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Técnicas de Recolha e Tratamento de Dados

CAPITULO I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPÍTULO 2 – ESTUDO EMPÍRICO

5. Técnicas de Recolha e Tratamento de Dados

Esta investigação desenvolveu-se recorrendo à construção e aplicação de entrevistas reflexivas, elaboradas tendo por base a revisão da literatura realizada, que foram aplicadas às educadoras e professoras que têm alunos com Multideficiência, nas suas turmas.

Na perspetiva de Bogdan e Biklen (1994:134), em investigações de carácter qualitativo, a entrevista pode constituir a estratégia determinante na recolha de dados ou pode ser utilizada em conjunto com outras técnicas. Numa ou noutra situação, a entrevista tem sempre como função a recolha de “dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam” os assuntos sobre os quais estão a ser questionados.

O tipo de entrevista que aplicámos tem o caráter de entrevista semi-directiva, pois como referem Quivy et al. (2005), apesar do guião elaborado pelo entrevistador, permite que o entrevistado tenha alguma liberdade para desenvolver as respostas segundo a direção que considere adequada, explorando, de uma forma flexível e aprofundada, os aspetos que considere mais relevantes.

Contudo a elaboração do guião, nas palavras de Albarello, Hiernaux, Maroy, Ruquoy e Saint-George (2005:217) “constitui um momento importante da investigação, na medida em que ele orientará a recolha de dados. Importa referir que este guia pode ser afinado no decurso da investigação, em que algumas questões podem torna r -se mais importantes do que outras, em função da pessoa entrevistada”.

Assim, as entrevistas que realizámos foram orientadas segundo um guião previamente elaborado, com base na recolha de informação do quadro teórico, apresentado no apêndice nº1.

Página 64 De acordo com Szymanski (2002) após o trabalho de entrevista realizado, o entrevistador pode, e até mesmo deve, caso seja possível, retornar ao entrevistado as suas observações inferidas do conteúdo relatado por este. Este mecanismo serve tanto como uma possibilidade para corrigir alguma coisa que ficou desconexa, como para viabilizar mais um momento de esclarecimento acerca do que foi dito. Este procedimento ajusta-se ao que Moleno Sánchez (2008)1, considera como técnica de entrevista reflexiva a qual permite “recolher fielmente a experiencia pessoal, o afetivo, o familiar; a experiência situa-se em primeiro lugar e constitui-se um processo de

formação/autoformação”.

Segundo a autora, a especificidade da técnica consiste em insistir no processo

de autoanalise…e decorre entre 2 semanas a 2 meses”

Primeiro ciclo - Intervenção

No presente estudo o processo adotado foi o seguinte:

Num primeiro momento que consideramos como primeiro ciclo, procederam-se às entrevistas semi-diretivas das duas educadoras e das quatro professoras do 1º Ciclo.

Estas entrevistas, realizadas, visaram recolher os dados necessários para responder às questões que permitem atingir os objetivos a que nos propusemos alcançar.

Depois de lidas e transcritas as entrevistas, as mesmas foram devolvidas aos participantes, com algumas inferências relacionadas com respostas dúbias, para que as professoras as pudessem ler e refletir sobre as suas respostas. Esta prática permitiu que as participantes as analisassem e refletissem sobre as mesmas.

A análise dos dados recolhidos através das entrevistas só se tornou possível recorrendo à sua análise de conteúdo. Assim, conforme Bardin (2008: 33)

1“El método científico”. Texto de apoio, in:

Página 65 “A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas ma rcado por uma grande dispa ridade de

formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações.”

Esta técnica contempla três fases distintas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento de resultados, a inferência e a interpretação.

Após a recolha das narrativas presentes nas entrevistas, procedeu-se à sua pré- análise através de uma leitura “flutuante” que segundo Bardin (2008) “(…) consiste em estabelecer o contacto com os documentos a analisar (…)”, estratégia que tornou possível comparar a adequação dos nossos objetivos e construir a grelha de análise elaborada a partir dos elementos constantes nas entrevistas como refere Vala (2007:104), “trata-se da desmontagem de um discurso e da produção de novo discurso através de um processo de localização-atribuição dos traços de significação, resultado de uma relação dinâmica entre as condições de produção do discurso a analisar e as

condições de produção da análise”.

