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3 APOIO À DECISÃO MULTICRITÉRIO 

3.4 Decisão em grupo 

3.4.2 Técnicas que apoiam o consenso da decisão

Algumas técnicas auxiliam o processo de obtenção do consenso na decisão entre as quais se menciona: Brainstorming, técnica Delphi (Delphi technique) e NGT (Nominal Group

Technique). Essas técnicas podem contribuir não só para consenso entre os tomadores de

Brainstorming

Brainstorming é uma técnica que busca estimular o pensamento criativo e a geração de idéias.

Foi desenvolvido pelo publicitário Alex F. Osborn. Em geral, o termo brainstorming pode ser traduzido como tempestade cerebral ou tempestade de pensamento, de sorte que sua finalidade é produzir a maior quantidade de idéias possíveis em pouco tempo.

Liou (1992) informa que brainstorming estimula o pensamento individual, de modo a ampliar o pensamento coletivo; entretanto, as interações dos participantes devem seguir algumas recomendações: os integrantes não podem criticar ou julgar previamente qualquer que seja a ideia; todas são potenciais; é possível combinar, modificar para criar idéias.

Conclui-se que brainstorming é uma técnica de estímulo à criatividade do grupo e pode ser utilizada no apoio à decisão com múltiplos critérios. Aliar essa técnica com multicritério pode contribuir para estruturação do problema para formulação de alternativas ou constituição dos critérios de decisão.

Al-Kloub, Al Shemmeri e Pearman (1997) utilizam brainstorming em grupo para identificar as alternativas viáveis de abastecimento de água na Jordânia, enquanto os objetivos do problema e suas devidas ponderações foram organizados pela técnica nominal de grupo. A hierarquia das alternativas foi obtida pela aplicação do PROMETHEE II, juntamente com a ferramenta GAIA. Destaca-se também o estudo de Gómez-López et al (2009), que reuniu especialistas na área de saneamento para definir por brainstorming quais alternativas para o tratamento de água na cidade de Cartagena na Espanha.

Técnica Delphi

A técnica Delphi foi desenvolvida por Gordon e Helmer em 1953 e tem como objetivo estabelecer uma concordância de opiniões sem necessitar a presença dos participantes. A técnica pode ser realizada pela internet, por questionários e entrevistas, portanto, ela se mostra eficiente para situações polêmicas, em ambientes com divergências políticas ou emocionais (LU et al, 2007).

Esta técnica fundamenta-se na aplicação de questionários para agregar conhecimento em problemas complexos. As percepções ou opiniões são coletadas individualmente e analisadas por grupo monitor. Esse grupo compreende, em geral, até dez membros e é responsável por enviar questionário para os participantes da pesquisa.

Dyer e Forman (1992) recomendam essa técnica quando se procura minimizar ou eliminar situações de dominância no grupo exercidas por um ou mais membros, já que a técnica é aplicada em ambiente em que os integrantes estão separados. A desvantagem desse procedimento, no entanto, consiste em não se beneficiar com as oportunidades e idéias oferecidas pela conversação.

Técnica Nominal de Grupo

Os procedimentos para aplicação de NGT (Nominal Group Technique) ou técnica nominal de grupo, também conhecido como método Delbecq, foram desenvolvidos por Delbecq e Van de Vem (1971). O termo nominal foi determinado para se referir ao processo que reúne múltiplos participantes sem a necessidade de comunicação verbal entre eles.

A técnica foi desenvolvida com o intuito de aprimorar o planejamento por meio de estímulo a produtividade criativa do grupo. É aplicada pela sequência de etapas: elaboração das respostas individualmente; registro de respostas; discussão para esclarecimentos; voto preliminar das respostas; nota e ordem das respostas (CASSIANI; RODRIGUES, 1996). A aplicação da técnica depende de um líder com conhecimento especializado, responsável por sessões em que as ideias são geradas.

Esta técnica foi aplicada, juntamente com o método PROMETHEE, por Al-Rashdan et al (1999), para priorizar projetos na Jordânia. O objetivo dessa técnica no problema multicritério foi criar o conjunto de objetivos e critérios.

Além dessas técnicas abordadas, L. Gomes, C. Gomes e Almeida (2002) listam diversas técnicas e seus objetivos para situações em que se participam equipes multidisciplinhares, importantes para a gestão de conhecimento (quadro 3.5).

Quadro 3.4 – Tipos de reunião em grupo

Técnicas Propósito

Diálogo ou debate público Informar e esclarecer sobre um assunto, representado por pelo menos dois especialistas com pontos de vista distintos

Discussão em painel Informar sobre um assunto cuja discussão ocorre entre vários especialistas com visões distintas

Mesa redonda Estabelecer um consenso por meio de discussão relativamente informal entre especialistas

Painel de interrogadores Informar sobre um assunto e aprofundá-lo por meio de perguntas elaboradas por um grupo seleto de interrogadores ou especialistas

Fórum ou foro Informar e esclarecer sobre um assunto com base em debate, seguido de perguntas

O poder na decisão em grupo

Apesar de muitas decisões serem tomadas por mais de um indivíduo, sejam por comitês, colegiados ou conselhos, a literatura relativa à metodologia multicritério de apoio à decisão dá pouca atenção para esse assunto, em particular a análise sobre o poder da decisão é negligenciada (LOOTSMA, 1999).

Em políticas públicas, o poder sobre a decisão é evidente e pode se manifestar sob duas formas: declarado e não declarado. O poder de forma declarada se dá por meio de uma hierarquia de cargos públicos com tarefas bem definidas. Nesse caso, o poder fica evidente e a decisão de maior importância é atribuída aos cargos mais altos da hierarquia da organização.

O poder não declarado é manifestado indiretamente; assim, nem sempre é visível. Algumas vezes ocorre de forma explícita e outras de maneira implícita. Pode ocorrer, por exemplo, por meio da influência de um integrante sobre as pessoas. Nota-se que algumas vezes a simples presença de um integrante pode direcionar os resultados da decisão.

As notas relativas à influência de um membro ou poder de decisão que alguém exerce são plausíveis e evidentes na prática em organizações públicas ou privadas. Não é intuito deste trabalho, no entanto, analisar questões psicológicas. Pretende-se apenas observar suas características.