderiam desistir do inquérito na sua totalidade.

Este tipo de técnica tem diversas vantagens como o facto de ser “uma forma rápida e relativamente barata de recolher um determinado tipo de informação” (Bell, 2004, p. 118). Em boa verdade, esta é uma técnica a que comummente se atribui facilidade. Contudo Bell (2004, p. 117, citando Oppenheim, 1966), alerta para o facto de que “planificar um bom inquérito é mais difícil do que se imagina” acrescentando que se deve “atentar na seleção do tipo de questões, na sua formulação, apresentação, ensaio, distribuição e devolução dos questionários”. Um ponto de extrema importância levado em conta neste trabalho é que é na “altura da conceção, e não depois de todos os questionários terem sido devolvidos, que é necessário refletir sobre a forma como as respostas são analisadas”, pois o questionário pode conter erros grosseiros ou sugerir um caminho o que não é o que um investigador pretende e, assim, o instrumento pode perder grande parte do potencial que possui. Então “o tempo despendido na preparação poupar-lhe-á horas de trabalho mais tarde” (Bell, 2004, p. 118).

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No que diz respeito à formulação de perguntas é necessário ter alguns cuidados de modo a recolher informação fidedigna. Para isto, é preciso evitar a ambiguidade pois uma palavra pode ter significados diferentes para pessoas diferentes e o sentido que o respondente quer dar à resposta pode não ser o mesmo que o investigador vai perceber ao ler o inquérito. Também o fator memória pode influenciar as respostas, principalmente se a pergunta remontar a 10 ou 20 anos atrás. É vital ter em atenção as designadas questões duplas, ou seja, uma pergunta só deve incidir sobre um aspeto e não deve poder gerar respostas diferentes. Também não se deve fazer com que as questões induzam os indivíduos a responder de uma dada maneira, como acontece nas perguntas colocadas na negativa cuja resposta remeta para um simples sim ou não. É preciso ainda atender ao facto de as questões poderem induzir a opiniões, preconceitos ou se as mesmas têm carater ofensivo (Bell, 2004, pp. 120 - 125).

Atendendo a estas recomendações, foi preciso escolher que tipo de perguntas se deveria colocar. Youngman (1986, citado por Bell, 2004, p. 118-120) elencou sete tipos de questões: as questões verbais ou abertas, que esperam uma resposta como uma palava ou uma frase; as questões em lista, onde é apresentada uma lista de possíveis respostas e o inquirido pode escolher várias respostas; as questões de categoria, idêntica à anterior mas onde o sujeito só pode selecionar uma resposta da lista; as questões de hierarquia, onde é pedido ao inquirido que ordene algo por ordem hierárquica; as questões de escala, onde também é pedido ao indivíduo que ordene algo utilizando uma escala previamente definida; as questões de quantidade, nas quais a resposta esperada é um número (exato ou aproximado); e as questões em grelha, em que é apresentada uma grelha para registar as respostas a uma ou a mais perguntas ao mesmo tempo.

Esta técnica foi utilizada como a principal técnica de recolha de dados para a investigação visto ter um alcance enorme, um custo muito reduzido e por ser esperada pouca cooperação dos respondentes, ou seja, alargou-se o universo inquirido para ser obtido um maior número de respostas.

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