Este procedimento permitiu-nos fazer um levantamento primário das dúvidas das professoras do ensino regular e dar-lhes respostas através da apresentação de documentos, sugestão de leituras que serviram de apoio à revisão da literatura e de algumas atividades, apresentados ao longo do segundo ciclo.

Segundo ciclo – Reflexão/Intervenção

Passadas duas semanas, momento que considerámos como segundo ciclo porque permitiu um encontro de “cooperação reflexiva” entre entrevistadora e entrevistada, foi possível aferir as respostas, refletir conjuntamente sobre as mesmas, acrescentar novos

Página 66 comentários sobre as inferências apresentadas e dar respostas às inseguranças e dúvidas apresentadas (ver apêndice nº 2).

Porque as professoras participantes no estudo eram apoiadas por professoras do Ensino Especial, considerámos imperioso também entrevistar estas docentes e pô-las ao corrente das preocupações, dúvidas e necessidades das colegas.

Foram então realizadas entrevistas às docentes de Educação Especial que apoiavam os alunos com Multideficiência nas salas das participantes do estudo, as quais constituíram um complemento na aferição das mudanças registadas nas docentes do ensino regular (ver apêndice nº 3).

Após estes procedimentos procedeu-se à análise de conteúdo de todas as entrevistas assim como das inferências obtidas durante a análise reflexiva para se observar se houve evolução nas atitudes das participantes, continuando a seguir a metodologia de Bardin (ver apêndice nº 4). Passou-se então à análise de todos os elementos presentes nos dados recolhidos de forma a tratá-los sem exclusão de algum.

Esta foi uma fase longa, mas foi nela que se administrou todas as decisões tomadas, onde se efetuou operações de codificação. Assim, foram encontradas as unidades de registo, sendo estas utilizadas como unidade base que corresponde ao segmento do conteúdo obtendo-se um significado dos diferentes constituintes do texto (Bardin, 2008).Esta análise permitiu estruturar as ideias hierarquicamente, identificar as categorias, subcategorias, ou seja, decompor as entrevistas nos seus elementos essenciais e classificá-los.

Podemos dizer que através da aplicação da técnica de análise de conteúdo das respostas, o investigador constrói conceitos sobre aquilo que julga ser as ideias dos entrevistados – Categorias de Respostas. Tendo em conta que “uma categoria é uma

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noção geral resultante de um esforço intelectual para integrar indicadores que se originam, em unidades de registo recortadas nas mensagens” (Esteves, 2002:230).

O processo de categorização regeu-se pelas regras da exclusividade mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade, fidelidade e pela produtividade das categorias inventariadas e classificadas, só desta forma nos puderam dar elementos profícuos, em inferências, cuja organização se refletiu nas respetivas grelhas de análise (Bardin, 2008).

A par do processo de descodificação dos dados e à medida que íamos tomando conhecimento concreto das necessidades, houve durante o ano letivo uma troca de contactos informais entre as participantes e a investigadora sobre a temática em estudo, assim como orientação às professoras de E.E. para orientarem e apoiarem as docentes, onde foi possível fornecer documentação e refletir sobre estratégias de intervenção e atividades a desenvolver.

Terceiro ciclo - Avaliação

No final do ano letivo, momento a que chamámos terceiro ciclo voltou-se a realizar novas entrevistas para fazer o balanço do ano letivo, evoluções sentidas e apresentar novas sugestões (ver apêndice nº 5).

Após a última entrevista procedeu-se à análise de conteúdo da mesma e à comparação com as anteriores, com vista a verificar se houve mudança de atitudes e se o tipo de necessidade de formação se mantém o mesmo (ver apêndice nº 6).

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III

– APRESENTAÇÃO E ANÁLISE INTERPRETATIVA

DOS RESULTADOS

6. Análise dos Dados

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